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Trabalho de iconologia e

iconografia
LA PRIMAVERA, SANDRO BOTTICELLI

Vitória Vilas-Boas | Iconologia e iconografia | 2020


1

Índice
Introdução ............................................................................................................................... 2
Contextualização histórico-iconográfica do tema ........................................................... 3
Desenvolvimento do tema .................................................................................................... 5
Esquema compositivo: .................................................................................................... 6
Clóris e Zéfiro: .................................................................................................................. 8
Flora: ................................................................................................................................. 10
Vénus: ................................................................................................................................ 11
Cupido:.............................................................................................................................. 13
As 3 graças: ....................................................................................................................... 15
Mercúrio: .......................................................................................................................... 17
Conclusão:............................................................................................................................... 21
Bibliografia: ........................................................................................................................... 22

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Introdução
Neste trabalho decidi analisar uma das minhas obras favoritas, Alegoria da primavera, de
Sandro Botticelli, pois tem uma vasta análise iconográfica que me despertava um enorme
interesse em conhecer, por isso, fui atrás. Primeiro explico a contextualização histórica, de
seguida explico a obra em geral para logo de seguida parto para a abordagem de cada
personagem em especifico

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Contextualização histórico-iconográfica do tema

Esta obra (La Primavera) foi pintada em pleno


renascimento italiano, a dinastia originou-se na
região de Toscana, e, com o aumento do poder
político governaram Florença através de líderes
políticos e religiosos, aqui foi introduzida a
conceção cientifica do mundo e inúmeras novas
formas de pensar devido a conjeturas históricas
favoráveis que produziram uma extraordinária
evolução no modo de vida, nas mentalidades e na
cultura europeia. Muitos foram os fatores que nos
ajudam a explicar as grandes transformações desta
época. Algumas remontam para o sec. XII e para as
primeiras alterações estruturais que abalaram o Figure 1 figura ilustrativa do renascimento
mundo feudal e provocaram o renascer do mundo
urbano gerando um maior dinamismo socioeconómico, outros vieram na sequência dos
primeiros, mas ocorreram durante este período. Falamos na abertura comercial da europa
aos mercados de outros continentes, esta abertura que se iniciou no mediterrâneo acabou
por ter repercussões enormes, seja em grandes descobertas geográficas, transcontinentais
ou até transoceânicas.
Mas e porque é que esta abertura para o mundo nos trouxe tantas transformações?
Porque assim, pela primeira vez, as pessoas começaram a conhecer, sejam artes,
continentes, terras, ciência e tudo isso proporcionou a elaboração de novos saberes
constituídos à base da observação da experiencia vivida que fez com que os obrigasse a
rever todos os conhecimentos teóricos e livrescos que tinham na idade media e finalmente
começar a assumir novas posturas na construção do pensamento.1 Assim, levou as pessoas
a questionarem se. Foi nisso que o renascimento se baseou e se formou, na base do
questionar se pelos princípios e crenças que tinham. Assim nascem novos conceitos como
humanismo, antropocentrismo, racionalismo, espirito crítico, vontade de saber,
classicismo, entre muitas outras. Desta forma, e, uma vez que Botticelli viveu em pleno
renascimento, este esteve em contacto direto com estas principais características referidas.
O Classicismo reporta-se ao resgate da cultura greco-romana, o Antropocentrismo
considerava o homem como centro e o Humanismo destaca-se pelas “ideias e princípios
que dignificam as ações humanas e os valores morais” [Letícia Laís Ducheiko], 2015.2
Botticelli ficou muito conhecido pelo seu uso da cor e pela qualidade da sua linha, sendo
que as suas obras são verdadeiras poesias visuais – pintou temas religiosos cristãos e temas
mitológicos e tinha grande habilidade retratista, aqui este utiliza um naturalismo metódico,
de caracter metódico e cientifico cuja natureza é estudada e não copiada, afinal, Botticelli
teve apoio de membros da Academia Platônica, fundada por Lourenço de Médicis, o

1
Ana pinto; Fernanda Meireles; Manuela Cernadas Cambotas; (2019), Ideias & Imagens, História da
Cultura e das artes 10º na, Porto Editora, pp. 228-230
2
Letícia Ducheiko, (2015), A Primavera de Botticelli segundo a metodologia de análise de imagem de
Panofsky,Estudante de Artes visuais da UEPG- http://astro.ufes.br/aprimavera-botticelli- acedido a
20-06-2020

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Magnífico, juntamente com Landini, o tradutor de A Botânica de Plínio, o Velho, para


orientar o artista no reconhecimento dos detalhes das diversas plantas e flores, além de
suas simbologias. 3
A Pintura primavera de Botticelli situa se no que denominamos “crise de sistema plástico”,
este consiste numa rotura de uma corrente florentina cujos valores plásticos dos volumes
e a perspetiva linear são a base. Desta forma, a obra foi baseada nestes novos valores
propostos, nomeadamente em linhas graciosas e elegância , cujo mundo pintado é repleto
de doçura, sentimento, e é que, ao contemplar as suas pinturas estas subjugam ocasiões de
beleza delicada através de figuras que nos cativam com um doce sorriso, sendo capazes de
através dessas mesmas figuras transmitirem nos um mundo de melancolia e tristeza que
nos desconserta…
O delicado grafismo de Botticelli levou a que inúmeros especialistas falassem de uma volta
à estética do gótico internacional, apesar de que, o mundo pictórico de Sandro Botticelli
está muito mais perto do maneirismo, “ciquencentista” do que das formas do gótico. 4

3
Ibid, Letícia Ducheiko, pag. 3
4
Enrique Valdearcos Guerrero (2020?) , Comentário la primavera Botticelli, Historia del
Arte- file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/La_Primavera_Botticelli.pdf-acedido a 15-06-
2020

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Desenvolvimento do tema

Autor: Sandro Botticelli


Nome da obra: Alegoria da Primavera
Dimensões: 207 x 319 cm
Onde se encontra: Galeria Uffizi, Florença
Localização: Sala 10-14
Técnica: Têmpera sobre Madeira de álamo
Data: 1482
Encomendado por: família Médici
Inventário: 1890 no. 8360 5 Figure 2 "La primavera", Sandro Botticelli

Para conseguir analisar esta obra vamos primeiro explicar a obra em geral e depois
desmembra-la por partes.
A obra Primavera, ou Alegoria da primavera, tem imensas interpretações iconográficas,
inúmeras teorias que foram escritas relativamente á interpretação desta obra, tanto em
revistas, livros, imprensas, etc.… Assim sendo, vi me obrigada a ter que optar por explicar
apenas algumas, nomeadamente aquelas que, a meu ver, eram mais coerentes e faziam
mais sentido.

Contudo, apresento aqui alguns desses temas6:

1. casamento do Médici
2. paixoneta do Lorenzo (neoplatónico (?))
3. meses do ano
4. cidade estado dividida
5. divina comedia de dante

A história da pintura não é muito conhecida, parece ter sido encomendada por um
membro da família Médicis. É provável que Botticelli se tenha inspirado nas odes
de Poliziano para realizar esta obra. As referências às Odes de Horácio e aos Fastos de
Ovídio, sempre foram episódios não forçosamente interrelacionados. Desde 1919 a pintura
faz parte da coleção da Galeria Uffizi, em Florença, Itália. 7

5
La Gallerie Degli Uffizi- Obras de arte, La Primavera Botticelli -
https://www.uffizi.it/en/artworks/botticelli-spring - acedido a 23-06-2020
6
Paola Petri Ortiz, A primavera. Sandro botticelli. Análise iconográfica, CEU, Universidad San Paulo
(disponível em:
HTTPS://WWW.ACADEMIA.EDU/31388943/LA_PRIMAVERA._SANDRO_BOTTICELLI._AN%C3%A1LISIS_IC
ONOGR%C3%A1FICO – acedido a 18-06-2020 )

7
Ida Aranha, Setembro (2011), ALEGORIA DA PRIMAVERA SANDRO BOTTICELLI, saber cultural,
disponível em http://www.sabercultural.com/template/obrasCelebres/Botticelli-Sandro-Alegoria-
da-Primavera.html), acedido a 13-06-2020

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Algumas influencias e inspirações que Botticelli teve:

 Odes de Poliziano
 Fastos de Ovídio´
 Odes de Horácio
 Lucrécio

Se formos a fundo e lermos algumas passagens conseguimos entender a sua influência,


contudo, o que quero realçar nisto é mostrar que este (Botticelli) não se limitou a um único
texto, não se limita a ilustrar uma passagem literária, mas sim fazer com que todos eles se
elaborem numa própria composição lírica, mas, no caso dele, atrelado ao suporte de
pintura.
O Tema mitológico no renascimento não significava apenas uma mera reprodução dos
deuses e seus mitos, mas sim toda uma reinterpretação em volta disso. Buscavam utilizar
alegorias de eventuais significados referidos, representações de ideais cristãos ou até
conceitos abstratos que reproduzissem situações do tempo em que viviam.8

Esquema compositivo:

A composição baseia-se numa visão central, da qual a figura de Vénus constitui o eixo e o
centro. O grupo de Flora com Zéfiro e o das Graças com Mercúrio situam-se formando
“alas” à sua direita e à sua esquerda. A curva formada pelos ramos das árvores cria um arco
em cima da Deusa. Para melhor se compreender esta composição das formas e figuras, a
imagem abaixo (fig 3) complementa o anteriormente dito.9

Figure 3 Esquema compositivo de "la Primavera"

8
Ibid, Paola Petri Ortiz, pag. 5
9
A primavera, Botticelli- renascimento-pintura.blogs.sapo.pt/476.html- acedido a 14-06-
2020

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Agora vamos abordar por partes,


Estas são os nomes das figuras que iremos abordar, começado a analisar da direita para a
esquerda, especificando primeiramente a iconografia, ou seja os seus atributos, e de
seguida a sua iconologia, ou seja, a contextualização das personagens na obra
relativamente ao pensamento do autor.

Figure 4 silhueta e identificação de personagens em "la Primavera"

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Clóris e Zéfiro:
Aqui podemos ver a forma como se abre a cena na pintura, o
rapto de Clóris por Zéfiro.

Quem é Clóris: Clóris era a rainha da primavera e era quem


espalhava a beleza das flores, está era uma ninfa que mais tarde
se transformará na deusa da primavera, Flora. O nome Clóris
vem do grego, Clóris, que significa verde, daí a sua aproximação
com a natureza.

Os atributos de Clóris:
 Grinalda de flores
 Flores em redor
 Lebre Figure 5 Clóris e Zéfiro na "La Primavera"

Quem é Zéfiro: Este é considerado o vento do Oeste, o vento cortante de março. A lenda
descreve-o como um vento primitivamente violento, que destruía tudo com o seu sopro
indomável, arrasava plantações, provocava naufrágios e causava grande danos aos homens.
Contudo, uma enorme paixão o transformou numa criatura meiga, o seu amor por Clóris,
transformando o seu vento em algo benéfico, por exemplo, em vez de destruir as flores
com o seu sopro, fazia com que o pólen das flores voasse e assim fecundar mais flores. 10

Atributos de zéfiro:
 Aparece a soprar
 Junto de Clóris

Expliquemos então a historia:


Como muitos deuses, os mitos de Clóris e o seu rapto
possuem diversas versões, contudo, a mais conhecida, e
a utilizada (provavelmente) por Botticelli foi a do poema
de fastos de Ovídio “Chloris eram quae Flora vocor” .
Consiste em Clóris, enquanto ninfa, andava a passear
pelos campos quando o Deus do vento, Zéfiro,
apaixonou se mal a viu, por isso tentou rapta-la, mas ela
conseguiu fugir, contudo, ele foi mais forte e violou-a,
após isso, casaram se e acabaram por ter um casamento
feliz. Mas recuemos um pouco até ao momento do rapto,
este, por estar tão apaixonada por ela, transforma o seu
vento destrutivo numa forma benéfica, tal como já dito
anteriormente, contudo, Clóris, não gostava dele por ser
visto como alguém que destrói tudo pelo que passa.
Figure 6 Flora e Clóris Assim, para demostrar o seu amor por ela, na

10
Lucia de Belo Horizonte, (2011), Mitologia Grega -
http://eventosmitologiagrega.blogspot.com/2011/06/zefiro-o-vento-das-brisas-
suaves.html- Acedido a 22-06-2020

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interpretação de Botticelli, Zéfiro ao tocar na ninfa ela se


transforma na Deusa da Flora, (fig 6) concedendo lhe um
jardim cheio de flores com a qual ela possa gozar a primavera.
Mas como é que podemos observar isso na obra?
Anteriormente disse que o vento de zéfiro se tinha tornado
em algo benéfico com o qual ele assoprava o pólen das flores
e elas se fecundavam, então, é possível ver as bochechas de
zéfiro inchadas ( fig. 7) a tentar tocar na a ninfa Clóris, assim
Figure 7 Pormenor das bochechas
inchadas de Zéfiro com um sopro e um toque vê-se flores a sair pela boca de
Clóris demonstrando o momento da transformação.

Tal como wind 11 diz é a criatura primitiva e tímida de Clóris


(características estas dadas por Ovídio) que dará lugar á personagem
perfeita da beleza e vitoriosa em que consiste Flora. Contudo, e
apesar de ser contraditório uma vez que é Zéfiro que a transforma
assim, foi exatamente devido á timidez e singeleza do vestuário da
ninfa – uma túnica transparente a denunciar nudez- que fez com
que zéfiro se tenha atraído por ela e se tornado num “fiel marido que
a fez germinar e exibir mil cores de flores novas (Cf. Fastos)”. 12
Zéfiro é também uma personagem alada, estas encontram se
semiocultas entre as folhagens, acredita se que esta possa estar
associado a uma outra mensagem, estas não são como as asas ocultas Figure 8 Pormenor das flores
a sair pela boca de Clóris
e subtis de Vénus que completa uma imagem da forma criadora
feminina. Neste caso, vemos zéfiro a sair de um profundo bosque para realizar o seu rapto.
Esta personagem azul chega a transformar Clóris com o objetivo de outorgar-lhe a sua
ultima mudança antes de regressar á escuridão.
Será que o facto e ele se apresentar em azul tem a ver com o estar a sair desse bosque
espesso e passar para um ligar quente e solido e só assim conseguir regenerar Clóris em
flora? Fica a questão no ar13

11
‘k9Wind, Edgar.(1998) Los misterios paganos en el Renacimiento. Alianza Editorial,
Madrid.
12
Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão,(2017) Ainda a Iconologia de Aby Warburg.: as
célebres pinturas de Botticelli, Teoria da Historia da arte, Flul Letras Lisboa-
https://fenix.letras.ulisboa.pt/courses/thart-4-283923108077430/sumarios?p=5- acedido a
19-06-2020

13
Homero Moreno, El contenido mitológico en “La Primavera” de Sandro Botticelli

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Flora:
Quem é Flora: é a Deusa romana da primavera e das flores. Seu
nome é a origem das palavras “flor”, e também pode ser relacionado
com as palavras “prosperar”, “florescendo”, “abundante” e “fresco”
e “florescendo”. Ele também é comumente usado para designar o
reino das plantas. Ela é a responsável pela potência da natureza,
aquela que faz florir as árvores e preside a “tudo que floresce”.
Flora é uma das Deusas mais antigas e vista com muito respeito
pelo povo romano pois dela dependiam muitos outros Deuses. Era
através dela que as vinhas davam uvas fazendo Baco jorrar. Era ela
quem garantia o florescer das oliveiras, fazendo Roma prosperar. 14
Figure 9 Flora na "La Primavera"
Atributos de Flora: São muito parecidas ás de
Clóris
 Grinalda de flores
 Rodeada de flores
 Mel
 Coelhos
 Lebres
 Borboletas
 Abelhas
 Vestida com roupas leves de primavera
 A segurar flores Figure 10 Pormenor do vestido de Flora

Aqui damos continuidade á cena da transformação de


Clóris, O sopro faz nascer Flora, de vestido apanhado
abaixo do ventre, expressão algo enigmática, envolta em
flores. Esta traz com ela a promessa dos dias longos,
espalha flores e abundância. Por outro lado, a forma
mais genérica de representar a figura de Flora seria
através de uma nova alusão á fecundidade, pois o facto
de lançar as flores através do seu colo (Fig. 11) pode ser
uma referência ao parto. A forma como esta representa
a primavera é a segurar flores – flores primaveris
sozinhas podem simbolizar a estação-, e as divindades
Figure 11 Pormenor das flores no colo de Flora
greco romanas que frequentemente a substituem são a
Vénus e a flora (tal como vemos na obra). A primavera pode também ser simbolizada por
um bebé ou uma criança e é associada ao elemento ar. Talvez as flores que Flora lança do
seu colo representem o parto e assim a existência de uma criança que nos remete também
a uma forma de representação da primavera.15

14 Mari (2019), Flora, a senhora da Primavera e das Flores-


https://dezmilnomes.wordpress.com/2019/12/16/flora-senhora-da-primavera-e-das-flores/ -acedido
a 22-06-2020

15
Clare Gibson (2020), como aprender símbolos: guia rápido sobre simbologia da arte,
Editora Senac, São Paulo.

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11

Vénus:

Quem é Vénus: Esta é o símbolo da liberdade sexual, dos atributos


femininos e da fertilidade, a sua figura representa também o ideal de
beleza feminina das antigas civilizações

Atributos de Vénus16:
 Rosa
 Murtas
 Pombas
 Joias
 Espelho
 Cabelo ruivo
Figure 12 Vénus na "La
Primavera"

Figure 14 Murtas Figure 13 Murtas na


obra "La Primavera"

Conseguimos identificar Vénus, não só pelo cabelo ruivo, pela presença de murtas ( fig 14
e 15) ( estas estão associadas á paz pois eram utilizadas para rituais de purificação) ou pelo
facto de por cima estar cupido, seu filho, mas também pela joia que ela tem ao peito. Mas
não é apenas uma joia qualquer, existe uma teoria de que Vénus se poderá associar a duas
figuras, a celestial e a natural. Normalmente associasse esta primeira (celestial) a uma
figura nua, e a natural a uma vestida. Podemos então interligar outra pintura de Sandro
Botticelli O nascimento de venus , com esta (La Primavera) , no sentido em que na do
nascimento, Vénus aparece nua e assim intrepertariamos que seria a celestial e então, a da
Primavera a natural. Contudo, existe a hipotese destas duas estarem conectadas atraves de
um elemento que Botticeli adicionou. Mas como? Como se sabe, a Vénus deste outro
quadro nasce da espuma do mar numa concha que a leva á terra, assim, esta joia que venus
contem em primavera poderia ser uma referencia á concha e por isso á teoria de Vénus
celestial que nascera dos genitais de urano e da espuma do mar. 17

16
Andreas Prater, (2007), Venus ante el espejo: Velázquez y el desnudo, CEEH
17
Ibid, Paola Petri Ortiz, pag. 5

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Venus, que ocupa o lugar central do quadro está


provavelmente grávida (mais uma referencia à
nascença de uma criança e assim á representação
da primavera) como forma de mostrar a força da
fecundidade e assim é capaz de invocar o seu
papel como Deusa femenina criadora e
receptora.
As suas vestes também nos cativam, ao ponto de
não conseguirmos desviar o olhar da Figure 15 Pormenor da joia ao peito de Vénus
celestialidade e eternidade que proclamam.
A sua posição na obra, ou seja, mais acima de todos as outras personagens, também
demonstra a força desta deusa como papel central
da obra fazendo com que nos capte mais atenção,
esta protege as 3 graças, Agalia, Talia e Efrosina, e
consequentemente as 3 virtudes, beleza, castidade
e sensualidade ou prazer.

Foquemo nos agora noutro ponto. Nesta obra há


varias personagens aladas, três bem evidentes e
outra nem tanto. Essa personagem não tão visivel é
Vénus. Consegue se observar a forma como o efeito
provocado pelos contrastes claro-escuros do
bosque atras de venus que simulam asas, sugerindo
assim uma venus alada( fig.12). 18
Esta observa a ação de zéfiro e cloris com expressão
serena enquanto faz com a mão uma especie de
Figure 16 Vénus a olhar para a cena do rapto de gesto ritualistico com a mão direita (fig 16).
Clóris
É representada como uma Venus alada, com asas
dissimuladas pela ramajem do bosque e como
indicado é uma simbiose das hierarquias angelicas com os deuses grecoromanos. Depois
disto deixo uma questão ao ar:
Será que a inteção de botticelli era mostrar a ideia de uma Vénus certamente terrestre
prestes a transformar se em celestial? 19

18
Ibid Homero Moreno, pag.9
19
Ibid Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão, pag 9

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13

Cupido:

Quem é cupido: Cupido ou Amor era filho


de Marte, deus da guerra, e de Vénus, deusa
do amor. A sua tarefa principal era presidir
a festins de prazer e divertimento.

Atributos de Cupido20:
 Sempre nu
 Com asas
 Criança
 Por vezes venda nos olhos Figure 17 Cupido na "La Primavera"

 Arco
 Aljava cheio de setas ardentes
 tocha

Aqui vê-se a sua representação alada, que aqui é símbolo da sua


impressibilidade, a presença do seu arco e flechas ardentes são significado
de poder fazer surgir o amor de forma súbita a quem menos esperamos.
Pode também ser representado trazendo uma tocha, este é uma metáfora
do amor como fogo que inflama os nossos corações, neste caso, não é a
tocha que representa isso, mas sim o fogo presente na ponta das suas
flechas (flechas ardentes), como podemos ver na fig 18, a ponta ardente das
suas flechas é muito elaborada, como se tivesse um padrão gravado de asas, Figure 18 Pormenor da ponta
talvez seja para representar a rapidez da flecha.21 da flecha ardente

Cupido é também representado também como criança deste a época helenística. Mas e
porque é que está vendado? A maioria das interpretações consiste na metáfora de que o
amor é cego e que a beleza do amor pode ser encontrada em qualquer lugar e em qualquer
pessoa. O amor e a sua ideia de que nos pode atingir sem qualquer aviso prévio, e isso é
análogo ao cupido nos atingir cegamente com uma flecha. 22

Em primavera, conseguimos ver que esta personagem esta a apontar para uma das graças,
mais especificamente a graça do meio, esta graça aparece de costas para nós enquanto esta
olha fixamente para Mercúrio. Cupido ao disparar, cego, desencadeia as flechas como o
fogo da Paixão, na direção da Graça central (fig.19). Aqui emerge um princípio conversor,
em que a energia do Amor Divino desencadeia na Alma a procura da Verdade. E, de facto,
o olhar da Graça central vira-se para Mercúrio (fig 19), última figura desta historia,
mensageiro dos Deuses, líder das Graças e intérprete dos segredos, que, afastando com o
seu caduceu as nuvens da obscuridade, conduz o intelecto na contemplação da luz
escondida da Beleza intelectual. Uma tão sublime interpretação plástica do ideal do Amor
e da Beleza, tal como o concebia o Humanismo florentino, dificilmente voltaria a ser

20
cupido (mitologia) in Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2020. [consult. 2020-
06-22 19:37:20]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/$cupido-(mitologia)- acedido
a 22-06-2020
21
Ibid Homero Moreno, Pag. 9
22
Smarthistory, vídeo no youtube, disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=qwZn852brII

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alcançada, pelo que este quadro se transformou no ícone do próprio Quattrocento,


coração artístico e filosófico de um Renascimento que será sempre, na história dos homens,
uma eterna Primavera. 23

Figure 19 Direção da seta do cupido e do olhar da


graça central

23
Ibid Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão, pag 9

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15

As 3 graças:
Quem são as 3 graças: De acordo com a mitologia grega, as
Três Graças são divindades da Beleza que moram no Olimpo e
oferecem felicidade aos homens e deuses. Seus nomes são:
Aglaia, Eufrosina e Tália. Simbolizam respetivamente a
claridade, a alegria e o florescer. Atribui-se às Graças influência
nos trabalhos do espírito e nas obras de arte. Fazem companhia
a Atena, Afrodite, Eros e Dionísio.

O Renascimento mudará seus nomes por Beleza, Amor e


Castidade. Há também referência às três fases do amor: Beleza,
Desejo e Satisfação.24

Atributos das 3 graças:

Figure 20 As 3 graças em "La


 Nuas- símbolo da sinceridade Primavera"
 Unidas entre si
 Dançar em círculos
 Coroas de flores
 Pode ter também a maça

Aqui encontram se as “Três Graças”, estas simbolizavam a harmonia,


uma certa forma de pureza, de simplicidade contra a luxuria. Estas
começaram a surgir exatamente no renascimento, e foi com esta obra
de Botticelli, que as 3 graças ganham importância. Estas eram
mostradas em diferentes posições e com diferentes indumentarias,
especialmente sem elas, para poder mostrar a nudez, e assim o corpo
da mulher visto de 3 posições diferentes, tal como podemos observar
na fig. 20. O fato delas serem representadas em número de três,
demonstra mais uma vez que era comum nas tradições mitológicas de
vários povos a representação do feminino com uma tríade. Também
pode ter a ver com a tradição de representar da perfeição como
Figure 21 Pormenor das 3 graças
numero 3, tal como a santíssima Trindade. As 3 graças são também
mencionadas quando se diz que vão apanhar flores para tecer
grinaldas para prenderem os seus cabelos celestiais. 25
Vénus, a personagem ao centro, tal como sugeria Vasari, protege as 3 Graças Agalia, Talia e
Eufrosina- ou 3 virtudes que seriam a beleza, castidade e sensualidade ou prazer. É desta
divindade (Vénus) que decorre a presença das Três Graças, as ninfas sempre ao seu serviço.

24
Bárbara Lopes Buarque (2018) , as três graças- https://www.barbaralopesart.com/post-
unico/2018/10/23/As-Tr%C3%AAs-Gra%C3%A7as- acedido a 23-06-2020
25
Nogueira, A. F. (2019). A Antiguidade Greco-Latina Na Comunicação E Na Arte
Contemporâneas -O Exemplo Das "Três Graças". Perspectivas Luso-Brasileiras Em Arte E
Comunicação, Vol 2., Pp 254, 258

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Ao alto, sobre a cabeça da Deusa, um cupido, que, tal como referimos anteriormente, aponta
para uma das ninfas ás cegas, que supões se que aponte para a do meio26
Se parámos para observar vemos que estas se relacionam com uma dança, conseguimos
entender isso se repararmos na forma expressiva e suave como se movimentam.

Figure 22 pormenor das 3 graças

Tal como podemos observar na imagem acima (fig. 22) A Graça ao centro é, pelo seu
vestuário e ausência de adornos, a castidade (que deve corresponder, muito provavelmente
a Algalia). Vejamos a simplicidade do vestuário e a simplicidade das pregas da túnica, em
evidente contraste com as suas companheiras. Por outro lado, o rosto apresenta uma
expressão triste e melancólica enquanto a Voluptas (provavelmente a Talia) exibe vistoso
penteado, com serpenteantes tranças, uma joia sumptuosa no peito, e túnica a acentuar as
curvaturas do corpo. É a energia voluptuosa. A terceira graça, a Pulchritudo,
(provavelmente a Eufrosina) é a mais atrativa e exibe com orgulho a sua beleza. A sua joia
é mais modesta e os cabelos não esvoaçam, serpenteantes, mas exibem um penteado
cuidado menos espetacular que o da Voluptas. O facto de as Três Graças se apresentarem
vestidas com túnicas e não nuas, como acontece em pinturas de outros mestres em épocas
mais tardias, decorre uma vez mais de autores clássicos como Horácio e Séneca. A Horácio
se deve a gestualidade e o facto de não olharem, de modo exibicionista para o exterior. (Fig.
22)
As coreografias de dança podem ser alusões a literatura clássica como Séneca. Estes
atributos e gestualidade, que decorrem de fontes literárias “reforçam o sentido da acção”
(Wind). “Enquanto a “verde” Castitas e a “abundante” Voluptas avançam uma para a outra,
a Pulchritudo mantém-se pura e serena no seu esplendor, aliando-se à Castidade,
agarrando-a pela mão e unindo-se à Voluptas num gesto florido” (Wind).
Os movimentos corporais e elegantes na colocação das mãos entrelaçadas, faz com que a
mão de voluptas e pulchirblaba fiquem unidas com um formato de coroa sobre a castidade,
fazendo com que elas próprias iniciem o amor e, consequentemente, a tríade que
acompanha Vénus.

26
Ibid Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão, pag. 9

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A posição em que Botticelli as coloca é muito semelhante à que Séneca nos descreve, no
De Beneficiis, I, 3, 2-10, texto em que este autor apresenta algumas justificações para que
assim seja: por exemplo, as Três Graças fazem uma roda, com as mãos entrelaçadas, porque
a gentileza (ou benefício, dádiva – beneficium) forma uma cadeia que retorna a quem
começa; ou, as vestes são transparentes, porque “as gentilezas querem ser vistas”19 (I, 3,
5).27

No entanto, uma das poses mais comuns das Três Graças (e que prevalece na arte helenística
e romana, não porque fosse um cânone, como já se percebeu, mas porque, por alguma razão,
a harmonia conseguida nesta representação agradou e foi sendo perpetuada) é a que
apresenta as duas figuras da ponta a olharem de revés ou de lado, e a central de costas para
quem observa. Podem ter na mão flores ou frutos. 28

Mercúrio:
Quem é Mercúrio: Na mitologia Grega é chamado de Hermes. Este é um Deus
romano da riqueza, da sorte, da fertilidade, do sono, da magia, das viagens, das
estradas, do comercio, da linguagem e dos ladrões. É considerado o mensageiro
dos deuses (devido à sua rapidez), em especial de Júpiter, que lhe pôs
asas na cabeça e nos calcanhares, para poder executar as suas ordens ainda com
maior rapidez. Era também grande conhecedor de música. Foi ele quem roubou
os rebanhos, as armas e a lira de Apolo. 29

Atributos de Mercúrio: como foi referido a cima, este estava encarregue de levar
as mensagens aos deuses. Desta forma relutaram alguns atributos,
nomeadamente:

 Bolsa
 Sandálias ou Botas com asas
 Capacete com asas
 Caduceu

Figure 23 Mercúrio
na "La Primavera"

27
Ibid Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão, pag. 9
28
Ibid, Paola Petri Ortiz, pag. 5
29
Mercúrio (mitologia) in Infopédia . Porto: Porto Editora, 2003-2020. Disponível na
Internet- https://www.infopedia.pt/$mercurio-(mitologia)- acedido a 22-06-2020

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Conseguimos confirmar que é mercúrio


pelas botas com asas (fig 24) e pelo o caduceu
que, originalmente era uma haste ou ramo de
oliveira, terminando em dois brotos e decorado
com guirlandas ou fitas. Mais tarde, as
guirlandas foram interpretadas como duas
cobras entrelaçadas em direções opostas, com a
cabeça voltadas e um par de asas, em sinal da
velocidade de mercúrio que foi anexado ao
cajado acima das cobras. Devido aos tempos
modernos que adotaram o caduceu como Figure 25 pormenor do capacete de
Figure 24 pormenor das botas aladas
de Mercúrio símbolo do medico e como emblema do corpo Mercúrio
medico do exercito do EUA, o caduceu
assemelha se ao bastão de Asclépio, o curandeiro que consistia num bastão ramificado no topo
e entrelaçados por uma única serpente. Na iconografia romana, foi muitas vezes representado
o caduceu na mão esquerda de Mercúrio , neste caso aparece na mão direita.

O mensageiro dos deuses, guia dos mortos, e protetor dos comerciantes,


pastores, jogadores, mentirosos e ladrões. representa Mercúrio, e por
comércios de extensão, ocupações, ou empresas associadas ao deus. Na
tarde Antiguidade , o caduceu forneceu a base para o símbolo
astrológico representando o planeta Mercúrio . Assim, através da sua
utilização em astrologia , a alquimia e astronomia tem vindo a denotar
o planeta e metal elementar do mesmo nome. 30 Diz-se que a varinha iria
acordar de dormir e enviar o acordado para dormir. Se aplicado aos
moribundos, sua morte era gentil, se aplicado aos mortos, eles voltaram à
vida.

Algumas fontes dizem que é Marte, porque ele tem


uma espada. Mas é mais provável que seja Mercúrio,
porque ele tem asas nas botas, e ele tenta afastar as
nuvens com o caduceu, que é o seu principal
símbolo. A espada não significa realmente que ele é
Marte. Nas lendas, Hércules recebeu presentes dos
deuses, e Hermes (Mercúrio) deu-lhe uma espada.
Há quem diga que mercúrio possa representar o mês
de maio, agitando as nuvens para fazer com que o
tempo mude. De fato, a pintura pode mostrar, da
direita para a esquerda, uma progressão ao longo dos Figure 27 Pormenor do caduceu
meses da primavera. 31
Figure 26 Mercúrio
Contudo, do meu ponto de vista existe uma teoria para o facto de
mercúrio estar, com o caduceu a afastar as nuvens.

30
Os editores da Encyclopaedia Britannica, Caduceu-
https://www.britannica.com/topic/thyrsus- acedido a 22-06-2020
31
Smarthistory, pag 13

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O caduceu que este levanta é para dispensar as nuvens, afastando-as do éden e assim poder
chegar a primavera e por esta mesma razão consiste um símbolo de concordância da paz.
Efetivamente, com a sua aparição normalmente se vem abaixo qualquer
discordância. Foi este o deus que separou as serpentes que lutavam entre
si. Também podemos partir do principio que o afastar das nuvens se possa
interpretar como um esforço para dispensar a ignorância e aprimorar os
conhecimentos da luz. O facto de este ter uma arma mostra nos que
mercúrio igualmente nos protege dos intrusos que estão mais além do
terreno concreto e que são os nossos próprios monstros internos que
devoram e se convertem- por usar os recursos que o quadro evoca- em
ligeiras e inofensivas nuvens passageiras a aterradores furacões. Assim, é
Mercúrio que tá encargue de resguardar o jardim de Vénus desses
fenómenos que ocorram, nomeadamente, o nosso coração e as nossas
ideias32

Figure 28 tentativa de
fazer a silhueta do
Resumindo os textos de Wind e as fontes clássicas, conclui-se que Mercúrio, caduceu
o guia das Três Graças, é simultaneamente quem conduz ao mais além,
simbolizado na pintura pelas nuvens. Curiosamente, esse mais além pode ser “lido” como
a morte, identificável no seu manto pelo símbolo neoplatónico das múltiplas chamas
invertidas (divinus amator). Mercúrio assume aqui uma multiplicidade de funções e
significados que estabelecem o relacionamento não só com os grupos citados, mas também
com a deusa Vénus.
De todas estas funções, a que mais se aproxima do significado do grupo das Três Graças
será a da divindade que atinge o “mais além”. E não por acaso, Botticelli representou a
Castidade ( graça central) de costas para o observador, dirigindo o olhar para o mais além
representado no poder de Mercúrio, seu guia e companheiro. Será ele que romperá as
nuvens e permite acesso à luz divina.
“não é possível compreender totalmente a composição da pintura, nem completamente o
papel de Mercúrio, até que se observa a simetria de composição entre esta divindade e
Zéfiro”. Edgar Wind 33

Ambiente:

Na obra, o chão verde escuro é muito florido e o


cenário dos acontecimentos parece ser um bosque
com muitas árvores dando frutos alaranjados. Há
diferentes flores, diferentes caules de árvores e
diferentes folhas. Os personagens destacam-se
pela suavidade das cores, contrastando com o
escuro do fundo e do chão. As figuras estão quase
todas na vertical, com exceção do cupido, que está
Figure 29 Pormenor do chão do jardim
na horizontal, e de duas do grupo a direita que
estão em diagonal, mas amparadas pelas verticais das outras personagens. Nesta obra pelo

32
Ibid Homero Moreno, pag.9
33
Ibid Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão, pag. 9

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menos 138 espécies de plantas diferentes foram identificadas, todas retratadas com
precisão por Botticelli, talvez usando herbários. A atenção aos detalhes confirma o
compromisso do artista com esta peça, o que também é evidente na pura habilidade com
que a tinta foi aplicada. 34

As laranjas representadas na arvore também tem significado, diz se que estas estão ligados
á família Médicis, o que faz sentido, uma vez que foi essa família que encomendou a obra.
As laranjas eram chamadas de "mala medica" e acreditavam-se que tivessem propriedades
terapêuticas, então a família Médicis de Florença as adotou como parte de sua
iconografia. Médicis significa médico em italiano, e a mala medica é um jogo de palavras
perfeito que também tem significado por meio dessa conexão médica.
Também se afirma que é aos Médicis a que se deve o bosque de laranja, este, representa o
jardim de Hespérides, no entanto, costuma se falar de que as maças douradas das
Hespérides são na verdade identificadas como maças, limões ou laranjas, pois a palavra
latina pomum é um nome genérico para fruta.
Para além disso, a laranja são um emblema dos Médicis devido ás frutas douradas que
rodeavam as esferas de escudo da família. Também se pode considerar um jogo de palavras,
mais especificamente entre nome latino da planta cítrica Citrus Medica e os Médicis. 35

Figure 30 Pormenor das laranjas

34
Ibid La Gallerie Degli Uffizi, pag.5
35
Ibid, Paola Petri Ortiz, pag. 5

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21

Conclusão:
Após a conclusão deste trabalho fui capaz de entender que por mais que a obra ainda tenha
o seu significado complexo da sua composição como mistério, a pintura é uma celebração
de amor, paz, prosperidade e um ligar capaz de nos deixar a interpretar o que queremos,
claro, baseando os factos que nos permitam interpretar de forma correta, ou seja com base
em fatos, argumentos, neste caso atributos, iconografia e iconologia. Assim, somos capazes
de elevar a arte a um patamar muito maior, permitindo disfrutar a obra de formas diferentes.

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