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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE INTERIORES

PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR

ÁLISSON HENRIQUE LOUIS DE VARGAS – RA 2078327

Operários – Tarsila do Amaral

Niterói - RJ

2020
ÁLISSON HENRIQUE LOUIS DE VARGAS – RA 2078327

Operários – Tarsila do Amaral

Projeto Integrado Multidisciplinar III, apresentado como

pré-requisito para aprovação do bimestre vigente, no

Curso Superior de Tecnologia em Design de Interiores.

Orientador: Profª Patricia Scarabelli

Niterói – RJ

2020
RESUMO

O presente projeto visa estabelecer o embasamento teórico de pesquisa para


um estudo de caso relacionado a obra “Operários”, de Tarsila do Amaral. A
metodologia adotada baseia-se em pesquisas bibliográficas que envolvem o estado
da arte com seu contexto histórico e cronológico. Neste artigo será abordado com
detalhes o retrato da vida da artista, suas inspirações, o Movimento Modernista e suas
fases no Brasil, e, posteriormente, a deglutição da obra citada com ferramentas de
informática aplicada. A partir das informações obtidas, foi realizada uma
sistematização e correlação com as disciplinas de História da Arte, Percepção Visual:
Teoria e Psicologia das Cores e Informática Aplicada, sendo estas anteriormente
estudadas durante o bimestre acadêmico vigente.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................... 04

2 TARSILA DO AMARAL ......................................................... 05

3 MODERNISMO BRASILEIRO ............................................... 06

3.1 Escola Literária .................................................................... 06

3.2 Características do Modernismo .......................................... 07

3.3 Semana de Arte Moderna .................................................... 07

3.4 Movimento Pau-Brasil ......................................................... 09

3.5 Movimento Antropofágico ................................................... 10

4 OPERÁRIOS .......................................................................... 11

4.1 Ficha Técnica ....................................................................... 11

4.2 Deglutição da Obra Através do Software AutoCAD ......... 11

4.3 Operários e Suas Cores ...................................................... 16

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................... 18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................... 19


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1 INTRODUÇÃO

Fundamentado na disciplina de História da Arte, o estudo incide na análise


técnica acerca das propriedades de uma das pinturas mais reconhecidas de Tarsila
do Amaral, Operários.

Além disso, discorreremos como componentes do conteúdo algumas alíneas


em concordância com as cores empregadas nesta pintura para, assim, introduzir a
disciplina Percepção Visual: Teoria e Psicologia das Cores.

Segregaremos a tela no software AutoCAD para ilustrar os comandos


apontados em Informática Aplicada, incidindo no exercício prático para a formação do
curso tecnólogo em design de interiores.

Operários, foi a primeira obra da artista com a acepção social tão evidente e
referência à cultura brasileira com particularidades cubistas.
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2 TARSILA DO AMARAL

Tarsila do Amaral nasceu em 1 de setembro de 1886, no Município de Capivari,


interior do Estado de São Paulo. Passou sua infância e adolescência na fazenda de
café de seus pais, o fazendeiro José Estanislau do Amaral e Lydia Dias de Aguiar do
Amaral. Em sua vida acadêmica teve passagem pelo Colégio Sion, em São Paulo, e
depois foi terminar seus estudos em Barcelona, onde compôs sua primeira pintura,
“Sagrado Coração de Jesus”, em 1904. Em seu retorno ao Brasil, casou-se com André
Teixeira Pinto, com quem teve a única filha, Dulce.

Passados alguns anos de casados, decidiram se separar e Tarsila, então, deu


início a seus estudos em arte. Inicialmente trabalhou com escultura e depois passou
a fazer cursos de desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino, local onde
conheceu a pintora Anita Malfatti. Em 1922, após estudar dois anos na Académie
Julien, em Paris, soube da Semana de Arte Moderna por intermédio de
correspondências enviadas pela amiga Anita Malfatti.

Já no Brasil, Anita apresentou-a ao grupo modernista e Tarsila iniciou o namoro


com o escritor Oswald de Andrade. Juntos, fizeram parte do grupo dos cinco: Tarsila,
Anita, Oswald, e os escritores Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. Através de
suas conferências, festas e reuniões, sacudiram culturalmente o Estado de São Paulo.

Tarsila, conhecida como artista símbolo do modernismo brasileiro no século


XX, atribuiu à sua vida a vontade de ser uma pintora legítima do seu país, afastando
toda a forte influência que a arte europeia exercia no Brasil naquele período.

No dia 17 de janeiro de 1973, em São Paulo, Tarsila falece aos seus 86 anos
de idade.
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3 MODERNISMO BRASILEIRO

3.1. Escola Literária

Ressoando vigorosamente o cenário artístico e a sociedade brasileira no início


do século XX, o modernismo brasileiro foi um expressivo movimento cultural da
literatura e das artes plásticas. Equiparado a demais movimentos modernistas
desenvolvidos ao redor do mundo, o brasileiro foi despertado tardiamente, na década
de 1920. Ele foi fruto da integração de tendências culturais e artísticas difundidas pelas
vanguardas europeias no período que precedeu a Primeira Guerra Mundial,
usufruindo como referências o Cubismo e o Futurismo.

O movimento moderno apoiou-se na conceituação de que os modelos


artísticos, chamados de “tradicionais”, passaram-se a ultrapassados, e que se tornava
indispensável deixá-los à parte e elaborar no lugar uma nova cultura.

Para enfatizar esse reconhecimento, podemos afirmar que:

Esta constatação apoiou a ideia de reexaminar cada aspecto da existência,


do comércio à filosofia, com o objetivo de achar o que seriam as "marcas
antigas" e substituí-las por novas formas, e possivelmente melhores, de se
chegar ao "progresso". Em essência, o movimento moderno argumentava
que as novas realidades do século XX eram permanentes e iminentes, e que
as pessoas deveriam se adaptar a suas visões de mundo a fim de aceitar que
o que era novo era também bom e belo. (PAES, 2011, p. 20).

Aqui no Brasil, as obras anteriores ao movimento modernista não eram de


inteira repulsa para os artistas pioneiros desse novo movimento. O que os inquietava
era mesmo o passadismo, em outras palavras, tudo aquilo que inibisse a criação livre.
Rompendo esteticamente a arte ligada às escolas anteriores e ampliando horizontes
do pensamento artístico, a promessa modernista foi se firmando como uma nova fonte
de criação.

Nessa procura por uma expressão fortemente ligada às raízes culturais


brasileiras e buscando ser diferente do que se apresentava na época, Tarsila, ainda
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que não tenha participado com alguma exposição na “Semana de 22”, influenciou
categoricamente para a evolução da arte moderna brasileira, pois criou obras que
retratavam a realidade brasileira e que indicavam novas tendências.

Composto por três significativas fases, o Modernismo foi se desenrolando e aos


poucos ganhando novos adeptos. A primeira fase, mais severa e fortemente
contrastante com o que se conhecia até o momento, rodeada por escândalo e
atrevimento; a segunda que estabeleceu grandes romancistas e poetas; e terceira,
também chamada como Pós-Modernismo por inúmeros autores, na qual se refutava
de certa maneira à primeira fase, tornando-a ridicularizada com o título de
neoparnasianismo. Tarsila do Amaral participou da primeira fase modernista.

3.2. Características do Modernismo

De maneira a oposicionar-se fortemente aos conceitos convencionais, o


Modernismo potencializou consideráveis particularidades, tendo como principais:

• Total liberdade de forma de expressão;


• Uso da linguagem coloquial (cotidiano);
• Uso do verso livre e bárbaro;
• Descontinuidade cronológica e espacial;
• Inclusão dos fatos do momento;
• Nacionalismo com paisagens e sensibilidade da história da terra;
• Regionalismo, folclore, lendas, tradições e mitos brasileiros;
• A ação do enredo perde a importância;
• Universalismo.

3.3. Semana de Arte Moderna

Realizada em São Paulo, em fevereiro de 1922, a Semana de Arte Moderna


foi um referencial para pensamentos estéticos e para a análise de arte do país. Essa
manifestação foi potencializada pelo cenário em que ocorreu.
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Passando por um período de muitas turbulências políticas, sociais, econômicas


e culturais, a Semana da Arte Moderna foi alvo de críticas, não bem compreendida e,
em parte, ignorada. As novas vanguardas estéticas revelaram-se e o mundo se
surpreendia com as recém surgidas linguagens desprovidas de regras.

De acordo com a nota anunciada, o Correio Paulistano (1922, n.p.) disse que a
intenção era aperfeiçoar o ambiente artístico e cultural da cidade com "[...] a perfeita
demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura
sob o ponto de vista rigorosamente atual.”

Na tentativa de uma personalidade nacionalista própria e de um estilo mais


autônomo de manifestação, a Semana, de certo modo, nada mais foi do que uma
exaltação de novas ideias inteiramente libertadas. Pimentel parte do pressuposto que
a Semana “[...] não tinha uma programação definida. Na verdade, sentia-se muito mais
um desejo de experimentar diferentes caminhos do que se definir um único ideal
moderno.” (PIMENTEL, 2020,n.p.).

Tarsila, ainda que não tenha participado efetivamente da Semana de Arte


Moderna de São Paulo, foi responsável pela criação de uma nova linguagem para a
pintura brasileira.

Guardião do entendimento que, ligado ao desenvolvimento da nossa pintura,


Tarsila foi a primeira a realizar uma obra nacional por causa dos próprios valores
essenciais de sua obra como arte, não somente em razão da questão referida, Mario
de Andrade nos fala:

[...] O que a distingue dum Almeida Junior, por exemplo, e que é a inspiração
de seus trabalhos que versa temas nacionais. Afinal obras que nem o Grito
do Ipiranga ou a Carioca só possuem de brasileiro o assunto. Técnica,
expressão, comoção, plástica, tudo encaminha a gente para outras terras de
por trás do mar. Em Tarsila, como aliás em toda a pintura de verdade, o
assunto é apenas mais uma circunstância de encantação; o que faz mesmo
aquela brasileirice imanente dos quadros dela é a própria realidade plástica:
um certo e muito bem aproveitado caipirismo de formas e de cor, uma
sistematização inteligente do mau-gosto excepcional, uma sentimentalidade
intimista, meio pequenta, cheia de moleza e de sabor forte. [...]. (AMARAL,
2003, p. 18).
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A Semana de Arte Moderna pôs São Paulo no foco das polêmicas em nível
nacional e projetou os artistas brasileiros internacionalmente em conformidade com
os eventos que agitavam o cenário das artes.

3.4. Movimento Pau-Brasil

Conhecido como nativista, o Movimento Pau-Brasil lutava pela arte brasileira


de exportação. Assim como o pau-brasil foi o primeiro produto brasileiro a ser
comercializado internacionalmente, Oswald de Andrade, o criador desse movimento,
almejava que a arte brasileira se convertesse em um fruto cultural de exportação, por
esse motivo a definição do nome do movimento.

Autointitulada como a “pintora do Brasil”, após uma viagem a Minas Gerais,


Tarsila descreve a inspiração para seus quadros:

Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois


que eram feias e caipiras... Vinguei-me da opressão, passando-as para as
minhas telas: azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante...
Pintura limpa, sobretudo sem medo dos cânones convencionais. Liberdade e
sinceridade, uma certa estilização que a adaptava à época moderna.
(AMARAL, 1939, p. 31).

Logo, as cores, bem como o contexto do cenário brasileiro, com as paisagens


rurais e urbanas do nosso país, passaram a ser uma das marcas das suas obras.

Levando em consideração o princípio cubista, a fase pau-brasil foi a passagem


para o desdobramento da fase antropofágica, por onde ainda se percebem os
aspectos da estrutura cubista adotados por Tarsila com sua compreensão própria. A
maturação artística promoveu a origem de uma maior liberdade na expressão,
proporcionando a aproximação de recém-adquiridas repercussões de vanguarda.
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3.5. Movimento Antropofágico

A antropofagia floresceu da fase pau-brasil, na qual Tarsila já atingia “[...] a


renovação da sua linguagem artística absorvendo as inspirações do modernismo
francês, devorando-as antropofagicamente, numa inovação com perspectivas que
ultrapassam as nacionais.” (SCHØLLHAMER, 2011, p. 276).

O aperfeiçoamento desta tendência originou a fase antropofágica, tendo em


vista a máxima autonomia da artista, seguida pelo atrevimento literário de Oswald de
Andrade. No princípio do Movimento, fez-se imprescindível anuir sua influência de
modo mais conexo com a ideologia pertinente ao Manifesto Antropófago. Transpondo
em forma de texto, Oswald ganhou notoriedade com um pensamento cercado de
verbalidade e vivência. Todavia, foi em Tarsila que a Antropofagia exprimida por ele
se revelou em sua total excentricidade, desarmonizando-se da lógica forçada pela
escrita.

Zilio ressalta Tarsila como a artista brasileira que conseguiu chegar mais perto
dos movimentos da vanguarda europeia deste período e que alcançou uma absorção
fidedigna:

Em arte, o trabalho de Tarsila será o que melhor consegue realizar a receita


dessa sopa antropofágica. A inteligência e a radicalidade de sua obra estão
no agenciamento que faz desses elementos, conseguindo uni-los numa
imagem que revela ao mesmo tempo uma diferenciação do modelo europeu
e uma ruptura com os valores estéticos instituídos. Se de um lado seu
trabalho é marcado por alicerçar uma arte brasileira, ele provoca também
uma tensão intolerável para a ideologia conservadora. Assim, a pintura de
Tarsila, como no Modernismo em seu primeiro momento, se reveste de uma
ética, na medida em que propõe um comportamento para a cultura brasileira
e se torna político na formulação de uma estética que transgride a ideologia
dominante. (ZILIO, 1982, p. 113-114).

Artista consciente de seu talento e de seus propósitos, Tarsila exprimia o que


havia de mais inovador e ousado. E para que a inspiração desta linguagem fosse
viável, era preciso devorar os valores estéticos conhecidos com a alegria do olhar da
infância, dos mitos, do carnaval, da cor do céu.
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4. OPERÁRIOS

4.1. Ficha Técnica

Imagem 01 – Operários, Tarsila do Amaral, 1933.

Fonte: Site Oficial Tarsila, 2020.

Data de criação: 1933


Autora: Tarsila do Amaral
Técnica utilizada para produzir a obra: Óleo sobre tela
Local de assinatura: c.i.d.
Dimensões: 150.00 cm x 230.00 cm
Acervo: Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São
Paulo. Palácio Boa Vista (Campos do Jordão, SP)

4.2. Deglutição da Obra Através do Software AutoCAD

Em 1982 a Autodesk lançou um software revolucionário, adotado na criação de


desenhos bidimensionais e tridimensionais. O AutoCAD é um software tipo CAD -
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Computer Aided Design (desenho auxiliado por computador), na qual seu


desenvolvimento e comercialização revelou um grande avanço nas áreas de
arquitetura, design de interiores e engenharia.
A obra “Operários” evidencia o entusiasmo de Tarsila em demonstrar os
aspectos sociais e de imigração das diferentes regiões do país para os estados de
São Paulo e Rio de Janeiro, com o intuito de conseguir uma oportunidade de trabalho
nas fábricas, que começavam a surgir na época.

A partir daqui, foi feita uma análise da obra em partes através do software
AutoCAD e suas respectivas ferramentas.
A imagem abaixo demonstra a importação da cópia da obra para o programa e
o início de sua decomposição.

Imagem 02 - Comando "Anexar" do AutoCAD.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com a imagem importada, passou-se para o momento de destacar o mundo do


trabalho moderno. Tarsila, por meio de 51 rostos colocados lado a lado em formato
crescente de pirâmide, destacados através do comando “polilinha” na imagem 03,
exprime que a aflição não abre espaço para a alegria.
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Imagem 03 - Comando "Polilinha" do AutoCAD.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Dando sequência ao estudo da obra, foi associada a ferramenta “elipse” para


representar geometricamente cada um dos rostos.

Imagem 04 – Comando "Elipse" do AutoCAD.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O passo seguinte foi criar uma espécie de matriz com a forma, denominada de
“bloco”, agilizando a sua replicação, como pode ser observado na imagem 05.
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Imagem 05 – Criando "Blocos" no AutoCAD.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com o bloco criado em exatas proporções e definido o ponto referencial, foi


possível replicar a forma pelo comando “inserir + elipse (bloco criado
anteriormente)”. Depois de inseridos, os blocos foram deslocados na imagem
através do “mover” para adequá-los em suas corretas posições.

Imagem 06 – Inserindo "Blocos" no AutoCAD.

Fonte: Elaborado pelo autor.


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Ao fundo da imagem 07, sendo destacadas por “hachuras”, aparecem as


grandes chaminés das fábricas que encorajaram a expansão do nosso país durante a
chamada “Era Vargas”.

Imagem 07 – Comando "Hachuras" no AutoCAD.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para finalizar, a imagem 08 demonstra a utilização de uma outra maneira de


replicar matrizes. Inicialmente a forma das janelas das fábricas foram simplificadas
por meio de “retângulos”, então, a estratégia abordada consistiu em “copiar”
seguido do comando “múltiplo”. Após isso, as formas foram posicionadas conforme
a disposição da obra.

Imagem 08 – Comando "Copiar Múltiplo" no AutoCAD.

Fonte: Elaborado pelo autor.


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4.3. Operários e Suas Cores

Imagem 09 - Decomposição das Cores da Obra Operários, Tarsila do Amaral, 1933.

Azul é a cor que mostra passividade


e sangue frio, que demonstra
mistérios da alma. Cor escolhida
para indicar a paisagem e impressão
de profundidade no ambiente.

O cinza simboliza à perda


de vitalidade, depressão e O branco representa inocência.
solidão. Aplicada nas Empregada de forma soberana na
chaminés das fábricas para estrutura das fábricas, insere uma ilusão
representar carga emotiva convidativa de algo bom aos
melancólica e crueldade. trabalhadores.

O verde mostra a mescla entre claridade e


obscuridade, mas também simboliza a esperança.
Cor usada para demostrar vestes simples da
época.
O bege traz um conceito de
piedade, tédio e sem
interesse. Adotada de
maneira a realçar a triste O marrom é associado a cor da
realidade da classe operária. sujeira, do velho, do antiquado e da
burrice. Muito utilizada nesta pintura
com suas diferentes nuances, sugere
uma ideia de moralismo exacerbado.

Fonte: Elaborado pelo autor.


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“A paleta de cores de Tarsila é composta pela sua percepção do interior


brasileiro, conferindo espontaneidade à sua composição” (ZILIO, 1982, n.p.). O que
significa, conforme Dantas (1997, p. 46) que “[...] tanto a simplificação da paleta
quanto a estilização despojada tendem na brasileira ao infantilismo, um pouco como
se ela admitisse que a aplicação brasileira do cubismo tivesse um quê de diminuído e
quase escolar”.

Tarsila integra o uso das cores azul, cinza, verde e branco, exprimindo
fortemente uma sensação de frieza e passividade. Já a miscigenação de diferentes
nuances de marrom, preto e bege, torna a pintura pesada, com ar de conservadorismo
e dureza. A paleta usada pela artista em sua obra vai de sentimentalismo frio ao
encontro da neutralidade.

Em janeiro de 2020, um prédio no centro de São Paulo ganhou uma releitura


da obra de Tarsila do Amaral. Trata-se do grafite Operários de Brumadinho, realizado
pelo paulistano Mundano com lama que vazou do local da tragédia em Minas Gerais.

Mundano contou o processo complicado de usar como tinta a lama de


Brumadinho:

Peneiramos e misturamos 270 litros de tinta, foi um desafio físico também.


Pintar com a lama foi outro, cada um dos 15 tons tinha uma consistência
única, cada cobertura era diferente da outra e quando secava elas mudavam
muito de cor. Essa obra tem mais de 800 m2 de área e virou uma batalha com
o nosso próprio corpo pra pintar tudo. (MUNDANO, 2020, n.p.).

Imagem 10 - Operários Brumadinho

Fonte: Entretenimento UOL, 2020.


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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como o texto mesmo apontou, Tarsila aspirava ser uma artista de seu tempo,
mas foi, certamente, uma mulher à frente dele. Sua objeção às imposições sociais não
foi por meio de conflitos, mas sua personalidade provocava o conservadorismo
inclusive em alguns familiares, que não se conformavam a seu modo de vida.

Em relação ao momento histórico da arte no Brasil, não havia alternativa melhor


que a afinidade ao Movimento Modernista. O ápice dessa fase se concretiza na
Semana de Arte Moderna de 1922, sendo uma divisão de águas na arte brasileira,
conduzindo-a categoricamente para o âmbito da cultura, uma vez que sugere inéditas
demandas e produz arranjos que anuem o prosseguimento da evolução da arte
nacional.

Comparando a obra com a realidade de 87 anos depois, fora o avanço da


poluição e tornando-se bem realista, pouco mudou. Os grandes centros urbanos
permanecem atraindo progressivamente indivíduos das origens mais variadas e a
classe operária segue explorada.

Por fim, se há algo de especial que se conclui desta pesquisa é a abordagem


da arte e tudo o que se conecta com ela, como por exemplo a aplicabilidade das cores
e a grande vantagem das tecnologias do século 21 para alcançar a maior proximidade
dos sentimentos exprimidos pelo autor da obra. Torna-se, sem dúvida, a história da
nossa cultura humana como um misto de diversidade que, em razão disso, a
transforma e a amplia de maneira tão envolvente a todos que desejarem se aprofundar
neste assunto.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Mário de. O Movimento Modernista: aspectos da literatura brasileira. 1ª


edição. São Paulo: Livraria Martins, 1967.

AMARAL, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. 5ª edição. São Paulo: Editora
34, 1998.

AMARAL, Aracy. Tarsila: sua obra e seu tempo. 3ª edição. São Paulo: Editora 34,
2003.

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. 1ª edição. São Paulo: Companhia das Letras,
1992.

ARNHEIM, Rudolf. Arte e Percepção Visual: Uma psicologia da visão criadora. 1ª


edição. Cengage, 2016.

AVA, Sistema Black BeardBoard. UNIP, 2020

DANTAS, Vinicius. Que negra é essa? In: SALZSTEIN, Sônia. Tarsila: anos 20.
Textos: Sônia Salzstein e Aracy Amaral. São Paulo: Ed. Página Viva, 1997. p.43-50.

HELLER, Eva. A Psicologia Das Cores: como as cores afetam a emoção e a razão.
1ª edição. São Paulo: Gustavo Gili, 2012.

MUNDANO. Entretenimento UOL. São Paulo, 2020. Grafite “Operários de


Brumadinho”. Disponível em: <
https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2020/01/30/predio-em-sp-ganha-
grafite-com-lama-de-brumadinho-e-releitura-de-tarsila.htm> Acesso em: 10 de set.
2020.

OPERÁRIOS. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São


Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1635/operarios>. Acesso em: 08 de set.
2020.

PIMENTEL, Flor. Guia das Artes. Minas Gerais, 2020. Semana de 22. Disponível
em: < https://www.guiadasartes.com.br/colunas/semana-de-22> Acesso em: 10 de
set. 2020.

PROENÇA, Graça. História da Arte. 16ª edição. São Paulo: Ática, 2000.

SCHØLLHAMER, Karl Erik. A Imagem canibalizada: A Antropofagia na Pintura de


Tarsila do Amaral. In: RUFINELLI, Jorge; ROCHA, João Cezar de Castro [orgs.].
Antropofagia hoje? Oswald de Andrade em cena. São Paulo, Civilização Brasileira,
2011. p. 267-280.
20

TARSILA: Site oficial. Base Comunicação. São Paulo, 2020. Apresenta


reproduções virtuais das obras da artista plástica Tarsila do Amaral. Disponível em:
<http://tarsiladoamaral.com.br/obras/> Acesso em: 13 de set. 2020.

THIOLLIER, René. A Semana de Arte Moderna. São Paulo: Cupolo, s/d. p. 5.

ZILIO, Carlos. A querela do Brasil: a questão da identidade da arte brasileira: a obra


de Tarsila, Di Cavalcanti e Portinari, 1922-1945. 1ª edição. Rio de Janeiro: Funarte,
1982.

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