Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que Quem é esse que se diz “eu”?
Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-
Camarões × Tartarugas
A grande copa do mar
Leitor fluente — 4o e 5o anos do
Ensino Fundamental
PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Luísa Nóbrega
Enc Camaroes e tartaruga.indd 1
As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-
De Leitores e Asas
MARIA JOSÉ NÓBREGA
“Andorinha no coqueiro,
Sabiá na beira-mar,
Andorinha vai e volta,
Meu amor não quer voltar.”
[[
N
uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de-
cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros
sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades
que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino
Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.
Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança
tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha,
pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.
Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse
o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar
estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e
quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões
bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamen-
te não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que
o leitor já souber sobre pássaros e amores.
Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler
derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-
rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas
entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se
o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo
trabalho do leitor.
2 3
associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a
andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e
voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.
Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-
tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado
momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos
a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-
da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser
deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto
ficaria mais ou menos assim:
Sei que a andorinha está no coqueiro,
e que o sabiá está na beira-mar.
Observo que a andorinha vai e volta,
mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.
O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor de cotovelo
pelo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-
mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou
“vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas:
alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por
estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acredi-
tarmos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...
Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar,
como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do
que veem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de
quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de
um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As
leituras produzem interpretações que produzem avaliações que
revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de
valores sustentados ou sugeridos pelo texto.
Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer
voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma espe-
rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não
“quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é
“não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O
que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se
por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes
que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo
e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da
andorinha e do sabiá?
___________
* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e
a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora
Vozes, Petrópolis.
lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que
mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque
senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-
lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está
instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas
sociais...
Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com
autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-
gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos
sempre leitores iniciantes.
[[
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
]
Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura
para crianças.
RESENHA
]
Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-
fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento,
possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-
cessidades e possibilidades de seus alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
]
Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-
ma narrativa: os temas e a perspectiva com que são abordados,
certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o
professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas
do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser
discutidos, que recursos linguísticos poderão ser explorados para
ampliar a competência leitora e escritora do aluno.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
]
a) antes da leitura
Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos
o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor.
Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-
tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.
4 5
tos prévios necessários à compreensão do texto.
 Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que
os alunos compreendam o texto.
 Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação
de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e
subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-
calização, os personagens, o conflito).
 Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra
levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos
a compartilharem o que forem observando).
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura,
focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados
do texto pelo leitor.
 Leitura global do texto.
 Caracterização da estrutura do texto.
 Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-
veis pela coesão textual.
c) depois da leitura
Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-
lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a
respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como
debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões
contemporâneas.
 Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou
escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas
pelo professor em situação de leitura compartilhada.
 Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra.
 Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor.
 Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas.
 Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações
complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a
produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas
que contemplem outras linguagens artísticas.
LEIA MAIS...
]
 do mesmo autor
 sobre o mesmo assunto
 sobre o mesmo gênero
10/7/13 2:18 PM

Camarões × Tartarugas
A grande copa do mar
Leitor fluente — 4o e 5o anos do
Ensino Fundamental
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Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Luísa Nóbrega
Enc Camaroes e tartaruga.indd 1
De Leitores e Asas
MARIA JOSÉ NÓBREGA
“Andorinha no coqueiro,
Sabiá na beira-mar,
Andorinha vai e volta,
Meu amor não quer voltar.”
[[
N
uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de-
cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros
sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades
que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino
Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.
Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança
tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha,
pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.
Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse
o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar
estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e
quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões
bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamen-
te não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que
o leitor já souber sobre pássaros e amores.
Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler
derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-
rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas
entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se
o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo
trabalho do leitor.
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Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que
associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a
andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e
voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.
Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-
tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado
momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos
a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-
da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser
deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto
ficaria mais ou menos assim:
Sei que a andorinha está no coqueiro,
e que o sabiá está na beira-mar.
Observo que a andorinha vai e volta,
mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.
O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor de cotovelo
pelo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-
mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou
“vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas:
alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por
estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acredi-
tarmos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...
Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar,
como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do
que veem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de
quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de
um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As
leituras produzem interpretações que produzem avaliações que
revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de
valores sustentados ou sugeridos pelo texto.
Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer
voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma espe-
rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não
“quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é
“não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O
que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se
por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes
que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo
e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da
andorinha e do sabiá?
___________
* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e
a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora
Vozes, Petrópolis.
Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-
lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que
mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque
senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-
lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está
instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas
sociais...
Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com
autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-
gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos
sempre leitores iniciantes.
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DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
]
Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura
para crianças.
RESENHA
]
Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-
fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento,
possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-
cessidades e possibilidades de seus alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
]
Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-
ma narrativa: os temas e a perspectiva com que são abordados,
certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o
professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas
do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser
discutidos, que recursos linguísticos poderão ser explorados para
ampliar a competência leitora e escritora do aluno.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
]
a) antes da leitura
Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos
o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor.
Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-
tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.
4 5
As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-
tos prévios necessários à compreensão do texto.
 Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que
os alunos compreendam o texto.
 Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação
de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e
subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-
calização, os personagens, o conflito).
 Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra
levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos
a compartilharem o que forem observando).
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura,
focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados
do texto pelo leitor.
 Leitura global do texto.
 Caracterização da estrutura do texto.
 Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-
veis pela coesão textual.
c) depois da leitura
Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-
lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a
respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como
debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões
contemporâneas.
 Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou
escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas
pelo professor em situação de leitura compartilhada.
 Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra.
 Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor.
 Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas.
 Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações
complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a
produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas
que contemplem outras linguagens artísticas.
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Ensino Fundamental
PROJETO DE LEITURA
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Elaboração: Luísa Nóbrega
Enc Camaroes e tartaruga.indd 1
De Leitores e Asas
MARIA JOSÉ NÓBREGA
“Andorinha no coqueiro,
Sabiá na beira-mar,
Andorinha vai e volta,
Meu amor não quer voltar.”
[[
N
uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de-
cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros
sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades
que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino
Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.
Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança
tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha,
pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.
Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse
o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar
estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e
quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões
bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamen-
te não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que
o leitor já souber sobre pássaros e amores.
Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler
derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-
rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas
entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se
o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo
trabalho do leitor.
2 3
Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que
associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a
andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e
voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.
Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-
tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado
momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos
a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-
da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser
deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto
ficaria mais ou menos assim:
Sei que a andorinha está no coqueiro,
e que o sabiá está na beira-mar.
Observo que a andorinha vai e volta,
mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.
O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor de cotovelo
pelo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-
mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou
“vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas:
alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por
estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acredi-
tarmos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...
Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar,
como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do
que veem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de
quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de
um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As
leituras produzem interpretações que produzem avaliações que
revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de
valores sustentados ou sugeridos pelo texto.
Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer
voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma espe-
rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não
“quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é
“não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O
que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se
por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes
que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo
e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da
andorinha e do sabiá?
___________
* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e
a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora
Vozes, Petrópolis.
Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-
lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que
mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque
senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-
lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está
instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas
sociais...
Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com
autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-
gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos
sempre leitores iniciantes.
[[
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
]
Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura
para crianças.
RESENHA
]
Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-
fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento,
possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-
cessidades e possibilidades de seus alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
]
Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-
ma narrativa: os temas e a perspectiva com que são abordados,
certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o
professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas
do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser
discutidos, que recursos linguísticos poderão ser explorados para
ampliar a competência leitora e escritora do aluno.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
]
a) antes da leitura
Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos
o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor.
Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-
tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.
4 5
As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-
tos prévios necessários à compreensão do texto.
 Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que
os alunos compreendam o texto.
 Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação
de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e
subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-
calização, os personagens, o conflito).
 Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra
levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos
a compartilharem o que forem observando).
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura,
focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados
do texto pelo leitor.
 Leitura global do texto.
 Caracterização da estrutura do texto.
 Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-
veis pela coesão textual.
c) depois da leitura
Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-
lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a
respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como
debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões
contemporâneas.
 Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou
escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas
pelo professor em situação de leitura compartilhada.
 Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra.
 Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor.
 Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas.
 Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações
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produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas
que contemplem outras linguagens artísticas.
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MARIA JOSÉ NÓBREGA
“Andorinha no coqueiro,
Sabiá na beira-mar,
Andorinha vai e volta,
Meu amor não quer voltar.”
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N
uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de-
cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros
sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades
que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino
Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.
Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança
tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha,
pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.
Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse
o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar
estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e
quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões
bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamen-
te não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que
o leitor já souber sobre pássaros e amores.
Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler
derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-
rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas
entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se
o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo
trabalho do leitor.
2 3
Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que
associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a
andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e
voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.
Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-
tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado
momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos
a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-
da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser
deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto
ficaria mais ou menos assim:
Sei que a andorinha está no coqueiro,
e que o sabiá está na beira-mar.
Observo que a andorinha vai e volta,
mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.
O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor de cotovelo
pelo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-
mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou
“vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas:
alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por
estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acredi-
tarmos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...
Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar,
como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do
que veem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de
quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de
um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As
leituras produzem interpretações que produzem avaliações que
revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de
valores sustentados ou sugeridos pelo texto.
Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer
voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma espe-
rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não
“quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é
“não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O
que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se
por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes
que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo
e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da
andorinha e do sabiá?
___________
* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e
a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora
Vozes, Petrópolis.
Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-
lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que
mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque
senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-
lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está
instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas
sociais...
Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com
autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-
gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos
sempre leitores iniciantes.
[[
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
]
Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura
para crianças.
RESENHA
]
Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-
fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento,
possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-
cessidades e possibilidades de seus alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
]
Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-
ma narrativa: os temas e a perspectiva com que são abordados,
certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o
professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas
do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser
discutidos, que recursos linguísticos poderão ser explorados para
ampliar a competência leitora e escritora do aluno.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
]
a) antes da leitura
Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos
o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor.
Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-
tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.
4 5
As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-
tos prévios necessários à compreensão do texto.
 Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que
os alunos compreendam o texto.
 Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação
de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e
subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-
calização, os personagens, o conflito).
 Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra
levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos
a compartilharem o que forem observando).
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura,
focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados
do texto pelo leitor.
 Leitura global do texto.
 Caracterização da estrutura do texto.
 Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-
veis pela coesão textual.
c) depois da leitura
Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-
lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a
respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como
debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões
contemporâneas.
 Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou
escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas
pelo professor em situação de leitura compartilhada.
 Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra.
 Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor.
 Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas.
 Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações
complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a
produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas
que contemplem outras linguagens artísticas.
LEIA MAIS...
]
 do mesmo autor
 sobre o mesmo assunto
 sobre o mesmo gênero
10/7/13 2:18 PM

Camarões × Tartarugas
A grande copa do mar
Leitor fluente — 4o e 5o anos do
Ensino Fundamental
PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Luísa Nóbrega
Enc Camaroes e tartaruga.indd 1
De Leitores e Asas
MARIA JOSÉ NÓBREGA
“Andorinha no coqueiro,
Sabiá na beira-mar,
Andorinha vai e volta,
Meu amor não quer voltar.”
[[
N
uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de-
cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros
sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades
que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino
Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.
Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança
tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha,
pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.
Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse
o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar
estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e
quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões
bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamen-
te não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que
o leitor já souber sobre pássaros e amores.
Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler
derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-
rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas
entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se
o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo
trabalho do leitor.
2 3
Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que
associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a
andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e
voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.
Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-
tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado
momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos
a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-
da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser
deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto
ficaria mais ou menos assim:
Sei que a andorinha está no coqueiro,
e que o sabiá está na beira-mar.
Observo que a andorinha vai e volta,
mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.
O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor de cotovelo
pelo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-
mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou
“vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas:
alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por
estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acredi-
tarmos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...
Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar,
como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do
que veem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de
quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de
um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As
leituras produzem interpretações que produzem avaliações que
revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de
valores sustentados ou sugeridos pelo texto.
Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer
voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma espe-
rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não
“quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é
“não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O
que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se
por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes
que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo
e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da
andorinha e do sabiá?
___________
* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e
a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora
Vozes, Petrópolis.
Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-
lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que
mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque
senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-
lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está
instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas
sociais...
Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com
autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-
gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos
sempre leitores iniciantes.
[[
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
]
Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura
para crianças.
RESENHA
]
Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-
fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento,
possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-
cessidades e possibilidades de seus alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
]
Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-
ma narrativa: os temas e a perspectiva com que são abordados,
certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o
professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas
do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser
discutidos, que recursos linguísticos poderão ser explorados para
ampliar a competência leitora e escritora do aluno.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
]
a) antes da leitura
Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos
o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor.
Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-
tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.
4 5
As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-
tos prévios necessários à compreensão do texto.
 Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que
os alunos compreendam o texto.
 Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação
de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e
subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-
calização, os personagens, o conflito).
 Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra
levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos
a compartilharem o que forem observando).
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura,
focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados
do texto pelo leitor.
 Leitura global do texto.
 Caracterização da estrutura do texto.
 Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-
veis pela coesão textual.
c) depois da leitura
Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-
lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a
respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como
debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões
contemporâneas.
 Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou
escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas
pelo professor em situação de leitura compartilhada.
 Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra.
 Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor.
 Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas.
 Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações
complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a
produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas
que contemplem outras linguagens artísticas.
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]
 do mesmo autor
 sobre o mesmo assunto
 sobre o mesmo gênero
10/7/13 2:18 PM

Camarões × Tartarugas
A grande copa do mar
Leitor fluente — 4o e 5o anos do
Ensino Fundamental
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Walcyr Carrasco nasceu em 1951 em Bernardino de Campos-SP.
Escritor, cronista, dramaturgo e roteirista, com diversos trabalhos
premiados, formou-se na Escola de Comunicação e Artes de São
Paulo. Por muitos anos trabalhou como jornalista nos maiores
veículos de comunicação de São Paulo, ao mesmo tempo que
iniciava sua carreira de escritor na revista Recreio. Desde então,
escreveu diversas novelas, peças de teatro e publicou mais de
trinta livros infantojuvenis, tendo recebido por suas obras muitos
prêmios ao longo da carreira.
É cronista de revistas semanais e membro da Academia Paulista
de Letras, onde recebeu o título de Imortal.
6 7
Enc Camaroes e tartaruga.indd 2
RESENHA
Rodrigo é um menino que mora com os avós na cidade de
Santos, litoral de São Paulo. Tem duas grandes paixões: o futebol
e o surfe. Adora jogar bola com sua amiga Helô, ótima goleira,
e sonha em conseguir dinheiro para comprar uma roupa de
neoprene, material com que são confeccionados os trajes usados
por mergulhadores e surfistas.
Um dia, Rodrigo recebe uma visita inesperada: a de um golfinho
falante, que o convida para ser juiz na final da Grande Copa do
Mar. Após um primeiro momento de surpresa, Rodrigo aceita a
proposta e, com a ajuda de uma escama mágica que lhe permite
respirar debaixo d’água, acompanha o golfinho ao fundo do mar.
Ao chegar lá, porém, descobre que sua tarefa é mais difícil do
que imaginava. A torcida de lagostas o ameaça com suas pinças,
uma água-viva queima as patas dos animais do time adversário,
a bola (um ouriço-do-mar) foge dos jogadores, o técnico resolve
participar da partida... uma confusão sem tamanho. Apesar das
dificuldades, Rodrigo não se deixa intimidar e procura apitar o
jogo da forma mais honesta possível. Por fim, o tempo do efeito
da escama mágica vai acabando, e Rodrigo por pouco não se
transforma num peixe, sendo obrigado a ficar para sempre no
fundo do mar. Mas tudo acaba bem, e o menino consegue voltar
para casa a tempo de contar sua fantástica aventura à família.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Walcyr Carrasco usa todo seu bom humor para narrar as con-
fusões dessa desastrosa partida de futebol, que termina com um
gol contra. De modo bastante engenhoso, o autor explora as
características biológicas dos animais marinhos e tenta imaginar
como se sairiam num jogo como esse.
O tom paródico é também bastante presente: não é difícil
reconhecer, na truculência de alguns personagens do livro, a
agressividade das torcidas organizadas, pois, quando o assunto é
futebol, as manifestações dificilmente são harmônicas e contidas.
Muitas situações narradas retratam cenas facilmente reconhecíveis
para qualquer um que esteja minimamente familiarizado com o
assunto: a briga entre as torcidas, as faltas cometidas pelos joga-
dores, as inúmeras reclamações a respeito das decisões do juiz...
Embora os jogos entre os humanos sejam um pouco mais or-
ganizados do que esse estranho jogo marítimo, a distância entre
eles é menor do que se poderia imaginar.
QUADRO SÍNTESE
Gênero: novela.
Palavra-chave: futebol, respeito às regras, convivência.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Ciências, Educação Física.
Tema transversal: Ética.
Público-alvo: leitor fluente (4o e 5o anos do Ensino Fundamental).
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES
Antes da leitura:
1. Antecipe aos alunos que o livro que vão ler é sobre futebol.
Pergunte a eles o que conhecem sobre o jogo. Quais deles já as-
sistiram a uma partida em um estádio? O que acharam? A seguir,
faça um levantamento das regras do jogo de que se lembram.
2. O título, o subtítulo e a ilustração da capa do livro já nos dão
uma boa ideia do conteúdo da história. Podemos saber, ao menos,
que haverá um jogo de futebol entre o time dos camarões e o das
tartarugas. Estimule seus alunos a prever o resultado do jogo. Em
quem apostam? Nos camarões ou nas tartarugas?
3. Mostre a capa do livro. Entre os seres do mar, há uma figura
estranha àquele ambiente: um menino. Pergunte a eles o que
imaginam que o menino está fazendo ali. Veja se percebem que o
menino está exercendo a posição de juiz; o apito no pescoço é
uma boa pista.
Durante a leitura:
1. Desafie os alunos a descobrir as diferenças e semelhanças
entre a partida narrada no livro e outras a que já tenham assistido.
2. Peça que relacionem o comportamento dos personagens com
as características dos animais em questão.
3. Estimule-os a observar as divertidas ilustrações criadas por
Elisa Sassi. Quais situações do livro aparecem retratadas em cada
uma delas?
Depois da leitura:
1. A analogia entre o comportamento humano e o comporta-
mento animal é bastante presente na cultura popular. Podemos
encontrá-la em inúmeras lendas e fábulas, mas também em
ditados e expressões populares. Faça com os alunos um levanta-
mento das expressões que conhecem em que a comparação entre
8 9
o homem e o animal aparece: “ele come como um cavalo”, “ele locutores, o ritmo, a entonação, a velocidade. Se quiserem, além
é traiçoeiro como uma raposa”, “ele fala como um papagaio”, do narrador, podem incluir um comentarista, que discute com o
“ele é sujo como um porco”, entre outras. locutor, no intervalo, o andamento da partida.
2. Divida os alunos em pequenos grupos e peça que façam uma
pesquisa sobre um dos animais que aparecem como personagens
no livro para apresentar à classe. Depois da exposição, discuta com LEIA MAIS...
a turma as características de cada animal que foram evidenciadas
na trama.
3. Embora Rodrigo se esforce para ser um juiz justo, ele não
consegue evitar que a confusão se instale. Discuta com os alunos
1. DO MESMO AUTOR E DA MESMA SÉRIE “UMA HISTÓRIA
PUXA A OUTRA”
o porquê de o jogo ter se desenrolado de modo tão caótico.
Estimule-os, então, a imaginar o que fariam, no lugar de Rodrigo, • Meu encontro com Papai Noel. São Paulo: Moderna.
para organizar a partida. A seguir, pergunte a eles se o livro seria • Asas do Joel. São Paulo: Moderna.
tão engraçado se a partida transcorresse tranquilamente. Afinal, • Quando meu irmãozinho nasceu. São Paulo: Moderna.
é dessa confusão que o autor extrai os momentos de humor.
• Cadê o super-herói? São Paulo: Moderna.
4. Embora entre os humanos as regras do jogo sejam em geral
mais claras, as torcidas comportam-se, muitas vezes, de modo 2. SOBRE O MESMO ASSUNTO
tão animalesco quanto os personagens desse livro. O efeito,
nesse caso, não é nem um pouco cômico. Discuta com os alunos
• A bola e o goleiro, de Jorge Amado. São Paulo: Companhia
a violência das torcidas, estimulando-os a imaginar alternativas
das Letrinhas.
para resolver o problema. Se durante o período do trabalho com
• O dono da bola, de Elias José, São Paulo: Paulinas.
o livro circular alguma reportagem sobre algum episódio sobre o
• Bola no pé: a incrível história do futebol, de Luísa Massarani.
assunto, selecione para ler com a classe.
São Paulo: Cortez.
5. Como nem todos podem ir aos estádios, muitas vezes assis-
• É o bicho futebol clube, de Guto Lins. Rio de Janeiro: Ediouro.
timos ao jogo pela televisão. Nas transmissões televisivas, existe
• Histórias do mar, de James Riorden (org.). São Paulo: WMF
uma figura importante, a do locutor, que narra e comenta o jogo
Martins Fontes.
que vemos na tela. No entanto, antes do advento da televisão,
• Mistérios do mar oceano, de Ana Maria Machado. São Paulo:
as pessoas costumavam ouvir as partidas pelo rádio. No rádio, a
figura do locutor tinha um papel ainda mais importante. Como Global.
os ouvintes não podiam ver as imagens, ele precisava descrever
detalhadamente cada lance do jogo. Seus alunos provavelmente
terão muito maior familiaridade com a transmissão de jogos pela
televisão do que pelo rádio. Que tal gravar um trecho de uma
transmissão de futebol no rádio e levar para os alunos ouvirem?
Depois, converse um pouco com eles sobre as diferenças entre a
fala do locutor de televisão e a do locutor de rádio.
6. Agora é a vez de os próprios alunos experimentarem seu talen-
to como locutores. Divida-os em duplas e desafie-os a se imaginar
como locutores de rádio na grande copa do mar, narrando o jogo
descrito no livro como se ele estivesse acontecendo no momento.
Peça que os alunos, em primeiro lugar, preparem sua locução por
escrito, buscando imitar o estilo das narrações que já ouviram. Deixe
que se divirtam. O locutor não precisa ser imparcial; pode torcer
para um dos times; pode, de repente, ficar com medo de ser atacado
e abandonar o jogo etc. A seguir, peça que façam uma gravação
em áudio da narração que criaram, imitando o modo de falar dos
10/7/13 2:19 PM

Camarões × Tartarugas
A grande copa do mar
Leitor fluente — 4o e 5o anos do
Ensino Fundamental
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Walcyr Carrasco nasceu em 1951 em Bernardino de Campos-SP.
Escritor, cronista, dramaturgo e roteirista, com diversos trabalhos
premiados, formou-se na Escola de Comunicação e Artes de São
Paulo. Por muitos anos trabalhou como jornalista nos maiores
veículos de comunicação de São Paulo, ao mesmo tempo que
iniciava sua carreira de escritor na revista Recreio. Desde então,
escreveu diversas novelas, peças de teatro e publicou mais de
trinta livros infantojuvenis, tendo recebido por suas obras muitos
prêmios ao longo da carreira.
É cronista de revistas semanais e membro da Academia Paulista
de Letras, onde recebeu o título de Imortal.
6 7
Enc Camaroes e tartaruga.indd 2
RESENHA
Rodrigo é um menino que mora com os avós na cidade de
Santos, litoral de São Paulo. Tem duas grandes paixões: o futebol
e o surfe. Adora jogar bola com sua amiga Helô, ótima goleira,
e sonha em conseguir dinheiro para comprar uma roupa de
neoprene, material com que são confeccionados os trajes usados
por mergulhadores e surfistas.
Um dia, Rodrigo recebe uma visita inesperada: a de um golfinho
falante, que o convida para ser juiz na final da Grande Copa do
Mar. Após um primeiro momento de surpresa, Rodrigo aceita a
proposta e, com a ajuda de uma escama mágica que lhe permite
respirar debaixo d’água, acompanha o golfinho ao fundo do mar.
Ao chegar lá, porém, descobre que sua tarefa é mais difícil do
que imaginava. A torcida de lagostas o ameaça com suas pinças,
uma água-viva queima as patas dos animais do time adversário,
a bola (um ouriço-do-mar) foge dos jogadores, o técnico resolve
participar da partida... uma confusão sem tamanho. Apesar das
dificuldades, Rodrigo não se deixa intimidar e procura apitar o
jogo da forma mais honesta possível. Por fim, o tempo do efeito
da escama mágica vai acabando, e Rodrigo por pouco não se
transforma num peixe, sendo obrigado a ficar para sempre no
fundo do mar. Mas tudo acaba bem, e o menino consegue voltar
para casa a tempo de contar sua fantástica aventura à família.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Walcyr Carrasco usa todo seu bom humor para narrar as con-
fusões dessa desastrosa partida de futebol, que termina com um
gol contra. De modo bastante engenhoso, o autor explora as
características biológicas dos animais marinhos e tenta imaginar
como se sairiam num jogo como esse.
O tom paródico é também bastante presente: não é difícil
reconhecer, na truculência de alguns personagens do livro, a
agressividade das torcidas organizadas, pois, quando o assunto é
futebol, as manifestações dificilmente são harmônicas e contidas.
Muitas situações narradas retratam cenas facilmente reconhecíveis
para qualquer um que esteja minimamente familiarizado com o
assunto: a briga entre as torcidas, as faltas cometidas pelos joga-
dores, as inúmeras reclamações a respeito das decisões do juiz...
Embora os jogos entre os humanos sejam um pouco mais or-
ganizados do que esse estranho jogo marítimo, a distância entre
eles é menor do que se poderia imaginar.
QUADRO SÍNTESE
Gênero: novela.
Palavra-chave: futebol, respeito às regras, convivência.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Ciências, Educação Física.
Tema transversal: Ética.
Público-alvo: leitor fluente (4o e 5o anos do Ensino Fundamental).
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES
Antes da leitura:
1. Antecipe aos alunos que o livro que vão ler é sobre futebol.
Pergunte a eles o que conhecem sobre o jogo. Quais deles já as-
sistiram a uma partida em um estádio? O que acharam? A seguir,
faça um levantamento das regras do jogo de que se lembram.
2. O título, o subtítulo e a ilustração da capa do livro já nos dão
uma boa ideia do conteúdo da história. Podemos saber, ao menos,
que haverá um jogo de futebol entre o time dos camarões e o das
tartarugas. Estimule seus alunos a prever o resultado do jogo. Em
quem apostam? Nos camarões ou nas tartarugas?
3. Mostre a capa do livro. Entre os seres do mar, há uma figura
estranha àquele ambiente: um menino. Pergunte a eles o que
imaginam que o menino está fazendo ali. Veja se percebem que o
menino está exercendo a posição de juiz; o apito no pescoço é
uma boa pista.
Durante a leitura:
1. Desafie os alunos a descobrir as diferenças e semelhanças
entre a partida narrada no livro e outras a que já tenham assistido.
2. Peça que relacionem o comportamento dos personagens com
as características dos animais em questão.
3. Estimule-os a observar as divertidas ilustrações criadas por
Elisa Sassi. Quais situações do livro aparecem retratadas em cada
uma delas?
Depois da leitura:
1. A analogia entre o comportamento humano e o comporta-
mento animal é bastante presente na cultura popular. Podemos
encontrá-la em inúmeras lendas e fábulas, mas também em
ditados e expressões populares. Faça com os alunos um levanta-
mento das expressões que conhecem em que a comparação entre
8 9
o homem e o animal aparece: “ele come como um cavalo”, “ele locutores, o ritmo, a entonação, a velocidade. Se quiserem, além
é traiçoeiro como uma raposa”, “ele fala como um papagaio”, do narrador, podem incluir um comentarista, que discute com o
“ele é sujo como um porco”, entre outras. locutor, no intervalo, o andamento da partida.
2. Divida os alunos em pequenos grupos e peça que façam uma
pesquisa sobre um dos animais que aparecem como personagens
no livro para apresentar à classe. Depois da exposição, discuta com LEIA MAIS...
a turma as características de cada animal que foram evidenciadas
na trama.
3. Embora Rodrigo se esforce para ser um juiz justo, ele não
consegue evitar que a confusão se instale. Discuta com os alunos
1. DO MESMO AUTOR E DA MESMA SÉRIE “UMA HISTÓRIA
PUXA A OUTRA”
o porquê de o jogo ter se desenrolado de modo tão caótico.
Estimule-os, então, a imaginar o que fariam, no lugar de Rodrigo, • Meu encontro com Papai Noel. São Paulo: Moderna.
para organizar a partida. A seguir, pergunte a eles se o livro seria • Asas do Joel. São Paulo: Moderna.
tão engraçado se a partida transcorresse tranquilamente. Afinal, • Quando meu irmãozinho nasceu. São Paulo: Moderna.
é dessa confusão que o autor extrai os momentos de humor.
• Cadê o super-herói? São Paulo: Moderna.
4. Embora entre os humanos as regras do jogo sejam em geral
mais claras, as torcidas comportam-se, muitas vezes, de modo 2. SOBRE O MESMO ASSUNTO
tão animalesco quanto os personagens desse livro. O efeito,
nesse caso, não é nem um pouco cômico. Discuta com os alunos
• A bola e o goleiro, de Jorge Amado. São Paulo: Companhia
a violência das torcidas, estimulando-os a imaginar alternativas
das Letrinhas.
para resolver o problema. Se durante o período do trabalho com
• O dono da bola, de Elias José, São Paulo: Paulinas.
o livro circular alguma reportagem sobre algum episódio sobre o
• Bola no pé: a incrível história do futebol, de Luísa Massarani.
assunto, selecione para ler com a classe.
São Paulo: Cortez.
5. Como nem todos podem ir aos estádios, muitas vezes assis-
• É o bicho futebol clube, de Guto Lins. Rio de Janeiro: Ediouro.
timos ao jogo pela televisão. Nas transmissões televisivas, existe
• Histórias do mar, de James Riorden (org.). São Paulo: WMF
uma figura importante, a do locutor, que narra e comenta o jogo
Martins Fontes.
que vemos na tela. No entanto, antes do advento da televisão,
• Mistérios do mar oceano, de Ana Maria Machado. São Paulo:
as pessoas costumavam ouvir as partidas pelo rádio. No rádio, a
figura do locutor tinha um papel ainda mais importante. Como Global.
os ouvintes não podiam ver as imagens, ele precisava descrever
detalhadamente cada lance do jogo. Seus alunos provavelmente
terão muito maior familiaridade com a transmissão de jogos pela
televisão do que pelo rádio. Que tal gravar um trecho de uma
transmissão de futebol no rádio e levar para os alunos ouvirem?
Depois, converse um pouco com eles sobre as diferenças entre a
fala do locutor de televisão e a do locutor de rádio.
6. Agora é a vez de os próprios alunos experimentarem seu talen-
to como locutores. Divida-os em duplas e desafie-os a se imaginar
como locutores de rádio na grande copa do mar, narrando o jogo
descrito no livro como se ele estivesse acontecendo no momento.
Peça que os alunos, em primeiro lugar, preparem sua locução por
escrito, buscando imitar o estilo das narrações que já ouviram. Deixe
que se divirtam. O locutor não precisa ser imparcial; pode torcer
para um dos times; pode, de repente, ficar com medo de ser atacado
e abandonar o jogo etc. A seguir, peça que façam uma gravação
em áudio da narração que criaram, imitando o modo de falar dos
10/7/13 2:19 PM

Camarões × Tartarugas
A grande copa do mar
Leitor fluente — 4o e 5o anos do
Ensino Fundamental
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Walcyr Carrasco nasceu em 1951 em Bernardino de Campos-SP.
Escritor, cronista, dramaturgo e roteirista, com diversos trabalhos
premiados, formou-se na Escola de Comunicação e Artes de São
Paulo. Por muitos anos trabalhou como jornalista nos maiores
veículos de comunicação de São Paulo, ao mesmo tempo que
iniciava sua carreira de escritor na revista Recreio. Desde então,
escreveu diversas novelas, peças de teatro e publicou mais de
trinta livros infantojuvenis, tendo recebido por suas obras muitos
prêmios ao longo da carreira.
É cronista de revistas semanais e membro da Academia Paulista
de Letras, onde recebeu o título de Imortal.
6 7
Enc Camaroes e tartaruga.indd 2
RESENHA
Rodrigo é um menino que mora com os avós na cidade de
Santos, litoral de São Paulo. Tem duas grandes paixões: o futebol
e o surfe. Adora jogar bola com sua amiga Helô, ótima goleira,
e sonha em conseguir dinheiro para comprar uma roupa de
neoprene, material com que são confeccionados os trajes usados
por mergulhadores e surfistas.
Um dia, Rodrigo recebe uma visita inesperada: a de um golfinho
falante, que o convida para ser juiz na final da Grande Copa do
Mar. Após um primeiro momento de surpresa, Rodrigo aceita a
proposta e, com a ajuda de uma escama mágica que lhe permite
respirar debaixo d’água, acompanha o golfinho ao fundo do mar.
Ao chegar lá, porém, descobre que sua tarefa é mais difícil do
que imaginava. A torcida de lagostas o ameaça com suas pinças,
uma água-viva queima as patas dos animais do time adversário,
a bola (um ouriço-do-mar) foge dos jogadores, o técnico resolve
participar da partida... uma confusão sem tamanho. Apesar das
dificuldades, Rodrigo não se deixa intimidar e procura apitar o
jogo da forma mais honesta possível. Por fim, o tempo do efeito
da escama mágica vai acabando, e Rodrigo por pouco não se
transforma num peixe, sendo obrigado a ficar para sempre no
fundo do mar. Mas tudo acaba bem, e o menino consegue voltar
para casa a tempo de contar sua fantástica aventura à família.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Walcyr Carrasco usa todo seu bom humor para narrar as con-
fusões dessa desastrosa partida de futebol, que termina com um
gol contra. De modo bastante engenhoso, o autor explora as
características biológicas dos animais marinhos e tenta imaginar
como se sairiam num jogo como esse.
O tom paródico é também bastante presente: não é difícil
reconhecer, na truculência de alguns personagens do livro, a
agressividade das torcidas organizadas, pois, quando o assunto é
futebol, as manifestações dificilmente são harmônicas e contidas.
Muitas situações narradas retratam cenas facilmente reconhecíveis
para qualquer um que esteja minimamente familiarizado com o
assunto: a briga entre as torcidas, as faltas cometidas pelos joga-
dores, as inúmeras reclamações a respeito das decisões do juiz...
Embora os jogos entre os humanos sejam um pouco mais or-
ganizados do que esse estranho jogo marítimo, a distância entre
eles é menor do que se poderia imaginar.
QUADRO SÍNTESE
Gênero: novela.
Palavra-chave: futebol, respeito às regras, convivência.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Ciências, Educação Física.
Tema transversal: Ética.
Público-alvo: leitor fluente (4o e 5o anos do Ensino Fundamental).
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES
Antes da leitura:
1. Antecipe aos alunos que o livro que vão ler é sobre futebol.
Pergunte a eles o que conhecem sobre o jogo. Quais deles já as-
sistiram a uma partida em um estádio? O que acharam? A seguir,
faça um levantamento das regras do jogo de que se lembram.
2. O título, o subtítulo e a ilustração da capa do livro já nos dão
uma boa ideia do conteúdo da história. Podemos saber, ao menos,
que haverá um jogo de futebol entre o time dos camarões e o das
tartarugas. Estimule seus alunos a prever o resultado do jogo. Em
quem apostam? Nos camarões ou nas tartarugas?
3. Mostre a capa do livro. Entre os seres do mar, há uma figura
estranha àquele ambiente: um menino. Pergunte a eles o que
imaginam que o menino está fazendo ali. Veja se percebem que o
menino está exercendo a posição de juiz; o apito no pescoço é
uma boa pista.
Durante a leitura:
1. Desafie os alunos a descobrir as diferenças e semelhanças
entre a partida narrada no livro e outras a que já tenham assistido.
2. Peça que relacionem o comportamento dos personagens com
as características dos animais em questão.
3. Estimule-os a observar as divertidas ilustrações criadas por
Elisa Sassi. Quais situações do livro aparecem retratadas em cada
uma delas?
Depois da leitura:
1. A analogia entre o comportamento humano e o comporta-
mento animal é bastante presente na cultura popular. Podemos
encontrá-la em inúmeras lendas e fábulas, mas também em
ditados e expressões populares. Faça com os alunos um levanta-
mento das expressões que conhecem em que a comparação entre
8 9
o homem e o animal aparece: “ele come como um cavalo”, “ele locutores, o ritmo, a entonação, a velocidade. Se quiserem, além
é traiçoeiro como uma raposa”, “ele fala como um papagaio”, do narrador, podem incluir um comentarista, que discute com o
“ele é sujo como um porco”, entre outras. locutor, no intervalo, o andamento da partida.
2. Divida os alunos em pequenos grupos e peça que façam uma
pesquisa sobre um dos animais que aparecem como personagens
no livro para apresentar à classe. Depois da exposição, discuta com LEIA MAIS...
a turma as características de cada animal que foram evidenciadas
na trama.
3. Embora Rodrigo se esforce para ser um juiz justo, ele não
consegue evitar que a confusão se instale. Discuta com os alunos
1. DO MESMO AUTOR E DA MESMA SÉRIE “UMA HISTÓRIA
PUXA A OUTRA”
o porquê de o jogo ter se desenrolado de modo tão caótico.
Estimule-os, então, a imaginar o que fariam, no lugar de Rodrigo, • Meu encontro com Papai Noel. São Paulo: Moderna.
para organizar a partida. A seguir, pergunte a eles se o livro seria • Asas do Joel. São Paulo: Moderna.
tão engraçado se a partida transcorresse tranquilamente. Afinal, • Quando meu irmãozinho nasceu. São Paulo: Moderna.
é dessa confusão que o autor extrai os momentos de humor.
• Cadê o super-herói? São Paulo: Moderna.
4. Embora entre os humanos as regras do jogo sejam em geral
mais claras, as torcidas comportam-se, muitas vezes, de modo 2. SOBRE O MESMO ASSUNTO
tão animalesco quanto os personagens desse livro. O efeito,
nesse caso, não é nem um pouco cômico. Discuta com os alunos
• A bola e o goleiro, de Jorge Amado. São Paulo: Companhia
a violência das torcidas, estimulando-os a imaginar alternativas
das Letrinhas.
para resolver o problema. Se durante o período do trabalho com
• O dono da bola, de Elias José, São Paulo: Paulinas.
o livro circular alguma reportagem sobre algum episódio sobre o
• Bola no pé: a incrível história do futebol, de Luísa Massarani.
assunto, selecione para ler com a classe.
São Paulo: Cortez.
5. Como nem todos podem ir aos estádios, muitas vezes assis-
• É o bicho futebol clube, de Guto Lins. Rio de Janeiro: Ediouro.
timos ao jogo pela televisão. Nas transmissões televisivas, existe
• Histórias do mar, de James Riorden (org.). São Paulo: WMF
uma figura importante, a do locutor, que narra e comenta o jogo
Martins Fontes.
que vemos na tela. No entanto, antes do advento da televisão,
• Mistérios do mar oceano, de Ana Maria Machado. São Paulo:
as pessoas costumavam ouvir as partidas pelo rádio. No rádio, a
figura do locutor tinha um papel ainda mais importante. Como Global.
os ouvintes não podiam ver as imagens, ele precisava descrever
detalhadamente cada lance do jogo. Seus alunos provavelmente
terão muito maior familiaridade com a transmissão de jogos pela
televisão do que pelo rádio. Que tal gravar um trecho de uma
transmissão de futebol no rádio e levar para os alunos ouvirem?
Depois, converse um pouco com eles sobre as diferenças entre a
fala do locutor de televisão e a do locutor de rádio.
6. Agora é a vez de os próprios alunos experimentarem seu talen-
to como locutores. Divida-os em duplas e desafie-os a se imaginar
como locutores de rádio na grande copa do mar, narrando o jogo
descrito no livro como se ele estivesse acontecendo no momento.
Peça que os alunos, em primeiro lugar, preparem sua locução por
escrito, buscando imitar o estilo das narrações que já ouviram. Deixe
que se divirtam. O locutor não precisa ser imparcial; pode torcer
para um dos times; pode, de repente, ficar com medo de ser atacado
e abandonar o jogo etc. A seguir, peça que façam uma gravação
em áudio da narração que criaram, imitando o modo de falar dos
10/7/13 2:19 PM

Camarões × Tartarugas
A grande copa do mar
Leitor fluente — 4o e 5o anos do
Ensino Fundamental
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Walcyr Carrasco nasceu em 1951 em Bernardino de Campos-SP.
Escritor, cronista, dramaturgo e roteirista, com diversos trabalhos
premiados, formou-se na Escola de Comunicação e Artes de São
Paulo. Por muitos anos trabalhou como jornalista nos maiores
veículos de comunicação de São Paulo, ao mesmo tempo que
iniciava sua carreira de escritor na revista Recreio. Desde então,
escreveu diversas novelas, peças de teatro e publicou mais de
trinta livros infantojuvenis, tendo recebido por suas obras muitos
prêmios ao longo da carreira.
É cronista de revistas semanais e membro da Academia Paulista
de Letras, onde recebeu o título de Imortal.
6 7
Enc Camaroes e tartaruga.indd 2
RESENHA
Rodrigo é um menino que mora com os avós na cidade de
Santos, litoral de São Paulo. Tem duas grandes paixões: o futebol
e o surfe. Adora jogar bola com sua amiga Helô, ótima goleira,
e sonha em conseguir dinheiro para comprar uma roupa de
neoprene, material com que são confeccionados os trajes usados
por mergulhadores e surfistas.
Um dia, Rodrigo recebe uma visita inesperada: a de um golfinho
falante, que o convida para ser juiz na final da Grande Copa do
Mar. Após um primeiro momento de surpresa, Rodrigo aceita a
proposta e, com a ajuda de uma escama mágica que lhe permite
respirar debaixo d’água, acompanha o golfinho ao fundo do mar.
Ao chegar lá, porém, descobre que sua tarefa é mais difícil do
que imaginava. A torcida de lagostas o ameaça com suas pinças,
uma água-viva queima as patas dos animais do time adversário,
a bola (um ouriço-do-mar) foge dos jogadores, o técnico resolve
participar da partida... uma confusão sem tamanho. Apesar das
dificuldades, Rodrigo não se deixa intimidar e procura apitar o
jogo da forma mais honesta possível. Por fim, o tempo do efeito
da escama mágica vai acabando, e Rodrigo por pouco não se
transforma num peixe, sendo obrigado a ficar para sempre no
fundo do mar. Mas tudo acaba bem, e o menino consegue voltar
para casa a tempo de contar sua fantástica aventura à família.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Walcyr Carrasco usa todo seu bom humor para narrar as con-
fusões dessa desastrosa partida de futebol, que termina com um
gol contra. De modo bastante engenhoso, o autor explora as
características biológicas dos animais marinhos e tenta imaginar
como se sairiam num jogo como esse.
O tom paródico é também bastante presente: não é difícil
reconhecer, na truculência de alguns personagens do livro, a
agressividade das torcidas organizadas, pois, quando o assunto é
futebol, as manifestações dificilmente são harmônicas e contidas.
Muitas situações narradas retratam cenas facilmente reconhecíveis
para qualquer um que esteja minimamente familiarizado com o
assunto: a briga entre as torcidas, as faltas cometidas pelos joga-
dores, as inúmeras reclamações a respeito das decisões do juiz...
Embora os jogos entre os humanos sejam um pouco mais or-
ganizados do que esse estranho jogo marítimo, a distância entre
eles é menor do que se poderia imaginar.
QUADRO SÍNTESE
Gênero: novela.
Palavra-chave: futebol, respeito às regras, convivência.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Ciências, Educação Física.
Tema transversal: Ética.
Público-alvo: leitor fluente (4o e 5o anos do Ensino Fundamental).
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES
Antes da leitura:
1. Antecipe aos alunos que o livro que vão ler é sobre futebol.
Pergunte a eles o que conhecem sobre o jogo. Quais deles já as-
sistiram a uma partida em um estádio? O que acharam? A seguir,
faça um levantamento das regras do jogo de que se lembram.
2. O título, o subtítulo e a ilustração da capa do livro já nos dão
uma boa ideia do conteúdo da história. Podemos saber, ao menos,
que haverá um jogo de futebol entre o time dos camarões e o das
tartarugas. Estimule seus alunos a prever o resultado do jogo. Em
quem apostam? Nos camarões ou nas tartarugas?
3. Mostre a capa do livro. Entre os seres do mar, há uma figura
estranha àquele ambiente: um menino. Pergunte a eles o que
imaginam que o menino está fazendo ali. Veja se percebem que o
menino está exercendo a posição de juiz; o apito no pescoço é
uma boa pista.
Durante a leitura:
1. Desafie os alunos a descobrir as diferenças e semelhanças
entre a partida narrada no livro e outras a que já tenham assistido.
2. Peça que relacionem o comportamento dos personagens com
as características dos animais em questão.
3. Estimule-os a observar as divertidas ilustrações criadas por
Elisa Sassi. Quais situações do livro aparecem retratadas em cada
uma delas?
Depois da leitura:
1. A analogia entre o comportamento humano e o comporta-
mento animal é bastante presente na cultura popular. Podemos
encontrá-la em inúmeras lendas e fábulas, mas também em
ditados e expressões populares. Faça com os alunos um levanta-
mento das expressões que conhecem em que a comparação entre
8 9
o homem e o animal aparece: “ele come como um cavalo”, “ele locutores, o ritmo, a entonação, a velocidade. Se quiserem, além
é traiçoeiro como uma raposa”, “ele fala como um papagaio”, do narrador, podem incluir um comentarista, que discute com o
“ele é sujo como um porco”, entre outras. locutor, no intervalo, o andamento da partida.
2. Divida os alunos em pequenos grupos e peça que façam uma
pesquisa sobre um dos animais que aparecem como personagens
no livro para apresentar à classe. Depois da exposição, discuta com LEIA MAIS...
a turma as características de cada animal que foram evidenciadas
na trama.
3. Embora Rodrigo se esforce para ser um juiz justo, ele não
consegue evitar que a confusão se instale. Discuta com os alunos
1. DO MESMO AUTOR E DA MESMA SÉRIE “UMA HISTÓRIA
PUXA A OUTRA”
o porquê de o jogo ter se desenrolado de modo tão caótico.
Estimule-os, então, a imaginar o que fariam, no lugar de Rodrigo, • Meu encontro com Papai Noel. São Paulo: Moderna.
para organizar a partida. A seguir, pergunte a eles se o livro seria • Asas do Joel. São Paulo: Moderna.
tão engraçado se a partida transcorresse tranquilamente. Afinal, • Quando meu irmãozinho nasceu. São Paulo: Moderna.
é dessa confusão que o autor extrai os momentos de humor.
• Cadê o super-herói? São Paulo: Moderna.
4. Embora entre os humanos as regras do jogo sejam em geral
mais claras, as torcidas comportam-se, muitas vezes, de modo 2. SOBRE O MESMO ASSUNTO
tão animalesco quanto os personagens desse livro. O efeito,
nesse caso, não é nem um pouco cômico. Discuta com os alunos
• A bola e o goleiro, de Jorge Amado. São Paulo: Companhia
a violência das torcidas, estimulando-os a imaginar alternativas
das Letrinhas.
para resolver o problema. Se durante o período do trabalho com
• O dono da bola, de Elias José, São Paulo: Paulinas.
o livro circular alguma reportagem sobre algum episódio sobre o
• Bola no pé: a incrível história do futebol, de Luísa Massarani.
assunto, selecione para ler com a classe.
São Paulo: Cortez.
5. Como nem todos podem ir aos estádios, muitas vezes assis-
• É o bicho futebol clube, de Guto Lins. Rio de Janeiro: Ediouro.
timos ao jogo pela televisão. Nas transmissões televisivas, existe
• Histórias do mar, de James Riorden (org.). São Paulo: WMF
uma figura importante, a do locutor, que narra e comenta o jogo
Martins Fontes.
que vemos na tela. No entanto, antes do advento da televisão,
• Mistérios do mar oceano, de Ana Maria Machado. São Paulo:
as pessoas costumavam ouvir as partidas pelo rádio. No rádio, a
figura do locutor tinha um papel ainda mais importante. Como Global.
os ouvintes não podiam ver as imagens, ele precisava descrever
detalhadamente cada lance do jogo. Seus alunos provavelmente
terão muito maior familiaridade com a transmissão de jogos pela
televisão do que pelo rádio. Que tal gravar um trecho de uma
transmissão de futebol no rádio e levar para os alunos ouvirem?
Depois, converse um pouco com eles sobre as diferenças entre a
fala do locutor de televisão e a do locutor de rádio.
6. Agora é a vez de os próprios alunos experimentarem seu talen-
to como locutores. Divida-os em duplas e desafie-os a se imaginar
como locutores de rádio na grande copa do mar, narrando o jogo
descrito no livro como se ele estivesse acontecendo no momento.
Peça que os alunos, em primeiro lugar, preparem sua locução por
escrito, buscando imitar o estilo das narrações que já ouviram. Deixe
que se divirtam. O locutor não precisa ser imparcial; pode torcer
para um dos times; pode, de repente, ficar com medo de ser atacado
e abandonar o jogo etc. A seguir, peça que façam uma gravação
em áudio da narração que criaram, imitando o modo de falar dos
10/7/13 2:19 PM

Camarões × Tartarugas
A grande copa do mar
Leitor fluente — 4o e 5o anos do
Ensino Fundamental
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Walcyr Carrasco nasceu em 1951 em Bernardino de Campos-SP.
Escritor, cronista, dramaturgo e roteirista, com diversos trabalhos
premiados, formou-se na Escola de Comunicação e Artes de São
Paulo. Por muitos anos trabalhou como jornalista nos maiores
veículos de comunicação de São Paulo, ao mesmo tempo que
iniciava sua carreira de escritor na revista Recreio. Desde então,
escreveu diversas novelas, peças de teatro e publicou mais de
trinta livros infantojuvenis, tendo recebido por suas obras muitos
prêmios ao longo da carreira.
É cronista de revistas semanais e membro da Academia Paulista
de Letras, onde recebeu o título de Imortal.
6 7
Enc Camaroes e tartaruga.indd 2
RESENHA
Rodrigo é um menino que mora com os avós na cidade de
Santos, litoral de São Paulo. Tem duas grandes paixões: o futebol
e o surfe. Adora jogar bola com sua amiga Helô, ótima goleira,
e sonha em conseguir dinheiro para comprar uma roupa de
neoprene, material com que são confeccionados os trajes usados
por mergulhadores e surfistas.
Um dia, Rodrigo recebe uma visita inesperada: a de um golfinho
falante, que o convida para ser juiz na final da Grande Copa do
Mar. Após um primeiro momento de surpresa, Rodrigo aceita a
proposta e, com a ajuda de uma escama mágica que lhe permite
respirar debaixo d’água, acompanha o golfinho ao fundo do mar.
Ao chegar lá, porém, descobre que sua tarefa é mais difícil do
que imaginava. A torcida de lagostas o ameaça com suas pinças,
uma água-viva queima as patas dos animais do time adversário,
a bola (um ouriço-do-mar) foge dos jogadores, o técnico resolve
participar da partida... uma confusão sem tamanho. Apesar das
dificuldades, Rodrigo não se deixa intimidar e procura apitar o
jogo da forma mais honesta possível. Por fim, o tempo do efeito
da escama mágica vai acabando, e Rodrigo por pouco não se
transforma num peixe, sendo obrigado a ficar para sempre no
fundo do mar. Mas tudo acaba bem, e o menino consegue voltar
para casa a tempo de contar sua fantástica aventura à família.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Walcyr Carrasco usa todo seu bom humor para narrar as con-
fusões dessa desastrosa partida de futebol, que termina com um
gol contra. De modo bastante engenhoso, o autor explora as
características biológicas dos animais marinhos e tenta imaginar
como se sairiam num jogo como esse.
O tom paródico é também bastante presente: não é difícil
reconhecer, na truculência de alguns personagens do livro, a
agressividade das torcidas organizadas, pois, quando o assunto é
futebol, as manifestações dificilmente são harmônicas e contidas.
Muitas situações narradas retratam cenas facilmente reconhecíveis
para qualquer um que esteja minimamente familiarizado com o
assunto: a briga entre as torcidas, as faltas cometidas pelos joga-
dores, as inúmeras reclamações a respeito das decisões do juiz...
Embora os jogos entre os humanos sejam um pouco mais or-
ganizados do que esse estranho jogo marítimo, a distância entre
eles é menor do que se poderia imaginar.
QUADRO SÍNTESE
Gênero: novela.
Palavra-chave: futebol, respeito às regras, convivência.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Ciências, Educação Física.
Tema transversal: Ética.
Público-alvo: leitor fluente (4o e 5o anos do Ensino Fundamental).
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES
Antes da leitura:
1. Antecipe aos alunos que o livro que vão ler é sobre futebol.
Pergunte a eles o que conhecem sobre o jogo. Quais deles já as-
sistiram a uma partida em um estádio? O que acharam? A seguir,
faça um levantamento das regras do jogo de que se lembram.
2. O título, o subtítulo e a ilustração da capa do livro já nos dão
uma boa ideia do conteúdo da história. Podemos saber, ao menos,
que haverá um jogo de futebol entre o time dos camarões e o das
tartarugas. Estimule seus alunos a prever o resultado do jogo. Em
quem apostam? Nos camarões ou nas tartarugas?
3. Mostre a capa do livro. Entre os seres do mar, há uma figura
estranha àquele ambiente: um menino. Pergunte a eles o que
imaginam que o menino está fazendo ali. Veja se percebem que o
menino está exercendo a posição de juiz; o apito no pescoço é
uma boa pista.
Durante a leitura:
1. Desafie os alunos a descobrir as diferenças e semelhanças
entre a partida narrada no livro e outras a que já tenham assistido.
2. Peça que relacionem o comportamento dos personagens com
as características dos animais em questão.
3. Estimule-os a observar as divertidas ilustrações criadas por
Elisa Sassi. Quais situações do livro aparecem retratadas em cada
uma delas?
Depois da leitura:
1. A analogia entre o comportamento humano e o comporta-
mento animal é bastante presente na cultura popular. Podemos
encontrá-la em inúmeras lendas e fábulas, mas também em
ditados e expressões populares. Faça com os alunos um levanta-
mento das expressões que conhecem em que a comparação entre
8 9
o homem e o animal aparece: “ele come como um cavalo”, “ele locutores, o ritmo, a entonação, a velocidade. Se quiserem, além
é traiçoeiro como uma raposa”, “ele fala como um papagaio”, do narrador, podem incluir um comentarista, que discute com o
“ele é sujo como um porco”, entre outras. locutor, no intervalo, o andamento da partida.
2. Divida os alunos em pequenos grupos e peça que façam uma
pesquisa sobre um dos animais que aparecem como personagens
no livro para apresentar à classe. Depois da exposição, discuta com LEIA MAIS...
a turma as características de cada animal que foram evidenciadas
na trama.
3. Embora Rodrigo se esforce para ser um juiz justo, ele não
consegue evitar que a confusão se instale. Discuta com os alunos
1. DO MESMO AUTOR E DA MESMA SÉRIE “UMA HISTÓRIA
PUXA A OUTRA”
o porquê de o jogo ter se desenrolado de modo tão caótico.
Estimule-os, então, a imaginar o que fariam, no lugar de Rodrigo, • Meu encontro com Papai Noel. São Paulo: Moderna.
para organizar a partida. A seguir, pergunte a eles se o livro seria • Asas do Joel. São Paulo: Moderna.
tão engraçado se a partida transcorresse tranquilamente. Afinal, • Quando meu irmãozinho nasceu. São Paulo: Moderna.
é dessa confusão que o autor extrai os momentos de humor.
• Cadê o super-herói? São Paulo: Moderna.
4. Embora entre os humanos as regras do jogo sejam em geral
mais claras, as torcidas comportam-se, muitas vezes, de modo 2. SOBRE O MESMO ASSUNTO
tão animalesco quanto os personagens desse livro. O efeito,
nesse caso, não é nem um pouco cômico. Discuta com os alunos
• A bola e o goleiro, de Jorge Amado. São Paulo: Companhia
a violência das torcidas, estimulando-os a imaginar alternativas
das Letrinhas.
para resolver o problema. Se durante o período do trabalho com
• O dono da bola, de Elias José, São Paulo: Paulinas.
o livro circular alguma reportagem sobre algum episódio sobre o
• Bola no pé: a incrível história do futebol, de Luísa Massarani.
assunto, selecione para ler com a classe.
São Paulo: Cortez.
5. Como nem todos podem ir aos estádios, muitas vezes assis-
• É o bicho futebol clube, de Guto Lins. Rio de Janeiro: Ediouro.
timos ao jogo pela televisão. Nas transmissões televisivas, existe
• Histórias do mar, de James Riorden (org.). São Paulo: WMF
uma figura importante, a do locutor, que narra e comenta o jogo
Martins Fontes.
que vemos na tela. No entanto, antes do advento da televisão,
• Mistérios do mar oceano, de Ana Maria Machado. São Paulo:
as pessoas costumavam ouvir as partidas pelo rádio. No rádio, a
figura do locutor tinha um papel ainda mais importante. Como Global.
os ouvintes não podiam ver as imagens, ele precisava descrever
detalhadamente cada lance do jogo. Seus alunos provavelmente
terão muito maior familiaridade com a transmissão de jogos pela
televisão do que pelo rádio. Que tal gravar um trecho de uma
transmissão de futebol no rádio e levar para os alunos ouvirem?
Depois, converse um pouco com eles sobre as diferenças entre a
fala do locutor de televisão e a do locutor de rádio.
6. Agora é a vez de os próprios alunos experimentarem seu talen-
to como locutores. Divida-os em duplas e desafie-os a se imaginar
como locutores de rádio na grande copa do mar, narrando o jogo
descrito no livro como se ele estivesse acontecendo no momento.
Peça que os alunos, em primeiro lugar, preparem sua locução por
escrito, buscando imitar o estilo das narrações que já ouviram. Deixe
que se divirtam. O locutor não precisa ser imparcial; pode torcer
para um dos times; pode, de repente, ficar com medo de ser atacado
e abandonar o jogo etc. A seguir, peça que façam uma gravação
em áudio da narração que criaram, imitando o modo de falar dos
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