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não –– movido por esse mesmo objetivo. na simplificação extrema do vocabulário. Esse exem-
8. O autor fez um poema com os nomes Maristela, plo pode ser pretexto para discutir por que a pobreza
Maria e Mário e depois afirmou que “toda palavra de vocabulário pode facilitar a dominação de pessoas
brinca de esconder outras palavras”. Peça que os alu- ou grupos. Também a gíria, quando seu uso é exces-
nos se reúnam em grupo e façam o mesmo com ou-
tros nomes de pessoas e de coisas.
sivo e restrito ao grupo que a utiliza, seria prejudicial
à comunicação? Como o ato constante de escrever
Barłolomeu Campos de Queirós
poderá superar essas dificuldades?
9. “Nenhuma palavra vive sozinha. Toda palavra
é composta. Se escrevo mar, nesta palavra rolam on-
das, viajam barcos, cantam sereias, brilham estrelas,
13. Em um poema, o carioca Paulo Henriques
Britto diz que, diante dos problemas com que nos
Para ler em silêncio
algas, conchas e outras praias. Se digo pai, é aquele deparamos na realidade (porque “a realidade é coisa
que me ama, ou aquele que não conheci, ou aquele que delicada, de se pegar com as pontas dos dedos”), há
me abandonou.” A partir dessa citação, peça que os uma saída: “falar, falar muito. São as palavras que su- Apresentação e sugestões de atividades: Maria Lúcia de Arruda Aranha
alunos escolham outras palavras e juntem a elas o portam o mundo, não os ombros”. Auxilie os alunos a
que sua fantasia puder imaginar. interpretarem esses versos e em seguida comentarem
10. Partindo de elementos dados pelo autor que, o
tempo todo, relaciona e distingue o falar e o escrever,
se essa idéia está de acordo com o que diz o autor de
Para ler em silêncio.
14. Guimarães Rosa disse: “O senhor sabe o que
peça aos alunos que discutam as diferenças entre a
palavra falada e a palavra escrita. Ou seja, que cui- o silêncio é? É a gente mesmo, demais”. Pergunte
dados tomamos quando apenas falamos com alguém aos alunos em que sentido as referências feitas por
ou quando precisamos escrever (por exemplo, quan- Bartolomeu Campos de Queirós ao silêncio se apro- Por que o tema da palavra? por meio dela “conversamos” conosco, quando re-
do o autor diz que “escrever é pensar muitas vezes”). ximam daquela idéia sugerida por Rosa. fletimos, e saímos de nós, quando dialogamos.
Em seguida, solicite que escrevam uma carta (para Caro professor, O interesse pela palavra decorre de suas múltiplas
um amigo, irmão ou professor) justificando alguma v OUTROS LIVROS DO AUTOR funções cognitivas, comunicativas e valorativas. Ao
reação intempestiva em que foram ditas palavras im- Com a Série A palavra é sua, constituída de obras
• O olho de vidro do meu avô, São Paulo, Moderna, enfocar a palavra nas expressões da fala e da escrita,
pensadas. ficcionais, a Editora Moderna pretende favorecer
2004 chamamos a atenção para os aspectos fundamentais
a reflexão a respeito das múltiplas faces da palavra
11. Para refletir com os alunos sobre a importân- da palavra, ou seja, a sua capacidade de:
• Vida e obra de Aletrícia depois de Zoroastro, São em uma época de predominância de imagens, gestos,
cia da alfabetização nas sociedades letradas contem- • conhecer a realidade, ainda que por perfis e apro-
Paulo, Moderna, 2003 performances e, muitas vezes, de empobrecimento da
porâneas, mostre dados atualizados desses índices no ximações;
• Ler, escrever e fazer conta de cabeça, São Paulo, linguagem verbal.
Brasil e no mundo ou peça que eles próprios façam a
Global, 2004 E por que o tema da palavra? Porque a linguagem • dialogar, estabelecendo a intersubjetividade da
pesquisa. A título de exemplo, lembramos: no Brasil,
humana resulta de uma construção da razão, uma comunicação;
em 1920, o índice de analfabetismo era de 80%; • Indez, São Paulo, Global, 2004
em 1940, era de 56,17%; e em 2002, ainda era de • Ciganos, São Paulo, Global, 2004 invenção do sujeito para se aproximar da realidade, • provocar a ação: o agir humano é sempre inten-
11,80%, o que, em números absolutos, representava para se comunicar com os outros, para retornar sobre cional, antecedido pela reflexão; e vice-versa: o
• Coração não toma sol, São Paulo, FTD, 1998
14,6 milhões de pessoas. Oriente os grupos para dis- si mesmo e se reconhecer. Mais ainda, a linguagem pensar, por sua vez, se enriquece com o fazer;
cutirem a questão e em seguida escreverem um texto é um dos principais instrumentos da invenção do • valorar: além de nos humanizar, a palavra possibi-
em que imaginam os acontecimentos –– e dificulda- v OUTRAS SUGESTÕES DE LEITURA mundo cultural por nos permitir lembrar o passado, lita que façamos juízos de valor.
des –– de um dia na vida de um analfabeto em uma •1984, George Orwell, São Paulo, Ibep Nacional, projetar o futuro e, dessa maneira, nos tornarmos ca- Portanto, pela palavra podemos: contar um acon-
cidade grande. 2003. pazes de transcender nossa experiência vivida. tecimento, levantar hipóteses e examiná-las, planejar
12. No romance 1984, o inglês George Orwell Nesse romance, que é uma distopia –– uma utopia Por se tratar de um atributo humano fundamen- um trabalho (ou a própria vida), inventar uma histó-
conta uma história que se passa no futuro, em um negativa ––, as pessoas vivem em um Estado totali- tal, a palavra é um elemento constitutivo, aquilo que ria, representar no teatro, criar ou resolver enigmas,
mundo controlado pelo poder totalitário do Grande tário em que a simplificação da linguagem constitui faz com que sejamos cada vez mais humanos. A pa- traduzir, cumprimentar, orar, imaginar metáforas,
Irmão. Uma das medidas impostas para garantir o po- instrumento de dominação. lavra é também a via da construção da identidade: poetar, comandar, implorar, comunicar-se com os
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