Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
a a
Leitor crítico — 7– e 8– séries
a a
Leitor fluente — 5– e 6– séries
PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Rosane Pamplona e Maria Terezinha Lopes
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?
1
2
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e
qual- quer texto, inscreve-se,
necessariamente, em um gênero
socialmente construído e tem, portanto,
uma relação com a exterioridade que
determina as leituras possíveis. O espa- ço
da interpretação é regulado tanto pela
organização do próprio texto quanto pela
memória interdiscursiva, que é social,
histó- rica e cultural. Em lugar de pensar
que a cada texto corresponde uma única
leitura, é preferível pensar que há tensão
entre uma leitura unívoca e outra
dialógica.
Um texto sempre se relaciona com
outros produzidos antes ou depois dele:
não há como ler fora de uma perspectiva
interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvore
— a árvore do tempo — e contemplemos
ou- tras árvores:
Deus fez crescer do solo toda
es- pécie de árvores formosas
de ver e boas de comer, e a
árvore da vida no meio do
jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal.
(…) E Deus deu ao homem este
manda- mento: “Podes comer
de todas as árvores do jardim.
Mas da árvore do conhecimento
do bem e do mal não comerás,
porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o
de- sejo de conhecer, tão caro ao ser
huma- no…
3
Há o tempo das escrituras e o tempo da
interpessoais e, progressivamente, como re-
memória, e a leitura está no meio, no inter-
sultado de uma série de experiências, se trans-
valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-
forma em um processo interno.
riência humana com a linguagem, a leitura é
uma arte a ser compartilhada.
Somente com uma rica convivência com
ob- jetos culturais — em ações
A compreensão de um texto resulta do
socioculturalmente determinadas e abertas
res- gate de muitos outros discursos por
à multiplicidade dos modos de ler, presentes
meio da memória. É preciso que os
nas diversas situações comunicativas — é
acontecimentos ou os saberes saiam do
que a leitura se converte em uma
limbo e interajam com as palavras. Mas a
experiência significativa para os alu- nos.
memória não funciona como o disco rígido
Porque ser leitor é inscrever-se em uma
de um computador em que se salvam
comunidade de leitores que discute os
arquivos; é um espaço move- diço, cheio de
textos lidos, troca impressões e apresenta
conflitos e deslocamentos.
sugestões para novas leituras.
Empregar estratégias de leitura e desco-
Trilhar novas veredas é o desafio;
brir quais são as mais adequadas para uma
transfor- mar a escola numa comunidade de
determinada situação constituem um
leitores é o horizonte que vislumbramos.
proces- so que, inicialmente, se produz
como ativi- dade externa. Depois, no plano
Depende de nós.
das relações
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
RESENHA
QUADRO-SÍNTESE
5
a inserção do aluno no debate de questões
Gênero: contemporâneas.
Palavras-
chave:
Áreas envolvidas:
Temas
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê de-
pendem, e muito, de nossas experiências
an- teriores em relação à temática
explorada pelo texto, bem como de nossa
familiarida- de com a prática leitora. As
atividades sugeridas neste item favorecem
a ativação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão e interpretação
do escrito.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orienta-
dores para a leitura, focalizando aspectos
que auxiliem a construção dos sentidos do
texto pelo leitor.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identificação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
• Apreciação de recursos expressivos
empre- gados pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir
melhor compreensão e interpretação da obra,
indican- do, quando for o caso, a pesquisa de
assuntos relacionados aos conteúdos das
diversas áreas curriculares, bem como a
reflexão a respeito de temas que permitam
6
✦ nas tramas do texto expectativas do aluno-leitor, en-
• Compreensão global do texto a caminhando-o para a literatura adulta.
partir de reprodução oral ou escrita do
que foi lido ou de respostas a questões
formuladas pelo pro- fessor em situação
de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos
empre- gados na obra.
• Identificação e avaliação dos pontos
de vis- ta sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de
vista e opiniões diante de questões
polêmicas.
• Produção de outros textos verbais ou
ainda de trabalhos que contemplem as
diferentes lin- guagens artísticas: teatro,
música, artes plásti- cas, etc.
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
◗ leitura de desafio.
Júlio Emílio Braz nasceu em abril de 1959. publicou seu primeiro infanto-juve-
É mineiro da cidadezinha de Manhumirim,
mas aos 5 anos veio para o Rio de Janeiro,
cidade que adotou como lar. É
autodidata. Lê desde os seis anos, e
aprendeu a ler so- zinho, com revistas de
terror da Editora Vecchi, do Rio de
Janeiro. Começou a car- reira de escritor
por acaso: acabara de per- der seu
emprego e um amigo, que traba- lhava
numa editora, insistiu para que ele
procurasse o editor das tais revistas e ofe-
recesse seus trabalhos. Acabou dando cer-
to, e até hoje ele tem histórias em
quadri- nhos publicadas em várias editoras
no Bra- sil e em outros países. Mais
tarde, come- çou a escrever livros de
bolso de bangue- bangue sob 39
pseudônimos diferentes. Em 1986, ganhou
o Prêmio Ângelo Agostini de Melhor
Roteirista de Quadrinhos e, em 1988,
8
nil, Saguairu, pela Atual Editora, que
lhe rendeu o Prêmio Jabuti de Autor
Revela- ção no ano seguinte. Escreveu
roteiros para o humorístico Os
Trapalhões, da TV Globo, e algumas
mininovelas para a televisão do Paraguai.
Ganhou o Austrian Children Book Award,
na Áustria, pela versão alemã do seu
livro Crianças na escuridão (Kinder im
Dunkeln); e, pelo mesmo livro, o Blue
Co- bra Award, do Swiss Institute for
Children’s Book. Escrever para ele é,
antes e acima de tudo, um imenso
prazer. Acredita piamen- te no poder
transformador da leitura. Ele mesmo
pode se considerar o maior exem- plo
disso: foram os livros que leu na infân-
cia e adolescência que construíram o
escri- tor que é hoje. Durante muitos
anos, esses livros, e apenas eles, lhe
deram esperanças de que poderia ser
mais do que era e de que a realização
de seus sonhos era ape-
9
nas uma questão de inteligência, paciên- tro-
cia e persistência.
RESENHA
1
cas de opiniões, para resultar numa
cons- cientização mais ampla sobre tão
grave problema.
QUADRO-SÍNTESE
Durante a leitura
1.Antecipe que o livro que vão ler
ganhou prêmios em outros países. Peça
que leiam tentando descobrir por quê.
1
2.O autor usa alguns recursos de lingua- cheia
gem que reforçam a expressividade das
cenas, como as repetições, as frases curtas,
muitas delas nominais — sem verbo. Há
várias passagens assim, como, por
exemplo: “Meninas. Outras meninas.
Várias meninas. Éramos todas meninas e
Doca não era a maior delas”.
Peça que os alunos leiam observando
es- ses e outros recursos de linguagem ao
lon- go da narrativa.
Depois da leitura
✦ nas tramas do texto
1.Abra com os alunos uma discussão sobre
o que leram. A idéia que faziam sobre a
vida de uma criança de rua foi alterada?
Em quê? Investigue que sentimentos a lei-
tura despertou neles. Faça um
levantamen- to das cenas que mais os
tocaram.
1
possível aos alunos contribuir na prática
Eu gosto tanto de você… — Leila
para minimizar esse problema. Aí vão al- Rentroia Iannone, São Paulo, Moderna
guns sites para você consultar:
http://www.cidadaocriancabrasil.com.br ◗ leitura de desafio
http://www.pastoraldomenornacional.hpg.ig.com.br As aventuras de Huckleberry Finn e As
http://www.goldeletra.org.br aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain
— São Paulo, Ática.
DICAS DE LEITURA Tom e Huck podem ser considerados dois
dos maiores aventureiros da literatura
◗ do mesmo autor mun- dial. Huck, filho de um conhecido
Um sonho dentro de mim — São Paulo, beberrão, era odiado por acharem-no
Moderna preguiçoso, sem-educação, vulgar e mau;
Bença, mãe — São Paulo, Moderna Tom é um ór- fão desobediente e
Numa véspera de Natal — São Paulo, trambiqueiro.
Moderna Embora classifiquem os livros como aventu-
ra para jovens, são mais do que isso; neles é
◗ sobre o mesmo gênero e assunto possível deliciar-se com a grande habilida-
de de Twain como escritor e reconhecer a
Amarelinho — Ganymédes José, São Pau- corajosa denúncia da sociedade escrava-
lo, Moderna gista americana da metade do século XIX.
Quando só resta o demônio — Orlando Tom e Huck são meninos que transforma-
de Miranda, São Paulo, Moderna ram as ruas em espaço de liberdade e de
descobertas.