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Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro

Marat/Sade
Outros Nomes: Adão Júnior, Ademar Carlos Guerra, Ademar Guerra, Ana Maria Neumann, Antônio Ananias, Aracy
Balabaniam, Aracy Balabanian, Archimedes Ribeiro, Arcílio C. Oliveira, Armando Assad Bógus, Armando Bogus,
Armando Bógus, Carminha Brandão, Companhia Nydia Licia, Dirceu Neves, Durval de Barros, Elvira Gentil,
Emmanuel Vão Gôgo, Enio Carvalho, Ênio Carvalho, Ênio de Carvalho, Ernesto Piagno, Eugênio Chamanski
Kuznetsov, Eugênio Kusnet, Evgenii Chamanski Kuznetsov, Francisco Solano, Irina Grecco, Irina Greco, Irina
Griecco, Ivone Hoffmann, Ivonne Hoffman, Jeanne Odile van Vuchelen, João José Pompeo, João José Pompeu,
Jorge Roberto Pisani, Jorge Roberto Pisani, Laerte Morrone, Lucia Mello, Lúcia Mello, Lucia Melo, Manoel
Andrade, Manoel Ribeiro, Manuel Ribeiro, Marcos Miranda, Maria Célia, Maria Célia Camargo, Maria do Carmo
Brandão, Marie Gidali Duprat, Marika Gidali, Márika Gidalli, Mário Bruni, Millôr, Millôr Fernandes, Milor
Fernandes, Milton Fernandes, Milton Viola Fernandes, Ninette van Vuchelen, Ninette van Vüchelen, Noemia Kusnet,
Noemia Marcondes, Oscar Thiede, Oswaldo Barreto, Otávio Augusto, Otávio Augusto de Azevedo Sousa, Otávio
Augusto de Azevedo Souza, Paschoal Morasco, Paulo Herculano, Paulo Herculano Marques Gouvêa, Pepet Verges,
Peter Weiss, Pisani, Pisani, Potiguar Lopes, Renato de Oliveira, Rita N. de Lima, Rita Nepomuceno de Lima, Rubens
Alves Corrêa, Rubens Correa, Rubens Corrêa, Serafim Gonzales, Serafim Gonzáles, Serafim Gonzalez, Silvio de
Abreu, Silvio Eduardo de Abreu, Teatro da Esquina, Ubirajara Giglioli, Ubyrajara Giglioli, Ubyrajara Gilioli, Vão
Gôgo, Yvonne Hoffman

Histórico
Espetáculo de Ademar Guerra baseado em texto de Peter Weiss, montado em 1967, com o
Teatro da Esquina. Conciliando propostas do vanguardismo com aguda perspicácia para
captar temas sociopolíticos da atualidade brasileira, Guerra transforma essa montagem num
dos pontos altos de sua carreira.
O alemão Peter Weiss dedica-se a um teatro político bastante pessoal, unindo as tradições de
Bertolt Brecht e Piscator, nelas injetando novos enfoques estéticos, através do jogo de
teatralidade que uma releitura das situações históricas pode permitir. Neste texto - cujo
título completo é A Perseguição e o Assassinato de Jean-Paul Marat Conforme Foi
Encenado pelos Enfermos do Hospício de Charenton sob a Direção do Marquês de Sade -
temos uma situação ficcional, uma representação efetivada por doentes mentais, mas
apoiada em sugestões históricas concretas. O Marquês de Sade realizou, de fato, encenações
durante sua estada em Charenton; mas o que aqui temos é um jogo no qual não somente
Sade está no palco como, através de uma representação dentro da representação, seu
espetáculo dispõe de platéia: gente da nobreza que ali comparece interessada no mórbido
desfile das criaturas doentes. A montagem inglesa de Peter Brook, em 1965, na época em
que ainda está em Londres dirigindo o Teatro da Crueldade, ajuda a difundir o texto em todo
o mundo.
A encenação brasileira é bastante diversa da de Peter Brook, constituindo um marco na
carreira de Ademar Guerra. Ela reúne o trabalho corporal de Márika Gidali, as composições
musicais de Paulo Herculano, a cenografia de Ubyrajara Gigliori e os figurinos de Ninette
van Vüchelen num produto integrado, contando com um elenco de 33 atores, no qual os
destaques são para Rubens Corrêa (Sade), Armando Bógus (Marat), Irina Grecco (Charlotte
Corday), Eugênio Kusnet, João José Pompeo e Carminha Lyra. Fidelidade à mensagem da
obra, habilidade na composição das cenas coletivas, dimensionamento da violência cênica
para caracterizar as violências praticadas contra os enfermos são os ingredientes que
contribuem para o sucesso de uma obra prestigiada pelos especialistas e pelo público.
Segundo o crítico Luiz Alberto Sanz "A montagem de Guerra não se dispõe ao parti pris
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Segundo o crítico Luiz Alberto Sanz "A montagem de Guerra não se dispõe ao parti pris
sectário, contrapondo com toda a força que o autor lhes dá as idéias dos dois contendores.
Aqui, não se pode apontar, em momento algum do espetáculo, que o encenador desvirtuou,
ou revirou, as intenções do autor para que tal ou qual idéia fosse a vencedora. [...] Peter
Weiss se exprime (e Guerra, com ele, na busca de valorizar o texto) através da 'festa teatral',
mesmo que esta seja de uma agressividade extrema. Do ponto de vista dramático, os seus
loucos, em movimentos de massa perfeitamente planejados, são fantasticamente belos... O
fim não é a rigidez estética, ou a 'festividade' em si mesma, mas a mensagem do autor que se
permite fechar as cortinas e colocar Marat frente à frente com Sade em dois discursos
execrados pela crítica conservadora, mas que mantêm o espectador, o mais alienado, preso
pelo nariz. [...] Os personagens, terminada a atuação, passam a assistir e participar como
espectadores. Está desfeita a mitologia teatral. Está construída a dramática como estágio
social, a estética não rígida, a vivente arte teatral. Tanto Weiss como Guerra e toda a equipe
colaboram para isso, construir o teatro do nosso tempo". 1

Notas
1. SANZ, Luis Alberto. Da Revolução Francesa à Guerra de Guerrilhas. In: MENDES, Oswaldo. Ademar Guerra: o teatro de um homem
só. São Paulo: Senac, 1997. p. 58-59. Reprodução de crítica proibida pela censura de ser editada no Jornal Ultima Hora, Rio de Janeiro,
em outubro de 1967.

Fontes de Pesquisa
MENDES, Oswaldo. Ademar Guerra: teatro de um homem só. São Paulo: Senac, 1997.
MAGALDI, Sábato. O texto no teatro. São Paulo: Perspectiva, 1989. p. 468-472.
PRADO, Décio de Almeida. Exercício findo. São Paulo: Perspectiva, 1987. p. 176-181.

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