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de Elfried Jelinek
tradução e dramaturgia de Anabela Mendes
direção artística de Pedro Alves
banda sonora original de Joana Guerra
ESTREIA
16 de novembro de 2023
COPRODUÇÃO
teatromosca + Teatro Nacional S. João + Theatro Circo de Braga
"Os Protegidos", texto de Elfriede Jelinek, inédito em Portugal, baseado num
acontecimento real - a presença em território austríaco, no final de 2012, de cerca de
100 refugiados de várias nacionalidades e em busca de asilo -, trata do modo displicente,
cobarde e inadmissível como o Estado austríaco entendeu tratar esta trágica ocorrência,
e o imediato e simultâneo enfurecimento de grupos de extrema-direita a propósito da
presença em Viena desse conjunto de estrangeiros. O texto tem vindo a ser revisto pela
autora, procurando, de certo modo, expandir o assunto da peça em direção a outros
tempos da História da Humanidade, criando novas possibilidades de articulação com a
matéria atual. O carácter reflexivo de todo o conjunto parece sustentar a ideia de que a
humanidade pouco ou nada muda e não aprende com os seus próprios erros.
Essencialmente a autora produz exposição de processos corruptores de que se servem
os poderosos a nível mundial, fazendo uso da sua influência junto de outros, e a fim de
alcançarem benefícios que de outro modo não teriam.
O espetáculo parte deste texto da aclamada autora austríaca, com tradução assinada
por Anabela Mendes, que assume, igualmente, o papel de dramaturgista neste projeto,
com encenação de Pedro Alves e banda sonora original, interpretada ao vivo, pela
violoncelista Joana Guerra. O trabalho assentará tanto sobre a linguagem e a
desconstrução das convenções do drama (a unidade de tempo, lugar, ação, a fábula, as
personagens, o diálogo etc.), criando invés uma espécie de orquestração de vozes,
privilegiando ritmos e jogos de sonoridade musical e em que a linguagem entra em cena
como “superfícies de texto”, seguindo algumas das noções do teatro pós-dramático de
Lehmann, como refletirá sobre a heteroglossia proposta por Mikhail Bakhtin, a definição
de chora para Julia Kristeva ou a teoria da presença defendida por Hans Ulrich
Gumbrecht, expondo, de modo muito claro, um conjunto de questões políticas
fraturantes que ensombra as sociedades contemporâneas.