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Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro

Assis, Chico de (1933)


Outros Nomes: Francisco de Assis

Biografia
Francisco de Assis Pereira (São Paulo SP 1933). Autor e ator. Um dos integrantes do Teatro
de Arena, atuante dramaturgo representante dos grupos ideológicos, formador de novos
autores através de seus prestigiados cursos de dramaturgia.
Inicia sua carreira como ator de rádio em 1953. Dois anos depois torna-se cameraman de
TV, trabalhando na TV Tupi de São Paulo e TV Record. Em 1958, entra para o Teatro de
Arena, atuando em A Mulher do Outro, de Sydney Howard, com direção de Augusto Boal, e
Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, dirigido por José Renato, ambos em
1958; Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Vianna Filho e Gente como a Gente, de
Roberto Freire, espetáculos de 1959. No ano anterior, é um dos fundadores do 1º Seminário
de Dramaturgia do Teatro de Arena, que leva à cena textos escritos pelos membros da
companhia, num expressivo movimento de nacionalizar o palco, difundir os textos e
politizar a discussão da realidade nacional.
Faz assistência de direção para Antunes Filho, em Plantão 21, de Sidney Kingsley, pelo
Pequeno Teatro de Comédia, 1959; e para José Renato, em Revolução na América do Sul,
de Augusto Boal, 1960. No mesmo ano, dirige A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar, de
Oduvaldo Vianna Filho, no Teatro de Arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pelo Teatro Jovem. O êxito da realização e,
paralelamente, a necessidade de uma maior articulação, aproxima o grupo da União
Nacional dos Estudantes, UNE, originando o primeiro Centro Popular de Cultura da
UNE (CPC).
De sua autoria, surge O Testamento do Cangaceiro, que é dirigido por Boal, tendo Flávio
Império como cenógrafo e figurinista, em 1961. Escreve A Aventura de Ripió Lacraia, que é
dirigido por José Renato para o Teatro Nacional de Comédia (TNC), em 1963; e Farsa com
Cangaceiro Truco e Padre, que é montado pelo Núcleo 2 do Arena, em 1967, fechando
uma trilogia sobre a literatura popular de cordel do Brasil. Dedica-se à televisão, voltando
ao teatro como ator em Tom Paine, de Paul Foster, dirigido por Ademar Guerra, em 1970.
No mesmo ano, sua peça O Auto do Burrinho de Belém é interditada pela Censura. Escreve
Missa Leiga, peça polêmica de Ademar Guerra, com produção de Ruth Escobar, que é
proibida de ser apresentada na Igreja da Consolação. Acaba por apresentar-se numa fábrica
abandonada, em 1972, fazendo enorme sucesso e viajando para Portugal e África. Em 1985,
Antonio Fagundes, que havia participado da primeira montagem de Farsa com Cangaceiro
Truco e Padre, remonta o texto, agora intitulado Xandú Quaresma, pela Companhia Estável
de Repertório (CER).
É convidado, em 1989, pelo diretor e autor Fauzi Arap, para montar um curso de
dramaturgia no Teatro de Arena no Projeto Tarô dos Ventos. Terminado o projeto, Chico de
Assis conserva o seminário então denominado Projeto Semda, Seminário de Dramaturgia do
Arena. Forma vários novos dramaturgos, entre eles, os premiados Noemi Marinho, João
Carlos Couto e Sofia Negrão.
Tem também um curto histórico como diretor musical e colaborador em direções musicais
de espetáculos, tendo realizado letra e música para A Mulher do Outro, de Sydney Howard,
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1958; Chapetuba Futebol Clube, de Vianinha (Oduvaldo Vianna Filho), com direção de
Boal, 1959; e letras para Revolução na América do Sul, com música de Geni Marcondes e
Esther Scliar.
Como roteirista, tem vasta produção em cinema e TV, tendo também aplicado muitos
cursos de roteiro nessas áreas, como também, dirige uma série de programas e novelas para
a televisão.

Nascimento
1933 - São Paulo SP - 10 de dezembro

Formação
1965 - São Paulo SP - Notório saber em teatro pelo Ministério de Educação de São Paulo
Fontes de Pesquisa
DIONYSOS. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, n. 24, out. 1978. Número especial
sobre o Teatro de Arena.

FERNANDES, Rofran. Teatro Ruth Escobar: 20 anos de resistência. São Paulo: Global,
1985.
MAGALDI, Sábato. Um palco brasileiro: o Arena em São Paulo. São Paulo: Brasiliense,
1984.
MICHALSKI, Yan. O palco amordaçado: 15 anos de censura teatral no Brasil. Rio Janeiro:
Avenir, 1981.
______. O teatro sob pressão: uma frente de resistência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
MOSTAÇO, Edelcio. Teatro e política: Arena, Oficina e Opinião. São Paulo: Proposta,
1982.

Espetáculos

Autoria
1960 - São Paulo SP - Um Americano em Brasília
1960 - São Paulo SP - O Testamento do Cangaceiro
1963 - Rio de Janeiro RJ - As Aventuras de Ripió Lacraia
1965 - São Paulo SP - Este Mundo É Meu
1967 - São Paulo SP - A Farsa do Cangaceiro, Truco e Padre
1967 - São Paulo SP - Farsa com Cangaceiro, Truco e Padre
1972 - São Paulo SP - Missa Leiga
1975 - São Paulo SP - A Farsa do Cangaceiro, Truco e Padre
1980 - São Paulo SP - Auto do Burro de Belém
1983 - São Paulo SP - Xandu Quaresma
1997 - São Paulo SP - Prometeu Engaiolado
Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro

1999 - São Paulo SP - Missa Leiga


2001 - Belo Horizonte MG - E o Ouro, Quanto Vale?

Direção
1960 - Rio de Janeiro RJ - A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar
1961 - Rio de Janeiro RJ - A Vez da Recusa
1965 - São Paulo SP - Este Mundo É Meu

Direção (assistente)
1959 - São Paulo SP - Plantão 21

Interpretação
1958 - São Paulo SP - Eles Não Usam Black-Tie
1958 - São Paulo SP - A Mulher do Outro
1958 - SP - Á Margem da Vida
1959 - São Paulo SP - Gente como a Gente
1959 - São Paulo SP - Chapetuba Futebol Clube
1970 - São Paulo SP - Tom Paine
1971 - São Paulo SP - Hans Staden no País da Antropofagia

Música
1959 - São Paulo SP - Chapetuba Futebol Clube
1960 - São Paulo SP - Revolução na América do Sul

Roteiro
1966 - São Paulo SP - A Criação do Mundo Segundo Ary Toledo

Trilha sonora
1961 - São Paulo SP - As Almas Mortas
1964 - Rio de Janeiro RJ - Opinião
1969 - São Paulo SP - O Comportamento Sexual Segundo Ary Toledo

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