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Biografia
Flávio Nogueira Rangel (Tabapuã SP 1934 - Rio de Janeiro RJ 1988). Diretor de teatro,
cronista, jornalista e tradutor. Muda-se criança para São Paulo, estuda na Escola Caetano de
Campos e no Colégio Estadual Presidente Roosevelt. Estuda direito na Faculdade de Direito
do Largo São Francisco no fim da década de 1950, mas não chega a concluir o curso. Ao
assistir à montagem de A Falecida, do dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues, decide ser
profissional de teatro. Trabalha como diretor, tradutor, iluminador e sonoplasta. Seu
primeiro sucesso é a direção de Gimba, em 1959, peça de Gianfrancesco Guarnieri (1934 -
2006) de grande repercussão nacional e internacional, apresentada também em Lisboa,
Roma e Paris. No mesmo ano, viaja para os Estados Unidos, onde estagia em grandes
teatros da Broadway. É o primeiro brasileiro a dirigir o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC),
em 1960. Na década de 1960 dirige diversos espetáculos independentes, entre eles
Liberdade, Liberdade, que escreve com o escritor Millôr Fernandes (1923), produzido pelo
Grupo Opinião e pelo Teatro de Arena de São Paulo. Dirige, além de peças teatrais,
espetáculos com cantores, musicais e desfiles de moda. Jornalista combativo, colabora com
matérias e crônicas em O Pasquim, Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil. Por sua atuação
política na luta pela liberdade de imprensa e dos setores culturais, é preso diversas vezes.
Em 1979, faz sua estreia em livro com as crônicas de Seria Cômico se Não Fosse Trágico,
no qual faz, por meio de um humor refinado, um mergulho na realidade brasileira.
Comentário Crítico
Flávio Rangel, além do importante trabalho realizado como diretor, tradutor e produtor em
um momento de forte transformação do teatro nacional, escreve, principalmente a partir dos
anos 1970, crônicas que acompanham o lento processo de redemocratização do Brasil.
Nesses escritos, parte, muitas vezes, do seu cotidiano imediato para uma reflexão fina sobre
os limites da liberdade no país, a situação cultural e política nacional e internacional. Relata,
em alguns textos, as recentes transformações comportamentais, os absurdos da censura e
sua experiência no exterior como um importante contraponto à situação nacional. Nas
crônicas de Seria Cômico se Não Fosse Trágico, o autor cria, para desenvolver esse
contraponto, uma amiga francesa, interlocutora fictícia para a qual o livro se dirige, com o
objetivo de expor os absurdos de certas situações que se naturalizam no cotidiano brasileiro.
Essa amiga acompanha o cronista em situações de censura de filmes no país, apresentações
culturais, leitura de jornais, programas de televisão. O autor relata, por meio da "percepção"
e dos "comentários" da amiga estrangeira, a precariedade política e cultural que o Brasil
atravessa com forte ironia e, também, seriedade trágica, como alude o título da coletânea.
Flávio Rangel escreve uma única peça, em parceria com Millôr Fernandes (1923), chamada
Liberdade, Liberdade. A obra é composta da montagem de trechos de diversos autores, de
variadas áreas culturais, organizados com o objetivo de discutir a liberdade em um momento
da história do Brasil, em 1965, de restrição dos direitos sociais e políticos em função do
golpe militar de 1964.
Cronologia
Enciclopédia Itaú Cultural de Literatura Brasileira
Bibliografia
PRADO, Décio de Almeida. Teatro em progresso. São Paulo: Martins, 1964.
______. Exercício findo. São Paulo: Perspectiva, 1983.
SIQUEIRA, José Rubens. Viver de teatro: uma biografia de Flávio Rangel. São Paulo:
Nova Alexandria, 1995.
Sem registro.