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27/03/2024, 14:39 Augusto Boal | Enciclopédia Itaú Cultural

TEATRO

Augusto Boal
Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 25.10.2023

16.03.1931 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro


02.05.2009 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro

Augusto Boal, 1958

Augusto Pinto Boal (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1931 - Idem, 2009). Diretor,
autor e teórico. Torna-se referência do teatro brasileiro ao expandir a prática para
a conceitualização teórica, além de ser a principal liderança do Teatro de Arena e o
criador da metodologia conhecida como teatro do oprimido.

Reprodução fotográfica Correio da Manhã/Acervo Arquivo Nacional

Outras grafias do nome


Texto Augusto Pinto Boal
Augusto Pinto Boal (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1931 - Idem, 2009). Diretor, autor e
teórico. Torna-se referência do teatro brasileiro ao expandir a prática para a Habilidades
conceitualização teórica, além de ser a principal liderança do Teatro de Arena e o criador Autora / Autor
da metodologia conhecida como teatro do oprimido. Diretora teatral / Diretor teatral
Ensaísta
Em 1950, muda-se para Nova York, onde se forma em engenharia química e dramaturgia Pesquisador
na Universidade de Colúmbia. De volta ao Brasil em 1956, integra o Teatro de Arena, em
que divide a direção com José Renato (1926-2011) e aprofunda o trabalho de
interpretação, adaptando o método do diretor russo Stanislavski (1863-1938) às
condições brasileiras e ao formato de teatro de arena, resultando numa interpretação
naturalista. Exerce importante papel no engajamento político do grupo, iniciando um
teatro voltado para discussões nacionalistas, em voga na segunda metade dos anos 1950.

Dirige Ratos e Homens (1956), do americano John Steinbeck (1902-1968), que lhe rende o
Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), como diretor revelação. Em
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1957, seu primeiro texto é encenado: Marido Magro, Mulher Chata; nele Boal já demonstra
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domínio na escrita mas ainda não efetiva uma análise social profunda.

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Em 1958, encena A Mulher do Outro, de Sidney Howard (1891-1939), que agrava a crise já
instalada no grupo, salvo da falência com a montagem Eles não Usam Black-Tie1. Para
seguir a pesquisa de uma dramaturgia própria, Boal sugere a criação de um Seminário de
Dramaturgia. As produções desses encontros compõem o repertório da fase nacionalista
do grupo, presente até 1962.

Dirige Chapetuba Futebol Clube (1959), de Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974). O texto
investiga a operacionalidade de um pequeno time de várzea, revelando as trapaças
políticas que rondam os campeonatos de futebol. Sua direção é ágil, vigorosa, e ele opta
pelo realismo teatral para melhor ambientar o universo proposto pelo autor e atingir mais
"energicamente" o espectador.

Em 1960, seu texto Revolução na América do Sul, com direção de José Renato, o eleva ao
posto de um dos melhores dramaturgos do período no panorama paulista. No ano
seguinte, completando a fase nacionalista, dirige O Testamento do Cangaceiro, de Chico de
Assis (1933-2015), ainda uma abordagem dramatúrgica com base na literatura popular,
com cenários e figurinos de Flávio Império (1935-1985) e com Lima Duarte (1930) no
elenco.

A partir de 1962, o Arena inicia uma fase de nacionalização dos clássicos, e Boal assume a
liderança do elenco. A qualidade dos espetáculos torna-se superior, como em A
Mandrágora, de Maquiavel (1469-1527), que, apreciado especialmente por sua construção
estética, volta a chamar a atenção para Boal como diretor.

Em 1964, ano da instauração da ditadura militar (1964-1985)2, muda-se para o Rio de


Janeiro e contribui na direção do show Opinião3, ligado ao Centro Popular de Cultura da
UNE (CPC). Ao retornar a São Paulo, no ano seguinte, encontra a equipe do Arena
trabalhando no projeto de reconstrução do episódio histórico do Quilombo de Palmares.
Com a experiência do Opinião, Boal inicia o ciclo de musicais na companhia, integrando o
elenco em torno de uma nova linguagem. Com Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006) e Edu
Lobo (1943) dá forma a Arena Conta Zumbi (1965), primeiro experimento com o sistema
coringa e com a música como essencial à linguagem do espetáculo, interligando as cenas
e enriquecendo a trama em tons líricos ou exortativos, usando eventos do passado, sem
preocupações cronológicas, para criticar o presente.

Com a mesma perspectiva, novas versões do espetáculo são elaboradas, como Arena
Conta Tiradentes (1967), que, do ponto de vista da linguagem, busca criar uma empatia da
plateia com a personagem de Tiradentes, despertando o entusiasmo revolucionário e
uma visão crítica sobre os acontecimentos. Mais uma vez, a música tem papel
fundamental. Com direção musical de Theo de Barros (1943), o refrão "de pé, povo levanta
na hora da decisão" pontua toda a montagem, conclamando explicitamente a plateia na
resistência à ditadura.

A Primeira Feira Paulista de Opinião (1968), concebida e encenada por Boal, trata-se de uma
reunião de textos curtos de vários autores. O diretor apresenta o espetáculo na íntegra,
ignorando os cortes estabelecidos pela censura, incitando a desobediência civil, e luta
arduamente pela permanência da peça em cartaz, depois de sua proibição.

Com o decreto do Ato Institucional nº 5 (AI-5), ainda em 1968, o Arena viaja para fora do
país, excursionando até 1970. Boal escreve e dirige Arena Conta Bolívar, ainda inédita no
Brasil, que se soma ao antigo repertório.
Preso e exilado em 1971, Boal prossegue sua carreira no exterior, inicialmente na
Argentina, e desenvolve a estrutura teórica dos procedimentos do teatro do oprimido.
Muda-se para Portugal, onde vive por dois anos, trabalhando com o grupo A Barraca.

Ainda na década de 1970, em sua produção teórica, lança livros como O Teatro do
Oprimido e Outras Políticas Poéticas (1975) e Técnicas Latino-Americanas de Teatro Popular
(1979). Com a Lei da Anistia, retorna ao Brasil em 1984 e volta a dirigir importantes
espetáculos no Rio de Janeiro. A partir de 2000, sua atuação encontra-se voltada para o
teatro do oprimido.

Augusto Boal une a prática dos palcos com a teoria para conceber uma dramaturgia
política, mas também estética. Sua experiência no Teatro de Arena, com episódios
históricos e encenações políticas, e no teatro do oprimido, mesclando arte com bandeiras
sociais, faz dos palcos um ambiente de construção de narrativas e posicionamento diante
da violência e censura do Estado.

Notas

1. Texto de Gianfrancesco Guarnieri, dirigido por José Renato, que além de salvar o Arena
da falência, fortalece o grupo enquanto grande revolução da cena teatral brasileira.

2. Também denominada de ditadura civil-militar por parte da historiografia com o objetivo


de enfatizar a participação e apoio de setores da sociedade civil, como o empresariado e
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3. A iniciativa surge de um grupo de autores ligados ao Centro Popular de Cultura da UNE


(CPC), posto na ilegalidade - Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes (1940-1976) e Armando
Costa (1933-1984) reúnem-se no intento de criar um foco de resistência à situação. O
evento contagia diversos outros setores artísticos, como as artes visuais, aglutinando
artistas ligados aos movimentos de arte popular. Esse é o nascedouro do Grupo Opinião,
que permanece combativo até 1968.

Obras 2

Augusto Boal

Registro
fotográfico
autoria
desconhecida

Augusto Boal [no centro, sentado] ao lado dos atores de O


Círculo de Giz Caucasiano

Registro
fotográfico Derly
Marques

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Fontes de pesquisa 24

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A ENGRENAGEM. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1960]. 1 programa do


espetáculo realizado no Teatro Bela Vista.

ARENA conta Tiradentes. São Paulo: Teatro de Arena, 1967. 1 programa do espetáculo
realizado no Teatro de Arena. Não catalogado

BOAL, Augusto. Currículo enviado pelo diretor.

BOAL, Augusto. Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 1977.

CAMPOS, Cláudia de Arruda. Zumbi, Tiradentes e outras histórias contadas pelo Teatro
de Arena de São Paulo. São Paulo: Perspectiva: Edusp, 1988.

CENTRO de Teatro do Oprimido-Rio. Disponível em: [http://www.ctorio.org.br]. Acesso


em: 11/04/2007.

DIONISOS - Teatro de Arena. Rio de Janeiro: MEC-SNT , nº 24, out. 1978.

EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado

FOGO Frio. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1960]. 1 programa do espetáculo
realizado no Teatro de Arena.

GUERINI, Elaine. Nicette Bruno & Paulo Goulart: tudo em família. São Paulo: Cultura -
Fundação Padre Anchieta: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. 256 p.
(Aplauso Perfil). 792.092 G932n

JOSÉ, do Parto à Sepultura. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1961]. 1 programa
do espetáculo realizado no Teatro Oficina.

MAGALDI, Sábato. Um palco brasileiro, o Teatro de Arena. São Paulo: Perspectiva, 1984.

MICHALSKI, Yan. Augusto Boal In: Pequena enciclopédia do teatro brasileiro


contemporâneo. Rio de Janeiro, 1989. Material inédito, elaborado em projeto para o
CNPq.

MICHALSKI, Yan. O teatro sob pressão: uma frente de resistência. Rio de Janeiro: Zahar,
1985.

MOSTAÇO, Edelcio. Teatro e política: Arena, Oficina e Opinião. São Paulo: Proposta,
1982.

Programa do Espetáculo - O Inspetor Geral - 1966. Não catalogado

Programa do Espetáculo - O Noviço - 1963. Não catalogado

Programa do Espetáculo -A Mandrágora - 1968. Não catalogado

SANTOS, Renata. A sombra de Carmem. Bravo, São Paulo, n. 20, p. 130-7, maio 1999.

TBC apresenta Arena-Opinião. São Paulo: TBC, 1965. 1 programa do espetáculo


realizado no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Não catalogado

TEATRO do Oprimido (Internacional). Disponível em:


[http://www.theatreoftheoppressed.org/en]. Acesso em: 11/04/2007.

TEIXEIRA, Isabel (Coord.). Arena conta arena 50 anos. São Paulo: Cia. Livre da
Cooperativa Paulista de Teatro, [2004]. CDR792A681

UM BONDE Chamado Desejo. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1962]. 1
programa
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_______________. O palco amordaçado. Rio de Janeiro: Avenir, 1981.

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AUGUSTO Boal. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo:
Itaú Cultural, 2024. Disponível em:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa4332/augusto-boal. Acesso em: 27 de
março de 2024. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

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