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TEATRO
Augusto Boal
Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 25.10.2023
Augusto Pinto Boal (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1931 - Idem, 2009). Diretor,
autor e teórico. Torna-se referência do teatro brasileiro ao expandir a prática para
a conceitualização teórica, além de ser a principal liderança do Teatro de Arena e o
criador da metodologia conhecida como teatro do oprimido.
Dirige Ratos e Homens (1956), do americano John Steinbeck (1902-1968), que lhe rende o
Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), como diretor revelação. Em
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1957, seu primeiro texto é encenado: Marido Magro, Mulher Chata; nele Boal já demonstra
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domínio na escrita mas ainda não efetiva uma análise social profunda.
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Em 1958, encena A Mulher do Outro, de Sidney Howard (1891-1939), que agrava a crise já
instalada no grupo, salvo da falência com a montagem Eles não Usam Black-Tie1. Para
seguir a pesquisa de uma dramaturgia própria, Boal sugere a criação de um Seminário de
Dramaturgia. As produções desses encontros compõem o repertório da fase nacionalista
do grupo, presente até 1962.
Dirige Chapetuba Futebol Clube (1959), de Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974). O texto
investiga a operacionalidade de um pequeno time de várzea, revelando as trapaças
políticas que rondam os campeonatos de futebol. Sua direção é ágil, vigorosa, e ele opta
pelo realismo teatral para melhor ambientar o universo proposto pelo autor e atingir mais
"energicamente" o espectador.
Em 1960, seu texto Revolução na América do Sul, com direção de José Renato, o eleva ao
posto de um dos melhores dramaturgos do período no panorama paulista. No ano
seguinte, completando a fase nacionalista, dirige O Testamento do Cangaceiro, de Chico de
Assis (1933-2015), ainda uma abordagem dramatúrgica com base na literatura popular,
com cenários e figurinos de Flávio Império (1935-1985) e com Lima Duarte (1930) no
elenco.
A partir de 1962, o Arena inicia uma fase de nacionalização dos clássicos, e Boal assume a
liderança do elenco. A qualidade dos espetáculos torna-se superior, como em A
Mandrágora, de Maquiavel (1469-1527), que, apreciado especialmente por sua construção
estética, volta a chamar a atenção para Boal como diretor.
Com a mesma perspectiva, novas versões do espetáculo são elaboradas, como Arena
Conta Tiradentes (1967), que, do ponto de vista da linguagem, busca criar uma empatia da
plateia com a personagem de Tiradentes, despertando o entusiasmo revolucionário e
uma visão crítica sobre os acontecimentos. Mais uma vez, a música tem papel
fundamental. Com direção musical de Theo de Barros (1943), o refrão "de pé, povo levanta
na hora da decisão" pontua toda a montagem, conclamando explicitamente a plateia na
resistência à ditadura.
A Primeira Feira Paulista de Opinião (1968), concebida e encenada por Boal, trata-se de uma
reunião de textos curtos de vários autores. O diretor apresenta o espetáculo na íntegra,
ignorando os cortes estabelecidos pela censura, incitando a desobediência civil, e luta
arduamente pela permanência da peça em cartaz, depois de sua proibição.
Com o decreto do Ato Institucional nº 5 (AI-5), ainda em 1968, o Arena viaja para fora do
país, excursionando até 1970. Boal escreve e dirige Arena Conta Bolívar, ainda inédita no
Brasil, que se soma ao antigo repertório.
Preso e exilado em 1971, Boal prossegue sua carreira no exterior, inicialmente na
Argentina, e desenvolve a estrutura teórica dos procedimentos do teatro do oprimido.
Muda-se para Portugal, onde vive por dois anos, trabalhando com o grupo A Barraca.
Ainda na década de 1970, em sua produção teórica, lança livros como O Teatro do
Oprimido e Outras Políticas Poéticas (1975) e Técnicas Latino-Americanas de Teatro Popular
(1979). Com a Lei da Anistia, retorna ao Brasil em 1984 e volta a dirigir importantes
espetáculos no Rio de Janeiro. A partir de 2000, sua atuação encontra-se voltada para o
teatro do oprimido.
Augusto Boal une a prática dos palcos com a teoria para conceber uma dramaturgia
política, mas também estética. Sua experiência no Teatro de Arena, com episódios
históricos e encenações políticas, e no teatro do oprimido, mesclando arte com bandeiras
sociais, faz dos palcos um ambiente de construção de narrativas e posicionamento diante
da violência e censura do Estado.
Notas
1. Texto de Gianfrancesco Guarnieri, dirigido por José Renato, que além de salvar o Arena
da falência, fortalece o grupo enquanto grande revolução da cena teatral brasileira.
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Obras 2
Augusto Boal
Registro
fotográfico
autoria
desconhecida
Registro
fotográfico Derly
Marques
Espetáculos 155
Ratos e Homens
Juno e o Pavão
Exposições 3
AUGUSTO BOAL
14/1/2015 - 16/3/2015
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Fontes de pesquisa 24
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa4332/augusto-boal 3/5
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ARENA conta Tiradentes. São Paulo: Teatro de Arena, 1967. 1 programa do espetáculo
realizado no Teatro de Arena. Não catalogado
CAMPOS, Cláudia de Arruda. Zumbi, Tiradentes e outras histórias contadas pelo Teatro
de Arena de São Paulo. São Paulo: Perspectiva: Edusp, 1988.
EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado
FOGO Frio. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1960]. 1 programa do espetáculo
realizado no Teatro de Arena.
GUERINI, Elaine. Nicette Bruno & Paulo Goulart: tudo em família. São Paulo: Cultura -
Fundação Padre Anchieta: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. 256 p.
(Aplauso Perfil). 792.092 G932n
JOSÉ, do Parto à Sepultura. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1961]. 1 programa
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MAGALDI, Sábato. Um palco brasileiro, o Teatro de Arena. São Paulo: Perspectiva, 1984.
MICHALSKI, Yan. O teatro sob pressão: uma frente de resistência. Rio de Janeiro: Zahar,
1985.
MOSTAÇO, Edelcio. Teatro e política: Arena, Oficina e Opinião. São Paulo: Proposta,
1982.
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TEIXEIRA, Isabel (Coord.). Arena conta arena 50 anos. São Paulo: Cia. Livre da
Cooperativa Paulista de Teatro, [2004]. CDR792A681
UM BONDE Chamado Desejo. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1962]. 1
programa
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_______________. O palco amordaçado. Rio de Janeiro: Avenir, 1981.
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AUGUSTO Boal. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo:
Itaú Cultural, 2024. Disponível em:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa4332/augusto-boal. Acesso em: 27 de
março de 2024. Verbete da Enciclopédia.
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