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HOMENAGEM BANESPREV

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— É teatro popular, retrata seu povo, seu público, que
se enxerga nele, em sua amoralidade, até em sua crítica
política, desde a estréia no palco há mais de meio século.
Mas a peça esconde, sob a capa ingênua, seu extremo

GENIVAL PAPARAZZI, 17/06/2007


rigor formal. “Auto da Compadecida” nasceu clássico –,
assinala Nelson de Sá, colunista da “Folha de S.Paulo”.
Obra mais conhecida da dramaturgia brasileira, “Auto
da Compadecida” foi levada ao cinema (2000) e à televisão
como minissérie (1999), sob o olhar atento de Ariano que
não permite adulterações de suas histórias. A última
Parabéns a você – Em 2007, vestindo as cores do seu time
montagem feita pela TV – e que lhe agradou – foi para o
de coração, Ariano foi festejado pela torcida do Sport Recife
romance “A Pedra do Reino” [“O Romance d’A Pedra do
Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” é o título e em todos os tempos. Então, se em “A Pedra do Reino”
original], escrito em 1971 e que se tornou um marco de consegui tocar na vida, na história do homem nordestino,
ruptura com o ciclo regionalista. estou tocando também nos problemas dos homens de
Local e universal – Dirigida por Luiz Fernando Carvalho, todos os lugares do mundo –, disse ele, em entrevista
em 2008, a minissérie “A Pedra do Reino”, da Rede Globo, concedida há dois anos, durante as comemorações pelo
auferiu um discreto resultado no Ibope, em comparação seu 80° aniversário.
com outras produções da emissora. Na pressa e na Rubro, negro e glorioso – Às homenagens vindas de
superficialidade, a rasteira crítica se agarrou ao óbvio e muitas localidades, inclui-se a do Sport do Recife, seu time
apontou o universo do autor como “um tanto ambíguo de coração. Naquele domingo de junho de 2007, ele foi
em sua relação com a modernidade, quando não lhe é ovacionado pela torcida rubro-negra que lotou o estádio
frontalmente avesso”. De fato, e mesmo sem pretender, da Ilha do Retiro para ver o jogo contra o América-RN
o comentarista acertou: ainda que discutível, a obra e gritar o nome de Ariano Suassuna, que deu a volta
de Ariano Suassuna explicitamente cutuca a moda, o fácil olímpica trajando camisa vermelha e calças pretas.
e o falso da cultura; a servidão e a imitação. Seu alvo Conta-se, aliás, que sua paixão pelo time é tão genuína
é a permanência. a ponto de, tempos atrás, antes de iniciar a gravação
— Eu o fiz [o romance] com a intenção de ser universal. de seu quadro num telejornal pernambucano, Ariano
Se consegui ou não, só o tempo vai dizer. Eu realmente Suassuna testava o microfone, falando: “Viva o povo
acredito que o ser humano é o mesmo, em todos os lugares brasileiro. Viva o glorioso Sport Club do Recife”.

A obra de Ariano
Trinta e cinco títulos, entre inéditos e consagrados
TEATRO As Conchambranças POESIA E ENSAIO
Uma Mulher Vestida de Sol (1947) de Quaderna (1987) O Pasto Incendiado (poemas, 1945-70)
Cantam as Harpas de Sião A História de Amor de Ode. Recife (poemas, 1955)
(ou O Desertor de Princesa) (1948) Romeu e Julieta (1997) Coletânea de poesia popular
Os Homens de Barro (1949) nordestina. Romances do ciclo
Auto de João da Cruz (1950) FICÇÃO heróico (1964)
Torturas de um Coração (1951) A História de Amor de Fernando O Movimento Armorial (1974)
O Arco Desolado (1952) e Isaura (romance, 1956) Iniciação à Estética (1975)
O Castigo da Soberba (1953) Fernando e Isaura (1956) A Onça Castanha e a Ilha Brasil:
Auto da Compadecida (1955) Romance d’A Pedra do Reino e o uma reflexão sobre a cultura brasileira
O Desertor de Princesa (reescritura Príncipe do Sangue Vai-e-Volta (tese de livre-docência em História
de Cantam as Harpas de Sião) (1958) (romance, 1971) da Cultura Brasileira, 1976)
O Casamento Suspeitoso (1957) As Infâncias da Quaderna (folhetim Sonetos com mote alheio (1980)
O Santo e a Porca (1957) semanal do “Diário de Pernambuco”, Sonetos de Albano Cervonegro (1985)
O Homem da Vaca e o Poder 1976/77) Seleta em prosa e verso (1974)
da Fortuna (1958) História d’O Rei Degolado nas Poemas (1999)
A Pena e a Lei (1959) Caatingas do Sertão (romance, 1977) CD – Poesia viva de
A Farsa da Boa Preguiça (1960) Ao Sol da Onça Caetana (novela, 1977) Ariano Suassuna (1998)
A Caseira e a Catarina (1962) Recife, Bagaço (1994)

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Relatório de Atividades 2008

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