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Mestre em Literatura Comparada pela UFC – Universidade Federal do Ceará
INTRODUÇÃO
Emília Freitas, seu nome de batismo é Emília de Freitas Vieira nasceu na cidade
de Jaguaruana, distrito de Aracati em 11 de janeiro de 1855. A cidade de Jaguaruana só
deixa de ser distrito de Aracati a partir de 1865. Hoje seus conterrâneos defendem como
sendo Jaguaruana a sua naturalização e não Aracati. Filha do tenente coronel Antônio
José de Freitas e de Maria de Jesus Freitas. Seu pai faleceu em 1869 deixando sua mãe
viúva e com 12 filhos, dos quais quatro poucos anos depois, também faleceram. Na
época Emília Freitas estava com quatorze anos e sofreu muito a ausência do pai e as
dificuldades financeiras.
Após a morte do seu pai veio residir em Fortaleza onde se dedicou aos estudos
na Escola Normal, dentre eles o estudo das línguas estrangeiras do francês e inglês.
Exerceu o magistério em Fortaleza e em Manaus. Colaborou em vários periódicos
dentre eles: O Lírio, O Libertador, O Cearense, O Estado do Ceará, A Mocidade, A
Brisa, e a Província.
Sua presença era constantemente solicitada para participar de eventos culturais,
dentre eles os movimentos em prol da abolição dos escravos no Ceará, sendo convidada
para ser a oradora da solenidade de instalação da Sociedade das Cearenses Libertadoras,
em 1883.
Após o falecimento dos seus pais, e com os terríveis efeitos da grande seca do
final do século, Emília embarca em companhia do irmão Alfredo Freitas para Manaus.
Lá ela foi nomeada professora do Instituto Benjamin Constant, onde ensinou nos cursos
primário e secundário. No ano de 1900 Emília Freitas casa-se com o jornalista Arthunio
Vieira, na época o casal morava em Manaus e Emília lecionava no Ginásio
Amazonense, seus versos já eram publicados nos jornais, bem como apreciações sobre o
romance A Rainha do Ignoto. Em 1900, Emília e seu esposo o jornalista Arthúnio
Vieira retornam ao Ceará e vão morar em Maranguape, lá em 1901 fundam o jornal
espírita Luz e Fé, o primeiro periódico espiritista do Ceará que trazia o lema “Fere-me
mas ouve-me”, do qual podemos inferir as perseguições a que o casal foi submetido por
preconceito a doutrina espírita.
Emília Freitas volta para Manaus e falece no dia 18 de agosto de 1908, tendo o
seu falecimento noticiado por vários periódicos de Fortaleza e de Manaus, lamentando a
perda da escritora e professora dedicada ao ofício das letras.
O livro Canções do Lar é composto de 128 poemas, suas temáticas versam sobre
a libertação dos escravos, poemas dedicados aos amigos e aos familiares, poemas
sentimentais que expressam a vida de Emília Freitas e a perda precoce de seus pais e
irmãos, e poemas que abordam a sua religiosidade e a sua fé. A obra possui 310
páginas, uma extensa coletânea de poemas que confirmam a sua profícua produção.
Trata-se de uma obra rara e esgotada, pouca abordada nos estudos acadêmicos que se
dedicam com mais entusiasmo a obra A Rainha do Ignoto, pioneira na Literatura
Fantástica.
Fortaleza, - 1877
(Canções do lar, 1891, página 17-18)
Emília Freitas, reconhecida como a poetisa dos escravos foi a responsável por
proferir o discurso na solenidade de instalação da Sociedade das Cearenses
Libertadoras. A pesquisadora Alcilene Cavalcante em sua tese de doutorado Uma
escritora na Periferia do Império: Vida e Obra de Emília Freitas, destaca esse aspecto
da vida da escritora.
No poema A Mãe Escrava a poetisa apresenta o drama de uma mãe que viu os
filhos serem vendidos e apartados do seu seio, chora e sofre pela separação imposta
simplesmente pela cor de sua pele. Os negros vendidos em mercados, exilados de suas
pátrias, de suas famílias, de suas mães, de suas irmãs, de seus filhos. A escritora durante
a sua vida participou ativamente das lutas contra a escravidão juntamente com outras
mulheres que percebiam qual violenta e desumana era essa violação contra o ser negro.
III QUADRO
MINHA MÃE
(Maria de Jesus Freitas)
Emília Freitas, publica na obra Canções do Lar nove poemas com os títulos
QUADRO e nos seus subtítulos os oferecimentos. I QUADRO MEU AVÔ (Jacinto José
de Freitas), II QUADRO MEU PAI (Antonio José de Freitas), III QUADRO MINHA
MÃE (Maria de Jesus Freitas), IV QUADRO MEU IRMÃO (João Baptista de Freitas),
V QUADRO (Antonio Henrique de Freitas), VI QUADRO MEU IRMÃO (Carlos
Augusto de Freitas), VII QUADRO MEU IRMÃO (Cicero Cincinato de Freitas), VIII
QUADRO MINHA IRMÃ (Adelia Adelaide de Freitas), IX QUADRO BABACA,
(Barbara). Através desses quadros podemos comprovar a temática familiar presente em
seu livro. Em destaque o III Quadro dedicado a sua mãe onde está descrito com muita
sensibilidade a relação que ela tinha de respeito, de admiração e de cuidados com a sua
genitora, uma mulher muito educada e dedicada aos seus que vai adoecendo após a
partida de seu esposo. A viuvez a transformou e a levou com o passar dos dias,
deixando somente a dor e as lembranças.
Fortaleza-Junho – 1882
(Canções do lar, 1891, página 106)
EMÍLIA DE FREITAS
Nasceu na cidade de Aracati, Ceará, a 11 de janeiro de 1855. Era filha
do tenente-coronel Antônio José de Freitas e Maria de Jesus Freitas.
Com o falecimento do pai, em 1869, mudou-se para Fortaleza onde se
dedicou a aprendizado de Geografia e das línguas inglesa e francesa.
Em 1885 estudou na Escola Normal.
Ente outubro de 1876 e abril de 1878 enfrentou provas acerbas com o
trespasse de quatro dos seus irmãos. “Parca cruel que quebras ferina já
o quarto fio do fraterno laço!”, é o grito de dor de Emília, ante o
fenômeno da morte que, ainda, não compreendia. Após a
desencarnação de sua mãe, seguiu para o Amazonas, em dezembro de
1892, na companhia de seu irmão Alfredo. Na capital amazonense
ensinou alunos do curso primário e secundário, no Instituto Benjamim
Constant.
Emília de Freitas foi uma das precursoras do movimento feminista
cearense. Numa época de intenso preconceito à ação das mulheres nos
diversos setores da vida social, fez-se poetisa, romancista, jornalista e
espírita. Escreveu nos jornais Libertador, O Cearense, O Lírio, A
Brisa e o Maranguapense, tornando-se conhecida por suas produções
literárias. Foi chamada talentosa jovem e mimosa poetisa. Fora do
Ceará, escreveu nos jornais Revolução e Amazonas Comercial.
Em 1883 engajou-se no movimento abolicionista, discursando
corajosamente, em janeiro desse ano, no “Clube Cearense”, para a
“Sociedade das Cearenses Libertadoras”, onde bradou: “É nosso dever
auxiliar os heróis na árdua empresa de remissão dos cativos”.
Retornando de Manaus na transição do século, organizou, em
Maranguape, com seu marido, jornalista Arthúnio Vieira, redator do
Maranguapense, o Grupo Espírita Verdade e Luz, através do qual
publicaram, em novembro 1901, o jornal “Luz e Fé”, o primeiro
periódico espiritista do Ceará. Neste periódico, distribuído
gratuitamente, ela assinava seus trabalhos com o nome Emília Freitas
Vieira.
Mulher de amplos conhecimentos, deixou publicadas as obras:
Canções do Lar (1891) e o célebre A Rainha do Ignoto (Romance
psicológico) escrito em 1899, livro em que se evidencia a influência
da Doutrina Espírita em suas elucubrações filosóficas.
Esta inesquecível Bandeirante do Espiritismo na Terra da Luz
retornou, no início do século, a Manaus, onde desencarnou aos 53
anos de idade, no dia 18 de outubro de 1908.
(KLEIN, 2000, Páginas 50-51)
O QUE É POESIA?
Concordo com Emília Freitas e reproduzo essa mesma definição toda vez que
alguém me pergunta “o que é poesia”? Poesia é tudo que te faz emocionar. O escritor
Octávio Paz em sua obra O Arco e a Lira apresenta diversas definições para poesia.
A FRANCISCA CLOTILDE
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REFERÊNCIAS