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Guia prático para pais sobre


Educação Sexual Infantil
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sEXUALIDADE INFANTIL
SEM SEGREDOS

Guia prático para pais sobre


Educação Sexual Infantil

2018
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Sobre a Autora
Leiliane Rocha é mãe, psicóloga (CRP 09/013199),
Especialista em Sexualidade Humana, Educadora Parental
pela PDA-USA e palestrante há mais de 17 anos.
É autora do Programa PAS - Prevenção ao Abuso Sexual
Infantil e Programa Sexualidade Infantil Sem Segredos que
já capacitaram mais de 2 mil pais e pais e profissionais da
infância a compreenderem como proteger e como ensinar
crianças a se protegerem do abuso sexual, através de uma
Educação Sexual adequada à idade da criança.

Acompanhe nosso Programa nas redes sociais:


Leiliane Rocha Psicóloga
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Sumário

Introdução........................................................................................................................... 3
Sexo: Um Assunto Proibido para as Crianças.....................................................................3
Tudo Começa na Infância....................................................................................................4
Os Prejuízos pela Falta de Educação Sexual na Infância...................................................6
Capítulo 1: O que é Sexualidade?...................................................................................... 8
Sexo e Sexualidade são a Mesma Coisa?..........................................................................8
Entendendo os Aspectos da Sexualidade.........................................................................10
Como Funciona a Sexualidade na Infância?.....................................................................12
Sexualidade Infantil x Adolescentes e Adultos..................................................................14
Capítulo 2 - O que é Educação Sexual? ..........................................................................17
Por que a Educação Sexual deve Começar em Casa?....................................................19
Alerta aos Pais! Não Deixem para Depois! ......................................................................21
Como as Crianças Aprendem Sobre Sexualidade............................................................23
Capítulo 3: O Desenvolvimento da Sexualidade Infantil ..................................................26
Primeira Fase: De 0 a 2 Anos...........................................................................................26
Segunda Fase: De 2 a 3 Anos - Amo o Meu Cocô!..........................................................32
Terceira Fase: 4 a 6 anos - A Identidade Sexual..............................................................38
Quarta Fase: 7 a 10 anos - É Hora de Fazer Amigos e Conhecer o Mundo....................44
Capítulo 4: Respostas às Principais Dúvidas sobre Sexualidade ...................................49
Meu Filho Fez Uma Pergunta Sobre Sexo, Como Devo Agir?........................................50
Respostas às Principais Dúvidas das Crianças...............................................................54
Principais Dúvidas dos Pais sobre Sexualidade Infantil...................................................65
Capítulo 5: Educação Sexual Infantil na Prática............................................................. 82
Como Começar a Educação Sexual? .............................................................................82
Tenho Vergonha de Falar Sobre Sexo com Meu Filho, o que Devo Fazer?...................84
Quem Deve Falar Sobre Sexo: o Pai ou a Mãe?.............................................................85
Descobri que Errei Muito na Educação do Meu Filho, e Agora?.....................................85
Ferramentas e Materiais para Ensinar Sexualidade na Prática.......................................86
Lista De Livros de Educação Sexual Infantil....................................................................89
Conclusão .......................................................................................................................90
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INTRODUÇÃO
Meu filho me perguntou: “Como eu entrei na sua barriga”? O
que vou responder? Minha filha de 4 anos quer saber: “O que é
sexo? O que é camisinha? Como vou explicar
isto para ela”?
Essas são perguntas clássicas que as crianças fazem
aos seus pais sobre sexualidade que os deixam, muitas vezes,
aflitos, desorientados e temerosos.

Sexualidade: Um Assunto Proibido Para As Crianças

Percebemos que alguns adultos comentam entre si sobre sua


vida sexual, suas aventuras e suas curiosidades. Em geral, o sexo
é discutido e, às vezes, banalizado nas piadas,
músicas, comerciais de TV, publicações nas redes sociais, etc.
Mas, se uma criança toca no assunto SEXUALIDADE, a
situação fica tensa!! Logo a conversa é encerrada, ou os adultos
fogem, não querem responder, temem falar algo errado ou
inapropriado para a idade da criança. Enfim, os adultos
se apavoram diante da sexualidade infantil.

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Essa realidade tem provocado grandes prejuízos ao


desenvolvimento das nossas crianças, pois elas precisam
aprender sobre sua sexualidade, seu corpo, seus sentimentos,
entender as suas sensações e, mais urgente ainda, se
protegerem do abuso sexual.
Vários estudos realizados comprovaram que falar sobre
sexualidade na infância é a forma mais segura para proteger
a criança do abuso sexual, porque quanto mais informada,
mais protegida estará!
Por esses e por muitos outros motivos, eu decidi escrever
este livro para você! O conteúdo, as ferramentas e as
técnicas aqui apresentadas irão lhe preparar para
desenvolver de forma simples e descomplicada o processo de
Educação Sexual com seus filhos, pois você irá entender os
aspectos fundamentais da sexualidade infantil.

Tudo Começa na Infância

Meus primeiros estudos sobre sexualidade humana


foram direcionados aos adultos. Realizava aconselhamento
e eventos de encontro de casais e mulheres.
Nesses encontros era comum ouvir muitos expressarem
seus problemas sexuais. Me preocupava o número de
mulheres que relatavam não sentir prazer algum na hora da
relação sexual.
Elas me diziam que os principais sentimentos na hora
do sexo eram: angústia, frustração, nojo, desejo de terminar
logo, e além disso, se sentiam usadas, como um objeto de
prazer de seus parceiros. Algumas afirmaram até que a pior
parte do casamento era a relação sexual. Fiquei muito
intrigada com isso e me perguntei: “Como pode ser, se o
sexo é a cereja do bolo do relacionamento a dois?”

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Numa pesquisa realizada com mulheres, discuti as


suas dificuldades de sentir prazer sexual e outras questões
de relacionamento. Elas me expunham que durante a
infância tinham muitas dúvidas, mas seus pais nunca
haviam conversado sobre sexo com elas. Já na
adolescência, trocavam ideias com os amigos e iniciaram a
vida sexual sem os conhecimentos básicos sobre seu corpo e
o sexo em si.

A grande maioria dos transtornos da


sexualidade e do ato sexual tem origem
na infância. Portanto, não temos como
ignorar esse assunto.

Logo comecei a perceber o


quanto a falta de prazer
sexual impactava diretamente
na autoestima dessas
mulheres, na qualidade do
casamento, na forma como
elas e relacionavam com
outras pessoas, na maneira
de educar os filhos, nos
seus sonhos e projetos de
vida.
Fiquei em estado de
choque!! Ficou ainda mais
claro para mim, o quanto a
sexualidade era um assunto
muito sério.

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Os Prejuízos pela Falta de Educação Sexual na Infância

O que mais me surpreendeu foi ouvir dessas mulheres que a


maioria tinha passado por algum tipo de abuso sexual e que não
sabiam como se proteger, nem mesmo que estavam sendo
abusadas! Em casa, o assunto “sexo” era proibido, ou quando era
falado, sempre dava a ideia de algo negativo, sujo e inadequado,
“assunto de adulto”.
Atuando no contexto escolar, se tornou comum ouvir dos pais e
educadores a grande dificuldade de responder aquelas “perguntas
embaraçosas” das crianças. O desespero se tornava maior quando
elas estavam tocando os seus genitais ou de um coleguinha na
sala de aula, "brincando de médico" com um primo ou amigo em
um lindo passeio de final de semana...
Enfim, muitas eram as situações melindrosas, que na verdade,
representam as manifestações sexuais das crianças. Ficou claro
que elas queriam entender o que estava acontecendo com o seu
corpo e sentimentos, mas os adultos não sabiam explicar, seja por
medo ou desinformação.

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Constantemente me perguntavam: “Que palavras usar?


Como e quando realizar a Educação Sexual? Existe alguma
técnica ou materiais para nos auxiliar?”.
Foi aí que criei o Programa Sexualidade Sem Segredos ,
composto por palestras, seminários, workshops, treinamentos,
formação para pais, educadores, psicólogos e outros
profissionais. Recebi diversos depoimentos da transformação
que esse conhecimento havia causado na vida deles e como
sua visão sobre sexualidade infantil havia mudado
completamente.
Por isso, minha missão de vida se tornou formar adultos
capazes de educar crianças emocionalmente e sexualmente
saudáveis, e principalmente, ensinar crianças a se protegerem
do abuso sexual.
Ao escrever esse livro "Sexualidade Infantil Sem
Segredos", procurei tornar o processo de Educação Sexual
Infantil o mais acessível possível, para que você possa dar os
seus primeiros passos.
Aqui você vai encontrar o conteúdo teórico e prático
deste processo de Educação Sexual. Ao concluir a leitura,
poderá conhecer uma nova realidade, ao entender a
perspectiva da criança sobre o tema, e se sentirá mais seguro
para abordar o assunto com uma conversa franca e saudável.
Eu acredito em você, acredite também!
Boa leitura!

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Capítulo 1
O que é Sexualidade?

Sexo e Sexualidade São a Mesma Coisa?


Quando se fala em sexualidade, as pessoas logo pensam em sexo.
Muitos não conseguem diferenciar um termo do outro. Por isso, fiz
questão de começar este capítulo apresentando o significado de cada
um.
Sexo se refere às características fisiológicas que diferenciam o
homem e a mulher: as características físicas, os órgãos genitais, ou
seja, o que define o sexo masculino e feminino. Também significa a
relação sexual.

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Já a sexualidade é bem mais ampla e não tem um significado


tão simples. Ela é um privilégio exclusivo do ser humano, nenhum
outro ser vivo desfruta deste privilégio. Somos os únicos!! Por
isso, convido você a conhecer este grande presente!
A sexualidade é a energia que há no ser humano que o leva à
busca de prazer em todas as áreas da vida, seja profissional,
amorosa, familiar, espiritual, etc. É ela que nos motiva a encontrar
o amor, a realizar os nossos sonhos, a desejar ter amigos, a
acordar todos os dias para trabalhar, a brincar com nossos filhos e
muitas outras coisas.
É uma necessidade básica que, se não for suprida,
não conseguimos viver, porque é através da sexualidade
que damos, recebemos e compreendemos o afeto, o prazer,
o carinho, os gestos, a comunicação, o toque, a intimidade,
a relação sexual, as reflexões, os aprendizados, as tomadas
de decisões e os valores morais.
O prazer de amamentar, de comprar um sapato, um carro, de
saltar de bang jump, de sair com os amigos, de comer, dormir, ir à
igreja, diz da nossa sexualidade. O nosso interesse de abraçar,
tocar alguém, conversar, não importa quem seja, é dirigido pelas
nossas energias sexuais.
A sexualidade não pode ser separada de nenhum outro aspecto
da vida, pois ela está ligada ao modo como a gente pensa, sente,
age e interage, envolvendo o nosso bem-estar físico, mental,
espiritual, social, familiar e, até mesmo, financeiro.
Por exemplo: Alguém que tem baixa autoestima, que se
menospreza, que sempre se sente inferior, está com a sexualidade
em baixa.
Você conhece alguma pessoa que tem dificuldade de
desenvolver amizades saudáveis, que nenhum ambiente a agrada,
que prefere se isolar? Pois é, esta pessoa demonstra que a sua
energia sexual precisa ser alimentada.

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Resumindo em uma frase:

A sexualidade é a forma como cada


pessoa se percebe e se relaciona com
as outras.

Ela é expressa pela forma que falamos, tocamos e somos


tocados, ou seja, como nos comportamos. Não tem como
pensar a vida sem a sexualidade, pois ela é um aspecto
central na vida de todos.

Entendendo os Aspectos da Sexualidade

Vamos agora entender melhor os muitos aspectos


da sexualidade, e para isso, observe as figuras:

Sexualidade é... Sexo é...


Afeto, prazer, carinho, gestos,
Órgãos genitais:
comunicação, toques, intimidade,
masculinos e femininos;
valores, SEXO, reflexões, Relação sexual.
aprendizado, tomadas de
decisões, valores, autoestima,
relacionamentos, etc.

A sexualidade é o instrumento mais poderoso nos


relacionamentos, é por meio dela que aprendo sobre mim
mesmo, e percebo o meu valor e o valor de cada pessoa com
quem me relaciono, que aprendo a me amar e também amar
ao outro.

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Mas, atenção! Para compreender a sexualidade na


infância, é necessário entender um ponto fundamental:

Todo ser humano tem sexualidade, embora nem todos façam


sexo. Ou seja, uma pessoa pode, sim, desenvolver a sua
sexualidade sem necessariamente praticar nada relacionado ao
ato sexual. É isso que acontece com as CRIANÇAS!

Uma vez que conseguimos enxergar a sexualidade infantil


como ela é, percebemos a importância de realizarmos a
Educação Sexual o quanto antes, pois as bases que
fundamentam a nossa sexualidade para a vida adulta são
construídas na infância! Na adolescência acontece a forte
expressão da sexualidade, mas a principal formação é desde os
primeiros anos de vida.

O adolescente vai exercer sua


sexualidade buscando alguém para
vivenciar tudo o que ele aprendeu na
infância, ou seja, como tratar uma
pessoa, como oferecer carinho, como
se comunicar, como aceitar seu
corpo, etc.
Assim, se o adolescente se ama
ele irá tratar a sua namorada com
mais amor e delicadeza. Mas, se a
sua autoestima está doente,
fragilizada, a tendência será
desvalorizar o outro.
Quantos adultos que não se
aceitam, rejeitam as opiniões dos
outros, são intolerantes com as
diferenças, acreditam num ideal de
beleza e menosprezam a si e ao
outro por não alcançar esse ideal?
Estas ideias e pensamentos são
construídos, em sua maioria na
infância.
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Como Funciona a Sexualidade Na Infância?

Nós fomos ensinados a enxergar uma criança como um ser puro,


inocente, angelical, assexuado, porque na visão da sociedade,
sexualidade e criança são conceitos que não combinam.
Agora, quando falamos sobre a adolescência, a primeira coisa
que nos vem à mente são os hormônios, sexo, ficar, namorar, isso
porque nós somos convencidos pela cultura do nosso país, pelo
discurso familiar, que a sexualidade começa na adolescência. Mas,
não é bem assim.
A infância é o momento de transmitir conhecimento, porque até
chegar a adolescência o sexo está fora do mundo da criança, pois
seu corpo e seu cérebro ainda não têm o amadurecimento necessário
para o ato sexual.
Isso quer dizer, que o corpo da criança não produz ainda os
hormônios sexuais. Somente quando estes hormônios são liberados
(na adolescência) é que há, naturalmente, o impulso erótico com o
objetivo de uma relação sexual.
Portanto, a criança não tem intenção ou desejo pelo sexo, pois
não tem maturidade nem física e nem psicológica para se envolver
em qualquer tipo de carícia sexual.

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A sexualidade se dá através das


primeiras construções afetivas do
bebê com os pais, com a família e
com a sociedade.
É principalmente a mãe (ou quem
desempenha a função materna) quem
“alfabetiza” os sentidos da criança na
relação e vínculo entre ela e o bebê. O
que é “alfabetizar” esses sentidos?
Dar valor ao olhar, ao cheiro, ao
toque, ao que ver, ao que fala, come.
A partir do significado que é dado a
tudo isso, a criança vai se sentindo
aceita e compreendida.
Onde está a sexualidade da
criança? No seu corpo, no seu olhar,
no sentimento, no pensamento. A
sexualidade na infância geralmente é
expressa no relacionamento dela com
o mundo, com aquilo que lhe dá
prazer, principalmente, com os órgãos
dos sentidos. Vamos explicar mais
detalhes sobre esses aspectos no
capítulo 3.
A criança tem que ser guiada na
construção da sexualidade saudável,
porque isso irá determinar
diretamente na forma como ela se
percebe e se relaciona com o outro.

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Sexualidade Infantil X Adolescentes e Adultos


A sexualidade na infância, como já explicamos, não tem
nenhuma ligação com o ato sexual, ou seja, é aquela que
possuímos desde o ventre materno, é a busca pelo prazer e
descoberta do próprio corpo.
Nesta fase, quando a criança se toca, ela não tem
fantasias sexuais, é somente um toque de descoberta do
corpo, pois o ato sexual ainda não faz sentido para ela.
A personalidade de uma pessoa depende da forma como a
sua sexualidade foi desenvolvida. Por isso, a criança manifesta
mais sua sexualidade através da afetividade.
Portanto, a sexualidade da criança se traduz no toque não
sexual (quando a criança se toca, toca no outro ou recebe
toque), é uma forma de se conhecer e de dar e receber
carinho com quem ela se relaciona.

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Já o toque sexual é aquele que busca o prazer com intenções


para a relação sexual . Essa é uma característica que não está
presente no comportamento natural das crianças, pois só se
manifesta a partir da adolescência.
Veja as figuras abaixo e perceba estas diferenças:

Sexualidade de
Sexualidade Infantil
Adolescentes e Adultos

Sem intenção para o Com intenções sexuais;


ato;
Busca de um parceiro
sexual;
Dar e receber carinho
Dar e receber carinho;
Forma de se relacionar
com o outro. Forma de se relacionar
com o outro.

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É partindo deste
conceito que vamos
buscar entender a
sexualidade infantil e a
importância de oferecer
Educação Sexual desde o
ventre materno.
Mas... O que é
Educação Sexual? Vamos
explicar melhor no
próximo capítulo.

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Capítulo 2
O que é Educação Sexual?

A Educação Sexual refere-se ao processo de ensino-


aprendizagem da sexualidade humana, desde as informações
mais básicas referentes ao corpo, aos órgãos sexuais, sexo, de
onde vêm os bebês, até as discussões e reflexões sobre valores,
sentimentos, emoções e atitudes que se relacionem com a vida.

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Lembrando que a vida sexual,


ou seja, a sexualidade de uma
pessoa não é somente o ato
sexual, mas a forma como ela se
percebe e que se relaciona com as
outras pessoas.
Portanto, não podemos limitar
o conceito de Educação Sexual
Infantil somente à conversa
sobre sexo, mas a tudo
que envolve o mundo da criança,
considerando suas necessidades,
seus desejos, suas opiniões, pois
tudo isso é sexualidade.
Na conversa sobre sexo podem
surgir diversos assuntos que
apontam o estado emocional
da criança, o que ela pensa sobre
si mesma, sobre sua família, sobre
seus amigos, sobre sua
professora, etc.
É uma grande oportunidade
para conhecer melhor as emoções
e a individualidade do seu filho.

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Por Que a Educação Sexual Deve Começar em


Casa?

A família é a instituição mais importante para o processo de


Educação Sexual. É no lar que as bases são construídas, é nos
pais que a criança mais acredita e confia. Por isso, devemos ter
consciência de nosso papel como soberanos e essenciais na
formação da sexualidade dos nossos filhos. Mas isto não significa
que a família deva ser a única a oferecer Educação Sexual, NÃO!
Afirmo isto, porque grande parte dos casos de abuso sexual
ocorre dentro da família. Se a criança só ouvir sobre corpo,
sentimentos, prevenção ao abuso no meio familiar, muitas delas
estarão desprotegidas. Por isso que escolas, instituições
religiosas, ONGs, etc., também devem ensinar sobre autoproteção
e outros aspectos da Educação Sexual.

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Vou lhe apresentar abaixo mais alguns benefícios da


Educação Sexual na família:

Diminui a ansiedade e angústia da criança,


provocadas pela falta de informação;
Ajuda a criança no processo de aprendizagem na
sua vida escolar, pois alimenta a sua vontade de
saber, de perguntar; impactando positivamente a
capacidade cognitiva da criança;
Contribui diretamente para a construção de uma
visão positiva da criança sobre si mesma e o outro;
Ajuda a criança a construir relacionamentos
saudáveis na infância, na adolescência e na vida
adulta;
É uma excelente forma de ensinar a criança a
expressar suas emoções e sentimentos;
Aumenta a intimidade entre a criança e seus pais;
Aumenta a afetividade entre os pais e filhos, dando
à criança o sentimento de que pode contar com
seus pais, tanto no presente quanto na
adolescência.
E principalmente, ensina a criança a se proteger do
abuso sexual.

Ahhh... o abuso sexual, que assunto tão melindroso, tão


íntimo e carregado de sofrimento e silêncio!! Este é um dos
pontos que mais me preocupa diante da ausência de Educação
Sexual Infantil.
Nestes 15 anos de trabalho realizado na área da
sexualidade, ouvi diversos relatos pesados e tristes. Era, e é,
muito comum ouvir: “eu nem sabia que estava sendo abusada”,
“eu não sabia como me proteger”, “eu fui abusado por seis anos
e não conseguia contar para ninguém”.

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Muitas pessoas me falavam, e me falam, do quanto


os traumas e dores causados pelos abusos sexuais sofridos na
infância, haviam distorcido profundamente a sua visão de si, de
sexo, de sexualidade, de relacionamento, de
sentimentos e de felicidade.
Talvez, você pai e mãe, que está lendo agora este livro,
também foi vítima de abuso e ainda carrega dores na alma,
pode estar pensando: “Eu quero fazer de tudo para evitar que
meu filho sofra um abuso sexual!”

Os pesquisadores, psicólogos, educadores afirmam que a forma


mais eficaz e segura de prevenir o abuso sexual é através da
Educação Sexual Infantil. Porque quanto mais informada estiver
a criança, mais protegida ela está.

Lembre-se: Educar sexualmente uma


criança significa ensiná-la a se amar, a lidar
com suas emoções, a se proteger do abuso
sexual e a construir relações saudáveis.

Alerta Aos Pais: Não Deixem Para Depois!

Muitos pais acreditam


que só devem começar a
conversar sobre sexualidade
quando seus filhos estiverem
entrando na adolescência, é
por isso que estamos tendo
muitos prejuízos com esta
espera, com este medo de
oferecer Educação Sexual.

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As crianças estão perdidas, sem saberem lidar com


seu corpo, com suas emoções, sem entenderem sua sensações;
buscando por si mesmas as repostas para as perguntas e
curiosidades sobre sua sexualidade, e ainda, sem noção
nenhuma para se protegerem do abuso sexual.
Quando estou realizando trabalho de Educação Sexual
nas escolas, me impressiono com o número de adolescentes que
desconhecem aspectos básicos da sexualidade, porém a maioria
já teve a primeira relação sexual.

Conforme a pesquisa da
psiquiatra e sexóloga Carmita
Abdo¹, adolescentes brasileiros
iniciam a atividade sexual na faixa
entre os 13 e 17 anos de idade. E
neste mesmo sentido, um relatório
publicado pela ONU², apontou que
um em cada cinco bebês que
nascem no Brasil é filho de mãe
adolescente.
Meninas estão engravidando por
desconhecerem aspectos básicos
sobre os métodos contraceptivos, e
o pior, infecções sexualmente
transmissíveis (ISTs), como: sífilis,
clamídia, gonorreia, herpes estão
girando entre a garotada e os
jovens. Um grande número deles
sequer conhece os sintomas e
ignoram os riscos de contaminação.

1. Pesquisa Mosaico 2.0 https://jornal.usp.br/atualidades/adolescentes-iniciam-vida-sexual-cada-


vez-mais-cedo/
2. Organização das Nações Unidas, relatório publicado em 17/10/2017.

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Sabemos que os adolescentes têm um certo


conhecimento sobre as ISTs, mas carregam muitas dúvidas
que os colocam em situação de risco. Como os pais
apresentam grande dificuldade para falar sobre sexo com
seus filhos, eles acabam procurando informações em fontes
não confiáveis para conhecerem da prática sexual e não
sobre a prevenção dessas doenças.
Conforme pesquisadores, os principais fatores que
contribuem para esta realidade é a desinformação causada
pela ausência de uma Educação Sexual.
Se na infância o canal de comunicação não for aberto, na
adolescência será mais difícil, porque nesta fase os seus filhos
procurarão os amigos, pois é com eles que se identificarão e
a tendência é ficar mais distante dos pais.
Na adolescência eles estão mais preocupados em saber
como praticar, desejam vivenciar experiências sexuais,
embora não tenham maturidade para isso.
Assim, aqueles pais que querem ensinar algo sobre sexo
só na adolescência são muitas vezes ignorados pelos seus
filhos, o que os deixam vulneráveis aos conselhos alheios.

Como As Crianças Aprendem Sobre


Sexualidade?

A sexualidade é
transmitida de várias formas
diferentes. No nosso
cotidiano, nós exprimimos
nossa sexualidade para os
nossos filhos, amigos, e
pessoas com quem nós nos
relacionamos.

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O modo como falamos, nos vestimos ou comemos


são formas de expressão da nossa sexualidade. A todo
momento estamos educando sexualmente as crianças, quer
queiramos ou não. O nosso comportamento em geral passa
uma visão positiva ou negativa, porque nós pais somos os
maiores responsáveis pela Educação Sexual dos nossos filhos.
Abaixo listamos algumas formas que as crianças aprendem
sobre sexualidade na família:

Pela forma como são tocadas, seguradas,


confortadas, abraçadas e cuidadas.
Observando a maneira como a família expressa
afeição e carinho uns pelos outros.
Por meio do conhecimento do próprio corpo e
suas sensações.
Pelo conhecimento do que é e o que não é
permitido fazer.
Por meio de palavras que a família usa para
fazer referência às partes do corpo,
principalmente aos órgãos sexuais.
Pela reação da família diante de manifestações
sexuais, das perguntas sobre sexo.
Através da transmissão dos valores da família.

Pesquisas comprovam que:

A falta da Educação Sexual causa prejuízos


emocionais, psicológicos, formando na criança uma
visão distorcida de si e dos outros.

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Capítulo 3

O desenvolvimento da Sexualidade
Infantil

O desenvolvimento da sexualidade está diretamente ligado ao


desenvolvimento emocional. Um não acontece sem o outro. Neste
processo, o prazer vai passeando pelo corpo durante toda infância.

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Primeira Fase:
De 0 a 2 Anos
No Ventre Materno

Desde o ventre a nossa sexualidade começa a ser


desenvolvida. Na barriga da mãe o bebê boceja, chupa o dedo,
escuta, sorri, dorme, acorda, soluça, tem ereções, procura
posições mais confortáveis, responde a vários estímulos.
A partir da 16ª semana de gravidez o bebê começa a ouvir
sons e a partir da 21ª semana reconhece a voz da mãe. Ao
conversar com o seu bebê a mãe e o pai vão criando um
espaço para seu filho na vida deles, a conexão afetiva é
iniciada e o desenvolvimento da sexualidade também.
As experiências emocionais que o bebê vivencia quando
ainda está na barriga de sua mãe já fazem parte do processo
de construção das suas emoções e do seu psiquismo, que
podem levar a consequências durante sua vida, principalmente
na primeira infância.
Situações que causam angústia, estresse e ansiedade à
gestante, trazem tensão ou até sofrimento ao feto, pois ele
consegue captar todos os estados afetivos de sua mãe, sejam
positivos ou negativos.
Tudo o que a mãe pensa e sente é comunicado por meio de
neuro-hormônios e absorvido inconscientemente pelo feto, o
que pode lhe gerar problemas físicos e emocionais antes e
após o nascimento. Inclusive, especialistas afirmam que mães
que passam por angústias e estresse prolongado, a criança
pode ter de 3 a 4 vezes mais chances de ser depressiva.

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Por isso, enfatizamos a importância da gestante poder


contar com o apoio e presença do parceiro e da família,
oferecendo cuidados, afeto, carinho e uma escuta compreensiva
para que as angústias e ansiedades maternas possam ser
acolhidas sem julgamentos ou ofensas.
Isso é fundamental para o equilíbrio da relação mãe-bebê e
o desenvolvimento físico, mental e psicológico do feto.
Ainda na gravidez, tanto o pai quanto a mãe devem
conversar com o bebê acariciando a barriga, cantar ou colocar
músicas de relaxamento.

Após o nascimento

Ao nascer, a boca é a região do corpo pela qual o bebê tem


mais prazer. Sugar, mamar, morder, chupar são atividades que o
faz se sentir bem e seguro.
A amamentação (seja no peito ou na mamadeira) é
fundamental para a construção afetiva-sexual do bebê.
Não podemos negar que o leite materno é o melhor
alimento do mundo, que as mães devem priorizar oferece-lo e
que, como bem coloca o psicólogo Wagner Fiori³, a ausência de
aleitamento materno está diretamente ligada a sérios
problemas no desenvolvimento emocional da criança.
Mas quando se trata de relação com o bebê, quero deixar
claro que tanto no peito quanto na mamadeira ou copo, o
momento da refeição deve ser de total interação com a criança,
pois o mamar é um evento muito especial para ela, além do
alimento, a criança precisa sentir sua mãe ou quem o está
oferecendo.

3. CLARA REGINA RAPPAPORT; WAGNER DA ROCHA FIORI; ELIANA HERZBERG. Psicologia do


Desenvolvimento - A Infância Inicial: O bebê e sua mãe - São Paulo: Editora E.P.U, 1980.

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O mais importante para o bebê não é somente o leite, mas


como este leite é dado. O estado emocional do adulto que oferece
a refeição à criança deve ser o melhor possível.

Dica: Ao alimentar o bebê a mãe, o pai ou cuidador devem:

1- Estar limpos e calmos;


2- Evitar barulhos - oferecer um ambiente tranquilo;
3- Conversar - dizer que ele é um presente, que este é um
momento especial;
4- Olhar nos olhos – passa segurança para o bebê
5- Fazer carinho por todo o corpo do bebê.

É nesta relação que o bebê entende que é amado e protegido,


que o prazer sentido através da boca é percebido positivamente
pelo seu cuidador. Tudo isto lhe transmite uma forte sensação de
segurança e conforto que são essenciais para o desenvolvimento
saudável da sexualidade.

Meu filho coloca tudo na boca!


Quando o bebê cresce mais um
pouquinho e começa a engatinhar,
pegam os objetos do chão e colocam
na boca. É comum as mães dizerem: -
“Tudo o que meu filho vê coloca na
boca”. Isso é normal e saudável para
o desenvolvimento da sexualidade e
das emoções dele, pois através da
boca é que ele conhece o mundo
e explora os ambientes.

Dica: No momento que seu bebê levar um objeto à boca,


não o arranque de suas mãos ou brigue com ele. Pegue
o objeto, apresente para seu filho e lhe ofereça outra
coisa para ele brincar que possa levar à boca.
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O poder do toque
A pele é o maior órgão do corpo humano, e é por meio dela,
que sentimos o mundo. A forma como tocamos numa criança vai
formando o conceito e percepção que ela terá do seu corpo, e de
como ela merece ser tocada.
Quanto mais os pais ou cuidadores tocarem o bebê, e buscarem
compreender suas emoções, mais segurança e amor transmitirão.
O abraço é um exemplo desse toque. Quando o bebê é abraçado,
ele sente emoções positivas e neste momento o cérebro libera
hormônios importantes, inclusive o do crescimento. A ausência do
abraço provoca grandes prejuízos no seu desenvolvimento.
Nos dois primeiros anos de vida, o toque é fundamental para o
desenvolvimento da sexualidade do bebê porque permite a criação
de laços afetivos, proporciona uma sensação intensa de prazer e vai
dando à criança a consciência de que ela tem um corpo, que este
corpo é importante e aceito, ou seja, ela começa a compreender o
seu esquema corporal.

DICA: 1. Faça diariamente uma massagem no seu bebê, e converse


com ele, apresentando com carinho cada parte do corpo. Ex: "Essa é
sua mãozinha". "Que pezinho lindo".
2. Quando possível, aproveite a troca da fralda e do banho para
interagir com o bebê. Ex: "Vamos limpar esse corpinho?". "Você é
especial, por isso eu amo cuidar de você."

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Para conhecer mais sobre o Programa Sexualidade Sem Segredos, acesse: www.leilianerocha.com
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Chupetas e mamadeiras

Como até os dois anos o prazer da criança estará mais


centralizado na boca, o peito, a mamadeira, a chupeta e os
mordedores fazem parte da vida dela.
Estudos apontam vários malefícios quanto ao uso de
chupetas e mamadeiras, como: prejudicar a amamentação por
causar a confusão de bico, problemas respiratórios, na
dentição, no sono, na fala, entre outros. A OMS (Organização
Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde orientam que não
sejam utilizadas chupetas e mamadeiras.
Dica: Pesquise mais sobre este assunto e tire suas
conclusões.
Mas, antes de julgarmos uma mãe que ofereceu esses
acessórios para o seu filho, precisamos entender que talvez
ela não tenha tido condições para amamentar, seja por falta
de conhecimento, falta de apoio, necessidade de voltar ao
trabalho ou porque escolheu não oferecer o peito.

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Para aquelas famílias que suas crianças usam chupeta e


mamadeira, damos as seguintes orientações:

1- Não prolongue o uso da chupeta e mamadeira por mais de


dois anos de idade: A boca é a área de intenso prazer da
criança do nascimento até os 18-24 meses. Se este uso se
estender para além desta idade, pode trazer prejuízos para o
desenvolvimento psicológico e sexual da criança, além de
outros problemas na dentição, fala, dificuldade de
aprendizagem.

No Curso Online para Pais Sexualidade


Infantil Sem Segredos falamos com
mais detalhes práticos sobre este assunto.

2- Não faça da chupeta a principal forma de acalmar o seu filho:


Quando a criança estiver chorando, busque compreender os motivos
do choro, as emoções dela. Não vá empurrando a chupeta na boca e
dizendo: “Não chore”. Quando a criança chora está precisando de
consolo e compreensão de seu cuidador e não de um objeto na sua
boca.

3-Quando for ensinar seu filho a deixar a chupeta e a


mamadeira, faça isso aos poucos: É muito difícil deixar um
hábito da noite para o dia, principalmente quando se trata de
uma criança nesta fase de prazer intenso na boca.

DICA: Inicie o processo por volta de 1 anos e 6 meses,


para que até 2 anos a criança já tenha deixado a
chupeta e a mamadeira.

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Segunda Fase: De 2 a 3 Anos - Amo Meu Cocô!

A partir de 1 ano e meio, 2 anos de idade a boca vai


deixando de ser a principal zona de prazer da criança. Agora o
que lhe traz mais prazer é controlar o seu xixi e,
principalmente, o seu cocô, porque o ânus se torna uma região
que lhe proporciona grande satisfação.
Parece esquisito para você? Como assim, a criança tem
prazer ao fazer cocô? Sim, é verdade! Ela tem um grande
prazer ao expelir e reter o cocô. E ainda, ela tem um
encantamento e carinho pelas suas fezes, pois são os
primeiros produtos que conseguiu produzir sozinha. Então
quando ela percebe que algo está saindo do seu corpo, e que
não precisou da ajuda de ninguém para isso, se sente muito
importante.
As fezes, para a criança são um presente para os pais, por
isso que nesta fase é comum o seu filho fazer cocô, tirar a
fralda e lhe entregar com todo orgulho dizendo: “Olha
mamãe/papai, meu cocô”.

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Também quando a criança consegue defecar no vaso ou


peniquinho, normalmente chama os pais para lhe
apresentarem o tamanho do cocô que foi feito e na hora da
descarga se despedem dele (“tchau, cocô”!). Todos esses
comportamentos são normais e esperados.
Nesses momentos os pais ou cuidadores precisam agir
positivamente: “Muito bem, filho. Você conseguiu fazer cocô!
Nossa, seu cocô foi grandão, que legal!”

Lembre-se: Nesta fase o cocô é a primeira obra de arte


da criança. Na mente infantil, o que está sendo
oferecido não são fezes, e sim, o mais belo e
importante produto, a sua produção mais criativa.

A reação negativa dos


pais com cara de nojo, com
frases de repreensão do
tipo: “Ai, que nojo! Que mal
cheiro”! “Eca, jogue essa
fralda no lixeiro do banheiro!
Tire isto de perto de mim!
Não quero ver seu cocô não!
Não precisa me mostrar”!,
trazem uma grande
frustração e decepção para
a criança, por ela entender
que estava oferecendo e
mostrando o que sabe fazer
de melhor.

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Agir com reprovação e rejeição leva a criança a entender que


ela é má e que aquilo que produz provoca tristeza e destruição,
além de alimentarem a construção do sentimento de
inadequação. A criança se sente inadequada no mundo e nas
relações, impactando na formação da sua autoestima e em outros
aspectos da sexualidade.
Isso acontece porque o bolo fecal representa o valor de troca
entre a criança e o mundo exterior. É aí que o seu filho também
vai percebendo o quanto é aceito: “Como é que o mundo (minha
família) aceita o que eu ofereço, o que eu crio”? É com o cocô
essa primeira relação.
Levando em consideração que sexualidade é como eu me
percebo e me relaciono com outras pessoas, a criança se percebe
inadequada por produzir produtos destrutivos e na relação com o
outro não se sente aceita.
Por outro lado, se os pais compreenderem esta fase, a criança
sentirá que é boa e que seus produtos são aceitos por gerarem
nos seus cuidadores atitudes de amor e simpatia. Por isso que sua
sexualidade é diretamente afetada.

Desfralde
Cada criança tem seu
tempo para deixar as
fraldas. Digo isso porque
muitos pais se desesperam
quando os filhos passam de
três anos e ainda não
deixaram as fraldas. A
criança precisa de
amadurecimento
neurológico e emocional
para o desfralde. Precisa se
desapegar da sua "obra de
arte", o cocô.

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Não force, não ameace, mas ensine com paciência todo o


processo de fazer xixi e cocô no penico ou vaso. Aos poucos
ela vai aprender. Quanto mais aceita a criança se sentir,
quanto mais positivamente os pais lidarem com as fezes e o
xixi do filho, mais fácil será para deixar as fraldas.

Não esqueça:
Fralda não é tirada, é deixada!

Aprender a controlar o xixi e o cocô é uma grande


conquista para a criança. Ela percebe que pode dominar o
seu corpo, e isto é fundamental para a construção da sua
autonomia e independência.

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As Primeiras Perguntas sobre Sexo

É nesta fase que começam a surgir as primeiras perguntas


sobre sexo. As mais comuns são:
- “Mamãe, por que você tem cabelo na ‘pepeca’ (vulva)?”
- “Papai, por que sua ‘pitoca’ (pênis) é maior que a minha?”
- “Mamãe, você cortou a barriga?” (se referindo à cicatriz da
cesariana).
Mas, se seu filho de 3 anos ainda não perguntou nada, fique
tranquilo. Entretanto, você já pode ir explicando as diferenças do
corpo e abordando outros aspectos da Educação Sexual.
O importante é se apresentar disponível quando as perguntas
chegarem e buscar entender as curiosidades, emoções e
comportamentos sexuais naturais da criança.

Toque nos genitais

Desde os seis meses de idade o bebê já toca e brinca com seus


genitais. Com o desfralde, a criança tem mais acesso ao pênis e a
vulva, porque ficam mais expostos.
Os toques e manipulações se tornarão mais frequentes que
antes, uma vez que a fralda dificultava o acesso direto às partes
íntimas. Agora ela passa a perceber que tem esta parte do corpo
bem desenvolvida, bem legal e diferente.
A manipulação dos órgãos genitais também será mais comum
quando a criança estiver cansada ou na hora de dormir. É nessa
fase também, que aumenta a curiosidade em conhecer as
diferenças físicas e anatômicas, quanto ao formato do pênis e da
vulva.

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Cenas comuns entre crianças desta idade é mostrar seus


genitais, levantar a saia da prima ou da amiguinha para ver como
é a genitália dela; os amiguinhos quando estão brincando exibem
o pênis um para o outro.
Queridos pais, quando virem o seu filho se tocando ou
brincando de médico, fiquem tranquilos: ele não quer praticar
sexo, está apenas querendo descobrir aquela parte do corpo e
percebendo que ela lhe proporciona uma sensação diferente. Isso
não significa que ele vai ser um viciado em masturbação.
Pode ser também, que a criança esteja reproduzindo o que viu
ou o que alguém fez com ela. Isso sim, merece nossa atenção.
Porém, não é o caso de punir a criança ou incriminá-la, mas de
investigarmos cautelosamente se houve algum abuso. Ameaças e
punições calam a criança e afastam os pais da descoberta de
uma possível violência sexual.
Nestas situações, com carinho, oriente seu filho a preservar sua
intimidade.

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Meu filho adora meus seios

Algumas mães me perguntam


sempre, porque seus filhos pequenos
gostam de pegar nos seus seios. Esse
é um comportamento comum porque
alguns deixaram de mamar, mas
ainda têm apego ao seio, e porque
também, estão num momento de
observar as diferenças entre adultos
homens e mulheres.
Os seios têm um grande
significado para as crianças. Foram
sua primeira fonte de alimento após o
nascimento, dependendo do caso, a
sua relação com eles foi duradoura,
várias vezes ao dia, durante todo o
período da amamentação, ele estava
com o seio dentro da sua boca;
portanto não tem como esta relação
acabar tão rápido.

Terceira Fase: 4 a 6 Anos

Por volta dos 4 anos a criança entende


perfeitamente o que é ser homem e mulher, sua
identidade sexual está se formando. A curiosidade
pelos genitais continua, as perguntas sobre sexo e
sexualidade se tornam mais frequentes e mais
elaboradas:

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- Como eu entrei e saí da barriga da mamãe?


- De onde vêm os bebês?
- O que é sexo?
- O que é vagina?
- O que é camisinha?
- Por que meu pênis fica duro?
- Por que sinto cosquinha na xoxota?
- Onde eu morava antes de entrar em sua barriga?
- Quando posso namorar?

Os toques genitais, os jogos e brincadeiras sexuais continuam


(brincar de médico, beijar na boca do amiguinho, brincar de papai e
mamãe, olhar os genitais de outras crianças, observar o corpo das
outras pessoas, etc.).
Essas brincadeiras são comuns para esta faixa etária. Cabe aos
pais orientar as crianças e colocar limites sem ameaçar ou punir. Muita
atenção quando seus filhos estiverem brincando deforma inadequada
para a idade, pois pode ser sinal de abuso sexual.

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Por exemplo: Brincadeiras que incluem sexo oral, que


reproduzem cenas sexuais (penetração de objetos ou dedo na
vagina e ânus, imitação de posições sexuais). Nestes casos,
interrompa a brincadeira e converse calmamente com as
crianças no intuito de investigar com quem e onde aprenderam
estas coisas. Converse com os pais das crianças envolvidas, com
o objetivo de informar e ajudar, e não de acusar.

Fantasias Comuns Na Infância

Vou perder meu pênis! O meu pênis vai nascer!

A partir dos 3 anos os órgãos sexuais ganham maior valor


para o menino e a menina. A vagina e o pênis se tornam o centro
da sua sexualidade, mas o interesse é de conhecê-los.

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Quando a criança se dá conta das diferenças dos órgãos


sexuais é tomada por sentimentos meio perturbadores. O menino
olha para a menina ou para sua mãe e percebe que ela não tem
pênis.
Então, ele pensa: “Será que o piu-piu dela caiu? Se isto tiver
acontecido, será que o meu também vai cair?” Já a menina vê o
pênis do amigo, do irmão ou do seu pai e pensa: “Acho que um
dia o meu pênis vai crescer.”
A menina tem a fantasia de que terá um pênis e o menino,
medo de perder o dele. Isso pode provocar ansiedade e até
angústia na criança.

“Apaixonados” Pelos Pais

Criança não tem fantasia


sexual de adulto, a fantasia
de criança é infantil.
Nesta fase há um
“apaixonamento” pelo pais: A
menina quer conquistar o seu
pai. Por isso, que é comum as
meninas pegarem as roupas
da mãe, calçarem os sapatos
com salto alto, se pintarem
com a maquiagem, porque
na fantasia infantil, quanto
mais ela parecer com a mãe,
mais chance terá de
conquistar seu pai.

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O mesmo acontece com o menino, ele quer competir com o


pai na conquista da mãe. Fantasia que irá casar e ter filhos com
ela. Se coloca como um herói que vai conquistá-la e protegê-la.
Promete que quando crescer vai trabalhar e lhe dá muito
dinheiro. Nessa competição ele teme que seu pai se vingue
cortando o seu pênis. Tudo isso num nível de fantasia.
Por isso, sempre oriento os pais a não brincarem e nem
ameaçarem os filhos com frases do tipo: “Vou cortar este pinto.
Se você ficar pegando no pênis ele vai cair! Se você não lavar
este pinto, vai criar bicho e cair!” Ameaças assim podem trazer
graves consequências para o desenvolvimento psicológico da
criança.

Lembro-me que uma vez,


brincando com meu filho que ia
fazer 4 anos, peguei no pênis
dele, disse que tinha arrancado
e fiz o movimento que tinha
jogado pela janela. Ele se
desesperou e disse chorando:
“Mamãe meu pênis está lá
embaixo, vá buscar, por favor!”
Desci correndo as escadas e
subi dizendo que estava com seu
pênis na minha mão. Em seguida
“colei” novamente o pênis no
lugar dele. O alívio foi imediato,
ele soltou um sorriso e disse:
“Mamãe, amo muito meu pênis”.
O confortei, contornei a situação
e nunca mais fiz esse tipo de
brincadeira.

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Não beije a minha mãe! O papai é meu namorado!

Como disse acima, é comum nesta fase a menina


expressar que quer namorar com seu pai e o menino dizer que
vai casar com sua mãe. Também alguns ficam com raiva
quando o pai beija a mãe, quando a mãe senta no colo do pai,
quando eles se abraçam. Os filhos querem os pais para si.
No entanto, sempre oriento que os casais não brinquem
com estes sentimentos e comportamentos das crianças,
(dizendo:“Hum... está com ciúmes? O papai é meu!”), mas que
expliquem que eles se amam e gostam de dar carinho um ao
outro.
Deixe claro para os filhos que o seu casamento é
importante. As crianças se sentem confortadas e seguras
quando percebem que seus pais se amam.

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Quarta Fase: 7 a 10 Anos – É Hora de Fazer Amigos


e Conhecer o Mundo

Se as fases anteriores forem vivenciadas de forma saudável,


a criança estará mais habilitada para se inserir no mundo social
e mais aberta para novas experiências e aprendizados.
É por volta dos 6-7 anos que percebemos que os meninos e as
meninas já não querem se misturar como antes. Nascem os
famosos clubes da Luluzinha e do Bolinha. Há uma clara rejeição
da companhia do sexo oposto durante brincadeiras e outras
interações. A competição é bem presente, os meninos querem
mostrar que são mais fortes que as meninas, e essas que são
mais inteligentes que eles.

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As características masculinas e femininas são colocadas em


evidência por eles. Os adultos precisam orientar as crianças para
que não se estabeleça uma “guerra dos sexos” na infância. Isso é
importante para o desenvolvimento sexual e emocional.
É nesse período que as crianças buscam, pessoas para se
identificarem; pessoas diferentes de seus pais, como: professores,
amigos da escola, famosos da TV, personagens de filmes, atores,
cantores, youtubers, etc. Essas novas figuras de identificação,
exercem influência direta no desenvolvimento da sexualidade
dessas crianças.
Cabe aos pais estarem atentos ao que seus filhos assistem,
pois não podemos negar a forte influência dos youtubers adultos
e infantis na formação dos nossos filhos. Pais, vou repetir várias
vezes: desenvolvam uma comunicação aberta para ouvir dos
filhos as experiências vividas dentro e fora do lar.

Nesta fase a
capacidade crítica, a
vergonha e a moralidade
aparecem de forma mais
clara nas atitudes da
criança. A comparação
das habilidades entre os
meninos e da beleza
entre as meninas são
evidentes.
As garotas e garotos
estão com uma grande
capacidade para
aprender, uma vez que o
novo e o mundo fora de
casa os fascinam.

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9-10 anos: Namoro

As conversas sobre namoro são comuns a partir dessa fase.


Eles escolhem namoradinhos na escola e podem chegar a trocar
selinhos em um aniversário ou em outro evento social.
Realizando trabalho de Educação Sexual em escolas, igrejas e
em outros ambientes, ouvi de muitas crianças perguntas sobre
namoro. Em uma dessas escolas uma garotinha de 9 anos me
disse que já namorava de verdade com o seu amigo de 10 anos.
Lhe perguntei: - O que é namorar de verdade? –“Ah tia, é beijar
na boca já colocando a língua. Só selinho é coisa de pirralha”. Ela
disse que sua mãe só vai deixá-la namorar quando começar a
faculdade e que nem sonha que ela já está no segundo namoro
sério.
Sim, as crianças falam sempre sobre namoro, e nesta idade a
maioria não tem um tom tão inocente quanto os pais imaginam.
Muito pelo contrário, elas têm informações tão profundas sobre
sexualidade que até me surpreendem! E, é porque eu pesquiso
sempre sobre o assunto e converso demais com essa galerinha.

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Dentro desta realidade, você não pode perder tempo e


oportunidade para conversar abertamente com seus filhos
sobre sexualidade, sobre o que acontece na vida deles. Se você
não realizar a Educação Sexual necessária, se não oferecer as
informações que eles precisam, tenha uma certeza:

Seus filhos buscarão as respostas para


cada dúvida que tiverem. O problema é
que as fontes podem não ser tão seguras
quanto vocês, pais..

As Principais Perguntas Sobre Sexo Nessa Fase


Dentro do meu arquivo de perguntas sobre sexualidade que
crianças de 7 a 10 anos me fizeram, estas são as mais comuns:

O que acontece com a mulher durante a menstruação?


Se a mulher está grávida e faz sexo, ela pode engravidar de
novo?
Sexo dói?
O que é transar?
Como a mulher sabe que acabou de engravidar?
Por que meu pênis é menor do que o do meu amigo?
Com que idade eu vou menstruar?
Com que idade é certo namorar?
Existem quantos tipos de beijos?
O remédio para não engravidar mata o bebê?
O que é camisinha e como deve ser usada?
Posso engravidar beijando na boca e ficando agarradinho?

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Algumas destas perguntas estão respondidas no próximo


capítulo (Cap. 4). As outras abordaremos no Curso Online para
Pais Sexualidade Infantil Sem Segredos . Vamos lançar em
breve.

Fique atento!

Em alguns grupos já me perguntaram o que é sexo anal,


sexo oral, swing (sexo grupal). Você está assustado com o teor
das perguntas? Fiz questão de apresentá-las para que tenha
consciência da realidade da nossa garotada.
Portanto, pais, estejam prontos para responder a todas as
perguntas naturalmente, percebendo a importância de
estabelecer um diálogo aberto com seu filho. Nessa fase, como
eles já possuem um raciocínio crítico, as respostas precisam ser
mais elaboradas, eles não se convencem com qualquer
conversa.

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Capítulo 4
Respostas às principais dúvidas
sobre sexualidade

Aviso importante!!

Se você olhou o sumário deste livro e veio direto para


este capítulo, por favor, volte e comece a leitura desde o
início, para que sua compreensão sobre o contexto da
sexualidade infantil seja mais adequada.
Você precisa do conhecimento básico dos fundamentos
da sexualidade para uma prática eficiente.

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Quero iniciar este capítulo lhe trazendo uma ótima notícia:


Todos os educadores sexuais, nacionais e internacionais que
nós já estudamos dizem uma coisa em comum:

A criança pergunta a quem confia.

Então, se uma criança veio lhe fazer uma pergunta sobre


sexualidade é sinal que ela confia em você. Isso é motivo de
orgulho! Pode bater no peito e dizer: “Meu filho confia em mim!”
Então, por favor, abrace essa confiança!
Outro ponto: Sempre que responder a uma criança reflita: Ao
agir e responder desta forma, que visão eu passei sobre o corpo,
o sexo, a sexualidade, as emoções e os sentimentos?

Meu Filho Fez uma Pergunta Sobre Sexo, Como


Devo Agir?

1- Tenha calma: Quando a criança vier com uma pergunta


sobre sexualidade não se apavore; tenha calma. Mesmo que
seja uma pergunta em que você pense: “eu não sei o que falar,
não sei como agir e não sei que palavras usar”; acalme-se e
passe para a próxima dica.

2- Devolva a pergunta para a criança: Nunca responda


uma pergunta sobre sexualidade, sem primeiro ouvir o que a
criança já sabe; porque assim, você entenderá primeiro a
dúvida, saberá o que ela pensa sobre aquele assunto, e terá
até mais conteúdo e tempo para elaborar sua resposta.

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Outro benefício em devolver a pergunta para a criança é


que nós contribuímos para o desenvolvimento do
pensamento, ou seja, fertilizamos a sua capacidade de pensar
sobre o que sente e vê, e damos espaço para que expresse
seus pensamentos. Se ao devolver a pergunta, seu filho disser
que não sabe nada sobre o assunto, inicie a resposta.

3- Busque responder de maneira clara e simples, sem


rodeios: Isso não quer dizer que você vai responder e sair
correndo. Considere a idade de seu filho. Quanto menos
idade, mais objetiva deve ser a resposta. Com as crianças
entre 2 a 4 anos, seja breve e objetivo, mas sem dar
respostas apressadas, como alguém que quer fugir da
conversa.
Contudo, se seu filho tiver mais de 5 anos, ele vai querer
informações com mais detalhes. Nessa fase, ele consegue se
concentrar melhor, fala sobre genitais com amiguinhos e
absorve mais as cenas e as conversas do ambiente. Assim, a
chance de ter dúvidas é bem maior.

4- Fale a verdade: Jamais minta para seu filho. Não


importa a pergunta que ele tenha feito sobre sexo, seja
verdadeiro. Quando seu filho descobrir a verdade sobre
aquilo que você escondeu, poderá perder a confiança em
você. É difícil conseguir acreditar em quem nos engana.

5- Cuidado com a sua reação: As suas atitudes são tão


importantes quanto suas palavras. Responda com um tom de
voz suave e sempre que possível olhe para a criança. Evite a
frase: “Por que você está me perguntando isto? ” Esta
expressão, acompanhada de um tom de voz grosseiro, pode
levar a criança a pensar que não deveria ter feito a pergunta.
Fique atento a sua postura e sinais de espanto apresentados
pelo rosto e corpo, como: franzir a testa, arregalar os olhos
ou levar as mãos à cabeça.

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6- Não ignore a pergunta: Nenhuma pergunta de uma


criança pode ser ignorada. Mudar de assunto, sair do
ambiente que a criança está, fazer de conta que não ouviu,
dizer que vai responder em outro dia e não cumprir, são
formas de ignorar a pergunta de seu filho.

7- Não passe a vez para o outro responder: Nada de


brincar de passa ou repassa na hora de responder às
perguntas sobre sexo, certo? Não adianta o pai falar assim:
“Filha, essa pergunta é melhor sua mãe responder, porque isso
é coisa de menina”, ou vice-versa. Quando a criança percebe
que seus pais estão fugindo do assunto, ela fica insegura em
relação aos dois, passando a duvidar da capacidade deles
para responder, e leva-lo a buscar respostas fora de casa.
Vale ressaltar, que pai e mãe são igualmente responsáveis
pela Educação Sexual dos filhos.

8- Confirme se a dúvida foi esclarecida: Sempre que


responder pergunte: “Filho(a), ficou alguma dúvida?Você
entendeu o que a mamãe/papai disse? ”: Além de responder é
fundamental deixar a criança à vontade para fazer mais
perguntas, se ela achar necessário. Aproveitem esses
momentos para conversar sobre outras questões da vida.
Bater papo com os nossos filhos é superimportante; traz
afinidade e a famosa conexão afetiva.

Lembre-se: A sexualidade é a nossa esfera


mais íntima. Se o seu filho conseguir falar
sobre esse assunto com você, terá facilidade
para falar sobre qualquer outro tema.
Isto é fantástico!!!

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9- “Eu não sei responder as perguntas sobre sexo que meu


filho faz. O que devo fazer?” Se esse é o seu caso, seja sincero. As
crianças são muito compreensivas quando percebem que somos
verdadeiros e carinhosos.
Se sua filha fez a pergunta e você não sabe a resposta, olhe
para ela e diga: “Que bom que você perguntou para mim sobre este
assunto. A (o) mamãe/papai vai se preparar mais um pouco e mais
tarde ou amanhã, vou responder essa pergunta para você de forma
bem legal, combinado? ”.
Nessa situação a resposta pode ser adiada, porque o motivo é o
seu preparo para responder com mais segurança. No entanto, o
prazo prometido deve ser cumprido.

10- Se a criança fizer uma pergunta sobre sexo em local


público (elevador, festa, almoço em família), o que devo fazer?
Lembro-me que certa vez uma mãe me relatou que estava no
elevador lotado com seu filho de 5 anos quando ele perguntou: -
Mamãe, porque o pênis do papai parece uma tromba de elefante?
Inevitavelmente as pessoas começaram a sorrir. A mãe relata que
não soube o que fazer, o que falar e que seu desejo era que abrisse
um buraco para ela sumir naquele momento.
Outro fato parecido aconteceu num
almoço de domingo, no qual toda família
estava reunida (tios, primos, avós). Quando
alguns estavam discutindo sobre se homem
careca ou cabeludo era bonito ou não, a
menina de 4 anos diz: -A mamãe tem a
“pepeca” cabeluda. A mãe ficou paralisada,
vermelha, muito envergonhada.
Nesses casos, recomendamos que seja
dada uma resposta mais curta e objetiva, se
os pais se sentirem à vontade para isso. Se
forem tomados pelo constrangimento podem
dizer: “Interessante sua pergunta”, ou
“verdade, filha, realmente meu corpo é
diferente do seu. Em casa conversamos
melhor sobre isto e te explico tudo”.

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Principais dúvidas das Crianças sobre Sexualidade

1. Papai, o que é sexo? O que é transar?


A primeira coisa que os pais precisam lembrar nessa hora é
que a criança não pensa nem vive a sua sexualidade como um
adulto.
Sugestão de resposta: Sexo significa as diferenças no corpo
entre o homem e a mulher: homem tem pênis e mulher vagina,
ou seja, sexo masculino e sexo feminino. Sexo também significa a
relação sexual, e ela acontece quando um casal que se ama faz
carinho um no outro, se beijam e se abraçam. Tiram suas roupas
para ficar bem juntinhos. Tudo isso é muito bom. Isso também se
chama transar e é assim como são feitos os bebês”.

Geralmente a criança de 4
a 6 anos, fica satisfeita com
esta resposta. Mas o final dela
pode levar a criança a fazer
outra pergunta: E como se faz
um bebê? Se ela continuar
questionando, continue
respondendo naturalmente.
A proposta da Educação
Sexual é dialogar com
tranquilidade e leveza sobre a
sexualidade com as crianças.
Não se limite a descrever os
atos físicos, fale das emoções
envolvidas e use exemplos
comuns da rotina da criança.

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A partir de 6 anos, a criança já é capaz de entender uma


explicação mais detalhada. Então, de acordo com a pergunta,
você pode acrescentar mais conteúdo. Use imagens de livros de
ciências, mostre aspectos que fazem parte do cotidiano da
criança, etc.
No próximo capítulo daremos sugestões de algumas
ferramentas práticas. De qualquer forma, busque informação
adequada para que essa conversa seja tranquila e que a
informação correta seja passada para a criança.

2. Mamãe, como eu entrei na sua barriga? Como se


faz um bebê?

Lembro-me que uma mãe me


contou que, mostrando à sua filha
de 6 anos o vídeo do exame
ultrassom da sua gravidez, a
menina ficou deslumbrada ao se ver
dentro da barriga da sua mãe. Era
um momento muito agradável.
De repente ela perguntou: “Mamãe,
como eu saí da sua barriga?” A mãe,
surpreendida, ficou tensa. Ao
lembrar que o parto havia sido
cesariano, respondeu: “Filha, o
médico cortou a barriga da mamãe
e tirou você.” “Ah tá, mamãe,
entendi... Mas como foi que eu entrei
em sua barriga?” Neste momento, a
tensão da mãe sobe a um nível
elevado, e desconcertada disse:
“Filha, já está muito tarde, vamos
dormir. Amanhã a gente conversa!”

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Desde quando nasce, a criança quer conhecer suas origens


e só se sente satisfeita quando descobre de onde ela veio. Assim,
ela pergunta aos pais, professores, amiguinhos, fica atenta às
conversas sobre gravidez, às cenas dos filmes, aos casais de
namorados. Enfim, ela irá buscar as respostas!
Como, normalmente, os pais são as pessoas que elas mais
confiam, vão perguntar como nascem os bebês, de onde eles
vêm, como entram na barriga da mãe. Muitos pais se apavoram
diante destas perguntas e recorrem às histórias fantasiosas sobre
o tema.
Dizer que ela foi entregue pela cegonha ou que foi o papai
que deu uma sementinha para a mamãe e ela comeu, não dá!
Dependendo da idade, isso não vai convencer a criança, e o pior
vai enganá-la! Não podemos mais reproduzir estas ideias.

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Sugestão de resposta: Na hora da relação sexual, o papai


coloca na mamãe um líquido que tem espermatozoides, como se
fossem umas sementinhas muito pequenas. O espermatozoide se
encontra com o óvulo da mamãe, que se parece com uma
sementinha também, e formam um bebê no útero. O útero é a
primeira casa do bebê, é um lugar muito especial que o bebê
gosta muito de ficar. Ele vai crescendo ali dentro até ficar
prontinho para nascer.

3. O que é camisinha?

Um menino de 6 anos perguntou à sua mãe: - Mãe, eu estava


assistindo o jornal com papai e lá estava falando sobre sexo e
camisinha, o que é isso?
É interessante que este menino não perguntou ao seu pai na
hora que ouviu a notícia. Provavelmente ele não se sente à
vontade para conversar com o pai sobre certos assuntos. Assim,
na primeira oportunidade foi tirar sua dúvida com a mãe.

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Sugestão de resposta: Camisinha é uma capinha fina de borracha


que se coloca no pênis quando o casal vai ter relação sexual e eles não
querem ter um bebê.
Um pai de um menino de 11 anos me enviou esta mesma pergunta:
“Meu filho tem 11 anos, estava comigo no posto médico e viu uma
campanha falando sobre camisinha. Chegando em casa ele me
perguntou o que é. Fiquei sem saber como explicar, o que faço?”.
Nesta idade seu filho pode receber uma explicação mais completa,
pois já está entrando na adolescência.

Sugestão de resposta para crianças maiores: "Filho, sobre aquela


pergunta que você me fez, camisinha, também se chama preservativo. É
uma capinha de borracha que se coloca no pênis quando o casal vai ter
relação sexual. O pênis tem que estar duro para ela ser colocada.
Quando termina a relação sexual, o sêmen fica dentro da camisinha,
assim a mulher não engravida. Também a camisinha é importante para
não pegar doenças sexualmente transmissíveis, como
aids, sífilis..."
Você também deve explicar que existe a camisinha feminina. Lhe
aconselho a mostrar alguma figura de uma camisinha masculina e
feminina ou se tiver em casa e se sentir à vontade, pode mostrar, assim
fica mais claro para seu filho.

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4. O que é que vocês fazem no quarto quando fecham a


porta?

Muitos pais diante destas perguntas pensam que a criança está


querendo saber só sobre sexo.
Algumas até já podem ter conversado sobre isso com seus
amiguinhos, mas outras ficam curiosas para saberem o que
acontece no quarto que a porta tem de ficar fechada.
Você pode responder tranquilamente o que realmente
acontece. Sugestão de resposta: - Filha, o quarto é um lugar
especial para o papai e a mamãe. Nele nós conversamos sobre
assuntos só nossos, de nossa família, do nosso trabalho. Gostamos
de ler, estudar, de ficar juntinhos, de namorar, de fazer carinho, de
dormir (é claro, rsrs)... Fechamos a porta porque gostamos de ficar
bem à vontade para fazermos tudo isso. Este é um bom momento
para explicar sobre privacidade, momentos íntimos.

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5. Papai, namorar é bom? Posso namorar com você?


Por que não posso namorar?

As crianças ouvem muito


sobre namoro, por isso é comum
elas perguntarem sobre isto.
Sempre que surgir perguntas
parecidas com essas deixe
claro que namorar é bom sim, mas
só adultos, só pessoas grandes
namoram, mas não pode ser com
seus pais e nem com pessoas da
família.
Deixe claro que criança não
namora nem de brincadeirinha;
criança tem amiguinhos que
podem brincar, comer juntos,
estudar, passear; mas beijar
na boca, não! Explique que
para alguém namorar precisa
se preparar porque é um
relacionamento sério.

Se for no tempo e do jeito certo, será bem especial, quando


estiver do tamanho de um adulto (papai, mamãe, tia, etc.)

6. Mamãe, você tem piu-piu? Mamãe, seu piu-piu caiu?

É comum a criança fazer este tipo de pergunta após 3 ou 4


anos. Como falamos no capítulo anterior, menina tem a fantasia de
que terá um pênis e o menino tem medo de perder o dele. Por isso,
sempre vale a pena responder de forma clara, objetiva e tranquila
estas perguntas.
Sugestão de resposta: "Filha, meninos têm pênis e meninas têm
vulva, não importa se são crianças ou adultos. Seu irmão tem pênis
igual ao papai, como você, que tem vulva igual a mamãe."

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A resposta parece simples, mas quando


entendemos o que está por trás da dúvida
da criança, fica mais fácil de atingirmos
um dos objetivos da Educação Sexual:
acolher as emoções da criança.

7. Por que o minha “pitoca” fica dura?

Sugestão de resposta: “Filho, o seu pênis fica duro


porque mais sangue entra nele e faz ele ficar assim. Mas,
depois uma parte do sangue sai e vai pra outros lugares do
seu corpo, aí seu pênis volta a ficar mole. Isto é normal, é sinal
de que você e seu pênis estão bem.
Muitos pais se preocupam com as ereções espontâneas
das crianças, mas elas são absolutamente normais. Desde o
ventre é possível o feto ter ereção, também podemos observá-
la nos bebês. Não devemos confundir ereção com vontade de
fazer sexo.
Costumamos ligar o pênis ereto à relação sexual porque
esta é uma reação comum nos adultos. Por isso, mais uma vez
repito: Não confunda a sexualidade infantil com a de um
adulto.
Numa escola que eu estava realizando um trabalho de
Educação Sexual, uma professora de uma turma de crianças
com 5 anos de idade, me procurou desesperada, pois no dia
anterior o seu aluno apresentou o pênis ereto para seus
amiguinhos e amiguinhas.
Ela me perguntou: “Será que este menino já quer fazer
sexo? Acredito que ele tenha algum problema muito sério!”
Este virou um problema mais sério quando as meninas
contaram para suas mães. Elas chegaram na escola muito
bravas, pedindo que a gestora tomasse alguma providência.

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Nesta idade a criança não está pensando em sexo . É


simplesmente uma resposta fisiológica do corpo, é uma ereção
espontânea. O importante é observar a frequência em que ela
ocorre, se a criança fica muito focada na ereção, se fala
constantemente sobre isto.
Se você perceber algum exagero, converse com seu filho e
perceba se houve alguma ocorrência de abuso. Se não,
canalize suas energias para atividades com o corpo, talvez ele
precise de sua atenção e de gastar energias com atividades ao
ar livre.
Só devemos ficar atentos se a criança apresenta algum
comportamento realmente estranho, sexualizado (ou seja, que
reproduz cenas de sexo explícito, posições e carícias sexuais),
pois ela pode ter sido abusada por alguém ou ter assistido
algum conteúdo sexual.
Fora estas situações, é completamente normal.

8. Por que minha “linguinha” (clitóris) fica dura?


Sugestão de resposta: “Filha, esta linguinha se chama
clitóris, fica perto do buraquinho que sai o xixi. Ela fica durinha
quando é tocada e você pode até sentir uma cosquinha. Isso é
normal, pode ficar tranquila.”

9. Por que o bebê demora a sair da barriga?


Sugestão de resposta: “Filho, o bebê precisa ficar alguns
meses no útero da mamãe para que todo o seu corpo fique
prontinho. O coração, o nariz, a boca, os olhos, demoram a se
formar. Por isso eles precisam ficar dentro da barriga por 9
meses. Mas quando tudo fica pronto, está na hora dele sair, aí ele
nasce. Se a criança for maior de 5 anos pode aproveitar esta
pergunta para conversar sobre os tipos de parto e como os
bebês são formados. Você pode usar um dos livros que indicamos
na página 88 como material de apoio.

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10. “Eu quero fazer um bebê pra mim! (menina de 5 anos)


Sugestão de resposta: Crianças não podem e nem
conseguem fazer bebês, porque é preciso ser adulta, ter seios
para amamentar, ter um útero grande para guardar o bebê, tem
que ter o homem para a relação sexual, porque a mulher sozinha
não consegue fazer o bebê.
Além de tudo isso, precisa trabalhar para comprar as roupas, as
comidas, os remédios do bebê. Por isso que precisa ser adulto,
porque um filho precisa de cuidados especiais. Mas você pode
ajudar a cuidar de algum bebezinho (se tiver irmãos pequenos, se
na família que mora próximo alguém tiver tido um bebê, ou uma
vizinha).

11. Por que a mamãe tem cabelo na “florzinha” (vulva) e


eu não tenho?
Sugestão de resposta: Quando a gente vai crescendo, nas
partes íntimas começam a nascer pelos, tanto nas meninas como
nos meninos. Os pelos servem como proteção contra bactérias,
que são bichinhos muito pequenos que podem causar infecções e
também servem para proteger a área sensível da vagina.
Essa pergunta foi feita a mim durante um trabalho de
Educação Sexual realizado em uma igreja, com crianças entre 6 e
9 anos. Em certo momento abri espaço para perguntas sobre o
corpo, os sentimentos, as emoções, pois não existe Educação
Sexual sem considerar estes aspectos fundamentais da
sexualidade.
Foi então, que uma menina de 8 anos fez essa pergunta.
Todas as outras crianças sorriram muito, e algumas disseram que
ela iria apanhar de sua mãe porque estava perguntando sobre
“safadeza”. Infelizmente, muitas crianças são punidas
simplesmente pelo fato de buscar conhecer o seu próprio corpo.

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12. Por que o pênis do papai é grandão e o meu é pequeno?


Sugestão de resposta: “Filho, quando a gente vai crescendo
todas as partes do corpo crescem. Vamos colocar nossos braços
juntos: Veja como o meu braço é maior que o seu! Assim também o
meu pênis é maior que o seu. Quando você crescer o seu pênis vai
ficar maior.”

13. Mamãe, por que você beija na boca do papai? Não acha
nojento?
Sugestão de resposta: “Beijar na boca é uma forma dos
adultos mostrarem que se amam. Como eu amo o papai, gosto de
beijar em sua boca. Os namorados também gostam. Não é nojento,
mas precisamos escovar os dentes todos os dias para a boca ficar
sempre limpinha”.
Aproveite para deixar claro que crianças não beijam na boca
de outras crianças e nem de adultos. Só beijam na bochecha, na
mão, na testa.

14. Sexo dói?


Sugestão de resposta: “Quando é feito com alguém que a gente
gosta e quando a gente está preparado, não dói não, filho. O sexo é
bom e gostoso, mas só pode ser feito por adultos. Crianças não
podem ter relações sexuais nem com adultos e nem com crianças
maiores”.
Deixe isto claro, pois é uma informação importante para a
proteção contra o abuso sexual. A criança pode fazer essa pergunta
por curiosidade comum da infância ou pode ser também uma forma
dela contar que está sendo abusada. Por isso que é fundamental
sempre estar aberto para responder e promover um diálogo sobre a
temática.
Queridos pais, vocês são os principais responsáveis pela
Educação Sexual de seus filhos. Em qualquer pergunta vocês devem
responder de acordo com os seus valores familiares. Algumas
famílias acreditam que o sexo só deve ser praticado após o
casamento, outras famílias pensam diferente. Sempre respondam
dentro daquilo que vocês acreditam, pois a criança sentirá mais
segurança nas respostas e absorverá melhor cada explicação.
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Principais Dúvidas dos Pais sobre Sexualidade Infantil


Também tem aquelas perguntas, dúvidas, situações embaraçosas
que deixam os pais aflitos e sem saberem o que fazer e como agir.
Durante minhas pesquisas com tantos pais, reuni aqui as dúvidas
principais:

1- Os filhos podem ver os pais sem roupa ou tomar banho


junto com eles?
Essa é uma pergunta muito frequente nas reuniões de pais e
mestres nas escolas, nos cursos presenciais de Educação Sexual
que realizo, também a recebo sempre através da rede social.
Quero deixar claro que os profissionais têm opiniões diferentes
quando o assunto é nudez na família. Alguns especialistas afirmam
que sendo do mesmo sexo (pai com o filho ou mãe com a filha)
podem ver a nudez em qualquer idade, se os pais e a criança se
sentirem à vontade para isto. Já o filho tomar banho com a mãe ou
a filha com o pai, alguns concordam que seria recomendado
somente até os 3 anos.
Já encontrei famílias que tratam a nudez com muita
naturalidade: os pais tomam banho, fazem xixi, se trocam na frente
dos filhos, andam nus pela casa e afirmam não perceberem
nenhum problema em agir assim. Em outras famílias a intimidade é
mais preservada, nas quais se despir, se vestir e a hora do banho
são momentos feitos em total privacidade. Mas vou colocar alguns
pontos importantes para pensarmos.

Cada família tem a


liberdade de escolher
o que fazer e como
transmitir seus valores
na Educação Sexual dos
filhos.

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Antes dos três anos de idade, os órgãos sexuais da criança são


apenas uma parte do corpo como qualquer outra. Até essa idade,
os filhos podem tomar banho com os seus pais. Caso eles queiram
tocar nas partes íntimas dos pais, explique que essa é uma parte
íntima do seu corpo.
Estabeleça limites, ensine a criança a respeitar o corpo do
outro e transmita orientações fundamentais para a prevenção do
abuso sexual. Por exemplo: “Filho(a), se alguém tentar tocar no seu
bumbum, no pênis, na vulva ou nos peitinhos, saia correndo e conte
tudo pra gente.”
A partir de 3 anos, a criança deseja conhecer as diferenças
anatômicas dos órgãos genitais. Se em sua família você acredita
que nesta idade não há problema nenhum em ficar nu junto com os
filhos, pode aproveitar para explicar estas diferenças. Mas, se você
adotou o posicionamento de não expor sua nudez ao seu filho,
mostre desenhos ou gravuras de livros mostrando o corpo nu
(inclusive dos órgãos genitais) de menino e menina.
De qualquer forma, a nudez deve ser tratada com naturalidade
na família. Isso não significa que os pais precisem ficar nus, mas
que devam falar com naturalidade!
A partir dos 5 anos as crianças vão formando a sua noção de
pudor, sendo comum pedir aos pais e aos seus irmãos que saiam
do banheiro e que fechem a porta quando estiverem usando, que
as deixem tomar banho sozinhas, que fechem a porta do quarto
quando estiverem se trocando. É importante que os pais respeitem
a privacidade da criança e entendam que está na hora de
estabelecer limites mais claros, mas com sensibilidade.
O casal precisa entrar em um consenso em relação a nudez,
porque se a mãe trata com naturalidade e o pai com escândalo,
confunde a compreensão da criança. Assim, é melhor encontrarem
um ponto de equilíbrio que seja tranquilo para a mãe, o pai e os
filhos.

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A nudez dos pais pode provocar na criança sensações que ela não
sabe lidar, como: prazer, excitação. É comum mães relatarem que seus
filhos ficam com o pênis ereto quando elas estão no banho ou se
trocando. A partir dos 8 ou 9 anos, além de estimular sexualmente a
criança, a nudez pode ainda provocar vergonha e constrangimento.

2. Posso colocar apelidos nos órgãos genitais? Acho tão


grosseiro chamar pelo nome!
Observo que em muitas famílias
falar sobre cabelo, nariz, perna,
coração, pulmão é muito tranquilo.
Todos falam naturalmente sobre
qualquer parte do corpo, mesmo
que não saibam responder alguma
pergunta que as crianças façam
sobre estas regiões do corpo, não
ficam desesperados, com medo de
responder de forma errada.
Mas quando se trata de órgãos
genitais é clara a dificuldade de até
chamar pelos nomes pênis, vulva,
vagina. Os pais dizem achar esses
nomes feios, muito fortes,
agressivos, para ensinar a uma
criança.
Isto acontece porque temos a
forte tendência de associar pênis,
vulva e vagina a ato sexual.

Assim, preferem usar apelidos mais infantis. São vários os


apelidos das partes íntimas, e eu não estou aqui dizendo que não
possa chamar pelos apelidos. A minha reflexão refere-se à forma
negativa e e toda a resistência para falar os nomes científicos e
conversar sobre as genitálias.

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Se falamos com as crianças sobre todo o corpo de forma natural e


espontânea, mas ao chegar no pênis ou na vulva repreendemos a
criança ou demonstramos algum desconforto, passamos a ideia de que
em seu corpo há uma região que é proibida, suja e tão inadequada que
nem devemos chama-la pelo nome e muito menos conhecê-la.
Assim, a criança vai associando a forma como sua genitália é
tratada em sua família, ao contexto da sua sexualidade, e formando um
conceito negativo de sexo e sexualidade.
Certa vez numa escola, durante uma palestra que estava realizando
numa reunião de pais, a mãe de uma menina de 6 anos relatou que
enquanto esperava para ser atendida pela sua ginecologista, sua filha
foi até à mesa da recepção do consultório, pegou um folheto que
explicava sobre métodos contraceptivos e começou a ler. De repente,
do outro extremo da recepção perguntou à sua mãe: “Mamãe, o que é
vagina?”
Aquela mãe disse que nunca passou tanta vergonha em sua vida.
Não sabia o que fazer: Se respondia ou não, se falava em público ou em
particular. Naquele momento ficou calada e começou a sorrir
juntamente com as várias outras mulheres que estavam naquele local. A
menina, envergonhada, abaixou a cabeça e se calou. Quando entrou no
carro para ir embora a mãe disse à filha: “Nunca mais me pergunte
sobre isto na frente de ninguém!” Se fosse você, o que faria?
Quero deixar claro para vocês que as crianças encaram a
sexualidade de forma natural desde que não destruamos esta
naturalidade, tratando do assunto com tanta tensão e insegurança.

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Esta mãe poderia dizer: “Filha, venha cá para eu lhe explicar”.


Ao sentar a filha no sofá da recepção poderia falar: “Este é o nome da
parte de dentro da sua 'xoxota' (este era o nome que ela havia ensinado
para a filha). É o buraquinho que fica perto do outro buraquinho que sai o
xixi.”
Se ela já tivesse explicado sobre como o bebê sai da barriga poderia
complementar: “É o mesmo lugar que sai o bebê quando o parto é
normal.”
Se ainda não houvesse explicado sobre os tipos de parto, seria um
bom momento para fazê-lo. Mas se não se sentisse confortável para falar
naquele momento poderia dizer: “Em casa explico tudo direitinho para
você, filha”.

DICA IMPORTANTE: Você pode sim usar apelidos para as partes íntimas,
desde que em seguida fale o nome correto. Por exemplo: “Filho, lave seu
piu-piu, seu pênis”. É melhor falar de uma forma que se sinta à vontade e
seguro. À medida que a criança for crescendo você pode ir abandonando
o apelido e falando somente vulva e pênis. É interessante fazer esta troca
de nomes de forma gradual.

3. A criança pode ou não dormir no quarto dos pais?


A cama compartilhada (os filhos dormirem na mesma cama com os
pais) ou quarto compartilhado (os filhos dormirem no mesmo quarto com
os pais) são assuntos muito discutidos e divide opiniões entre psicólogos,
pediatras, educadores, etc. Também geram dúvidas em muitos pais.
Quero iniciar com esta relevante reflexão: NÃO CRITIQUE OU JULGUE
uma família por fazer ou não fazer cama ou quarto compartilhados.
Precisamos ser pais que apoiam e ajudam outros pais, que liberam
empatia e solidariedade.
Sempre ressalto que, para decidir se vai aderir ou não ao sono
compartilhado, os pais precisam analisar o seu contexto familiar,
considerar as necessidades de sua família e de seu filho,

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independentemente da idade; como também estudarem sobre como as


pesquisas científicas se referem ao assunto, e não decidirem baseados
somente no que seus pais, amigos, familiares fizeram ou em opiniões
infundadas de muitos profissionais.
Existem diversos estudos que apontam os benefícios da cama e quarto
compartilhados. A Attachment Parenting International (API), descreve
alguns benefícios:

Facilita, prolonga e encoraja o período da amamentação, pois a mãe


não precisará levantar-se várias vezes à noite;
O bebê dorme melhor por sentir-se mais seguro e chorar menos;
A mãe dorme melhor por sentir que seu bebê está seguro e por não ter
que levantar toda vez que ele acordar;
Impacta positivamente no desenvolvimento emocional da criança, por
contribuir no fortalecimento do vínculo entre pais e bebê; entre outros.

Se os pais decidiram fazer cama ou quarto compartilhados, é


importante tomar as medidas de segurança necessárias:

1- Se o bebê dorme na cama, deve ser entre a parede e a mãe ou no berço


acoplado à cama, preenchendo todos os espaços entre a cama, as paredes
e a cabeceira.
2- Não colocar o bebê para dormir entre o casal, pois o pai normalmente
tem sono pesado e pode sufocar ou deitar em cima do bebê. A mãe tem
sono o leve que garante a segurança do bebê.
3- Usar colchão firme e não dormir em sofá ou superfícies que não
apresentem regularidade. Não usar edredons, colchão d’água.
4- Não colocar o bebê para dormir sozinho em uma cama de adultos,
nem que seja só uma soneca.
5- Pais que fumam, ingerem álcool, obesos, tomam medicação para
dormir não devem fazer cama compartilhada com bebês.
6- Se o bebê ou a criança dormirem na cama ou no quarto do casal, os
pais nunca devem ter relações sexuais no mesmo ambiente da criança.
Uma criança que presencia ou ouve os pais durante o sexo poderá
desenvolver sérios problemas psicológicos, acarretando impactos negativos
no desenvolvimento emocional e sexual. Alguns destes traumas são
semelhantes àqueles causados pelo abuso sexual.

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Também entendo que na realidade brasileira há muitas famílias que


moram em apenas um cômodo. Neste caso orientamos que haja uma
cortina ou móvel que tirem o casal do campo de visão da criança,
garantindo a privacidade e a intimidade dos pais e a segurança do filho.
O casal terá que ter um cuidado com os ruídos, gemidos; pois a criança
pode interpretar como dor, sofrimento ou violência. Já ouvi
diversos depoimentos de adultos que, na infância e (ou) na adolescência,
ouviram seus pais durante o ato sexual e carregam muitos traumas como
consequência desta escuta.
Alguns pais não aderiram à cama ou quarto compartilhados porque
querem ter um lugar da casa só para eles, porque não conseguem dormir
bem quando compartilham a cama com os filhos, porque acreditam que
para a intimidade e satisfação sexual se sentem melhor dormindo em
quartos separados, entre outros motivos. Se você percebe que para vocês e
seus filhos é melhor assim, tudo bem!
Para você que decidiu não fazer cama ou quarto compartilhados, quero
te deixar as seguintes reflexões:

1-Nenhum bebê deve ser deixado chorando no berço e nem a criança


na sua cama. Sempre que seu filho chorar, o acolha, beije, abrace. O
choro é uma das principais formas de comunicação das crianças. Choro
não é “manha”, não é “birra”. É COMUNICAÇÃO!

2- Quando a criança disser que está com medo, não peça para ela
voltar para seu quarto. Nestas situações sempre oriento os pais que
não fazem a cama ou quarto compartilhados a dormirem pelo menos no
mesmo quarto com os filhos. A criança sofre muito quando sente algum
medo durante a madrugada. Muitas vezes elas veem monstros, têm
pesadelos, o que as levam a um pavor, sofrimento e um sentimento
enorme de insegurança. Tudo o que elas precisam nestes momentos é
de colo e muito afeto.

ONDE, QUANDO E COMO a criança vai dormir é uma decisão que cabe
aos PAIS! Não importa a decisão, que seja levado em consideração, a priori,
as necessidades da criança. Meu desejo é que qualquer escolha seja regada
de amor e afeto.

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4. Posso brincar com o pênis do meu filho?


Uma mãe um dia me perguntou se podia brincar com o pênis de seu
filho de 4 anos, enquanto dava banho e quando ficava ereto. No banho
pode ser um momento muito divertido. Brinque com a espuma e a água,
leve brinquedos para o banheiro. Mas com o pênis, e mais ainda quando
estiver ereto, não recomendo brincar, pois isso pode supervalorizar a ereção
e constranger a criança.
É melhor explicar porque a ereção acontece. Esse é um bom momento
para apresentar à criança os conceitos de público e privado. Esclarecer que
muitas coisas fazemos em lugares reservados. Ex: fazer xixi, cocô, mexer nos
genitais. Devemos deixar claro que estas são ações que devem ser feitas
em um lugar mais íntimo, mais privativo.
Desta forma, a criança vai compreender com mais facilidade que a
relação sexual também faz parte da intimidade dos seus pais.

5. Minha filha se masturba enquanto assiste televisão, estou


horrorizada! O que devo fazer? Isso é normal?
Estas são perguntas que os pais
me fazem com muita frequência.
Certa vez uma tia chegou aflita e me
relatou: Minha sobrinha de 6 anos
está com um grande problema: toda
vez que está assistindo na TV, fica se
masturbando. Ela senta em cima de
um calcanhar e se mexe para frente
e para trás. Eu nunca tinha visto,
mas na semana passada sua mãe
filmou e me enviou. Minha irmã não
sabe mais o que fazer. Já conversou,
bateu, colocou de castigo, ameaçou
perder a viagem de final de ano,
mas a filha simplesmente não para.
E agora, o que fazer? Nos ajude, por
favor!

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A masturbação infantil causa muito mal-estar e preocupação


aos pais e professores, porque já imaginam que a criança tenha
algum distúrbio sexual. A menina normalmente se masturba
estimulando a vulva e o clitóris com as mãos, se esfregando em
objetos (cadeira, cama, sofá, almofadas), com os calcanhares
(como no caso relatado acima). Já os meninos massageiam o
pênis.

"A masturbação infantil (o toque dos genitais)


é diferente da masturbação do adulto."

A masturbação do adulto é alimentada por fantasias sexuais,


por experiências sexuais já vividas, por imagens, fotos, etc. Já a
criança quando se toca está no processo de exploração do próprio
corpo, quer conhecer cada parte.
Ao tocar-se ela percebe que sente algo diferente que é
gostoso, uma sensação boa. Assim ela continua tocando porque
essa sensação agradável lhe dá prazer. Mas por favor, não
confunda orgasmo do adulto com o prazer infantil! O toque da
criança em seus órgãos genitais é saudável e faz parte do seu
desenvolvimento sexual e emocional.
Os pais devem se preocupar quando o toque for excessivo,
diário, compulsivo, desviando a atenção e energia da criança de
suas atividades, das brincadeiras e de seus relacionamentos,
quando ultrapassa o desejo da criança de conhecer o seu próprio
corpo, provocando comportamentos que não condizem com a sua
idade, e, quando se torna a fonte principal de prazer.
Este é o momento de se preocupar, tendo em vista que,
crianças que se masturbam compulsivamente, podem estar
apresentando alguma angústia ou sofrimento através desse
comportamento, ou que
está sendo abusada.

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A criança sempre nos diz quando está


sofrendo, mas utiliza as palavras em
último caso. Ou seja, é por meio do
COMPORTAMENTO que ela expressa suas
dores. Fique atento!

Algumas situações que podem levar a criança à


masturbação compulsiva:

Gravidez ou nascimento de um irmão – ela pode se sentir


abandonada
Carência da presença do pai e/ou da mãe.
Solidão.
Abuso Sexual.
Violência física e/ou psicológica – No caso de violência
pode ser no contexto familiar (agressão verbal, duras
ameaças, humilhação, surras, castigos) e no contexto
escolar (bullying, rejeição)
Dificuldade de aprendizagem.
Erotização da criança.
Separação dos pais.
Conflitos familiares: Discussões, brigas, desrespeito entre os
membros da família.
Insegurança e ansiedade.

Essas são situações que podem trazer angústia à criança,


que passa a se masturbar na tentativa de descarregar a tensão,
de fugir de alguma situação confusa, vai em busca de algo que
a faça se sentir
bem.
Diante desta realidade, sempre falo aos pais que, antes de
se preocuparem somente com a masturbação em si, busquem
saber o que está levando a criança a este comportamento;
analise como está o contexto familiar e escolar dela.

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Quando você perceber que seu filho está se tocando, como


descoberta dos órgãos sexuais:

Não se desespere.
Não brigue com seu filho.
Não bata ou ameace.
Não peça para seu filho prometer que
não irá fazer novamente.
Não lhe diga que está fazendo algo feio.
Não lhe proíba de se tocar.
Não castigue a criança.

Mas se você já percebeu que é uma masturbação compulsiva:

Aja de acordo com os 7 pontos acima.


Procure ajuda profissional de um
psicólogo.
Dedique mais tempo para a criança.
Ofereça mais carinho e afeto.
Converse e brinque mais com seu filho.

Este é um momento que seu filho


está precisando muito de você!

Ao reagir de forma violenta, ameaçadora e punitiva, os pais


bloqueiam a comunicação com a criança, provocam um
distanciamento dos filhos e da solução do problema e perdem uma
grande oportunidade para realizar a Educação Sexual.

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Se qualquer comportamento sexual do seu filho lhe causa


preocupação, agir negativamente vai piorar a situação, gerando
na criança sentimento de culpa ou ainda poderá passar a
mensagem que seu corpo ou uma parte dele é inadequada, suja
e feia.
A manipulação dos genitais durante a infância não é um
problema em si, mas uma resposta negativa dos pais pode
exercer impacto direto no desenvolvimento emocional e sexual
da criança.
Portanto, os pais devem agir de forma natural, e assim a
criança vai espontaneamente, deslocando sua energia sexual
para as relações sociais, por volta dos 6-8 anos.

6- Os pais podem beijar na boca dos filhos como forma


de carinho?
Em muitas famílias é comum os pais darem beijos tipo
“selinho” na boca dos filhos. Alguns pais e profissionais dizem que
não veem problema nenhum nisso e que é uma forma de
expressar carinho e afeto. Porém, muitos especialistas concordam
que esta é uma prática desnecessária na relação com os filhos.

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Vou apresentar para vocês alguns pontos que merecem


nossa reflexão:

O beijo na boca é uma carícia, não um carinho: Você tem um carinho


muito especial por seus amigos, por seus irmãos, mas provavelmente
o expressa através de abraços, beijos no rosto, conversas; e não com
beijos na boca. Cada relação tem sua forma peculiar de
demonstração de afetos. É importante deixar isso bem claro para a
criança.
Zona erógena: A criança pode ser estimulada com o beijo na boca
dos pais, principalmente se estiver na idade entre 4 a 6 anos, quando
está na fase de “apaixonamento” por eles.

Situações embaraçosas: Certa vez um menino de 4 anos beijou na boca


de duas amiguinhas, e uma delas contou para seus pais. Eles ficaram
preocupados e foram conversar com a professora. Ela explicou que já
havia conversado com a criança e o menino respondeu: “A mamãe beija
a minha boca todo dia”.

Ao conversar com os pais do garotinho eles


afirmaram que era uma forma de expressar
carinho, mas que deixavam claro que não
podia beijar na boca de outras pessoas. Após
este incidente os pais decidiram parar de
beijar na boca do filho, mas ainda demorou
algumas semanas para a criança parar de
beijar as amigas.
Espaço para o abuso sexual: Como a criança
recebe beijos dos pais pode não rejeitar
quando outro adulto a beijar na boca
(inclusive da família: tios, primos). Sabemos
que mais de 60% dos abusadores e pedófilos
são parentes próximos, vizinhos e pessoas que
convivem com a criança, assim ela confunde
facilmente abuso com afeto. Considero
importante que você deixe claro para seu filho,
que nenhuma criança ou adulto pode beijá-lo
na boca.
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Cada um no seu quadrado: Certo dia eu estava dando uma


palestra sobre sexualidade infantil quando uma pedagoga
disse: “Minha filha chora quando o meu marido me dá um beijo;
ela o empurra e diz: “ela é minha mãe, ela é minha!” Então toda
vez meu marido dá um selinho nela também, aí ela se acalma. O
que devo fazer?”

É importante que a criança entenda que os pais têm seu


espaço e que cada um na família tem sua função e papel. O
casal precisa preservar o espaço do casamento, mostrando à
criança que apreciam a vida a dois.
Neste caso acima, a criança estava reivindicando para
si mesma uma carícia que pertence à relação dos pais. Quando a
criança agir desta forma, os pais precisam explicar que eles
gostam de dar carinho um ao outro e também para ela.

As demonstrações de carinho entre o


casal na frente dos filhos transmitem
segurança para as crianças e contribuem
diretamente para a formação do conceito
de amor na mente delas.

7- Minha filha flagrou uma cena de sexo entre mim e o


pai dela. O que fazer?

A mãe de uma menina de 5 anos me ligou desesperada,


pedindo ajuda. Sua filha não parava de chorar após presenciar
os pais numa relação sexual. Esta é uma situação muito
constrangedora para os pais que passam por ela. Quando a
criança que tem entre 2 a 5 anos presencia essa cena, ela tem
a impressão de que o pai está batendo ou matando sua mãe.
Isso lhe causa muita angústia e até traumas, se não for bem
trabalhada a questão.

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Neste caso os pais precisam ficar calmos, não gritar, brigar


ou repreender a criança. A primeira coisa a ser feita é pedirem
licença à criança, se vestirem e perguntar o que ela acha que viu.
Assim, será mais fácil começar a conversa a partir do que ela
entendeu sobre a cena.
Em seguida, expliquem que vocês estavam namorando e,
principalmente, a mãe deve dizer que está tudo bem e que
estava gostando de receber o carinho do papai. Tranquilizem seu
filho e, naturalmente, o coloque para dormir.
Se a criança tiver entre 6 e 8 anos, normalmente, ela já tem
alguma informação sobre sexo, mas ainda pode associar a um
ato de violência contra a mãe. Esta é uma oportunidade para
aproveitar a situação e falar sobre sexualidade, sexo e emoções.
Dos 8-9 aos 12 anos, é mais provável que a criança entenda o
que viu, porque tem mais conhecimento sobre relação sexual. É
comum elas sentirem nojo e acharem feio. Adote as atitudes
recomendadas acima e explique com mais detalhes o que é sexo
e a sua importância para a vida do casal, trazendo sempre
aspectos emocionais, como: expressão de carinho, amor, união
do casal.

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Algumas dicas para evitar que o filho veja o momento


íntimo dos pais:

✓ Mantenha a porta do quarto fechada e trancada com


chave;
✓ Cuidado com buracos de fechaduras muito largos.
Uma criança de 9 anos me relatou que via seus pais na
relação sexual pelo buraco da fechadura.
✓ Ensine os seus filhos a baterem na porta antes de
entrarem;
✓ Não tenha relações sexuais no mesmo ambiente que a
criança estiver: muitas crianças que dormiam no quarto
dos pais me confessaram que se faziam que estavam
dormindo para assistirem os seus pais durante o ato
sexual.
✓ Mesmo as crianças dormindo cada uma em seus quartos,
sugiro que o casal espere que durmam para que fiquem
mais à vontade, evitando as indesejadas interrupções,
durante a relação sexual.

8- Meu filho tem 9 anos e nunca fez nenhuma pergunta


sobre sexo. Isso é normal?
Já vi muitas cenas assim: Os pais batem no peito, respiram
profundamente com um sorriso e dizem: “Graças a Deus, meus
filhos nunca me perguntaram nada sobre sexo. Eles são muito
tranquilos e não pensam nestas coisas.”
Quero informar que isto é preocupante! Desde muito cedo a
criança tem curiosidade sobre a sua origem, como nasceu,
como são feitos os bebês, o que é sexo, sobre os órgãos
genitais, etc. É impossível com 9 anos ela não ter nenhuma
dúvida ou desejo de saber informações ligadas à sexualidade.

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Se ainda a pergunta não surgiu, pode ser que de alguma


forma, em algum momento, com seus pais, na escola ou em outro
ambiente, tenha apreendido a mensagem que não
é adequado fazer esse tipo de pergunta. Ou, ela não percebe
abertura dos pais para responder, ou não confia neles para
expressar o que pensa e o que deseja saber desse assunto.

DICA: Se seu filho tem mais de 6 anos e ainda não perguntou


nada, recomendo que aproveite situações cotidianas para
discutir estes assuntos, por exemplo, mulher grávida,
nascimento de um bebê, uma cena de beijos e abraços de um
filme, animais acasalando, nascimento do gato ou cachorro, etc.

Você também pode colocar em locais visíveis (na estante da sala, no


sofá) figuras do corpo humano, imprimir imagens de uma mulher grávida
que mostre o bebê dentro do útero em várias fases de desenvolvimento.
Isso pode suscitar na criança algumas dúvidas que serão o pontapé para
uma proveitosa conversa sobre sexualidade.
Vá com calma. Não chegue perguntando à criança: “Você tem alguma
dúvida sobre namoro, sexo, partes íntimas? Se quiser saber alguma coisa é
só perguntar”.
Sinta-se orgulhoso quando o seu filho lhe fizer uma pergunta sobre sexo e
sexualidade. Você não pode esquecer o que dizem os pesquisadores da
sexualidade infantil: a criança pergunta a quem confia.

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Capítulo 5
Educação Sexual Infantil na prática

Como Começar a Educação Sexual?


É importante que os pais reflitam sobre a Educação Sexual
que receberam, quais eram suas dúvidas sobre sexualidade na
infância, como aconteceram os primeiros contatos com os
conteúdos de sexo. Você é satisfeito com a Educação Sexual que
recebeu? Deseja oferecer o mesmo para seu filho?

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Se sua resposta for não, e se é o seu desejo fazer diferente,


peço que considere alguns pontos:

Analise sua postura diante da sua sexualidade: Como você percebe,


sente e lida com sua sexualidade? Quanto mais positiva for a forma de
vivenciar e aceitar sua sexualidade, mais tranquilo será o processo de
Educação Sexual do seu filho.

Escute seu filho: Escutar é ouvir com atenção e sensibilidade, mostrando


interesse em compreender o significado do que ouviu. Portanto, mesmo
que a dúvida de seu filho pareça uma "bobagem", escute e respeite o
pensamento dele.

Jamais sorria da pergunta de uma criança.

Alimente a conexão afetiva com seu filho: Sempre digo aos pais que
mais importante do que saber que palavras usar, e qual é a resposta ideal
para a pergunta de sexo que o filho fizer, é compreender as razões da
pergunta, as emoções da criança e se apresentar aberto para qualquer
bate-papo. Esta conexão é fundamental para a constituição de uma
relação saudável e para a Educação Sexual.

Como a sexualidade é tratada no cotidiano da família: A forma como a


criança vai entender o sexo e a sexualidade dependerá, principalmente, da
maneira dos pais mostrarem amor ou desamor, aprovação ou
desaprovação, aceitação ou não aceitação diante de cada membro da
família e das dúvidas, curiosidades e manifestações da sexualidade
infantil. As crianças precisam se sentir acolhidas através de palavras, tom
de voz e postura dos pais.

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Aproveite situações cotidianas: Aproveite cada situação que surgir


como: troca de roupa, banho, visita ao pediatra, uma cena de um filme,
uma visita a um bebê recém-nascido. Estas são excelentes
oportunidades para desenvolver uma boa conversa sobre sexualidade.
Por exemplo: Você está assistindo um filme com sua filha, quando ela vê
uma cena de um casal se beijando fecha os olhos ou coloca a mão no
rosto. Neste momento você pode perguntar de maneira bem natural: “-
Filha esta cena te incomoda? O que você acha de um casal que se
beija?” E aí já começa um bate-papo.

Use livros, material divertido, brinquedos: Use os recursos que tiver


disponíveis para tentar explicar esse tema da forma mais simples e
natural possível. Ainda neste capítulo vou indicar alguns livros e
dinâmicas para lhe auxiliar no processo de Educação Sexual de seu filho.

Tenho Vergonha de Falar Sobre Sexo Com Meu Filho,


O Que Devo Fazer?
A Educação Sexual que você
recebeu é a principal responsável por
este sentimento de vergonha, mas
não significa que ele não possa ser
vencido.
Comece conversando com seu
filho sobre as partes do corpo e os
sentimentos. À medida que você for
ficando mais à vontade, o assunto vai
fluir com mais naturalidade.
Coloque em mente os benefícios
da Educação Sexual que foram
abordados no capítulo 2, e o quanto
contribuirá de forma muito positiva
para a saúde emocional e os
relacionamentos do seu filho por toda
vida.
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Quem Deve Falar Sobre Sexo, o Pai ou a Mãe?


A Educação Sexual é responsabilidade de ambos, que devem
buscar conhecimento para isto e mostrarem-se abertos para a
criança. Ela precisa sentir e saber que pode fazer qualquer
pergunta que seus pais irão lhe responder, que é possível conversar
sobre sexo ou qualquer outro assunto com eles.
Isso é fundamental para o estabelecimento da confiança e de um
canal de comunicação aberto, o que será muito útil na infância e
muito mais na adolescência.

É na infância que são estabelecidas


as bases para uma comunicação
aberta e afetiva. APROVEITE!!

Descobri Que Errei Muito Na Educação Sexual do Meu


Filho, e Agora?
Não se desespere com isso! Como bem diz a sexóloga Marta
Suplicy⁴, a Educação Sexual é um processo que começa no útero e
só termina com a morte.
A partir do momento que temos o conhecimento dos métodos e
ferramentas para a realização da Educação Sexual, podemos
reiniciar o processo, mudar de atitude e fazer a diferença na vida
dos nossos filhos. Em todo e qualquer momento o recomeço é bem-
vindo. Por isso, não carregue o peso do sentimento de culpa.
Tenho certeza que o que você fez de errado foi querendo
acertar muito. Mas agora você tem a oportunidade de escrever
uma nova história com seu filho. Aproveite! Não se prenda ao que
já aconteceu, mas acredite em tudo de novo que acontecerá!

4. MARTA SUPLICY. Conversando Sobre Sexo. 16ª ed. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1990.

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Ferramentas e Materiais para Ensinar Sexualidade


Infantil na Prática
Além de materiais explicativos, os pais precisam utilizar
outras ferramentas para facilitar a compreensão das crianças a
respeito do que é sexualidade.

Respeito às diferenças: Aconselhamos


os pais a comprarem bonecas brancas,
negras, gordas, magras, cadeirantes,
com tipos de cabelos diferentes, para
que seja trabalhada a percepção e o
respeito às diferenças, a quebra do

biotipo perfeito. Colocando em prática: Você e sua filha estão


em uma loja de brinquedos, e enquanto ela escolhe uma
boneca, mostre outras opções além das bonecas “da moda”.
Mesmo que não compre, aproveite esse momento para
apresentar outras bonecas com cor de pele, raças, cabelos
diferentes, comparando com os diversos tipos de mulheres que
existem na vida real, e que todas têm o seu tipo especial de
beleza.

Contornando o corpo:
Opção 1:
Peça à criança para deitar no papel
madeira.

Faça o contorno do corpo dela com um


pincel (Se você tiver outro filho ou se
na casa tiver outra criança, peça para
esta criança fazer o contorno).

Desenhar todas as partes do corpo


(olhos, boca, nariz, mamilos, coração,
umbigo, pênis, vulva, joelho, etc.)

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Se a criança apresentar alguma resistência para desenhar as partes


íntimas, pergunte o porquê, mas sem pressioná-la.

À medida que cada parte do corpo for sendo desenhada, pode ir


conversando sobre a função e a importância de cada uma delas,
quem pode tocar nestas partes, como devem ser tocadas.

Após concluir o desenho do corpo, vocês podem confeccionar roupas


para o desenho (pode utilizar cartolina, papel crepom, A4 , etc.).

Usem a criatividade e imaginação!

Opção 2
Depois de feito o contorno do corpo da
criança, escreva em uma folha
separada o nome das várias partes do
corpo que serão desenhadas, recorte
os nomes e coloque em um pote.

Faça um sorteio, no qual cada


participante tire um nome de cada vez
e desenhe no contorno a parte do
corpo que tirou. Toda família pode
participar!

Pontos que podem ser trabalhados na dinâmica:


A importância de cada parte do corpo
Quebrar a vergonha de falar sobre partes íntimas
Apresentar como proteger as partes íntimas
Mostrar à criança o quanto todo o seu corpo é especial, inclusive as
genitálias
Ao confeccionar e colar as roupas no desenho, explique porque as
partes íntimas são protegidas com roupas especiais (calcinha, cueca).
Apresente os conceitos de intimidade, privacidade e consentimento.
Aponte quais pessoas podem tocar no corpo da criança e em que
circunstâncias podem tocá-la.
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Pontos que podem ser trabalhados na dinâmica:

Fale sobre os cuidados e higiene que devemos ter com cada parte do
corpo, incluindo as genitálias

Fale sobre os cuidados e higiene que devemos ter com as peças


íntimas.

Fale sobre toque do SIM/BOM e toque do NÃO/RUIM

E muitos outros assuntos.

É importante que a criança compreenda como funciona o corpo, em


que se constituem os cuidados e a prevenção; e expresse dúvidas e
sentimentos.

Recomendações:
Faça esta dinâmica pelo menos uma
vez por mês.

Não trabalhe todos os pontos acima


de uma só vez, escolha alguns para
enfatizar a cada aplicação.

Não faça da dinâmica uma aula


sobre o corpo ou anatomia. Seja
leve, descontraído e divertido.
Lembre-se: É uma brincadeira! É
hora de conexão afetiva!

Dê espaço para a criança se


expressar por palavras, por meio de
cada desenho. A fala da criança é
uma fator importante da dinâmica.

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Não interrompa ou corrija a criança por ter algum desenho ou


corte “da forma errada”. Após a criança terminar cada parte,
você pode dar sugestões.

Ouça atentamente a criança e dialogue com ela, sempre num


tom de brincadeira.

Se surgir algo mais sério durante a dinâmica (Ex. a criança


disser que não gosta de tal parte do seu corpo ou que fulano
toca em suas partes íntimas), não reaja negativamente ou com
espanto. Aproveite este momento para uma escuta ativa,
acolhimento e instrução. Depois chame a criança para continuar
a conversa.

Modelando o corpo: Realize esta


atividade com massa de modelar
ou argila, pedindo à criança para
criar bonecos de vários tamanhos
e biotipos. Após modelados os
bonecos, podem ser trabalhadas
questões relativas às diferenças
(ex.: gordo, magro); relações de
gênero (perguntando qual o
sexo do boneco confeccionado);
sentimentos e emoções (o que é
que faz o boneco ficar feliz ou
triste, calmo ou com raiva);
prevenção ao abuso sexual
(explicar a função e o valor de
cada parte do corpo, quem e
como pode ser tocada), entre
outras. Em toda e qualquer
atividade os valores éticos e
morais da família devem ser
esclarecidos.

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Teatro em família: Os pais ou


cuidadores podem também realizar
conversas lúdicas utilizando os
fantoches, dedoches, desenhar
carinhas nos dedos, máscaras,
bonecos de pano, bichos de pelúcia,
ou uma encenação, já que as
crianças apreciam as histórias.

Se os pais quiserem ensinar para os filhos que não devem falar


com estranhos, ao invés de somente explicarem os fatos, é melhor
vivenciar na encenação uma hipótese de perigo com a criança, e
que, sempre que alguém fizer algo que a deixa com medo, triste
ou confusa, ela precisa contar de imediato para os pais

Fotos e vídeos: Apresentar à criança as fotos da gravidez e os


vídeos das ultrassonografias, aproveitando o momento para
explorar as questões trazidas de forma leve e descontraída. Outros
vídeos e fotos sobre gestação disponíveis na internet podem ser
utilizados. Todavia, todos os conteúdos devem ser analisados
anteriormente pelo adulto .

Na hora do banho: Aproveite esse momento para mostrar à criança


o valor que tem o seu próprio corpo, a noção dos conceitos de
público e privado, que o banheiro é um lugar especial, onde
cuidamos do nosso corpo
(higiene), e que se cuidar é
bom para a saúde e para a
beleza. Quem se ama, cuida
do seu corpo, o deixa
sempre limpinho e cheiroso,
escova sempre os dentes,
etc. Cuidar de si é um
grande princípio da
Educação Sexual. Este
cuidado deve ser ensinado
não como obrigação, mas
como forma de amar-se.

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Lista De Livros de Educação Sexual Infantil:


Para você que deseja ter um material que lhe auxilie no processo de
Educação Sexual da sua criança, vou indicar alguns livros sobre o
tema:

“De Onde Saiu Esse Bebê?” - Coleção Biblioteca de Iniciação


Sexual –Vol. 1 de Caterina Marassi Candia, Mercedes Palop Botella,
Pilar Migallón Lopeszosa e José R. Díaz Morfa, Editora Girassol.

“De Onde Vêm os Bebês”, de Andrew C. Andry e Steven Schepp,


Ed. José Olympio.

“Coleção Sentimentos”- 10 volumes: Amor, Raiva, Alegria,


Tristeza,Saudade, Vergonha, Ansiedade, Ciúme, Solidão e Medo, de
Fábio Gonçalves Ferreira, Ed. Cedic.

“O Cocô Amigo” – Mauren Veras. Editora Much.

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conclusão

Após terminar de ler este livro qual é a sua visão sobre


sexualidade infantil? Quais são os sentimentos e pensamentos
sobre o processo de Educação Sexual do seu filho?
Estou muito feliz por você ter chegado até aqui. Esta
leitura pode ter despertado em você aquele sentimento de que
poderia ter feito muita coisa diferente na formação do seu
filho.

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O objetivo deste livro e de todo o Programa de Inteligência


Sexual - Sexualidade Infantil, não é apresentar os erros ou causar
sentimento de culpa, mas alertar os pais para esta temática tão
importante e urgente.
Precisamos entender que a criança vivencia e manifesta sua
sexualidade em todas as suas relações, brincadeiras e
experiências, mesmo que seus pais autorizem, ou não.
Isso acontece porque desde o útero de sua mãe, TODAS as
crianças são seres sexuados, que experimentam em cada fase da
vida a sua sexualidade. Mas, como elas são imaturas e estão no
processo de desenvolvimento, precisam da ajuda dos pais.
As perguntas que seu filho faz sobre sexo é um
comportamento normal e até esperado na fase da infância. A
forma como você vai agir e responder, contribui diretamente
para a construção de uma sexualidade saudável.
Se a sexualidade for
transmitida de forma negativa,
se a criança for ignorada ou
repreendida, por querer saber
sobre este assunto, e se suas
perguntas não forem
respondidas de forma
adequada, a criança poderá
desenvolver sérios problemas
emocionais e uma visão
negativa de si mesma, dos
relacionamentos e do amor.
Mas, é muito difícil
ensinarmos aos nossos filhos o
que não sabemos. Se você
recebeu uma Educação Sexual
repressora, se em seu lar era
proibido falar sobre sexo, você
terá algumas dificuldades para
realizá-la com seus filhos

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Portanto, é fundamental que você busque conhecimento e se


prepare para oferecer o seu melhor para eles! Em suas mãos está
uma grande oportunidade de fazer diferente, de apresentar para seu
filho formas de desenvolver amor e respeito por si e pelo outro, de
reconhecer seus sentimentos e emoções.

Lembre-se:
É na infância que o seu filho tem sede para saber tudo o que você
tem a ensinar.
É na infância que seu filho mais confia e acredita em você!
É na infância que seu filho corre mais perigo de ser abusado.
É neste momento da vida que ele mais precisa de você; pai e
mãe, para construir as bases da sua sexualidade!

Este livro foi o seu primeiro e importante passo para o processo


de Educação Sexual de sua criança. Eu sei que você precisa de mais
conhecimento sobre este assunto. Por isso, faço um convite especial...
Continue mergulhando fundo neste assunto. Assuma de vez a
responsabilidade e o privilégio de realizar a Educação Sexual de seu
filho. Não perca mais tempo!

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Não esqueça de ouví-lo, permitindo que ele expresse suas emoções,


estabelecendo uma conexão afetiva duradoura que transmita as várias
faces do amor. Você é capaz de recomeçar, de fazer uma nova história
através de melhores escolhas.

Lembre-se:

Não existe pessoa


emocionalmente saudável,
com uma sexualidade doente.

Seu filho precisa de sua orientação para construir e formar a


Inteligência Emocional e Sexual dele. Que o conteúdo deste livro tenha
trazido os fundamentos para vocês, pais, começarem a sua jornada
como educadores da sexualidade do seu filho.
E, que o seu desejo de aprender e ensinar não se limite às paredes
do seu lar, mas que espalhe e difunda esse conhecimento e aprendizado
para todos ao seu redor. Assim, vamos impactar a vida de milhares de
crianças em todo o mundo!
Quero estar junto de você nesta tarefa tão especial! Até o nosso
próximo encontro!

Com Amor e Força,

Leiliane Rocha

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Leiliane Rocha Psicóloga

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