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Capítulo
2
Professor, nesta página você poderá
abordar as seguintes habilidades da BNCC: Na mente dos personagens
Habilidades gerais
EF69LP44 EF69LP47
que o tempo passa lentamente. Nesse gênero, o narrador
EF69LP53 EF69LP54 Conhecimentos prévios costuma causar certo estranhamento no leitor a partir
da forma como narra a história. Agora, vamos mergulhar
1. Quando você tem ansiedade para que algo impor- em contos em busca desse estranhamento.
Habilidades específicas tante aconteça, como você sente a passagem do
tempo? Antes de começar a ler
EF89LP33 EF89LP37 2. Você acha que a passagem do tempo é percebida
da mesma forma pelas pessoas? No capítulo anterior, analisamos o texto Jonas e o menino,
EF09LP04 3. Você acha possível escrever uma narrativa simu- de Heber Costa. Nesse estudo, caracterizamos esse texto como
um exemplo de conto social. Nele havia um narrador-observa-
lando o fluxo do nosso pensamento? dor, uma denúncia social, uma crítica ao abandono de crianças
Objetivos e ao comportamento de pessoas que, ignorando esse abandono,
comovem-se mais com a miséria de animais. Além disso, vimos
36 Manual do Educador
Reprodução
oeste daquele chão poeirento e na savana do carpete pouco de um escritor brasileiro muito im- zida no início do século XIX até o início do
portante, Wander Piroli, que escreveu o
sujo. Com o cair da tarde, o abandono do sol e o desin-
teresse das brincadeiras, pesava sobre mim um senti-
conto social Trabalhadores do Brasil. Como
estamos estudando agora as caracterís-
século XX e acabou refletindo essa dualida-
mento estranho, uma miséria que brotava das minhas ticas e funções dos contos psicológicos,
aproveite para conferir uma obra muito
de em diferentes gêneros, entre eles, o con-
roupas desbotadas e entrava pelos poros, virando ou-
tra miséria, mais profunda. Era como uma febre que
interessante de Piroli, O menino e o pinto
do menino, um excelente conto psicológico
to psicológico.
anunciava sua chegada, uma moleza de espírito, um sobre as mentiras que contamos diariamente para nos proteger.
arrependimento de algo que não fiz. Por isso, eu temia
aquele homem: era o dia em que as luzes tardavam Diálogo com o
em se acender. Toda semana, era o Dia das Trevas. Na
penumbra, eu divisava vultos ameaçadores — alguns
Vocabulário
desconhecido
professor
eram ratos; outros, tenho certeza, demônios. O deses-
pero endurecia minhas pernas. Nada podia fazer. Sem
ter ao que me agarrar, deixava correrem as silenciosas Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustra- Em Morangos mofados, de Caio Fernan-
lágrimas do medo, salgadas de abandono. Quando já ções ou mesmo fontes externas, como dicionários, cons-
tinha passado o limite do insuportável, entre a vida e o trua o sentido das palavras seguintes. do Abreu, você encontrará interessantes
pesadelo, as luzes se acendiam e o homem ia embora.
Repleta de ternura e afeto. contos psicológicos que poderão lhe dar
Minha mãe vinha até mim, coberta num véu de culpa, Enternecida –
e tentava me consolar com biscoitos amanteigados.
Linhagem; descendência.
uma outra perspectiva do gênero.
Enquanto eu mordiscava, ela novamente dava à luz Estirpe –
aquelas palavras bastardas: “Papai não pode ficar. Ele
Meia-luz.
tem outra família, meu filho”. Palavras refletidas num Penumbra –
espelho distorcido, mais para si própria do que para
mim. Só anos depois, compreendi o que significavam Divisava –
Enxergava; avistava. Anotações
Sugestão de Desvendando os que, para o narrador, as trevas são bem mais do que a
segredos do texto
abordagem falta de luz: representam a solidão, o medo, a miséria e o
tivas múltiplas. Após a leitura, provoque -personagem e ficava até tarde no quarto com ela, en- coração”.
a turma com questões de leitura, como: quanto o narrador ficava nas trevas.
1. No título do conto, o que a palavra
esperança significou para você?
2. No texto, a palavra esperança funcio-
38 Língua Portuguesa – 9o ano
na como um substantivo concreto ou abs-
trato do ponto de vista do menino?
3. Nos contos psicológicos, há o de- FC_Língua_Portuguesa_9A_02.indd 38 26/02/2020 17:17:38 FC_L
senvolvimento simultâneo de pelo menos 6. No início do conto, a narradora apresenta seu ponto de vista sobre a esperança. Qual
duas histórias. Você saberia dizer quais são é esse ponto de vista?
as duas histórias sugeridas já na primeira
frase do texto?
4. Que opinião a narradora tem do sen-
Anotações
timento de esperança?
5. No texto de Clarice Lispector, pode-
mos atribuir dois sentidos à palavra es-
perança. Explique quais são esses dois
sentidos e como eles contribuem para a
narrativa psicológica.
38 Manual do Educador
Verbo transitivo direto Objeto direto Pedro e Alice são muito diferentes, mas eu amo os dois.
Objeto direto
Nesse exemplo, novamente o verbo precisa de um 1 Pedro não gosta de tirar nota ruim.
complemento: não gosta de quê? Note, no entanto, que
Objeto indireto
o complemento do verbo gostar se liga a ele indireta-
mente, isto é, com a ajuda de uma preposição. Portanto,
esse complemento é o objeto indireto.
Nos dois casos, os verbos precisaram de um comple-
mento: o objeto. Na prática, o papel de núcleo do obje-
Primeira oração Segunda oração
to é sempre exercido por um substantivo ou expressão
substantiva. Nesses casos, os substantivos localização
e aplicativo são os núcleos dos objetos. Veja outro 2 A professora Norma odeia que os alunos não
exemplo. estudem.
40 Manual do Educador
Oração principal
Oração principal
abordagem
Oração subordinada substantiva objetiva indireta
tade de ver. Só parei de ler quando já tinha passado bas-
tante da minha hora de ir para a cama e meus avós me
chamaram para se despedir.
No dia seguinte, eu não via a hora de chegar em casa
As narrações normalmente trazem mar- Prática linguística e continuar as aventuras do Jim. O livro era um pouco
esquisito, porque era feito em Portugal, e lá eles falam e
cas (pistas) de tempo e de espaço. O texto de
Texto
Arthur Nestrovski está repleto de marcas de
tempo, como Eu tinha 7 anos; Era início de in- O vô Maurício e os livros
verno; Era uma quarta-feira; Nesse dia; No dia Eu tinha 7 anos e estava na segunda série. Era início de
seguinte; etc. Seria interessante chamar a inverno e fazia muito frio em Porto Alegre. Meus pais tinham
feito uma reforma em nossa casa e construído uma espécie
atenção dos alunos para esses aspectos e so- de mezanino — uma sala suspensa, formando a metade de
um segundo andar, do meio até o fim da garagem.
licitar que eles os identifiquem no texto. Era uma quarta-feira. Como é que eu sei? Porque o vô
Os verbos trazem em si diversas infor- Maurício e a vó Luísa iam jantar conosco todas as quar-
tas-feiras. Sempre levavam presentes. Passas de pêsse-
mações, desde seu aspecto até marcas go de Pelotas, por exemplo, que eu adorava. Língua de
gato, meu chocolate predileto. Um time de botão, quem
de modo e de tempo. No texto de Arthur sabe?, ou um álbum de figurinhas.
Nestrovski, há o uso predominante dos Nesse dia, meu avô levou algo especial. Era um pa-
cote pequeno, em forma de retângulo. Achei que fosse
verbos no pretérito perfeito e imperfeito. algum jogo. Rasguei o papel de qualquer jeito para ver
logo o que era. E fiquei com cara de bobo e dei um sorri-
Mostre aos seus alunos que esses tempos
verbais, apesar de fazerem referência ao
42 Língua Portuguesa – 9o ano
passado, não se referem à mesma fração
de tempo.
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Anotações
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escrevem diferente de nós. Esquisito ou não, eu só que- a. Podemos afirmar que todos os adultos que o narrador
abordagem
ria saber do Jim. Meu avô teve de me trazer mais um li- conhecia quando menino tinham o hábito de ler? Explique.
vro da série na semana seguinte. E outro na seguinte, e
assim por diante, até completar a coleção.
Não. O narrador fala apenas dos adultos ao seu redor, isto No trabalho com a questão 1, chame a
Nunca mais vi esses livros depois que fiquei gran-
é, adultos com os quais ele convivia quando menino.
atenção para o emprego do passado com-
de. Talvez se eu os visse agora não ia entender por que
gostei tanto. Mas, de todos os livros que já li na vida, posto (o auxiliar ter + particípio), muito co-
nenhum foi mais importante do que Jim e a bicicleta.
mum no português brasileiro.
Gostei mais de outros até, mas nenhum foi tão impor-
tante. Porque foi o que me fez descobrir, por mim mes- b. Antes de ler Jim e a bicicleta, o que o narrador achava
mo, o que era essa coisa estranha que os adultos ao da leitura de um livro completo? Leitura
meu redor estavam sempre fazendo sem que ninguém
mandasse: ler um livro.
Ele achava que era algo estranho.
complementar
NESTROVSKI, Arthur. Arte e manhas da linguagem. vol. 4. Curitiba: Positivo, 2002.
c. Nesse período, o segmento destacado em negrito é
explicado por uma oração. Que oração é essa?
1| O trecho a seguir foi retirado do primeiro parágrafo.
Para mais informações acerca das va-
Ler um livro.
Leia-o com atenção. riadas formas de expressão do passado no
Meus pais tinham feito uma reforma em nossa 4| No texto, o personagem é “seduzido” pelo prazer de português brasileiro, podemos consultar a
casa... ler. Todos os trechos abaixo confirmam isso, de acordo
com o contexto, exceto:
Gramática do português brasileiro, de Má-
Que forma verbal pode substituir corretamente a ex- rio Perini.
pressão destacada? a. “[...] e comecei a leitura. Comecei e não parei
mais.” (sexto parágrafo)
Fizeram.
b. X “[...] resolvi começar a ler o livro depois do jan- Anotações
tar.” (quinto parágrafo)
2| Analisando o texto como um todo, é correto afirmar que: c. “Minha irmã foi me convidar para brincar, e eu
não quis.” (sexto parágrafo)
a. Não incentiva o despertar do prazer pela leitura. d. “[...] eu não via a hora de chegar em casa e conti-
b. Não apresenta um objetivo pedagógico. nuar as aventuras do Jim.” (sétimo parágrafo)
c. Mostra que a leitura é a interpretação do mundo, e. “Esquisito ou não, eu só queria saber do Jim.”
não de livros. (sétimo parágrafo)
d. X Tem como tema o despertar do prazer pela leitura.
e. Defende que a leitura é apenas uma forma de in- 5| Agora leia o trecho a seguir.
terpretação do mundo.
Eu tinha 7 anos e estava na segunda série. (primeiro
3| Agora releia este trecho, retirado do último parágrafo. parágrafo)
Porque foi o que me fez descobrir, por mim mesmo, Acerca da forma verbal destacada, é correto afirmar que:
o que era essa coisa estranha que os adultos ao
meu redor estavam sempre fazendo sem que nin- a. Indica uma noção de tempo passado, por isso
guém mandasse: ler um livro. pode ser substituída por terei, que transmite o
mesmo sentido.
da leitura, o livro como documento histó- 6| O terceiro parágrafo do texto começa com a expres-
pacote e ao seu formato retangular.
são nesse dia, cuja função, no texto, é:
rico, enfim. Como tema gerador, podemos
a. X Voltar a uma informação citada anteriormente;
usar estes versos de Mário Quintana: “Li- no caso, a noção de que era quarta-feira.
vros não mudam o mundo, quem muda o b. Antecipar um fato que ainda será apresentado no e. A oração que fosse algum jogo completa o sentido do
texto; no caso, a noção de que era quarta-feira. verbo achar. Qual é, então, a função sintática exercida
mundo são as pessoas. Os livros mudam as c. Voltar a uma informação citada anteriormente; por ela no período?
no caso, a noção de que era o dia em que o persona-
pessoas”. gem entrara na segunda série. Objeto direto.
d. Antecipar uma ação que ainda será apresentada
Leitura no texto; no caso, a informação de que o avô levara
algo especial ao neto.
8| Ainda com relação ao terceiro parágrafo, analise o pe-
44 Manual do Educador
Reprodução
Agora, leia os períodos a seguir e transforme as orações gentino Joaquín Salvador Lavado,
sala de aula algumas tirinhas de Quino (ou
subordinadas substantivas destacadas em substantivos. ou simplesmente Quino, começou
a publicar as tiras de Mafalda, sua o próprio livro, Toda Mafalda: da primeira à
a. É necessário que se adiante a data da festa. personagem mais importante e fa-
mosa, em 1964. Produziu até 1973, última tira) em que aparecem as persona-
É necessário o adiantamento da data da festa.
quando, segundo ele, percebeu gens Liberdade e Burocracia, para que os
que já tinha dito tudo o que queria
b. Convém que se superem todas as dificuldades. com a personagem e seus colegui- alunos possam associar mais facilmente
nhas. O grande feito de Mafalda é
Convém a superação de todas as dificuldades.
a maneira como ela percebe e interpreta o mundo. Embora
seu nome às suas características.
seja uma criança, ela tem opiniões extremamente críticas Talvez seja necessário exemplificar esta
10| Agora, você fará o inverso do exercício anterior: transfor- sobre a realidade e se preocupa bastante com os problemas
me os termos substantivos em orações substantivas. do mundo e de seu país: a Argentina. Por exemplo: duran- proposta de produção selecionando uma
te os quase dez anos em que foram publicadas as tirinhas
a. Os manifestantes exigiam transparência do governo (1964–1973), o mundo vivia em intensos conflitos, como o
das palavras dadas. Por exemplo: caso es-
na negociação. autoritarismo dos governos militares, a tensão da Guerra colhesse a palavra muro, o aluno poderia
Fria, a absurda Guerra do Vietnã, a explosão do consumis-
Os manifestantes exigiam que o governo fosse transpa-
mo, etc. Assim, todos esses eventos foram temas das tiri- criar externamente uma cena em que um
nhas de Quino, sempre de maneira muito crítica e reflexiva.
rente na negociação. personagem vem caminhando por uma tri-
Para você ter uma ideia, esse posicionamento crítico a
respeito da realidade da época era representado até mes- lha repleta de armadilhas e, de repente,
b. É necessário o aproveitamento de fontes alternativas mo no nome de alguns personagens. É o que acontece,
de energia. por exemplo, com a menina Liberdade e a tartaruguinha depara-se com um muro que o impede de
É necessário que fontes alternativas de energia sejam
de estimação de Mafalda, que ela nomeou simplesmente prosseguir. Paralelamente, desenvolve-se
de Burocracia. Liberdade foi desenhada como uma me-
nina cujo corpo era minúsculo, exatamente como era, na a narrativa psicológica, em que os elemen-
aproveitadas.
época, o direito das pessoas de serem livres. Já o nome
da tartaruga representava a lentidão com que os órgãos
tos externos podem ser transpostos subje-
NikoNomad/Shutterstock.com
estatais realizavam suas ações. Para conhecer melhor es- tivamente para a narrativa interna. Assim,
ses personagens e se divertir com suas histórias, confira
o livro Toda Mafalda: da primeira à última tira. Será uma a trilha perigosa pode ser entendida como
ótima oportunidade para dar umas boas gargalhadas e
ter uma aula de crítica inteligente.
a vida, repleta de situações difíceis. Inde-
Esse recurso de explorar a duplicidade de sentido pendentemente dessas provações, conti-
das palavras já foi empregado de forma muito engenho-
sa por alguns autores na produção de contos psicológi- nuamos vivendo, até que, um dia, depa-
cos. E é isso que você vai fazer agora.
ramo-nos com um terrível obstáculo (o
muro). O que fazer?
Língua Portuguesa – 9o ano 45
Diálogo com o
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professor
BNCC Para enriquecer a proposta, seria in-
Professor, nesta página você poderá abordar as seguintes habilidades da BNCC: teressante levar para a sala de aula mais
exemplos de palavras cujo significado
Habilidades gerais Habilidades específicas pode despertar a narrativa psicológica.
EF69LP44 EF89LP32
EF69LP46 EF89LP35
EF69LP47 EF09LP04
EF69LP51 EF09LP11
EF69LP54
EF69LP56
tio incoerente, desconexo, sem os nexos zão por que o texto se apresenta sem pará- Barca dos Homens) e Clarice Lispector (Per-
ou enlaces sintáticos de um texto “bem grafos, sem pontos, ininterrupto; numa pa- to do Coração Selvagem; A Hora da Estrela).
comportado”. lavra, caótica.
É como se fosse um depoimento, a ex- Na literatura universal, os grandes SCARTON, Gilberto (2002). Guia de pro-
pressão livre, desenfreada, desinibida, mestres desta técnica são James Joyce dução textual: assim é que se escreve.
ininterrupta, difusa, alógica de pensamen- (Ulysses), Virgínia Woolf (Mrs. Dalloway) e Porto Alegre: PUCRS, Fale/GWEB/Pro-
tos e emoções, muitas vezes de uma mente William Faulkner (O Som e a Fúria; Enquanto grad, [2002].
conturbada e atônita. agonizo).
No fluxo de consciência, o pensamento Em nosso meio, entre tantos escrito- Disponível em: http://gilbertoscarton.blogspot.com/2016/01/
simplesmente flui, pois, a personagem não res, poderiam ser citados Antônio Callado guia-de-producao-textual-como-escrever.html?m=0. Acesso
pensa de maneira ordenada, coerente, ra- (Assunção de Salviano), Autran Dourado (A em: 24/05/2019.
FC
46 Manual do Educador
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— E o senhor é quem?
— Alguém que tinha morado aqui há muito tempo,
Desvendando os
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perto do beco — agora um copo de água para aca- segredos do texto
bar a conversa. — Tenho uma empresinha no Recife,
cinquenta e cinco anos não é nada, é só uma rua que 1| No texto, o narrador relembra alguns momentos sig-
nificativos vivenciados. Cite, pelo menos, um momento
Diálogo com o se segue, um prédio, mudança de casa, assalto sem-
pre tem, Dulcineia, Dulcineia... Aquele tiro acidental, significativo.
quando diferentes ideias são postas ao mes- podia olhar, eram ainda quatro da tarde, cinquenta e
colar e foi fornecer produtos para a escola onde estudou
cinco anos, duas casas alugadas, um tiro no abdome,
mo tempo no texto, normalmente por meio três copos d’água, a bolsa de Dulcineia perdida. Juro
quando criança.
que mirei neles.
de conectivos aditivos. Essas duas caracte- Calculei que três horas depois estaria no Recife.
rísticas são próprias do fluxo da consciência. Nunca saí de lá, apesar de tudo. Conheço meus decli- 3| No texto de Malthus de Queiroz, podemos atribuir
ves, evito as sombras das plantas regadas por ela, parei dois sentidos à palavra timbrado. Quais são esses
com o cigarro a pedido do médico, ainda tomo vinho. significados?
Anotações Abriram uma rua no antigo beco, que dava para a BR.
A palavra ora é usada para qualificar um documento da
Era inevitável seguir por ali. Reconheci a casa, mudada.
Algumas coisas continuam, e a saudade é esta rua, que empresa de material escolar do personagem, ora é usa-
passa e permanece. da para qualificar o amor entre ele e Dulcineia. Neste
caso, seria um amor definitivo, sério, permanente, com
QUEIROZ, Malthus Oliveira de. Três copos d’água e outros contos. Recife:
Moenda Editorial. No prelo.
a mesma validade de um documento.
48 Manual do Educador
“[...] um tiro no abdome, três copos d’água, a bolsa de Resposta pessoal. No entanto, sendo a narrativa forte-
Sugestão de
abordagem
Dulcineia perdida. Juro que mirei neles.” mente marcada pelo sentimento de saudade e pela cul-
mirei, que deixa claro que o narrador-per- No início do conto, ele afirma que passou “vinte anos que ambas passam e permanecem, ou seja, é um senti-
sonagem causou a morte de Dulcineia com sem ver essa rua”, e após reencontrar Dulcineia, dois
meses depois de ter retornado, ele diz: “partimos dois mento que está sempre o acompanhando.
um tiro acidental ao reagir ao assalto. Essa meses depois de vinte anos, trinta e cinco eu”. Ou seja,
se ele passou vinte anos sem ver a cidade e agora tinha
informação será útil para identificar como trinta e cinco, quando saiu da cidade pela primeira vez
verdadeiro o item II da questão 12, ou seja, tinha quinze anos. Quando retorna à cidade pela última
vez, ou seja, quarenta anos depois, ele indica a sua ida-
o narrador sente saudade e culpa ao relem- de no seguinte trecho: “Fiquei orgulhoso do meu filho, a
escola eu podia olhar, eram ainda quatro da tarde, cin-
brar a sua história com Dulcineia.
quenta e cinco anos, duas casas alugadas [...]”.
Ainda considerando a questão 12, co-
mente com os alunos que o filho do nar-
rador só poderia ter, no máximo, 20 anos
50 Língua Portuguesa – 9o ano
de idade quando o acompanhou na visita
à escola.
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Anotações
50 Manual do Educador
Sugestão de
1. Agora, analise este período.
Eu sou o homem dos seus sonhos. Eu só tinha um desejo: que você me respeitasse.
Leitura
complementar FC_Língua_Portuguesa_9A_02.indd 52 26/02/2020 17:17:42 FC_L
Ela descobriu que os bem-te-vis faziam tagma nominal é capaz de exercer, a sa-
Orações substantivas o ninho na amendoeira. ber: sujeito (oração subjetiva), objeto dire-
Quem saísse por último apagaria as to (oração objetiva direta), complemento
Chamam-se orações substantivas os luzes. relativo (oração completiva relativa), com-
sintagmas nominais resultantes de trans- plemento predicativo (oração predicativa),
posição de uma oração. • Podem apresentar o verbo no infiniti- complemento nominal (oração completiva
vo — orações reduzidas: nominal) e aposto (oração apositiva).
Características formais Eles preferiram voltar da festa a pé.
• Podem vir anunciadas por um trans- AZEREDO, José Carlos de (2008). Gramática Houaiss da
positor e apresentar o verbo em forma fini- Características funcionais língua portuguesa. São Paulo: Publifolha/Instituto Antônio
52 Manual do Educador
Produção de texto expressa a ação de resse humano. textual: o ensino da escrita. São Paulo: Parábola, pp. 89–90.
54 Manual do Educador
17:42
Anotações a cena?
1. A produção do humor sempre está ligada à quebra
Avaliação de expectativa do interlocutor. Seja em uma piada,
seja em quadrinhos, o humor ocorre justamente
1. Peça a um colega para avaliar seu conto. A avalia- porque o que esperávamos acontecer não aconte-
ção deverá contemplar os pontos seguintes. ce. Essa quebra de expectativa procura sempre um
desfecho que, além de inesperado, seja surpreen-
Aspectos analisados Sim Não dente. Pensando nisso, discuta com o professor e
com a turma como se dá o humor nessa charge.
O texto está compreensível?
2. Na charge, podemos identificar a ocorrência de três
O conto apresenta duas narrativas orações apositivas que esclarecem o sentido das
simultâneas, uma exterior e uma cores utilizadas no semáforo. Indique em qual des-
interior? sas orações há um sentido de obrigatoriedade.
A narração se passa em apenas 3. Qual dessas orações apositivas expressa proba-
uma cena? bilidade?
Os personagens estão bem carac-
terizados? Nessa charge, como você percebeu, as orações você
O personagem principal enfren- pode seguir, você deve ter atenção e você pode ser
tou um conflito psicológico? assaltado equivalem a apostos que esclarecem o sen-
tido dos nomes verde, amarelo e vermelho, respecti-
Há um antagonista?
vamente. Na charge, o autor utilizou dois-pontos para
O conflito psicológico teve um separá-las dos nomes aos quais se referem, mas poderia
desfecho? ter utilizado, também, o travessão.
Sugestão de
abordagem
Para as questões de seção A escrita em rado, ou seja, que, no Brasil, parar no sinal
foco, propomos estas respostas: vermelho é perigoso.
1. A quebra da expectativa se dá justa- 2. “Você deve ter atenção”.
mente no desfecho da fala do pai do garo- 3. “Você pode ser assaltado”.
to. No semáforo, a cor vermelha indica que Professor, nessas duas últimas ques-
o motorista deve parar. No entanto, essa tões é importante discutir com a turma a
simbologia é ignorada pelo personagem importância semântica dos modalizadores
em benefício de um ponto de vista inespe- dever e poder nas orações em questão.
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58 Manual do Educador
60 Manual do Educador
4| Por que os pais de Carlos parecem preocupados com ele? a. No conto, percebemos que o sentimento predomi-
nante é o de tristeza do narrador. A personagem Miriam
Porque ele está triste, por causa do fim de seu relacio-
tem algo a ver com esse sentimento? Explique.
namento com Miriam, provavelmente sua namorada, e Sim, pois a tristeza de Carlos se deve ao fato de Miriam
5| Releia o trecho a seguir, retirado do quarto parágrafo b. Transcreva o termo que o narrador utiliza para ex-
do texto. pressar seu lamento.
“ó meu Deus”
nem uma carninha assada daquelas que você gosta?
com uma cebolinha de folha lá da horta um limão-
zinho uma pimentinha? 7| No conto, Carlos relembra dois momentos vivencia-
dos com Miriam. Que momentos são esses?
a. Que personagem profere essas falas?
O momento em que ela termina o relacionamento com
A mãe de Carlos.
ele de maneira fria e o momento em que ela, apaixona-
b. Transcreva as palavras que estão no grau diminutivo.
da, confessa seu amor por ele.
Carninha, cebolinha, limãozinho, pimentinha.
mãe falava com o filho, devido à preocupação que tinha O momento em que ela confessa morrer de amores por
tes. Assim, é preciso saber usá-las da me- 11| Agora, releia o trecho a seguir.
rador-personagem.
lhor forma possível diante dos desafios. Papai estava parado à porta pensei que você estava
dormindo ele falou eu sorri que vento hem! ele fa- 13| No último parágrafo do conto, Carlos se surpreende
c) No filme, Alegria procura o tempo in- lou e eu olhei para a vidraça [...] ele estava parado no novamente olhando as roseiras e as venezianas, exata-
teiro ignorar Tristeza. No entanto, há mo- meio do quarto estava de paletó e gravata de pulôver mente como no início da narrativa. O que essa volta ao
esfregava as mãos eu vou lá no Jorge você não quer ir começo do conto sugere para o leitor?
mentos em que a melancolia é necessária também? ele ficou olhando pra mim esperando não
Essa volta ao início da narrativa sugere que ela se repetirá.
papai dar uma volta? não obrigado você vai virar
para enfrentarmos as dificuldades que sur-
sorvete aí dentro ele brincou e eu ri e ele riu e então
gem em nossa vida. ficou sério de novo esfregava as mãos fiquei com 14| Carlos é o protagonista desse texto de Luiz Vilela. Que
pena dele eu sabia que ele queria me dizer alguma personagem é seu antagonista?
d) Esses sentimentos nos livram de pe- coisa sabia quase o que ele queria me dizer Mamãe
Miriam.
rigos. O medo faz com que não corramos devia ter dito a ele Artur chama o Carlos para dar uma
volta e ele dissera isso mas agora era diferente era
riscos desnecessários, e o nojo não deixa ele mesmo que queria me dizer alguma coisa e estava
atrapalhado ficava atrapalhado quando queria con-
comer algo estragado, por exemplo. É fun- versar essas coisas com um filho e então esfregava as
damental equilibrar essas emoções para mãos não era por causa do frio Carlos eu sei o que Mídias em
não incorrermos em exageros, como ter
você está sentindo ele falou eu sei como é é muito
aborrecido mesmo mas há coisas piores sabe?
contexto
medo de tudo ou achar que toda comida a. Nesse trecho, vemos a cena em que o pai encontra 1| Neste capítulo, vimos como a caracterização psicoló-
está ruim. Carlos no quarto. Algo sugere que o pai não está à von- gica dos personagens é importante para a construção do
tade. Que gesto seu denuncia isso? texto narrativo. Do mesmo modo, essa caracterização é
e) A felicidade exagerada nos faz perder fundamental, também, para obras audiovisuais baseadas
O gesto de esfregar as mãos.
na narração, como filmes. Uma das melhores obras au-
a noção das coisas. É como se tudo fosse
melhor do que a realidade. No filme, a per-
62 Língua Portuguesa – 9o ano
sonagem Alegria não cansa de ver as coisas
com extremo otimismo — mesmo quando
a situação exige um pouco de medo, triste- FC_Língua_Portuguesa_9A_02.indd 62 26/02/2020 17:17:43 FC_L
62 Manual do Educador
Divulgação.
g. No filme, o que são as memórias-base? Qual é a importância delas para nós?
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EF89LP33
Outras fontes
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Como fazer um conto O escritor Luiz Vilela, Adolescentes da rede Contos da Meia-Noite – EF09LP04
psicológico? autor do conto viram “cineastas” de O conto Gringuinho, de
Quais as principais psicológico Eu estava ali contos psicológicos Samuel Rawet, aborda a EF09LP08
características do gênero? deitado, fala sobre sua Estudantes da Escola realidade de adaptação
Confira o vídeo, no código relação com a leitura e Básica Virgílio dos Reis das crianças estrangeiras
abaixo, que traz dicas seu método de trabalho. Várzea, em Canasvieiras, e os conflitos familiares
sobre a estruturação No final do vídeo, ele Florianópolis, produziram e sociais aos quais
desse gênero literário,
além de renomados
lê o conto psicológico
Ninguém, do livro Tremor
11 vídeos sobre a
temática.
sobreviveram. Anotações
autores. de Terra.
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