Você está na página 1de 65

Movimentos do séc.

XIX:

REALISMO, IMPRESSIONISMO,
PÓS-IMPRESSIONISMO
Realismo(de 1848 a 1875)
• “O realismo foi um movimento artístico e cultural que se desenvolveu na segunda metade do século
XIX. A característica principal deste movimento foi a abordagem de temas sociais e um tratamento
objetivo da realidade do ser humano.”(SUAPESQUISA, 2004)

• “ Possuía um forte caráter ideológico, marcado por uma linguagem política e de denúncia dos
problemas sociais como, por exemplo, miséria, pobreza, exploração, corrupção entre outros.
Com uma linguagem clara, os artistas e escritores realistas iam diretamente ao foco da questão,
reagindo, desta forma, ao subjetivismo do romantismo. Uma das correntes do realismo foi o
naturalismo, onde a objetividade está presente, porém sem o conteúdo ideológico.”(SUAPESQUISA,
2004)

• “O realismo manifestou-se principalmente na pintura, onde as obras retratavam cenas do cotidiano


das camadas mais pobres da sociedade. O sentimento de tristeza expressa-se claramente através
das cores fortes. Um dos principais pintores realistas foi o francês Gustave Coubert. Com obras que
chocaram o público pelo alto grau de realismo e pelos temas sociais, este artista destacou-se com as
seguintes telas : Os Quebradores de Pedras e Enterro em Ornans. Outros importantes pintores deste
período foram: Honoré Daumier, Jean-François Millet e Édouard Manet.”(SUAPESQUISA, 2004)
• “Aquilo a que chamei a ‘ruptura na tradição’, que marca o período da Grande Revolução na França,
iria inevitavelmente mudar toda a situação em que viviam os artistas. A Revolução industrial
começou a destruir as próprias tradições do sólido artesanato; o trabalho manual cedia lugar à
produção mecânica, a oficina cedia passo à fábrica. (...) A vasta expansão de cidades na Inglaterra
e nos Estados Unidos, nessa época, converteu enormes extensões de campo em “áreas
construídas”. O homem de negócios ou a comissão de urbanização que planejava uma nova
fábrica, estação ferroviária, escola ou museu queriam Arte pelo dinheiro
investido.”(GOMBRICH,1999, 499)

• “A ruptura na tradição abrira-lhes um campo ilimitado de opções. Cabia ao artista plástico decidir
se queria pintar paisagens ou cenas dramáticas do passado, se preferia temas inspirados em
Milton ou nos clássicos, se adotava a maneira comedida da ressurreição clássica de David ou
maneira fantástica dos mestres românticos. (...) Assim desenvolveu-se uma profunda brecha no
século XIX entre os artistas cujo temperamento lhes permitia obedecer as convenções e satisfazer
à demanda do público e os que se orgulhavam de seu isolamento auto-imposto.(...) Só no século
XIX é que se abriu um verdadeiro abismo entre os artistas de sucesso - os que contribuíam para
‘arte oficial’ – e os inconformistas, que só acabavam sendo apreciados depois de mortos.”
(GOMBRICH, 1999 501 e 503)

• “ Nas academias a idéia de que a pinturas dignas devem representar personagens dignos, e de
que trabalhadores e camponeses fornecem temas adequados somente para as cenas de genre, na
tradição dos mestres holandeses. Durante a Revolução de 1848, um grupo de artistas reuniu-se
na aldeia francesa de Barbizon para seguir o programa de Constable e observar a natureza e
observar a natureza com novos olhos. Um deles Jean-François Millet(1814-75), decidiu estender o
programa das paisagens às figuras. Quis pintar cenas de vida camponesa tal como realmente era,
pintar homens e mulheres trabalhando no campo.(...) as suas três camponesas assumiram uma
dignidade mais natural e mais convincente do que a dos heróis acadêmicos.”(GOMBRICH, 1999 ,
508)
Gustave Courbet (Ornans, 10 de Junho de 1819 — La-Tour-de-Peilz, 31 de Dezembro de 1877)
• “ O pintor que deu nome a esse movimento foi Gustave Courbet (1819-77). Quando abriu uma
exposição individual num barraco de Paris, em 1855, intitulou-a Le Réalisme, G. Courbet. Seu realismo
iria marcar uma revolução na arte. Courbet queria ser unicamente discípulo da natureza. (...) A idéia
de um pintor representar-se em mangas de camisa e como uma espécie de andarilho deve ter
parecido um ultraje aos artistas ‘respeitáveis’ e seus admiradores. De qualquer modo, era essa
impressão que Courbet queria causar. Pretendia que seus quadros fossem um protesto contra as
convenções aceitas do seu tempo, ‘chocassem a burguesia’ para obrigá-la a sair de sua complacência,
e proclamassem o valor da intransigente sinceridade artística contra a manipulação hábil de clichês
tradicionais.” (GOMBRICH, 1999, 511)

• “As telas de Courbet são, fora de qualquer dúvida, sinceras.(...) A deliberada renúncia de Courbet a
feito fáceis, e sua determinação de representar o mundo tal como via , estimularam outros a rejeitar o
convencionalismo e a seguir apenas sua própria consciência artística.” (GOMBRICH, 1999, 511)

Édouard Manet (Paris, a 23 de janeiro de 1832 – Paris 20 de abril de 1883)


• “ A terceira onda de revolução na França (após a primeira de Delacroix e a segunda de Courbet) foi
iniciada por Édouard Manet(1832-83) e seus amigos. Esses artista tomaram muito a sério o programa
de Courbet. Procuraram convenções na pintura que se tinha tornado corriqueiras w destruídas de
significado.(GOMBRICH, 1999,514)
• Diferente de Courbet, seu realismo não tem intenções sociais. Ao contrário, reflete até um certo ar
aristocrático.(PROENÇA,2001,134)
• “A fim de evitar a pintura convencional do seu tempo, Manet procurou nos mestres antigos a
diversidade da expressão temática e das soluções plásticas. Seus temas são anticonvencionais, são
mais pretextos do que temas. O que o interessava, mais do que a observação realista, era a solução
de problemas plásticos, inclusive em suas recriações de quadros célebres.”(Enciclopédia Mirador
Internacional, 2009)
• “Em 1863 , os pintores acadêmicos recusaram-se a exibir as obras de Manet na exposição oficial – o
Salon. Seguiu-se um onda de agitação que levou as autoridades a expor todas as obras condenadas
pelo júri numa mostra especial que recebeu o nome de ‘ Salon dos Recusados’. Esse episódio marcou
a primeira fase de uma batalha que duraria cerca de 30 anos. (...) De fato, Manet negou com
veemência que quisesse ser um revolucionário . Procurou deliberadamente inspirar-se na grande
tradição dos mestres do pincel que os Pré-Rafaelitas haviam rejeitado,(...)” (GOMBRICH, 1999, 514)
• (...)sua obra revelou traços de afinidade com os novos pintores. Recusado, como os
impressionistas, pela crítica oficial, é natural que estes o atraíssem. E Manet pode ser
considerado como meio mestre e meio adepto da nova corrente. A afinidade principal entre
Manet e o Impressionismo era de ordem metódica: redução da pintura à sua natureza
específica, pela pesquisa de massas, de luz e de cor.” (Enciclopédia Mirador Internacional,
2009)

• “Pode-se dizer, portanto, que Manet e seus seguidores provocaram na reprodução de cores uma
revolução quase comparável à revolução grega na representação de formas . Eles descobriram
que, se olhamos a natureza ao ar livre, não vemos objetos individuais, cada um com sua cor
própria, mas uma brilhante de matizes que se combinam em nossos olhos ou, melhor dizendo
em nossa mente.” (GOMBRICH, 1999, 514)
• “ Mas o fato é que, ao ar livre e sob a plena luz do dia, as formas redondas parecem às vezes
planas , quais meras manchas coloridas . Era esse efeito que Manet queria explorar.”
(GOMBRICH, 1999,517)
Mulheres peneirando trigo, de Gustave Courbet, 1855 . Óleo sobre tela, 131 × 167 cm;
Museu de Belas-Artes — Nantes
Auto-retrato com cão, de Gustave Courbet, 1842. Óleo sobre tela, 1 445× 1200;
Museu do Petit Palais — Paris
Olympia, de Édouard Manet, 1863. Óleo sobre tela, 130,5 × 190 cm; Museu d’ Orsay – Paris.
Almoço na Relva ,de Édouard Manet, 1863. Óleo sobre tela, 208 × 264 cm; Museu
do Louvre- Paris.
Impressionismo (de 1880 a 1900)
• Através da luz e da cor os artistas do impressionismo buscam atingir a realidade. As obras são
feitas ao ar livre para aproveitar a luz natural. Obras mais conhecidas: Impressão, Nascer do
Sol, de Claude Monet, A Aula de Dança, de Edgar Degas; e O Almoço dos Remadores, de
Auguste Renoir.(SUAPESQUISA, 2004)

• “Claude Monet(1840-1926). Foi Monet quem insistiu com seus amigos para que abandonassem
completamente o ateliê e nunca mais voltasse a dar uma pincelada , exceto diante do ‘motivo’.
Ele era dono de um pequeno bote equipado com um estúdio para lhe permitir a exploração dos
cambiantes do cenário fluvial.(...) Pois a idéia de Monet de que toda a pintura da natureza deve
realmente ser terminada in loco não só exigia uma substancial mudança de hábitos e certa
renuncia ao confronto , mas ia resultar forçosamente em novos métodos técnicos. A ‘natureza’
ou ‘motivo’ muda de minuto a minuto, quando corre uma nuvem sob o sol ou o vento quebra o
reflexos na água. O pintor que espera captar um aspecto característico não dispõe de tempo
para misturar e combinar suas cores, muito menos para aplicá-las em camadas sobre uma base
castanha, como tinham feito os velhos mestres. Ele tem que fixá-las imediatamente na sua tela,
em pinceladas rápidas, cuidando menos dos detalhes e mais do efeito geral produzido pelo
todo.” (GOMBRICH, 1999, 518 e 519)
• “Monet ainda experimentava dificuldades para conseguir que suas telas não-ortodoxa fossem
aceitas no Salon. Assim resolveram reunir-se em 1874 e organizar uma exposição no estúdio de
um fotografo. Havia uma tela de Monet que o catálogo descrevia como ‘Impressão: nascer do
sol’: era a pintura de um porto visto através das nevoas matinais. Um dos críticos achou esse
titulo particularmente ridículo e referiu-se a todo o grupo de artistas como ‘os impressionistas’.
(...) Algum tempo depois, o próprio grupo de amigos aceitou o nome de impressionistas, e como
tal passaram a ser conhecidos até hoje.” (GOMBRICH, 1999, 519)
• “Claude Monet conhecia as obras de Turner. Vira-as em Londres, onde residira durante a guerra
franco-prussiana, e elas reforçaram a sua convicção de que os efeitos mágicos de luz e ar eram
muito mais importante do que o tema de uma pintura.” (GOMBRICH, 1999, 520)
• “Os pintores desse jovem grupo de impressionistas aplicaram seus novos princípios não só a
paisagem, mas a qualquer cena da vida real.(...) Pierre Auguste Renoir(1841-1919),(...) Renoir
quis realçar a alegre combinação de cores brilhantes e estudar o efeito da luz do sol sobre a
multidão turbilhonante. Mesmo comparado com a pintura feita por Manet do barco de Monet o
quadro parece ‘esboçado’e inacabado. Somente as cabeças de algumas figuras no primeiro
plano são apresentadas com detalhes, mas mesmo estas estão expostas da maneira mais
audaciosa e menos convencional. “(GOMBRICH, 1999, 520 e 521)
• “A descoberta pelos impressionistas de que as sombras escuras do gênero usado por Leonardo
para modelar não ocorrem ao ar livre e à luz do sol impediu para eles o recurso a essa saída
tradicional.(...) Realizar esse milagre e transferir a experiência visual do pintor para o espectador
constitui a verdadeira finalidade dos impressionistas.(...) Os velhos chavões do ‘tema digno’, da
‘composição equilibrada’, do ‘desenho correto’ foram sepultados. O artista só era responsável
pelo que pintava e como pintava ante a sua própria sensibilidade.” (GOMBRICH, 1999, 522)
• “ A luta dos impressionistas tornou-se uma valiosa lenda para todos os inovadores em arte, que
agira podiam apontar esse notório fracasso geral fracasso geral em reconhecer e aceitar novos
métodos. Num certo sentido, esse fracasso tornou-se tão importante na historia da arte quanto a
vitória final do programa impressionista.” (GOMBRICH, 1999, 523)
• “ (...) Edgar Degas (1834-1917). Degas era um pouco mais velhos que do que Monet e Renoir.
Pertencia a geração de Manet e, tal como ele, manteve-se um pouco distanciado do grupo dos
impressionistas, embora simpatizasse com a maioria de seus propósitos. Degas alimentava um
interesse apaixonado pela arte do desenho e tinha grande admiração por Ingres. Em seus
retratos, procurava realçar a impressão de espaço e de formas sólidas , visto dos ângulos mais
inesperados. Certamente por isso gostava de ir buscar no balé os seus temas, em vez de fazê-lo
em cenas ao ar livre.(...) Ele não se interessava pelas bailarinas por serem moças bonitas.
Tampouco parece importar-se com o estado de espírito delas. Olha-as com a objetividade
desapaixonada com que os impressionistas olham uma paisagem à sua volta. Importante era o
jogo de luz e sombra sobre a forma humana , e o modo como poderia sugerir movimento ou
espaço. (GOMBRICH, 1999,526 e 527)
• “ Talvez essa vitória não fosse tão rápida e tão completa sem a interferência de dois aliados que
ajudaram as pessoas do século XIX a ver o mundo com olhos diferentes. Um desses aliados foi
a fotografia.(...) A máquina fotográfica ajudou a descobrir o encanto das cenas fortuitas e do
ângulo inesperado. Além disso, o desenvolvimento da fotografia iria impelir ainda mais os
artistas em seu caminho de exploração e experimentos.(...) O segundo aliado que os
impressionistas encontraram em sua busca afoita de novos motivos e novos esquemas de cor
foi a cromotipia japonesa. A arte do Japão desenvolvera-se a partir da arte chinesa e
prosseguira nesse rumo durante quase mil anos. No século XVIII, entretanto, talvez sob a
influência das estampas européias, os artistas japoneses abandonaram os motivos tradicionais
da arte do Extremo Oriente e escolheram cenas da vida humilde como tema para suas
xilogravuras coloridas.(...) Quando o Japão foi forçado, em meados do século XIX , a
desenvolver relações comerciais com a Europa e a América, essas estampas, muito usadas
como invólucros e enchimentos, podiam ser compradas por preços módicos nas casas de chá.
Os artistas do círculo de Manet estiveram entre os primeiros a apreciar as estampas e a
colecioná-las avidamente. Viram nelas uma tradição não- contaminada pelas regras e lugares-
comuns acadêmicos que os pintores franceses lutavam por eliminar. (GOMBRICH, 1999,
523,524 e 525)
Mulheres no Jardim, de Claude Monet, 1866. Óleo sobre tela, 256 cm x 208 cm. Museu do Louvre,
Paris.
Estação de St-Lazare, de Claude Monet, 1877. Óleo sobre tela, 75,5cm x 104 cm;
Museu d´Orsay. Paris.
Baile no Moulin de la Galette, de Pierre Auguste Renoir,1876. Óleo sobre tela,
131cm x 175 cm; Museu d´Orsay, Paris.
Madame Georges Charpentier e suas filhas, de Pierre Auguste Renoir,
1878. Óleo sobre tela, 153 × 190 cm; Metropolitan Museum of Art, New
York City
Retrato da família Bellelli , de Edgar Degas, 1860. Óleo sobre tela, 200 × 253 cm ;
Museu d'Orsay, Paris.
A Bolsa de Algodão de Nova Orleans, de Edgar Degas,1873. Óleo sobre tela, 72cm x
90 cm, Museu de Belas-Artes, Pau.
Pós-Impressionismo
• “Superficialmente, o final do século XIX foi um período de grande prosperidade e até complacência.
Mas os artistas e escritores que se sentiam marginalizados estavam cada vez mais descontentes com
as finalidades e o métodos da arte que agradava ao público.(...) Na Inglaterra, em particular, críticos e
artistas lamentavam o declínio geral do artesanato causado pela Revolução Industrial e detestavam a
própria visão dessas imitações baratas e pretensiosas, produzidas por máquina, de ornamentos que
outrora tinham um significado e uma nobreza próprios.” (GOMBRICH, 1999,535)
• “A expressão Pós-Impressionismo foi usada para designar a pintura que se desenvolveu de 1886, a
partir da ultima exposição impressionista, até o surgimento do Cubismos, com Pablo Picasso e
Georges Braque, entre 1907 e 1908. Ela abrange pintores como Gauguin, Cézanne, Van Guga e
Seurat , que apenas no inicio de suas carreiras identificaram-se com o
Impressionismo.”(PROENÇA,2001,145)
• “Entretanto, sabemos que, em arte, basta solucionar um problema para que muitos novos problemas
surjam no lugar dele. Talvez o primeiro a ter uma noção clara da natureza desses novos problemas
tenha sido um artista que pertenceu á mesma geração dos mestres impressionistas. Falamos de Paul
Cézanne (1839-1906), apenas sete anos mais jovem que Manet de dois anos mais velho que Renoir.
Em sua mocidade, Cézanne participou das exposição impressionistas, mas ficou tão enojado com o
acolhimento hostil, que se retirou para sua cidade natal de Aix-en-Provence, onde estudou os
problemas de sua arte sem ser perturbado pela bateria dos críticos.(..) Exteriormente levava uma vida
de tranqüilidade e lazer,mas estava sempre empenhado numa luta apaixonada para realizar em sua
pintura aquele ideal de perfeição artística que vinha perseguindo.(...) Cézanne detestava a confusão.
Entretanto, não queria retornar às convenções acadêmicas do desenho e do sombreado para criar a
ilusão de solidez, assim como não pretendia voltar ás paisagens ‘compostas’ para obter construções
harmônicas. Ele enfrentava uma questão ainda mais urgente ao ponderar sobre o uso correto da cor.
Cézanne era sedento de cores fortes e intensas, tanto quanto de padrões lúcidos. “(GOMBRICH,
1999,538 e 539)
• “ Seu desejo de ser inteiramente fiel ás suas impressões sensoriais em face da natureza parecia
colidir com o desejo de converter – como ele próprio disse – ‘ o impressionismo em algo mais
sólido e duradouro, como arte dos museus’.” (GOMBRICH, 1999,539)
• “ Não tinha o propósito deliberado de distorcer a natureza; mas não lhe importava muito se ela
tivesse que ser distorcida em alguns detalhes de menor importância, desde que isso o ajudasse a
obter o efeito desejado.(...) O que ele queria era transmitir a sensação de solidez e profundidade,
e descobriu que podia fazê-lo sem recorre ao desenho convencional.” (GOMBRICH, 1999,544)
• “Enquanto Cézanne se batia por uma conciliação dos métodos do impressionismo com a
necessidade de ordem , um artista bem mais jovem, Georges Seurat (1859-1891), dispôs-se a
enfrentar essa questão como se fosse uma equação matemática. Usando como ponto de partida
o método impressionista de pintura, estudou a teoria cientifica das visão cromática e decidiu
construir seus quadros por meio de pequenas e regulares pinceladas de cor ininterrupta como
um mosaico.(...) Mas essa técnica extrema, que se tornou conhecida como pontilhismo, pôs
naturalmente em perigo a clareza de suas pinturas, ao evitar todos os contornos e decompor
cada forma em áreas de pontos multicores. Seurat foi assim impelido a compensar a
complexidade da sua técnica pictórica por uma simplificação de formas ainda mais radical do
Cézanne jamais cogitaria. (...) No de 1888, enquanto Seurat atraia as atenções em Paris e
Cézanne trabalhava em seu retiro em Aix , um jovem e ardente holandês trocava Paris pelo sul
da França, em busca de luz e cor intensa das regiões meridionais: Vicente Van Gogh. Nascido
na Holanda em 1853, (...) Vivamente impressionado pela arte de Millet e sua mensagem social,
decidiu-se tornar pintor. Seu irmão mais moço. Theo, que trabalhava na loja de um marchand,
apresentou-o a vários impressionistas.”(GOMBRICH, 1999,544)
• “ De fato ,Van Gogh também absorvera as lições do impressionismo e do pontilhismo de Seurat.
Gostava da técnica de pintar em pontos e pinceladas de cor pura , mas nas suas mãos tal técnica
tornou-se algo diferente em relação ao que os artistas de Paris pretendiam realizar com ela. Van
Gogh usou cada pincelada não só para dispersar cor, mas também para externar a sua própria
excitação.! (GOMBRICH, 1999,546 e 547)
• “ Usou cores e formas para transmitir o que sentia em relação às coisas que pintava e o que
desejava que outros sentissem. Não se importava muito com o que chamava de ‘realidade
estereoscópica”, ou seja, a reprodução fotograficamente exata da natureza.(...) Assim, chegara
por um caminho diferente a um conjuntura semelhante aquela em que Cézanne se encontrou
durante esses mesmos anos. Ambos deram um passo importante de abandonar
deliberadamente a finalidade da pintura como ‘ imitação da natureza’. (...) De fato , ambos
tinham quase abandonando a esperança de que alguém prestasse atenção às suas obras;
trabalhavam porque tinham que fazê-lo.” (GOMBRICH, 1999,548)
• “ A situação era um tanto diferente no caso de um terceiro artistas que também vamos
encontrar em 1888 no sul da França : Paul Gauguin (1848-1903).(...) Como homem, Gauguin
era muito diferente de Van Gogh. Nada tinha da sua humildade e senso de missão. Pelo
contrario era soberbo e ambicioso. (...) Sente a necessidade de abandonar a Europa e de ir viver
entre os nativos dos Mares do Sul como se fosse um deles, a fim de realizar a sua própria
salvação. As obras que trouxe de la deixaram desconcertados e perplexos até alguns dos seus
amigos antigos. Pareciam tão selvagens e primitivas! Era justamente isso, porém, o que
Gauguin queria.” (GOMBRICH, 1999,550 e 551)
• “ Não é apenas a temática de seus quadros que se mostra estranha e exótica. Ele tentou
penetrar no espírito dos nascidos na terra e ver as coisas do mundo como eles a viam.(...) Ao
contrario de Cézanne, não lhe importava se essas formas simplificadas e esses esquemas
cromáticos faziam suas telas parecerem planas.(...) Talvez nem sempre conseguisse alcançar
plenamente o seu objetivo de lisura e simplicidade . Mas o seu anseio era tão apaixonado e
sincero quanto o de Cézanne por uma nova harmonia e quanto o de Van Gogh por uma nova
mensagem;pois também Gauguin sacrificou a vida ao seu ideal. Sentiu-se incompreendido na
Europa e decidiu regressar para sempre às ilhas dos Mares do Sul. Após anos de solidao e
desaponto, ali morreu de doenças e privações.(GOMBRICH, 1999,551)
• “ Cézanne , Van Gogh e Gauguin foram três homens desesperadamente solitários; eles
trabalharam com escassa esperança de ser algum dia compreendidos. (...) Lembramos que
Cézanne sentiu que o que se perdera foi o senso de ordem e equilíbrio; que a preocupação do
Impressionismo com o momento fugaz os fez esquecer as sólidas e duradouras formas da
natureza. Van Gogh acreditara que, rendendo-se as impressões visuais e explorando somente
as qualidades ópticas da luz e da cor, a arte corria o perigo de perder a intensidade e a paixão
através das quais – e só através das quais – o artista pode expressar seus sentimentos e
transmiti-los aos seus semelhantes. Enfim, Gauguin estava profundamente insatisfeito com a
vida e arte como as encontrar. Ambicionava realizar algo mais simples e direto, e esperava
encontrar entre os primitivos os meios para consegui-lo. Aquilo a que chamamos de arte
moderna nasceu desses sentimentos de insatisfação; e as varias soluções que esses três
pintores tinham buscado converteram-se no ideais de três movimentos na arte moderna. A
solução de Cézanne levou, em ultima analise, ao cubismo, que se originou na França; a de Van
Gogh converteu –se no expressionismo, que na Alemanha encontrou sua principal resposta; e
de Gauguin culminou nas diversas formas de primitivismo.” .(GOMBRICH, 1999,551 e 555)
Auto-retrato com fundo rosa, de Paul Cézanne, 1875 . Óleo sobre tela, 66 ×
55 cm . Coleção Privada.
Mulher com cafeteira, de Paul Cézanne 1890-1894.Óleo sobre tela,
131 × 97 cm ; Museu d'Orsay, Paris.
O banho em Asnières, de Georges Seurat, 1883-84. Óleo sobre tela, 200 × 300 cm. National
Gallery , Londres.
Uma Tarde de Domingo na Ilha da Grande Jatte, de Georges Seurat, 1884. Óleo sobre
tela, 206cm x 305 cm; Instituto de Arte de Chicago, Chicago.
Café à Noite, de Vicent Van Gogh, 1888. Óleo sobre tela, 81 cm × 65,5 cm. Museu
Kröller-Müller, Otterlo.
Trigal com Cipestres, de Vicent Van Gogh, 1889. Óleo sobre tela 72,1 cm x 90,9 cm.
National Gallery , Londres.
Duas mulheres taitianas com flores de manga , de Paul Gonguin, 1899.
Óleo sobre tela, 94 cm × 72.4 cm. Metropolitan Museum of Art, Nova
Iorque.
Te Rerioa (Divagação), de Paul Gauguin, 1897. Óleo sobre tela, 95,1 cm x
103,2 cm; Courtauld Intitute Galleries, Londres.
Movimentos do séc. XX:
MODERNISMO: EXPRESSIONISMO, FAUVISMO,
CUBISMO, SUPREMATISMO,
CONCRETISMO,ABSTRACIONISMO, FUTURISMO,
DADAÍSMO,SURREALISMO, POP ART E NEO
REALISMO.
• “ Quando as pessoas falam a respeito de ‘ Arte Moderna ‘, usualmente pesam num tipo de arte
que rompeu de todo com as tradições do passado e tenta fazer coisas que nenhum artista
sequer sonharia realizar nos tempos antigos. Alguns gostam da idéia de progresso e acreditam
que também a arte deve acompanhar a marcha do tempo.” (GOMBRICH, 1999,557)
• “Por bem ou por mal, esses artistas do XX tiveram que se tornar inventores. Para garantir
atenção eles tiveram que empenhar-se mais pela originalidade do que pela mestria que
admiramos nos grandes artistas do passado. Qualquer afastamento da tradição que
interessasse a crítica e atraísse um seguidor era saudado como um novo “ismo” ao qual o futuro
pertenceria. Este futuro nem sempre durou muito , e no entanto a história do século XX deve
tomar nota dessa incansável experimentação porque muitos dos mais talentosos artistas do
período engajaram-se nesses esforços. (GOMBRICH, 1999,563)
• “O século XX inicia-se ampliando as conquistas técnicas e o progresso industrial do século
anterior. Na sociedade, acentuam-se as diferenças entre a alta burguesia e o proletariado.(...)
Nas primeiras décadas do nosso século ocorrem também profundas conturbações políticas : a
Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa, o surgimento do fascismo na Itália e do nazismo
na Alemanha.(...) É nesse contexto complexos , rico em contradições e muitas vezes
angustiante que se desenvolve a arte do nosso tempo. Assim, os movimentos e as tendências
artísticas, tais como o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o Futurismo, o Abstracionismo,
o Dadaísmo,o Surrealismo, a Pintura Metafísica, a Op-art e a Pop-art expressam , de um modo
ou de outro a perplexidade do homem contemporânea. (PROENÇA,2001,151 e 152)
Expressionismo
• “Os experimentos do Expressionismo são, talvez , os mais fáceis de explicar em palavras. O
próprio termo pode não ter sido uma escolha das mais felizes, pois é claro que sempre nos
expressamos em tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, mas o nome tornou-se um rotulo
conveniente por causa do seu nítido contraste com o Impressionismo – portanto, como rótulo,
era bastante útil.(...) Entre os primeiros artistas a explorarem essas possibilidades com mais
empenho ainda do que Van Gogh estava o pintor norueguês Edvard Munch(1863-1944). A Fig.
367 mostra uma litografia feita por ele em 1895, a que deu o nome de ‘O grito’. Pretende
expressar como um súbita excitação transforma todas as impressões sensoriais. Todas as linhas
parecem conduzir a um outro foco da gravura - a cabeça que grita. É como se todo o cenário
participasse da angustia e excitação desse grito. (GOMBRICH, 1999,563 e 564)
• “ Entretanto, Munch poderia ter replicado que um grito de angústia nada tem de belo, e que
seria falta de sinceridade olhar apenas o lado agradável da vida. Pois os expressionistas
alimentavam sentimentos tão fortes a respeito do sofrimento humano, da pobreza, violência e
paixão, que eram propensos a pensar que a insistência na harmonia e beleza em arte nascera
exatamente de uma recusa em ser sincero.(...) Eles queriam enfrentar os fatos nus e crus da
existência , e expressar sua compaixão pelos deserdados da sorte e pelos feios. Tornou-se
quase um ponto de honra dos expressionistas evitar qualquer detalhe que sequer sugerisse
boniteza e polimento, e chocar o ‘ burguês’ em sua complacência real ou imaginada.”
(GOMBRICH, 1999,564 e 566)
• “ Na Alemanha também o chamado para uma mudança radical era ouvido com freqüência. Em
1906, um grupo de pintores alemães fundou uma sociedade a que chamaram de Die Brücke ( a
Ponte) para uma completa ruptura com o passado e luta por uma nova aurora.” (GOMBRICH,
1999,567)
• “ Desse grupo faziam parte Ernst Ludwig Kirchner(1880- 1938), Erich Heckel (1883- 1970) e
Karl Schmidt-Rottluff. É inegável que o Expressionismo foi uma reação ao Impressionismo, já
que esse movimento se preocupou apenas com as sensacoes de luz e cor, não se importando
com os sentimentos humanos e com a problemática da sociedade moderna. Ao contrário o
Expressionismo procurou expressar as emoções humanas e interpretar as angústias que
caracterizaram psicologicamente o homem do inÍcio do século XX.(...) Como podemos notar, os
expressionistas são deformadores sistemáticos da realidade , pois desejam expressar com a
maior veemência possível seu pessimismo em relação ao mundo. Assim , realizaram uma
pintura que foge às regras tradicionais de equilíbrio da composição , da regularidade de forma e
da harmonia das cores.(...) Esse clima melancólico e inquietante do Expressionismo –
historicamente o primeiro grande movimento da pintura moderna – será muitas vezes
abandonado e outras tantas retomado ao longo deste agitado século XX. “(PROENÇA,2001, 152
e 153)
O grito, de Munch. 1893. 91 cm x 73,5 cm. Nasjonalgalleriet, Oslo.
Cinco Mulheres na Rua, de Kirchner, 1913. Óleo sobre tela, 118
cm x 89 cm . Museu Wallraf-Richartz, Colônia.
Fauvismo
• “ Em 1905, em Paris, durante a realização do Salão de Outono, alguns jovens pintores foram
chamado pelo critico Louis Vauxcelles de fauves, que em português significa ‘feras’, por causa da
intensidade com que usavam as cores puras, sem misturá-las ou matizá-las. Dois principios regem
esse movimento artístico: a simplificação da forma das figuras e o emprego de cores pura. Por
isso, as figuras fauvistas são apenas sugeridas e não representadas realisticamente pelo pintor .
Da mesma forma, as cores não são as da realidade.(...) É certo que os fauvistas, tais como André
Derain (1880 -1954), Maurice de Vlaminck (1876 -1958), Othon Friesz (1879 – 1949) e Henri
Matisse ( 1869-1954), não foram aceitos quando apresentaram suas obras.” (PROENÇA,2001,
153)
• “ Dos Pintores fauvistas , Matisse foi sem dúvida, a maior expressão. Sua característica mais
forte é a despreocuparão com o realismo, tanto em relação as formas das figuras quanto em
relação as cores.” (PROENÇA,2001,154)
• “A arte do pintor francês Matisse baseia-se num método que, segundo ele próprio, consiste em
abordar separadamente cada elemento da obra -- desenho, cor, composição -- e em juntá-los
numa síntese, "sem que a eloqüência de um deles seja diminuída pela presença dos outros".
Abandonou assim a perspectiva, as técnicas do desenho e o efeito de claro-escuro para tratar a
cor como valor em si mesma.” (VICTORINO, 2009)
Natureza-morta com Peixes Vermelhos, de Matisse , 1911. Museu de
Arte Moderna, Nova York.
La Desserte ( A mesa de jantar), de Matisse, 1908. Óleo sobre tela, 180
cm x 220 cm. Hermitage, São Petersburgo.
Cubismo (de 1908 a 1915)
• “ Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois como vimos, para ele a pintura
deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os
cubistas foram mais longe que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as partes
num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os lados no plano
frontal em relação ao espectador.(...) Significa, em suma, o abandono da busca da ilusão da
perfectiva ou das três dimensões dos seres, tão perseguidos pelos pintores renascentistas. Com o
tempo, o Cubismo evoluiu em duas grandes tendências chamadas Cubismo analítico e Cubismo
sintético.” (PROENÇA,2001,154)
• “ O Cubismo analítico foi desenvolvido por Picasso e Braque, aproximadamente entre 1908 e
1911. Esses artistas trabalharam com poucas cores - preto, cinza, e alguns tons de marrom e
ocre - , já que o mais importante para eles era definir um tema e apresentá-lo de todos os lados
simultaneamente. Levada as ultimas conseqüências, essa tendência chegou a uma fragmentação
tão grande do seres , que tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas
cubistas. Reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e a destruição de sua estrutura, os
cubistas passaram ao Cubismo sintético. Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras
novamente reconhecíveis. Mas, apesar de ter havido uma certa recuperação da imagem real dos
objetos, isso não significou o retorno a um tratamento realista do tema. O Cubismo sintético foi
chamado também de Colagem porque introduziu letras, palavras, números, pedaços de madeira,
vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. (PROENÇA,2001,154 e 155)
• “Pablo Picasso (1881-1973), tendo vivido 92 anos e pintando desde muito jovem até próximo de
sua morte, passou por diversas fases. Entretanto, são mais nítidas a faze azul (1901- 1904), que
representa a tristeza e a melancolia dos mais pobres, e na fase rosa (1905-1907), em que pinta
acrobatas e alerquins. Depois de descobrir a arte africana e compreender que o artista negro
não pinta ou esculpe de acordo com as tendências de um determinado movimento estético, mas
com uma liberdade muito maior, Picasso desenvolveu uma verdadeira revolução na arte. Em
1907, com a obra Les Demoiselles d’ Avignon , começa a elaborar a estética cubista, (...) Em
1937 pinta o seu mais famoso mural que representa, com veemente indignação, o bombardeio
da cidade espanhola de Guernica, responsável pela morte de grande parte da população civil
formada por crianças, mulheres e trabalhadores. Alem de pintor , Picasso foi gravador e escultor,
realizando nessas atividades uma obra independente da pintura.” (PROENÇA,2001,156 e 157)
• “Ao lado de Picasso, Georges Braque (1882-1963) também renovou a arte do século XX ao
considerar a pintura como uma obra diferente de uma discrição objetiva da realidade. Depois de
1908, quando pintou Casas do Estaque , Braque passa pela fase do Cubismo analítico , de que
é exemplo sua obra O Português. Entre 1913 e 1917, já sob o Cubismo sintético, Braque
começa a representar os objetos destacando-lhes as partes mais significativas.(...) A partir da
década de 30, e depois de uma fase de transição, o artista descobre novos interesses estéticos,
e supera o Cubismo inicial. Morreu aos 79 anos em Paris depois de produzir uma obra que
revolucionou a pintura desde o inicio do século XX.” (PROENÇA,2001,157 e 158)
• “ Do ponto de vista puramente pictórico, as obras de Fernand Léger (1881-1955) apresentam
um desenho sintético e geometrizado. Mas sua pintura é importante pelo seu significado, pois é
um comentário otimista sobre o início do nosso século. Ele considerava a máquina e o trabalho
dos homens na produção industrial, como a forma de construção de um mundo novo como
podemos ver em Elementos Mecânicos e o O Tipógrafo. Léger aceita e admira o crescimento
industrial do fim do século passado e das primeiras décadas deste século. Para ele, a
mecanização e os grandes aglomeramentos urbanos são os sinais dos tempos contemporâneos.
Por isso, merecem ser registrados com o mesmo interesse e encantamento com que os
pintores registraram outros momentos da historia passada.” (PROENÇA,2001,158 e 159)
Violinos e as Uvas, de Picasso, 1912. Óleo sobre tela , 50,6 cm x 61 cm.
Museu de Arte Moderna, Nova York.
Violino e Cântaro, de Braque, 1910. Óleo sobre tela, 117
cm x 73,5 cm. Museu de Arte, Basiléia.
Elementos Mecânicos, de Léger, 1918-1923. Óleo sobre tela,
211 cm x 167. Museu de Arte, Basiléia.
Suprematismo
• “Movimento russo de arte abstrata, o suprematismo surge por volta de 1913, mas sua
sistematização teórica data de 1925, do manifesto Do Cubismo ao Futurismo ao Suprematismo:
o Novo Realismo na Pintura, escrito por Kazimir Malevich em colaboração com o poeta Vladimir
Maiakóvski. O suprematismo está diretamente ligado ao seu criador, Malevich, e às pesquisas
formais levadas a cabo pelas vanguardas russas do começo do século XX, o raionismo de
Mikhail Larionov e Natalia Goncharova e o construtivismo de Vladimir Evgrafovic Tatlin. Nesse
contexto, o suprematismo defende uma arte livre de finalidades práticas e comprometida com a
pura visualidade plástica. Trata-se de romper com a idéia de imitação da natureza, com as
formas ilusionistas, com a luz e cor naturalistas - experimentadas pelo impressionismo - e com
qualquer referência ao mundo objetivo que o cubismo de certa forma ainda alimenta. Malevich
ainda fala em "realismo", e o faz com base nas sugestões do místico e matemático russo P.D.
Ouspensky, que defende haver por trás do mundo visível um outro mundo, espécie de quarta
dimensão, além das três a que os sentidos humanos têm acesso. O suprematismo representaria
essa realidade, esse "mundo não objetivo", referido a uma ordem superior de relação entre os
fenômenos - espécie de ‘energia espiritual abstrata’ -, que é invisível, mas nem por isso menos
real.”(ENCICLOPEDIA ITAU CULTURAL, 2008)
• “Se a arte de Malevich tem pretensão espiritual, ela não se confunde com a defesa do espiritual
na arte que faz Vassily Kandinsky, que o define como "expressão da vida interior do artista".
Malevich, ao contrário, se detém na pesquisa metódica da estrutura da imagem, que coincide
com a busca da "forma absoluta", da molécula pictórica. Como ele mesmo afirma no manifesto
de 1915: "Eu me transformei no zero da forma e me puxei para fora do lodaçal sem valor da arte
acadêmica. Eu destruí o círculo do horizonte e fugi do círculo dos objetos, do anel do horizonte
que aprisionou o artista e as formas da natureza. O quadrado não é uma forma subconsciente. É
a criação da razão intuitiva. O rosto da nova arte. O quadrado é o infante real, vivo. É o primeiro
passo da criação pura em arte". (ENCICLOPEDIA ITAU CULTURAL, 2008)
• Na Última Exposição Futurístico de Pinturas: 0-10, organizada por Ivan Puni em Petrogrado em
dezembro de 1915, Kazimir Malevich, um artista russo, escolheu esse termo para descrever
suas próprias pinturas, porque era o primeiro movimento em artes a reduzir a pintura à pura
abstração geométrica. Foi também o movimento que mais influenciou o Construtivismo.
Malevich, no seu manifesto "Do Cubismo ao Suprematismo", define o Suprematismo como "a
supremacia do puro sentimento", o essencial era a sensibilidade em si mesma,
independentemente do meio onde teve origem. (SAMMARONE, 1998)
Suprematismo, de Malevich, 1915. Óleo sobre tela. Museu Stedelijk,
Amsterdã.
CONCRETISMO
PIET MONDRIAN (1872 – 1974)
• “As obras do pintor holandês são as mais representativas do abstracionismo geométrico/
neoplasticismo/ concretismo, pois, buscava o que existe de constante nos seres, apesar de eles
parecerem diferentes. Segundo Mondrian, cada coisa, seja ela uma casa, uma árvore ou uma
paisagem, possui uma essência que está por trás de sua aparência. E as coisas, sem sua
essência, estão e em harmonia no Universo. O papel do artista, para ele, seria revelar essa
essência oculta e harmonia universal. Nas décadas de 20 e 30, as linhas diagonais e curvas
desaparecem dos seus quadros, dando lugar somente às linhas horizontais e verticais; estas,
juntamente com as cores primárias, produzem estruturas claras, brilhantes e equilibradas. Mas o
equilíbrio obtido em suas obras não é resultante da simetria, forma tradicionalmente usada para
consegui-lo. Ao contrário, em Mondrian, o equilíbrio é resultado da assimetria.”
(PROENÇA,2001,161 e 162)
Composição em vermelho, preto, azul, amarelo e cinza; de Mondrian,
1934. Óleo sobre prancha entalhada, 71,8 cm 96,5 cm. Tate Gallery,
Londres.
ABSTRACIONISMO
• “ A principal característica da pintura abstrata é a ausência de relação imediata entre suas
formas e cores e as formas e cores de um ser. Por isso, uma tela abstrata não representa nada
da realidade que nos cerca, nem narra figurativamente alguma cena histórica, literária, religiosa
ou mitológica. Os estudiosos de arte comumente consideram o pintor russo Wassily Kandinsky
(1866-1944) o iniciador da moderna pintura abstrata. O começo de seus trabalhos neste sentido
é marcado pela tela Batalha. (...) Em 1914 , Kandinsky entrou em contato com pintores russos
Mikhail Larinov (1881- 1964) e Natália Gontcharova (1881- 1962) que valorizavam as relações
entre as cores , sem se preocupar com representação de um assunto.(PROENÇA,2001,159 e
160)
• “ Depois das pesquisas abstratas realizadas pelos artistas russos, em pouco tempo o
abstracionismo dominou a pintura moderna e tornou-se um movimento bastante diversificado.
Entretanto, duas tendência firmaram-se com característica mais precisas – o Abstracionismo
informal e o Abstracionismo geométrico. No abstracionismo informal predominam os sentimentos
e emoções. Por isso as cores são criadas mais livremente , sugerindo associações com os
elemento da natureza . A obra Impressão. Domingo, de Kandisky, constitui um bom exemplo
dessa tendência.”(PROENÇA,2001,161)
Batalha, de Kandinsky, 1910. 94 cm x 130 cm. Tate Gallery, Londres.
FUTURISMO
• “ Esse movimento teve uma forte relação com a literatura do inicio do século, influenciada em
1909 pelo Manifesto Futurista do poeta e escritor Filippo Tommaso Marinetti. Na pintura ,
assim como na literatura, os futuristas – como a própria palavra sugere – exaltavam o futuro e
sobre tudo a velocidade, que passou a ser conhecida e admirada a partir da mecanização das
industrias e da crescente complexidade social que ganharam os grandes centros urbanos. Para
os pintores ligados ao Futurismo, os outros artistas tinham ainda uma visão estática da
realidade, ignorando o aspecto mais evidente dos novos tempos : o movimento veloz das
máquinas , que provoca a superação do movimento natural. Em 1910, foi lançado em Milão
outro manifesto futurista – dirigido particularmente à pintura - , assinado por Umberto Boccioni,
Carlo Carrà, Luigi Russolo, Giacomo Balla e Gino Severini. Para esses artistas não
interessava a representação do corpo em movimento, mas sim a expressão do próprio
movimento. Como pretendiam evitar qualquer relação com a imobilidade , recusaram toda
representação realista e usaram, além de linhas retas e curvas, cores que sugerissem
convincentemente a velocidade.” (PROENÇA,2001,163 e 164)
Velocidade Abstrata – O carro Passou, de Giacomo Balla, 1913. 50,2 cm x
65,4 cm. Tate Gallery , Londres.
DADAÍSMO
• Revolucionário, anárquico e anticapitalista, o dadaísmo, prega o absurdo, o sarcasmo, a sátira
crítica e o uso de diversas linguagens, como pintura, poesia, escultura, fotografia e teatro.
Destacam-se os artísticas: Hugo Ball, Hans Arp, Francis Picabia, Marcel Duchamp, Max
Ernst, Kurt Schwitters, George Grosz e Man Ray. (SUAPESQUISA, 2004)
• “ Durante a Primeira Guerra Mundial(1914- 1918), artistas e intectuais de diversas
nacionalidades, contrários ao envolvimento de seus países no conflito, exilaram-se em Zurique,
na Suíça. Aí acabaram fundando um movimento literário que deveria expressar suas decepções
com o fracasso das ciências, da religião e da Filosofia existentes até então , pois se revelaram
incapazes de evitar a grande destruição que assolava toda a Europa. Esse movimento foi
denominado Dadá, nome escolhido pelo poeta húngaro Tristan Tzara. Ele abriu um dicionário ao
acaso e deixou seu dedo cair sobre uma palavra qualquer da pagina. O dedo indicou a a palavra
‘ ‘dada’, que na linguagem infantil francesa significa ‘cavalo’ . Mas não tinha a menor
importância. Tanto fazia ser essa como qualquer outra palavra, pois arte perdia todo sentido , já
que a guerra havia instaurado o irracionalismo no continente europeu.”(PROENÇA,2001,165)
• “Sua proposta é que a arte ficasse solta das amarras racionalistas e fosse apenas o resultado do
automatismo psíquico, selecionado e combinando elementos por acaso. Sendo a negação total
da cultura, o Dadaísmo defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. Politicamente ,
firma-se como um protesto contra uma civilização que não conseguiria evitar a guerra. Ready-
Made significa confeccionado, pronto. Expressão criada em 1913 pelo artista francês Marcel
Duchamp para designar qualquer objeto manufaturado de consumo popular, tratado como objeto
de arte por opção do artista. O fim do Dada como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921.”
(MARTINS; IMBROSI)
A fonte, de Marcel Duchamp.
SURREALISMO
• “Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de Freud e as incertezas
políticas criaram um clima favorável para o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura
européia e a frágil condição humana diante de um mundo cada vez mais complexo. Surgem
movimentos estéticos que interferem de maneira fantasiosa na realidade. ( MARTINS; IMBROSI)

• “Os artistas exploram o inconsciente e as imagens  que não são controladas pela razão. O
surrealismo usa associações irreais, bizarras e provocativas. O rompimento com as noções
tradicionais da perspectiva e da proporcionalidade resulta em imagens estranhas e fora da
realidade. Obras: Auto-Retrato com Sete Dedos, de Marc Chagall; O Carnaval do Arlequim, de
Joan Miró; A Persistência da Memória, de Salvador Dali; A Traição das Imagens, de René
Magritte; e Uma Semana de Bondade, de Max Ernst, são algumas das obras mais
representativas.”  (SUAPESQUISA, 2004)

• “O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e


do subconsciente. Suas origens devem ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de
Giorgio De Chirico. Este movimento artístico surge todas às vezes que a imaginação se
manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o que vale é o impulso psíquico. Os
surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser
tem todas as possibilidades de se expressar apenas com a aproximação do fantástico, no ponto
onde a razão humana perde o controle.” (MARTINS; IMBROSI)
• “O Surrealismo apresenta relações com o Futurismo e o Dadaísmo. No entanto, se os dadaístas
propunham apenas a destruição, os surrealistas pregavam a destruição da sociedade em que
viviam e a criação de uma nova, a ser organizada em outras bases. Os surrealistas pretendiam,
dessa forma, atingir uma outra realidade, situada no plano do subconsciente e do inconsciente.
A fantasia, os estados de tristeza e melancolia exerceram grande atração sobre os surrealistas,
e nesse aspecto eles se aproximam dos românticos, embora sejam muito mais radicais.”
(MARTINS; IMBROSI)
Tentando o Impossível, de Magritte, 1928. Óleo sobre tela,
105,3 cm x 81 cm; Coleção Particular.
Aparição de Rosto e fruteira numa praia, de Salvador Dali, 1938. Óleo sobre tela,
114,2 cm x 143,7 cm. Wadsworth Atheneum, Hartford, Connecticut.
POP ART
• As histórias em quadrinhos e a mídia visual e impressa são os elementos de referência da pop
art. Humor e crítica ao consumismo são constantes nas obras de pop art. Artistas mais
conhecidos: Richard Hamilton, Allen Jones, Robert Rauschenberg, Jasper Johns, Andy Warhol,
Roy Lichtenstein, Tom Wesselman, Jim Dine, David Hockney e Claes Oldenburg.
(SUAPESQUISA, 2004)
• Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, o pop art começou a tomar forma no final da
década de 1950, quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos do mundo da
propaganda nos Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas
obras. Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa
influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa,
em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final da
segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e
da publicidade.  “(MARTINS; IMBROSI)
• “Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo,
ela operava com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e
designam, usando como materiais principais, tinta acrílica, ilustrações e designs, usando como
materiais, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores
intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho
consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo que
produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos objetivos de consumo, nos quais se
inspirava e muitas vezes o próprio aumento do consumo, como aconteceu por exemplo, com as
Sopas Campbell, de Andy Warhol, um dos principais artistas da Pop Art. Além disso, muito do
que era considerado brega, virou moda, e já que tanto o gosto, como a arte tem um determinado
valor e significado conforme o contexto histórico em que se realiza, a Pop Art proporcionou a
transformação do que era considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte das massas,
desmistificando, já que se utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos. “(MARTINS;
IMBROSI)
• Andy Warhol (1927-1987). Ele foi figura mais conhecida e mais controvertida do pop art, Warhol
mostrou sua concepção da produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual
numa série de retratos de ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn
Monroe. Warhol entendia as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, apesar
da ascensão social e da celebridade. Da mesma forma, e usando sobretudo a técnica de
serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como
garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro.
Produziu filmes e discos de um grupo musical, incentivou o trabalho de outros artistas e uma
revista mensal. “(MARTINS; IMBROSI)
Marilyn Monroe, de Andy Warhol, 1967. 91,4 cm x 91,4 cm. Tate
Gallery, Londres.
Referencias Bibliográficas:
• GOMBRICH, E. H. A História da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC,1999.
• PROENÇA, Graça. História da Arte. 16. ed. São Paulo: Editora Ática,2001.
• Sites:
• SUAPESQUISA. Realismo. 2004. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/realismo/. Acesso
em: 21 de nov. 2009.
• ENCICLOPÉDIA NACIONAL. Édouard Manet. Disponível em:
http://educacao.uol.com.br/biografias/Edouard-Manet.jhtm . Acesso em: 21 de NOV. 2009.
• SUAPESQUISA. Impressionismo. 2004. Disponível em:
http://www.suapesquisa.com/artesplasticas/. Acesso em: 20 de NOV. 2009.
• SUAPESQUISA. Dadaísmo. 2004. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/artesplasticas/.
Acesso em: 20 de NOV. 2009.
• SUAPESQUISA. Surrealismo. 2004. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/surrealismo/.
Acesso em: 20 de NOV. 2009.
• SUAPESQUISA. Pop Art. 2004. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/artesplasticas/.
Acesso em: 20 de NOV. 2009.
• VICTORINO,Paulo. Henri Émile Benoît Matisse(1869-1954). Disponível em:
http://www.pitoresco.com.br/universal/matisse/matisse.htm. Acesso em: 20 de NOV. 2009.
• SAMMORE, Malvina. Suprematismo. Disponível em: http://www.puc.br/pos/cos/cultura/supre.htm
Acesso em: 20 de NOV. 2009.
• Enciclopédia Itaú Cultural. Suprematismo. 2008. Disponível em:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?
fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3842. Acesso em 22 de nov. 2009.
• MARTINS, Simone R. ; IMBROSI, Margaret H. Pop Art. Disponível em :
http://www.historiadaarte.com.br/popart.html. Acesso em 22 de nov. 2009.
• MARTINS, Simone R. ; IMBROSI, Margaret H. Surrealismo. Disponível em :
http://www.historiadaarte.com.br/surrealismo.html. Acesso em 22 de nov. 2009.

Você também pode gostar