Você está na página 1de 28

Realismo

Profª Angélica Lacerda


Contextualização
● Entre 1850 e 1900 surge nas artes européias, sobretudo na pintura
francesa, uma nova tendência estética chamada Realismo, que se
desenvolveu juntamente com a industrialização das sociedades.

● O homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o conhecimento


científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza,
convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive nas suas criações
artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e emotivas da
realidade.
Contextualização

● Os adeptos desse movimento repudiaram a artificialidade do


neoclassicismo e do romantismo, pois sentiam a necessidade de
retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa
não inspirada em modelos do passado.

● O movimento manifestou-se também na escultura, e, principalmente,


na pintura e em alguns aspectos sociais.
Contextualização

● Os artistas se limitavam a fatos do mundo moderno à medida que os


experimentavam pessoalmente;
● Somente o que podiam ver ou tocar era considerado real;

● Deuses, deusas e heróis da antiguidade estavam “fora”.

● Camponeses e a classe trabalhadora urbana estavam “dentro”.

● Em tudo, de cor ao tema, o Realismo trazia para a arte uma


sensação de sobriedade silenciosa.
Características Gerais

● O cientificismo;

● A valorização do objeto;

● O sóbrio e o minucioso;

● A expressão da realidade e dos aspectos descritivos.


“As cidades não exigem mais ricos

A Arquitetura
palácios e templos. Elas precisam
de fábricas, estações, ferroviárias,
armazéns, lojas, bibliotecas,
Os arquitetos e engenheiros escolas, hospitais e moradias,
procuram responder adequadamente tanto para os operários quanto
às novas necessidades urbanas, para a nova burguesia.”
criadas pela industrialização. (PROENÇA, 2008, p. 231)
Principais Características da Escultura:

● Na escultura, o realismo dominou os artistas, sendo que as obras eram


mostradas como elas são;
● Representação dos pequenos gestos humanos;
● Mostravam o lado mais natural do realismo.
Palácio de Cristal - vista de frente
Joseph Paxton

Em 1850, Joseph Paxton construiu o Palácio de Cristal que abrigou a 1ª Feira Mundial
em Londres, demonstrou as possibilidades estéticas do uso do ferro fundido.
Torre Eiffel
Gustavo Eiffel

Em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da “Cidade
Luz”. Triunfo da engenharia moderna ostenta seu esqueleto de ferro e aço, sem
alusões a estilos arquitetônicos do passado.
“A escultura realista não se preocupou
com a idealização da realidade. Ao
Escultura Realista contrário, procurou recriar os seres tais
como eles são. Além disso, os
escultores preferiam os temas
contemporâneos, assumindo muitas
vezes uma intenção política em suas
obras.” (PROENÇA, 2008, p. 232)
René-François-Auguste Rodin (1840-1917) foi
um importante escultor francês. Desde criança
demonstrou grande interesse por esculturas. Aos
13 anos de idade, entrou para uma academia de
arte para aprender os princípios básicos das artes
plásticas. Interessou-se e estudou também, por
conta própria, anatomia humana para utilizar os
conhecimentos na elaboração de suas esculturas.
Aos 18 anos de idade, começou a trabalhar como
modelador e ornamentista. Especializou-se na
elaboração de esculturas em bronze.
Auguste Rodin
A Idade do Bronze (1877), causou
grande discussão motivada pelo
seu intenso realismo. Alguns
críticos chegaram a acusar o
artista de tê-lo feito a partir de
moldes tirados do próprio
modelo vivo.

Mas é em São João Pregando (1879), que


Rodin revela sua característica fundamental:
a fixação do momento significativo de um
gesto humano.
OS BURGUESES DE CALAIS - Bronze
(1884-89) – A obra, que inclui seis
estátuas humanas, retrata um relato de
guerra dos Cem Anos, entre a França e
A Inglaterra. O artista fixa o momento
que os seis homens mais ricos da
cidade francesa de Calais foram
ordenados pelo monarca Eduardo III da
Inglaterra a abandonarem suas casas e
se renderem – descalços e de cabeças
descobertas, usando cordas ao redor
de seus pescoços e segurando as
chaves da cidade e da casta em suas
mãos – para o rei, que deveria ordenar
sua execução depois disso. “Os
burgueses de Calais” é um retrato do
momento em que os cidadãos saíram
da cidade; o grupo foi posteriormente
poupado da morte devido ao pedido da
rainha Filipa.
➢ Representação da realidade com a
mesma objetividade com que um
cientista estuda um fenômeno da
natureza, ou seja, o pintor buscava
Pintura Realista representar o mundo de maneira
documental;
➢ Ao artista não cabe “melhorar”
artisticamente a natureza, pois a
beleza está na realidade tal qual ela é;
➢ Revelação dos aspectos mais
característicos e expressivos da
realidade.
Temas da Pintura:

● Politização: a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que
consideram injustas; a arte manifesta um protesto em favor dos oprimidos.
● Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a
miséria dos trabalhadores e a opulência da burguesia.
● As pessoas das classes menos favorecidas – o povo, em resumo – tornaram-se
assunto frequente da pintura realista.
● Os artistas incorporavam a rudeza, a fealdade, a vulgaridade dos tipos que
pintavam, elevando esses tipos à categoria de heróis. Heróis que nada têm a
ver com os idealizados heróis da pintura romântica.
Principais Características da Pintura:

● Veracidade - Despreza a imaginação romântica, colocando acontecimentos


reais;
● Contemporaneidade - Transmite a realidade, expressando o que realmente se
passa;
● Personagens fielmente retratados - Aspectos naturais humanos;
● Denúncia às injustiças da sociedade -Fatores expressados sem restrição.
Artistas da Pintura Realista
Gustave Courbet
(1819 - 1877)
Homem de grande pragmatismo desafiou o
gosto convencional por pinturas históricas e
temas poéticos, insistindo que a “pintura é
essencialmente uma arte concreta e tem de
ser aplicada às coisas reais existentes”. Sua
crença era “tudo que não aparece na retina
está fora do domínio da pintura”. Foi
considerado o criador do realismo social na
pintura, pois procurou retratar em suas telas
temas da vida cotidiana, principalmente das
classes populares. Manifesta sua simpatia
particular pelos trabalhadores e pelos homens
mais pobres da sociedade no século XIX.
Desespero ou Autorretrato (1853-55)
Em seu autorretrato, com o rosto quadrado em “close-up”, o
pintor olha para o observador, em total estado de desespero,
como se estivesse a pedir-lhe socorro.

Ainda que se encontre nesse estado emotivo, ele se mostra


belo, com seus grandes olhos escuros abertos, sobrancelhas
grossas e bem feitas, testa contraída, bochechas coradas, que
se contrapõem à palidez do rosto, bigode e barbichas negros,
boca carnuda vermelha, entreaberta, e narinas dilatadas.
Desespero ou Autorretrato (1853-55)

A sua beleza ameniza o estado de desespero, sendo o observador incapaz de ignorá-la. As duas mãos
sobre os cabelos escuros parecem querer arrancá-los. Os tendões das mãos e dos pulsos, assim como
os do pescoço, mostram-se tensos, refletindo seu estado desesperador. A fonte de luz, que despeja
claridade sobre o retratado, vem de sua direita, como se estivesse a empurrá-lo para a frente.

Ao invés de mostrar um retrato, tradicionalmente vertical, Courbet usa o formato de paisagem


(retangular e horizontal), que cria um espaço maior para a abertura dos braços, envoltos por uma
camisa branca, em seu gestual aflitivo.
"Mulheres Peneirando Trigo" é um
exemplo do realismo do trabalho de
Courbet. Ao contrário das pinturas do
estilo romântico, esta pintura não tem um
perfeito uso da linha e da forma. Em vez
disso, ilustra as paredes sujas, o olhar
entediado no rosto da mulher deitada, e o
cabelo desgrenhado do menino curioso.
Courbet utilizou modelos reais nas suas
pinturas; diz-se que as mulheres na
pintura são as suas duas irmãs Zoe e
Julieta, e o menino é o seu filho ilegítimo,
Desire Binet. Esta pintura foi exibida pela
primeira vez em 1855 no Salão de Paris e
mais tarde, em 1861, quando foi
comprado para o Musée des Beaux-Arts
de Nantes.
Mulheres Peneirando Trigo
Os Quebradores de Pedra
Jean-François Millet
(1514-1575)
Precursor do Impressionismo. É conhecido como
precursor do realismo, pelas suas representações de
trabalhadores rurais.Junto com Courbet, Millet foi um
dos principais representantes do realismo
europeu surgido em meados do século XIX. Sua obra
foi uma resposta à estética romântica, de gostos um
tanto orientais e exóticos, e deu forma à realidade
circundante, sobretudo a das classes trabalhadoras.
Sensível observador da vida campestre, criou uma
obra realista na qual o principal elemento é a ligação
atávica do homem com a terra. Foi educado num
meio de profunda religiosidade e respeito pela
natureza. Trabalhou na lavoura desde muito cedo.
Seus numerosos desenhos de paisagens
influenciaram, mais tarde, Pissarro e Van Gogh.
As Respigadeiras, Millet.
Édouard Manet
(1832- 1883)
É frequentemente creditado ao artista francês
Édouard Manet a ponte entre dois dos
movimentos artísticos mais importantes do século
XIX, o realismo e o impressionismo. Embora ele
tenha escrito uma vez que “não tinha a intenção
de derrubar velhos métodos de pintura, ou criar
novos”, suas inovações radicais na composição e
narrativa de cores fizeram exatamente isso.
Famosamente, ele rejeitou as sensibilidades
conservadoras da Académie des Beaux-Arts, a
organização responsável pelos salões mais
prestigiados de Paris, ao abandonar amplamente
assuntos religiosos ou alegóricos em favor de
representações da vida burguesa – que, na
época, eram chocantes para muitos.
Almoço na Relva
(1863)
Manet enviou a obra Almoço na Relva para o Salão dos Artistas
Franceses e a tela foi recusada pelo júri do salão. Entretanto, como
muitos quadros de outros artistas também não foram aceitos, os
autores recorreram ao Imperador Napoleão II, que determinou a
montagem de uma exposição paralela À oficial e que se chamou
Salão dos Recusados.

Esse quadro de Manet causou grande escândalo na época por


representar uma mulher nua em companhia de dois homens
Almoço na Relva (1863) elegantemente vestidos.
A grande tela é tratada com amplas aplicações de cor, e a luz intensa e direta reduz a modelagem das figuras
ao mínimo. Baseando suas figuras numa composição de Rafael e evocando a atmosfera pastoral de Giorgione.
Manet tentou conscientemente evocar os ideais elevados da arte renascentista Essa mistura ousada de antigo e
moderno – conferindo à vida boêmia contemporânea o contexto e a escala da arte clássica levou esta pintura a
ser amplamente condenada pelos críticos ao ser exibida pela primeira vez.

O objetivo de Manet era libertar os artistas das doutrinas do academicismo e dos temas literários. Um rebelde
da arte, desenvolveu uma técnica brilhante, utilizando muito preto. Mais tarde foi influenciado pelas cores mais
claras dos impressionistas.
I

Referências

BATTISTONI FILHO, Duílio. Pequena história da arte. 3ª ed. Campinas,São Paulo. Papirus Editora, 1989.

PROENÇA, Graça. Descobrindo a história da arte. Ática, 2008.

IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Realismo. História das Artes, 2022. Disponível em:
<https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-19/realismo/>. Acesso em 23 Feb 2022.

Você também pode gostar