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Os membros desta geração começaram a reunir-se por volta de 1912, em cafés da baixa
lisboeta, discutindo sobre os movimentos vanguardistas que alastraram por toda a Europa,
tendo ganhado um novo alento quando, devido à eclosão da Primeira Guerra Mundial
(1914- 1918), vários artistas nacionais começam a chegar a Portugal, vindos de Paris.
Com a publicação da Revista Orpheu, em 1915, estes poetas e artistas unem-se em torno
de um verdadeiro movimento modernista nacional, tendo como objetivo revolucionar o
panorama artístico e, metaforicamente tal como o mito de Orfeu na sua descida aos
infernos, fazê-lo sem «olhar nunca para trás», isto é, recusando o passado. Estes jovens
defendem e retomam, de certa forma, também a conceptualização aristotélica da «arte pela
arte», preconizada já no século anterior por Immanuel Kant, Théophile Gautier e Edgar
Allan Poe.
A reação dos críticos nacionais foi imediata e brutal, destacando-se a figura do médico e
escritor, Júlio Dantas, que os apelidou de «tarados originais» e «loucos». A resposta da
Geração de Orpheu chegou pelo lápis de Almada Negreiros, com o famoso e emblemático
Manifesto Anti-Dantas (1916), que surge como símbolo de afirmação, em Portugal, de uma
geração verdadeiramente moderna.
Do mesmo modo abrupto e efervescente com que nasceu, a geração de Orpheu findou. O
suicídio de SáCarneiro, em 1916, assim como a morte de Amadeu de Souza-Cardoso,
vítima de gripe espanhola, em 1918, levaram a que o individualismo, que caracteriza esta
geração, levasse a melhor e se dissolvesse o grupo, no qual se destaca a figura de
Fernando Pessoa, considerado, por muitos, o expoente máximo desta geração.