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Contextualização

histórico-literária
Cesário Verde
Cânticos do
Realismo
Contextualização histórico-literária

A história

Cesário Verde viveu num período histórico de grandes


transformações da sociedade:

 arranque industrial;
 desenvolvimento dos meios de transporte e comunicações;
 progressos na agricultura e no comércio;
 formação da alta burguesia.
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Em 1851, iniciava-se em Portugal o período da Regeneração, um


movimento simultaneamente político e social, na medida em que
pretendeu conciliar as diversas fações do Liberalismo e harmonizar os
interesses da alta burguesia com os das camadas rurais e da pequena
e médias burguesias.
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Regeneração

regeneração regeneração regeneração regeneração


política social citadina sociocultural
alternância de aburguesamento desenvolvimento assunção e
dois partidos da nobreza e de de Lisboa e do prática da
liberais no poder enobrecimento Porto mentalidade e
durante 40 anos da burguesia cultura
românticas
Contextualização histórico-literária

Lisboa do final do século XIX

 Na época de Cesário Verde, Lisboa era uma cidade pequena, com


cerca de 200 mil habitantes.

 Assistia-se a uma grande migração do campo para a cidade, que


não estava preparada para tão grande crescimento urbano.

 A população rural que se mudara para a cidade mantinha, no


entanto, uma forte ligação ao espaço de origem, através de
atividades próprias da vida campestre, como por exemplo a
criação de animais para consumo.
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Lisboa do final do século XIX

 Lisboa apresentava ainda várias fragilidades no seu


desenvolvimento urbanístico:

- muitas ruas eram de terra batida e mal iluminadas;


- nos bairros mais antigos as condições de higiene eram péssimas;
- a falta de saneamento urbano básico provocava graves epidemias,

tais como tuberculose, febres, cólera.

 Contudo, nos “Bairros Modernos”, evocados na poesia de Cesário


Verde, não faltam as “casas apalaçadas” da alta burguesia
resultante dos recentes progressos da indústria e da técnica.
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Lisboa do final do século XIX

 O povo lisboeta era formado por trabalhadores com profissões


muito diferentes. Com o aumento do número de construções e a
abertura de ruas amplas (“largas ruas macadamizadas”), surgem
pedreiros, carpinteiros, calceteiros e ferreiros, que se juntavam
aos operários das novas fábricas. Organizava-se, então, uma outra
classe: o operariado.

 As condições de trabalho eram muito precárias: os salários eram


miseráveis, a alimentação paupérrima e a falta de segurança
vitimava trabalhadores diariamente.
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A literatura

Geração de 70 

 grande descontentamento em relação à decadência da


realidade política, cultural e social do país;

 novo olhar dos escritores «revolucionários» sobre a cidade em


evolução e sobre a sociedade burguesa.
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 Tendo Lisboa como personagem principal dos seus poemas, Cesário


Verde observa atentamente o que se passa, filtra e capta o real nos
seus múltiplos ângulos e descreve o que vê:

 uma cidade de contrastes;


 bairros modernos onde se instala a nova burguesia;
 as condições precárias dos trabalhadores;
 o lado miserável da cidade, destacando o povo que
trabalha e sofre.
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O autor
Cesário Verde

 Poeta da segunda metade do século XIX, Cesário Verde foi um dos


percursores do Modernismo em Portugal.
 Tendo sido criticado e rejeitado no seu tempo, só muito depois da
sua morte vieram o reconhecimento e a admiração pela sua obra,
que, embora breve, apresenta uma intensidade e um valor
criativo inestimável para a poesia portuguesa posterior.
 Poetas como Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa
consideraram-no seu mestre.
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1855 – José Joaquim Cesário Verde nasce a 25 de fevereiro, em Lisboa.

1857 – A fim de escapar da peste que assolava a cidade de Lisboa,


refugiou-se com a sua família numa quinta de que era proprietária
em Linda-a-Pastora.

1865 – A família Verde habita a Rua do Salitre, na capital. Cesário


termina a instrução primária e estuda inglês e francês.
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1872 – Cesário trabalha na loja de ferragens do pai, na Rua dos


Fanqueiros. A irmã, Maria Júlia, morre de tuberculose, a chamada
«doença do século».

1873 – Cesário inscreve-se no Curso Superior de Letras, onde conhece


António José Silva Pinto (crítico literário, dramaturgo ensaísta e
romancista português). É nesse ano que dá início à sua aventura
literária, com a publicação dos primeiros poemas no jornal Diário de
Notícias.
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1874 – Cesário publica poemas no Diário de Notícias de Lisboa e nos


jornais Diário da Tarde e A Tribuna do Porto.

1875 – Continua a publicar poemas nos jornais Mosaico de Coimbra, A


Tribuna e O Porto. Passa a gerir a loja da Rua dos Fanqueiros e s
negócios da quinta de Linda-a-Pastora.
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1876 – Cesário muda-se com a família para a Rua das Trinas, em Lisboa.

1877 – Surgem os primeiros sintomas de tuberculose.

1878 – Vive em Linda-a-Pastora e continua a publicar poemas


(Noitada, Manhãs Brumosas, Em Petiz), em jornais.

1879 – Divulga o poema Cristalizações na Revista de Coimbra.


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1880 – Publica O sentimento dum ocidental, dedicado a Guerra


Junqueiro (poeta panfletário, jornalista, político e deputado), no
periódico portuense Jornal de Viagens, pela altura da comemoração
do tricentenário da morte de Camões.

Dedica-se à atividade comercial, exportando maçãs para Inglaterra,


Alemanha e Brasil.
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1881 – Cesário integra o «Grupo do Leão» (grupo de jovens escritores e


artistas que se reunia na Cervejaria Leão de Ouro, em Lisboa),
convivendo com escritores e célebres nomes das artes plásticas,
como os pintores José Malhoa, Silva Porto, Columbano e Rafael
Bordalo Pinheiro.
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1882 – Joaquim Tomás, irmão de Cesário, morre tuberculoso.

1883 – Cesário viaja para França, em negócios, articulando os objetivos


comerciais com alguns contactos pessoais e literários.

1884 – Publica o poema Nós, dedicado à sua família. Abandona os


círculos literários e dedica-se à exploração agrícola (exportação de
fruta), em Linda-a-Pastora.
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1885 – De regresso a Lisboa, trabalha na loja de ferragens, embora o


seu estado de saúde se encontre cada vez mais agravado.

1886 – Atacado pela «doença do século», Cesário instala-se em


Caneças, mas vem a morrer no Lumiar, na madrugada de 19 de
julho, aos 31 anos de idade.
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1887 – O seu amigo Silva Pinto edita O Livro de Cesário Verde, uma
edição restrita de 200 exemplares, que não foi posta à venda,
destinando-se a «amigos, parentes e admiradores provados do poeta».

Frontispício de
O Livro do Cesário Verde, 1887

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