As neuroses obsessivas têm origem em um ato sexual praticado na
infância, experiência a qual foi acompanhada de prazer por parte do indivíduo. Segundo Fillipi et col (2019, p. 364): “[...] a repulsa de ter praticado na infância o ato sexual transforma-se em vergonha de outra pessoa que o saiba, ou transforma-se em medo hipocondríaco [...]”. Ou seja, posteriormente esse evento da infância será recalcado e se torna motivo causal das ideias obsessivas presentes do sujeito.
Ademais, há uma forma de explicar a estruturação da neurose obsessiva
a partir das instâncias do aparelho psíquico, mais especificamente, na relação entre id e superego. De acordo com Paiva (2018, p. 9, apud FREUD, 1926):
[...] na neurose obsessiva o conflito entre o id e o superego é
agravado em duas direções: as forças defensivas se tornam mais intolerantes e as forças que devem ser desviadas se tornam mais intoleráveis, pela regressão da libido.
Então, a neurose obsessiva é caracterizada pela autocensura diante de
fortes desejos recalcados. É uma relação cíclica onde uma obsessão gerada pelo id é imediatamente seguida por um juramento ou aplicação de regras pelo superego, essas regras têm como objetivo evitar a ocorrência de algo temido pelo sujeito, diante da vergonha e repulsa sentida por seus próprios desejos reprimidos.
Há, ainda, o papel do ego nas estruturas da neurose obsessiva. O ego
está sendo constantemente bombardeado por conteúdos que o recalque fracassou em reprimir, mesmo que estes venham à consciência de forma distorcida, esse mecanismo de defesa se torna insuficiente, assim, as proibições surgem como uma forma secundária de proteger o ego da tentação a qual ele é exposto (FARIAS e CARDOSO, 2015, p. 35). REFERÊNCIAS
PAIVA, Aldo Ivan Pereira. A relação entre psicopatologias não neuróticas,
neurose obsessiva e pulsão de morte. Psicologia em Estudo, Belo Horizonte, v. 23, n. 37577, p. 1-14, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pe/a/GTMB8kmcJcpGstcrfgxJvFs/? lang=pt&format=html#. Acesso em: 05 de setembro de 2023.
FARIAS, Camila Peixoto; CARDOSO, Marta Rezende. A ferocidade da culpa
na neurose obsessiva: do desamparo à angústia moral. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 20, n. 1, p. 33-44, jan./mar. 2015. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/PsicolEstud/article/view/24001. Acesso em: 05 de setembro de 2023.
FILIPPI, A. S. D.; SADALA, M. D. G. S.; LOURES, J. M. T. A neurose
obsessiva: da teoria à clínica. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, Rio de Janeiro, v. 22, n. 3, p. 362-371, set. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/agora/a/xCPHqZLQ3V3qTV4dHZfWXRB/?lang=pt#. Acesso em: 05 de setembro de 2023.