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JUNHO DE 2023

CENTRO DE ESTUDOS
E TERAPIAS E PSICANÁLISE

MÓDULO: MECANISMO DE DEFESA DO EGO I

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ALUNO: VALDECIR PEREIRA DO NASCIMENTO

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“A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve
responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade”
Sigmund Freud

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"O que são mecanismos de defesa?

Mecanismo de defesa é uma denominação dada por Freud para as manifestações do Ego diante das exigências
das outras instâncias psíquicas (Id e Superego), mas a psicanálise freudiana não é a única teoria a se utilizar
desse conceito. Outras vertentes da psicologia também se utilizam dessa denominação.
Os mecanismos de defesa são determinados pela forma como se dá a organização do ego: quando bem
organizado, tende a ter reações mais conscientes e racionais. Todavia, as diversas situações vivenciadas podem
desencadear sentimentos inconscientes, provocando reações menos racionais e objetivas e ativando então os
diferentes mecanismos de defesa, com a finalidade de proteger o Ego de um possível desprazer psíquico,
anunciado por esses sentimentos de ansiedade, medo, culpa, entre outros. Resumindo, os mecanismos de defesa
são ações psicológicas que buscam reduzir as manifestações iminentemente perigosas ao Ego.

Quais são os mecanismos de defesa?

Existem pelo menos quinze tipos de mecanismos de defesa conhecidos e explicados pelas teorias da psicologia.
Entre eles, podemos citar: compensação, expiação, fantasia, formação reativa, identificação, isolamento, negação,
projeção e regressão.

Como funciona cada mecanismo de defesa?

Cada mecanismo de defesa tem uma forma específica de funcionamento, vamos conhecer alguns deles
brevemente:

 Compensação

Esse mecanismo de defesa tem por característica a tentativa do indivíduo de equilibrar suas qualidades e
deficiências, por exemplo, uma pessoa que não tem boas notas e se consola por ser bonita.

 Deslocamento

O mecanismo de deslocamento está sempre ligado a uma troca, no sentido de que a representação muda de
lugar, e é representada por outra. Esse mecanismo também compreende situações em que o todo é tomado pela
parte. Por exemplo: alguém que teve um problema com um advogado e passa, então, a rejeitar todos esses
profissionais, ou ainda, num sonho, quando uma pessoa aparece, mas, na verdade está representando outra
pessoa.

 Expiação

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É o mecanismo psíquico de cobrança. O sujeito se vê cobrado a pagar pelos seus erros no exato momento em
que os comete, com esperança na crença de que o erro será imediatamente ou magicamente anulado.

 Fantasia

Nesse mecanismo de defesa, o indivíduo cria uma situação em sua mente que é capaz de eliminar o desprazer
iminente, mas que, na realidade, é impossível de se concretizar. É uma espécie de teatro mental onde o indivíduo
protagoniza uma história diferente daquela que vive na realidade, onde seus desejos não podem ser satisfeitos.
Nessa realidade criada, o desejo é satisfeito e a ansiedade diminuída. Os exemplos de fantasia são: os sonhos
diurnos, ou fantasias conscientes, as fantasias inconscientes, que são decorrentes de algum recalque e as
chamadas fantasias originárias.

 Formação Reativa

É um mecanismo caracterizado pela aderência a um pensamento contrário àquele que foi, de alguma forma,
recalcado. Na formação reativa, o pensamento recalcado se mantém como conteúdo inconsciente. As formações
reativas têm a peculiaridade de se tornar uma alteração na estrutura da personalidade, colocando o indivíduo em
alerta, como se o perigo estivesse sempre presente e prestes a destruí-lo. Um exemplo, uma pessoa com
comportamentos homofóbicos, que na verdade, sente-se atraído por pessoas do mesmo sexo.

 Identificação

É o mecanismo baseado na assimilação de características de outros, que se transformam em modelos para o


indivíduo. Esse mecanismo é a base da constituição da personalidade humana. Como exemplo podemos citar o
momento em que as crianças assimilam características parentais, para posteriormente poderem se diferenciar.
Esse momento é importante e tem valor cognitivo à medida que permite a construção de uma base onde a
diferenciação pode ou não ocorrer.

 Isolamento

É o mecanismo em que um pensamento ou comportamento é isolado dos demais, de forma que fica desconectado
de outros pensamentos. É uma defesa bastante comum em casos de neurose obsessiva. Os exemplos desse
mecanismo são diversos, como rituais, fórmulas e outras ideias que buscam a cisão temporal com os demais
pensamentos, na tentativa de defesa contra a pulsão de se relacionar com outro.

 Negação

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É a defesa que se baseia em negar a dor, ou outras sensações de desprazer. É considerado um dos mecanismos
de defesa menos eficazes. Podemos citar como exemplo o comportamento de crianças de “mentir”, negando
ações que realizaram e que gerariam castigos.

 Projeção
Resumidamente, podemos dizer que é o deslocamento de um impulso interno para o exterior, ou do indivíduo para
outro. Os conteúdos projetados são sempre desconhecidos da pessoa que projeta, justamente porque tiveram de
ser expulsos, para evitar o desprazer de tomar contato com esses conteúdos. Um exemplo é uma mulher que se
sente atraída por outra mulher, mas projeta esse sentimento no marido, gerando a desconfiança de que será
traída, ou seja, de que a atração é sentida pelo marido. Além desse, outros exemplos de projeção podem estar na
causa de preconceitos e violência.

 Regressão
É o processo de retorno a uma fase anterior do desenvolvimento, onde as satisfações eram mais imediatas, ou o
desprazer era menor. Um exemplo é o comportamento de crianças que, na dificuldade em seus relacionamentos
com outras crianças, retornam, por exemplo, a fase oral e retomam o uso de chupetas, ou ainda, comem
excessivamente."

Fantasia
Fantasia segundos alguns Psicanalistas:

 Freud
Sigmund Freud tinha uma visão positiva da fantasia, considerando-a um mecanismo de defesa; alegava que
homens e mulheres "não podem subsistir da escassa satisfação que podem tirar da realidade." "Nós simplesmente
não podemos prescindir de construções auxiliares", como Theodor Fontane disse uma vez ... [sem] residir em
desejos imaginários de realização. À medida que a adaptação da infância ao princípio de realidade se desenvolve,
também se desenvolve "uma espécie de atividade do pensamento que se divide; essa parte foi mantida livre de
testes de realidade e permanece subordinada ao princípio único de prazer. Essa atividade é a 'fantasiar'... o
"sonhar acordado". Ele comparou essa fantasia à maneira como uma "reserva natural preserva seu estado
original, onde tudo ... incluindo o que é inútil e até mesmo o que é nocivo, pode crescer e proliferar como quiser".

 Klein
Melanie Klein ampliou o conceito de fantasia de Freud para cobrir o relacionamento da criança em
desenvolvimento com um mundo de objetos internos. Em seu pensamento, esse tipo de "atividade lúdica dentro

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da pessoa é conhecida como 'fantasia inconsciente'. E essas fantasias são frequentemente muito violentas e
agressivas. Elas são diferentes dos sonhos diurnos comuns ou 'fantasias'".

O termo "fantasia" tornou-se uma questão central com o desenvolvimento do grupo kleiniano como uma linha
distintiva dentro da Sociedade Psicanalítica Britânica, e estava no centro das chamadas discussões controversas
dos anos de guerra. "Um artigo de Susan Isaacs (1952) sobre 'A natureza e a função de Phantasy' ... foi
geralmente aceito pelo grupo Klein em Londres como uma declaração fundamental de sua posição. Como
característica definidora, os psicanalistas kleinianos consideram o inconsciente como sendo constituído de
fantasias de relações com objetos. Estes são pensados como primários e inatos, e como representações mentais
de instintos ... os equivalentes psicológicos na mente dos mecanismos de defesa.

 Lacan
Na obra de Jacques Lacan (1901-1981) a fantasia assume grande importância como mecanismo de defesa a
bloquear o surgimento de uma lembrança traumática, estando associada ao que ele denominou “parada na
imagem” (ROUDINESCO, 1998, p.225), uma imagem cristalizada.
Para ele a fantasia não estava restrita ao imaginário. Lacan cunhou o termo “lógica da fantasia”, decorrente da
lógica do desejo. Desde cedo um indivíduo teria criado uma noção de objeto de acordo com o desejo do outro,
como a
Para Lacan cada indivíduo tem diversas fantasias, mas haveria uma lógica fundamental, a fantasia fundamental.
Abordar isso significaria alterar defesas, modificar a relação da fantasia com o gozo, o prazer e o desprazer.

O Dicionário de Laplanche e Pontalis resume fantasia a “roteiro imaginário em que o sujeito está presente e
que representa, de modo mais ou menos deformado pelos processos defensivos, a realização de um
desejo e, em última análise, de um desejo inconsciente” (LAPLANCHE & PONTALIS, 2001, p.169). Fantasia é
um mecanismo de defesa que consiste na criação de um sistema de vida paralelo, que existe apenas na
imaginação de quem o cria, com o objetivo de proporcionar uma satisfação ilusória, que não é ou não pode ser
obtida na vida real.
Como visto, fantasias atuam como mecanismo de defesa, de forma a fornecer ao indivíduo compensações diárias
pela sua existência ou frustrações.
Este conceito está intrinsecamente associado ao desejo, a alguma satisfação na vivência de uma recordação. As
formações fantasísticas tendem a se exprimir de alguma forma, sendo necessário saber discernir uma fantasia
aliada a um conteúdo inconsciente, revelado através de sonhos, sintomas, e comportamentos repetitivos. Além de
que vimos dentro deste mecanismo de defesa que ele se subdivide-se em Tipos de fantasia: - Devaneios em
Excesso; – Fantasias conscientes ou sonhos diurnos; – Fantasias inconscientes identificadas em análise;
– Fantasias originárias; - Fantasias de Catrasção.

 Devaneios em Excesso

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Um assunto que vem chamando atenção sobre a questão das fantasias é o devaneio em excesso. Quando a
capacidade de fantasiar é intensa, este quadro pode chegar a ser confundido com esquizofrenia.
Afetados irão demonstrar distração à vida real, inclusive com expressões faciais e movimentos característicos,
especialmente em situações de angústia ou tédio, e dificuldade para dormir, entre outros aspectos.
Passam bom tempo nesse estado, pelo desejo de substituir a frustração da vida por algo satisfatório. O tratamento
para esse transtorno recai sobre a Psicologia/ Psiquiatria.

 Fantasias Conscientes
São aquelas das quais o indivíduo tem consciência. O devaneio define-se como ficar sonhando acordado,
realizando uma fantasia de compensação. Poderia ser o caso da pessoa que se imagina descoberta como
inteligente, vencedora em determinada situação, ou como herói. Na categoria romance o indivíduo poderia
imaginar que “lutou até que o amor venceu”, por exemplo.
Podem ser fantasias voltadas a realizações que na vida real seriam até destrutivas, entre outras. Geralmente o
conteúdo das fantasias conscientes é ocultado cuidadosamente pelo indivíduo.
Freud separa as fantasias conscientes, os devaneios, os romances que o indivíduo conta para si mesmo, criações
artísticas de conformação fantasística das fantasias inconscientes. As inconscientes estão, porém, relacionadas às
conscientes.

 Fantasias Inconscientes
Para Freud a fantasia apresenta mobilidade. Se a quantidade de libido investida numa fantasia aumenta e o
indivíduo é incapaz de realizá-la, a fantasia será provavelmente lançada ao inconsciente e recalcada, provocando
sintomas neuróticos, por exemplo.
Uma fantasia consciente atua sobre a formação do conteúdo manifesto de um sonho, enquanto a fantasia
inconsciente “inscreve-se na origem da formação do sonho” (ROUDINESCO, 1998, p.225) como processo
primário, ou seja, o que o sonho realmente está querendo dizer.
O lugar das fantasias é uma parte da mente que não se deixou levar pelo princípio da realidade, à medida em que
o indivíduo amadurece, ela permanece associada ao princípio do prazer.

 Fantasias Originárias
Segundo Freud as fantasias originárias são derivadas de cenas originárias traumatizantes, como observar o ato
sexual entre os pais, o que é denominado de “cena primária”.
Nas fantasias o indivíduo não apenas é expectador, mas faz parte das cenas. Já na fase sádico-oral, por exemplo,
com o aparecimento dos dentes, poderia surgir uma fantasia de ser comido, destruído pela mãe.

 Fantasia de Castração
A fantasia de castração, que para a criança é uma explicação do porquê meninas não terem pênis (porque estes
teriam sido amputados), origina o Complexo de Castração. O menino sentiria isso como ameaça que o mesmo lhe
aconteça e a menina sentiria a falta do pênis, o que iria ter que compensar de alguma forma.

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A fantasia de castração tem diversos impactos em Psicanálise, desde o sentimento de inferioridade, imagem do
ego, passando por tabus e fobias, entre outros. No “Caso Schreber” (1911), por exemplo, Freud analisou o caso
de um homem, sujeito a delírios psicóticos, cuja fantasia era tornar-se “a mulher de Deus”, enquanto partes de seu
corpo iam sendo retiradas para gerar sua nova forma.

Bibliografia
PONTALIS, Jean-Baptiste; LAPLANCHE, Jean. Vocabulário da psicanálise. Santos: Martins, 2001.
ROUDINESCO, Elisabeth. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. ZIMERMAN, David E.
Fundamentos psicanalíticos [recurso eletrônico]: teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática/David E.
Zimerman. Dados eletrônicos. Porto Alegre: Artmed, 2007.

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