Você está na página 1de 16

Análise Do Conceito De Projecção e Mecanismos

De Defesa
Elementos do Grupo:
 Adelaide Paula Teodósio da Trindade
 Ali Paulino Caleque
 Estácio João Madeira
 Amina Xabregas
Docente:
Francisco Armando
Introdução
 Alguns clínicos adoptam uma abordagem psicodinâmica na avaliação
do funcionamento psíquico e do mal-estar psicológico (Campos,
2017). Esta abordagem permite uma compreensão rica e integradora
e, fornece um contexto teórico para a leitura das queixas dos
indivíduos avaliados. Nesta lógica, a avaliação dos mecanismos de
defesa, para além da avaliação de outros elementos do
funcionamento psíquico, como as representações objectais e do self,
assume um papel fundamental (e. g., Campos, 2017). Naturalmente
que muitas vezes, os clínicos avaliam os mecanismos de defesa de
forma mais "informal", através do material obtido em entrevista.
 A complexidade da rica estrutura mental humana pode nos levar a
situações e lugares desconfortáveis às vezes. Por isso que é tão
comum a gente abrir mão desse desconforto para que possamos
evitar ao máximo qualquer tipo de sofrimento. Por isso, é importante
o estudo de projecção em Psicologia e como se manifesta em nossas
vidas.
Analise Do Conceito De Projecção
 A projecção se trata de um mecanismo de defesa psíquico para que
possamos nos proteger daquilo que a gente não pode lidar. Com isso,
podemos montar, de forma involuntária, estratégias que nos desviam daquilo
que a gente não pode pensar ou trabalhar agora. Assim, podemos aliviar a
ansiedade, os sentimentos de culpa ou dolorosos que surgem desse conflito.
 No momento em que ela se activa, a gente passa a perceber pensamentos e
sensações desagradáveis como se pertencessem a outra pessoa. Em vez de
assumirmos como nossos, indicamos ser de outro alguém para aliviar nossa
carga emocional.
 A projecção é um termo de psicanálise. A definição de projecção a descreve
como um mecanismo que consiste em atribuir a outra pessoa algo que
acontece com si mesmo. A projecção é uma forma de funcionamento
observada em pessoas que atribuem a outro o que está acontecendo com
elas mesmas, normalmente de forma inconsciente. A projecção não permite o
contacto consigo mesmo nem com os outros. Por exemplo, muitas pessoas
que utilizam a projecção consideram que todas as outras pessoas possuem
defeitos, mas elas não.
A Projecção Como Mecanismo De Defesa Na
Psicologia
 Hermann Hesse (1919) expressava algo parecido com a teoria da projecção
como um mecanismo de defesa, e o fez com a seguinte frase:
 Quando odiamos alguém, odiamos em sua imagem algo que está dentro de
nós.
 A projecção é um dos mecanismos de defesa mais utilizados contra as ameaças
materiais externas, imputando a responsabilidade de nossos próprios traços,
sentimentos e comportamentos a outra pessoa ou ambiente. O indivíduo
atribui a outras pessoas as próprias carências, virtudes ou defeitos, incluindo
até mesmo seus próprios conflitos internos de ambivalência.
 A projecção como mecanismo de defesa geralmente opera em situações de
conflitos afectivos/emocionais ou de conflitos internos, onde acaba se
atribuindo ao ambiente (pessoas ou coisas) os próprios sentimentos,
pensamentos ou impulsos que são incómodos ou inaceitáveis para a pessoa.
Além do conteúdo negativo, também se transmite tudo aquilo que garante e
assegura a continuidade do narcisismo, a manutenção dos vínculos
intersubjectivos, os processos de conservação: identificações, mecanismos de
defesa, ideais, dúvidas e certezas.
Origens e Contraprojecção
 Giambattista Vico é visto como precursor do princípio da projecção,
junto com uma formulação dada pelo escritor grego Xenófanes.
Ludwig Feuerbach se valeu desse conceito para criar uma base
crítica a respeito da religião.
 Indo na contramão, ao se abordar o trauma psicológico, o
mecanismo de defesa pode criar a contraprojecção, o seu oposto.
Em suma, se trata de um esforço para manter a posição recorrente
desse trauma. Nisso, surge a obsessão compulsiva na percepção do
indivíduo que causou o trauma ou a sua projecção.
 De acordo com Carl Jung, “todas as projecções provocam contra-
projecção quando o objecto está inconsciente da qualidade
projectada pelo sujeito”. Por sua vez, Nietzsche diz que “Aquele que
luta com monstros deve acautelar-se para não se tornar também
um monstro. Pois quando se olha muito tempo para um abismo, o
abismo também olha para você”.
Exemplos De Projecção
 A frustração que caracteriza uma pessoa que cria projecções de
si mesma nos outros desaparece quando começa a acreditar que
seus defeitos, deficiências e fracassos são compartilhados pelos
outros, ou que são os outros que provocam estes fracassos,
deficiências (ou qualquer coisa que não desejam ter). A seguir
temos alguns exemplos de projecções psicológicas:
Roubar e acreditar que os outros também roubariam
 Pessoas que pensam de determinada forma (por exemplo,
justificando um ato de corrupção) acreditam que os outros
pensam da mesma forma. Por exemplo, o dono de uma loja
rouba alguns gramas de cada quilo do produto que vende e,
quando vai comprar em outra loja, será o cliente mais
desconfiado.
Exemplos De Projecção
Pensar em ser infiel e ter medo de que seu(sua) namorado(a) o
seja
 Em um relacionamento, um dos dois começa a apresentar sintomas de
ansiedade (por exemplo, diz se sentir inseguro e sem esperança), como
consequência de ideias constantes de infidelidade de seu(sua)
namorado(a), que várias vezes tentou deixar claro e evidente de que
esta infidelidade não é real. Através de uma análise, se descobre que
esta pessoa com sintomas de ansiedade também não foi infiel, mas que
existem muitas pessoas que pareceram atraentes para ela e com as
quais ela tem muita vontade de ter relações sexuais. Sua própria
consciência - e respeito pelo(a) namorado(a) - não permite que o faça.
Além desta projecção, a pessoa também projecta sua insegurança sobre
seu físico e personalidade, se comparando com as pessoas próximas de
seu(sua) namorado(a) que ela considera atraentes.
Repreender os filhos por comportamentos que a própria pessoa tem
 Outro exemplo de projecção muito frequente é a dos pais para com os
filhos. Por exemplo, o pai demanda e reclama constantemente sobre o
comportamento da criança, que vai contra os princípios que ensinou para
Formas De Evitar As Projecções
 Os mecanismos de defesa implicam um comportamento defensivo
que a personalidade utiliza para manter o equilíbrio, ou seja, uma
regulação da pressão e da empolgação.
 Com este comportamento defensivo, o organismo pretende alcançar
um ajuste ou adaptação que dissolva todo tipo de insegurança,
frustração, perigo, pressão ou ansiedade. No entanto, o
comportamento defensivo não soluciona os conflitos, apenas se
limita a restringir a capacidade de actuação do eu diante dos
objectos perturbadores.
 As projecções são conflitos ou elementos internos que se colocam
para fora em uma tentativa de dissolução, mas que, evidentemente,
provocam o efeito contrário: a sustentação das frustrações e
pressões. É importante uma análise minuciosa e dirigida por um
profissional para determinar quais são esses elementos internos que
provocam essa inconsistência com o ambiente.
Os Mecanismos De Defesa
 Basicamente, são formas com que o ego busca se esquivar de seu
encontro com elementos potencialmente inconscientes e que possam
levar a uma autocrítica que coloque em risco uma capa protectora do
próprio ego.
 O conceito foi criado pelo psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-
1939), o pai da psicanálise, e aprofundado por sua filha e discípula, a
psicanalista Anna Freud (1895-1982). Mecanismos de defesa são
subterfúgios criados pelo ego (a ideia que todo mundo tem a respeito de
si mesmo) diante de determinadas situações, com o objetivo de proteger
a pessoa de prováveis dores, sofrimentos e decepções.
 Em outras palavras, os mecanismos de defesa são as estratégias do ego,
de forma não consciente, para proteger a personalidade contra o que ela
considera ameaça. É mais cómodo ao ego continuar a reproduzir sua
auto-verdade, sua auto-imagem, em sua redoma. Esses mecanismos são
diversos tipos de processos psíquicos, cuja finalidade é afastar o evento
que gera sofrimento da percepção consciente. (FREUD, S. 1915)
Principais Mecanismos De Defesa
Recalcamento, recalque ou repressão
 O Recalque, repressão ou recalcamento em Psicanálise nasce do conflito entre as
exigências do Id e a censura do Superego. Assim, é o mecanismo que impede
que os impulsos que causam ameaças, desejos, pensamentos e sentimentos
dolorosos cheguem à consciência.
 Através da Repressão, o histérico vai a fundo no inconsciente da causa de seu
distúrbio. Então, o acesso ao elemento recalcado é censurado. Sua energia se
sintomatiza, isto é, transforma-se em mal-estar, transferindo-se para o próprio
organismo as dores do inconsciente e transforma elas em sonhos ou em algum
sintoma da neurose.
Negação
 A negação (ou negativa, em algumas traduções) é um mecanismo de defesa que
nega a realidade exterior e a substitui por outra realidade que não existe.
Portanto, ela tem a capacidade de negar partes da realidade que não são
agradáveis, pela fantasia de satisfação dos desejos ou pelo comportamento.
Assim, a negação pode ser pontual (e ser uma neurose) ou se tornar sistémica e
combinar uma sequência de negações para a criação de um universo paralelo, que
é uma condição essencial para o desencadeamento de uma psicose.
Principais Mecanismos De Defesa
Regressão
 A regressão, em psicanálise e psicologia, é o recuo do ego, fugindo de
situações de conflitos atuais para o estágio anterior. Um exemplo é quando um
adulto volta a um modelo infantil, no qual se sentia mais feliz e mais protegido.
Assim, a infantilização é uma forma de regressão que protege o ego do
encontro com as dificuldades do mundo adulto.
 Outro exemplo é quando nasce um irmão, e a criança mais velha volta a usar
chupeta ou urinar na cama como defesa.
Deslocamento
 O deslocamento acontece quando os sentimentos e emoções (geralmente a
raiva) são projectados para longe da pessoa que é o alvo e, de forma geral,
para uma vítima mais inofensiva. Ou seja, quando muda os sentimentos da sua
fonte provocadora de ansiedade original, para quem você percebe ser menos
provável de lhe causar mal.
 Por exemplo, quando um adolescente pratica o bullying contra um colega de
escola pode estar deslocando a raiva que tem por também ser submetido a
Principais Mecanismos De Defesa
Projecção
 O mecanismo de defesa da projecção é um tipo de defesa primitiva. Assim, é
caracterizada pelo processo no qual o sujeito expulsa de si e localiza no outro ou
em alguma coisa, qualidades, desejos, sentimentos que ele desconhece ou recusa
nele. Por isso, a projecção é muito vista na paranóia.
Isolamento
 O isolamento é o mecanismo de defesa típico das neuroses obsessivas. Ele atua de
forma a isolar um pensamento ou comportamento, fazendo com que as demais
ligações com o conhecimento de si ou com outros pensamentos fiquem
interrompidos. Assim, os outros pensamentos e comportamentos são excluídos da
consciência.
Sublimação: um dos principais mecanismos de defesa
 O conceito psicanalítico da sublimação só existe pois um recalque o precede. Ou
seja, a sublimação é o processo através do qual a libido se afasta do objecto da
pulsão para outra espécie de satisfação. Isto é, o sujeito transforma a energia da
libido (desejo sexual, agressividade e necessidade imediata de prazer) em trabalho
ou arte, sem saber que o faz.
Principais Mecanismos De Defesa
Formação Reactiva
 Esse mecanismo de defesa ocorre quando o sujeito sente o desejo de dizer ou
fazer alguma coisa, mas faz o oposto. Assim, surge como defesa de reacções
temidas e a pessoa procura cobrir algo inaceitável por meio da adopção de uma
posição oposta.
 Ademais, padrões extremos de formação reactiva são encontrados na paranóia e
no Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), quando a pessoa se prende em um
ciclo de repetição de comportamento que ela sabe, a nível profundo, que é errado.
Racionalização
 Quando falamos da Racionalização como defesa, não se trata de uma crítica à
razão e à lógica, pelo contrário. Trata-se de um recurso “pouco racional”, em que o
sujeito usa de argumentos lógicos, simplificações e estereótipos para que o ego
permaneça em sua situação actual de “conforto”.
 Por exemplo, ocorre a racionalização como mecanismo de defesa quando listamos
uma série de argumentos lógicos para criticar uma pessoa (estando ou não o
nosso raciocínio correto), para evitar compreender as causas inconscientes que
nos levam a isso. A racionalização funciona bem para a nossa psique, porque
Conclusão

 A projecção se revela como uma válvula de escape, transmitindo ao


outro tudo aquilo que portamos em nosso interior. É uma forma
imediata de cessar um incómodo, fazendo com que a
responsabilidade por essa instância seja remanejada.
 O psicanalista deve estar atento e preparado para perceber as
manifestações dos mecanismos de defesa do ego, que surgem da
tensão entre o Id e o Superego. E o ego, sofrendo pressão de ambos,
se defende por meio de alguns mecanismos.
 Além disso, o aumento dessa pressão, reflectindo-se sob a forma de
medo, cria uma ameaça para a estabilidade do ego, daí ele faz uso de
certos mecanismos para se defender ou se ajustar. Como os
mecanismos de defesa podem também falsificar a percepção interna
da pessoa, o psicanalista deve estar atento para perceber os fatos, já
que o que se apresenta é apenas uma representação deformada da
realidade. (FREUD, S. 1915)
Referencias Bibliográficas
 Hermann Hesse. (1919). Demian. Alianza de novelas.
 PINTO, E. R. & Campos, 2017 Conceitos fundamentais dos métodos
projetivos. Ágora (Rio J.),
 RMIGA, N. S.; MELLO, I. Testes psicológicos e técnicas projetivas: uma
integração para um desenvolvimento da interação interpretativa indivíduo-
psicólogo. Psicologia, ciência e profissão, Brasília
 FREUD, S. (1901). Trad. Jayme Salomão. A psicopatologia da vida cotidiana.
Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. VI p. 59).
 FREUD, S. (1915). Trad. Jayme Salomão. O Inconsciente. In: História do
movimento Psicanalítico, artigos sobre a metapsicologia e outros trabalhos.
Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. XIV p. 165).
 GARCIA-ROZA, L. A. Freud e o inconsciente. 22. Ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2007.
FIM

AGRADECEMOS PELA OPORTUNIDADE

Você também pode gostar