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5.1. Introdução
Nesse sentido, a psicologia jurídica é ciência auxiliar do direito, e não aquela que o questiona,
nem aquela capaz de interrogá-lo em seus alicerces epistemológicos.
5.2. Personalidade
Num sentido amplo, a personalidade refere-se as características que marcam a forma de ser
de uma pessoa, individualizando-a das demais. Na dimensão estritamente jurídica indica, em
oposição ao escravo, a aptidão para ser sujeito de direitos.
A personalidade é apenas uma parte do complexo aparelho psíquico descoberto por Freud,
que o descreveu como uma estruturação do funcionamento mental.
A primeira concepção tópica do aparelho psíquico foi apresentada por Freud em 1900. Essa
concepção teórica, curiosamente, recebeu o nome de Primeira Tópica, isto é, esse
aparelhamento da mente, inicialmente, distinguiu três sistemas: o inconsciente, o consciente e
o pré-consciente.
Um exemplo de ideia inconsciente emergindo na consciência é a garota que troca o nome do
atual namorado pelo nome do antigo com quem ela teve uma relação afetiva mais intensa e,
de certa forma, ainda se sente afetivamente ligada. Ato falho.
O sistema pré-consciente, por sua vez, está ligado ao inconsciente e à realidade. Funciona
como um arquivo, onde se encontram informações que podem ser acessadas mediante um
pequeno esforço, como, por exemplo, a lembrança da professora da escola primária. Além de
servir para guardar informações “inofensivas”, também funciona como barreira aos conteúdos
inconscientes não aceitos ou como um mediador, que autoriza a passagem do conteúdo
inconsciente de forma disfarçada.
O sistema consciente foi concebido como um órgão sensorial localizado no limite entre os
mundos externo e interno, cuja função é recepcionar as informações deles provenientes.
Como exemplo dos funcionamentos dessas três instâncias, pode-se fazer uma analogia com
um adolescente que precisa estudar para uma prova de recuperação, na qual necessita uma
boa nota, e vê seus amigos saindo para se divertir. Ao estar inteiramente dominado pelo id, ele
desconsidera a necessidade de estudo e as consequências de seus atos e acompanha os
amigos. Por outro lado, ao estar dominado pela tirania do superego, este mesmo adolescente
passa todo o tempo livre estudando, inclusive as noites em claro, e culpando-se pelo
desempenho considerado, por ele, desastroso. Entretanto, se houver uma boa mediação
desempenhada pelo ego, este mesmo adolescente conseguirá ponderar seu desempenho na
prova de forma mais equilibrada, estudar por algumas horas e ter um período para descanso e
divertimento.
2. Regressão: mecanismo de defesa que se caracteriza pela retirada ou retomo a uma fase
anterior do desenvolvimento, adequada para evitar o desprazer e a frustração. A criança em
desenvolvimento passa pelas fases oral, anal e fálico-genital, em que o prazer está associado a
uma zona corporal. Quando ocorre um trauma ambiental, constitucional ou ambos, a criança
pode ter seu desenvolvimento aprisionado na zona em que se encontra. Mais tarde, sob
grande estresse, o adulto pode retomar a essa fase do desenvolvimento manifestando a
organização mental relativa a essa etapa.
8. Negação: é o mecanismo por meio do qual a realidade externa é considerada como não
existente por ser desagradável ou penosa ao ego. O indivíduo reinterpreta uma situação
geradora de ansiedade, redefinindo-a como inocente.
9. Formação Reativa: este processo leva o ego a realizar o oposto do desejo. Uma pulsão
proibida é transformada no seu oposto. O ódio por um irmão pode, reativamente, tomar a
forma de um amor exagerado.
11. Somatização: mecanismo pelo qual ocorre transferência de sentimentos dolorosos para o
corpo, com prejuízo orgânico. Somatizações intensas são frequentes em indivíduos
hipocondríacos, na síndrome da dor sem causa orgânica, na anorexia, no vitiligo e na psoríase.
13. Sublimação: mecanismo de defesa pelo qual a energia psíquica retida no material
reprimido é canalizada a objetivos socialmente úteis e aceitáveis. Por exemplo, uma
agressividade excessiva é canalizada para uma carreira cirúrgica.
14. Intelectualização: mecanismo que articula uma teorização do afeto, o qual passa a ser
explicado para evitar a ansiedade, focalizando os aspectos objetivos, e não emocionais de uma
situação ameaçadora.
15. Deslocamento: processo através do qual os sentimentos ligados a uma fonte são
redirecionados a outra. Assim, o afeto de uma ideia ou objeto é transposto ou deslocado para
outro. E comum nas fobias, em que a ansiedade ligada a uma fonte inconsciente é deslocada
para uma consciente. Também é observado no sonho pela substituição de uma figura
emocionalmente carregada por uma neutra.
16. Conversão: é o deslocamento de uma conflitiva psíquica para o corpo, sem prejuízo
orgânico. Está presente na histeria, como no caso de paralisias corporais ou desmaios.