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SOCIEDADE PSICANALÍTICA DO PARANÁ

POLO DE AJURICABA-RS

CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

AS FUNÇÕES DO EGO EM FREUD

SÍLVIO MARIANO

AJURICABA/RS

MARÇO/2019

AS FUNÇÕES DO EGO EM FREUD


Em 1915, Freud através dos estudos da mente humana construiu um modelo
teórico no qual dividiu o aparelho psíquico em três sistemas mentais: Inconsciente;
Pré-Consciente e Consciente. Posteriormente, denominou esta formulação de
divisão topográfica. Anos mais tarde, em 1923, enquanto Freud estudava o
Inconsciente, dando-se conta de sua complexidade, formulou uma nova hipótese
acerca do aparelho psíquico - a hipótese estrutural - que divide aquele em três
estruturas ou instâncias psíquicas às quais denominou ID; EGO e SUPEREGO. Os
conceitos de id, ego e Superego formam o centro da teoria de Freud.
Antes de entendermos as funções do ego, é necessário que primeiro
definamos o que é o Id, o Ego e o Superego, as três entidades que, para Freud,
explicam a personalidade dos seres humanos.
O Id (parte inconsciente da mente humana) está relacionado ao princípio do
prazer.
Freud propôs que o Id é a estrutura da psique humana que aparece em
primeiro lugar. Ao contrário do que acontece com o ego e com o superego,
o Id está presente desde o nascimento, e durante os dois primeiros anos de
nossas vidas é ele quem nos governa. Ele funciona através do princípio
do prazer imediato, dessa forma, luta para que os instintos primários
governem a nossa conduta, independentemente das consequências a
médio e longo prazo que a satisfação desses instintos possam acarretar. O
id é considerado o “animal instintivo dos seres humanos”.Sendo o ID
considerado a instância psíquica conhecida por " princípio do prazer " e o
EGO, " princípio da realidade ". (PSICONLINEWS, 2016)

Já o Ego (parte consciente da mente humana) é a instância psíquica


correspondente ao princípio da realidade.
O ego surge por volta dos dois anos de idade. Ele é mais focado para o
exterior, e é a partir da formação do ego que começamos a pensar sobre
as consequências práticas daquilo que fazemos e os problemas que podem
ser gerados através de nossas condutas. O “ego” precisa enfrentar o “id”,
pois senão tomaríamos apenas decisões baseadas em nossos instintos.
(PSICONLINEWS, 2016)

E, por fim, o superego, que tem como principal função manter o equilíbrio mental.
O superego surge a partir dos 3 anos de idade e é resultado da
socialização (basicamente o que se aprende através dos pais) e da
internalização das normas socialmente aceitas. É a entidade psíquica
que supervisiona o cumprimento das regras morais. É por isso que o
superego pressiona o indivíduo a fazer grandes sacrifícios no intuito de que
a personalidade internalize o máximo possível a ideia de perfeição e
bondade. Como o “id” rejeita a todo custo se submeter à moral e o ego,
apesar de tentar suprimir os impulsos do id, é movido por objetivos egoístas,
é papel do superego enfrentar os dois a fim de que não sejamos dominados
pelos nossos instintos e nem movidos por objetivos puramente egoístas.
(PSICONLINEWS, 2016)

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Para Freud, estas estruturas da psique existem em todas os sujeitos e são
partes indispensáveis do processo mental. No entanto, Freud também acreditava
que a luta entre o Id, o Ego e o Superego às vezes gera um estresse no processo
mental que, por sua vez, produz sofrimento ou até mesmo psicopatologias. A
psicanálise serve para reequilibrar essas forças que estão em constante luta.
Com relação ás funções do Ego cabe dizer que uma de suas principais
funções é a de manter o equilíbrio do aparelho psíquico.
Inúmeras são as funções do EGO, tais como a aquisição do controle motor,
a questão da percepção sensorial e sua ligação direta com o meio ambiente
(ou realidade externa), todos os aspectos relacionados à memória
(armazenamento de experiências, lembranças), etc.
O EGO tem, ainda, por função a criação dos mecanismos de defesa
(aspecto inconsciente do EGO). São eles: projeção, introjeção, formação
reativa, cisão, racionalização, regressão, negação e outros. (LIMA E SILVA,
1998)

Segundo Santana (2019) o Ego é o equilibrista da psique, pois tem que


cumprir pelo menos alguns dos desejos do Id, sem violar as ordens do superego,
atento também aos desmandos do mundo exterior.
Ele é o elemento menos profundo da mente e, transmutado em consciência,
constrói o conceito de realidade, aceita apenas ao passar pelo viés da
escolha criteriosa e da fiscalização dos desejos e caprichos do instinto e dos
impulsos humanos. (SANTANA, 2019)

Para entendermos a importância do Ego, é necessário considerarmos que, se


ele cede em excesso às artimanhas do Id, torna-se devasso e libertino; ao se
submeter às imposições do superego, corre o risco de enlouquecer; quando não se
curva ao universo externo, este o destrói. Assim, o Ego é o regulador máximo da
mente. Segundo Jung, o Ego está ligado ao conceito de ‘complexo’, constituído por
uma percepção corporal e existencial, complementado por dados mnemônicos. Já
para Freud o Ego guarda em seu reservatório nossas lembranças, experiências,
pensamentos, ideias, sentimentos, sensações. Além disso, é responsável pela
conquista do sistema motor, pela conecção com o mundo exterior, entre outras
tantas funções que lhe cabem. (SANTANA, 2019)
Por fim, cabe dizer que o Ego tem ainda como obrigação gerar meios de
defesa, de certa forma inconscientes, para preservar o aparelho psíquico, entre eles
as projeções, as racionalizações, regressões, negações, entre outros.
Quais são os mecanismos de defesa existentes? Segundo Freud, existem
pelo menos 15 mecanismos de defesa a disposição do ego. Alguns deles
são:
Compensação: é uma forma de o indivíduo garantir um equilíbrio entre as
suas características em termos de qualidades e deficiências.

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Exemplo: o sujeito não se considera bom em gramática, mas tira
excelentes notas em matemática.
Negação: o sujeito nega a existência da dor, ansiedade e outros
sentimentos que representem o desprazer ao indivíduo.
Exemplo: diante do término de um namoro, o sujeito pode dizer “Está tudo
bem. Eu nunca gostei dele (a) mesmo. Estou ótimo (a)!”
Regressão: é um mecanismo onde o sujeito retorna a um estágio anterior à
situação que causa desconforto/desprazer ao sujeito. Nessa fase anterior,
geralmente o prazer era mais imediato e não havia a existência das
circunstâncias atuais que causam desprazer. Pode ser benéfico pois nos
permite ter uma outra perspectiva da situação, pois a angústia é
temporariamente afastada; porém, se for usado demais, pode levar o sujeito
à fantasia e fuga da realidade.
Exemplo: diante do falecimento de um ente querido, o sujeito decide, por
exemplo, ficar brincando somente com seus brinquedos, pois isso o trás de
volta ao período infantil.
Identificação: ocorre quando o sujeito assimila as características dos
outros (geralmente de pessoas que são modelos para esse sujeito). O
sujeito deseja ter as mesmas características para si mesmo.
Exemplo: crianças que possuem os mesmos comportamentos dos pais.
Sublimação: é um mecanismo bastante útil ao lidar com as demandas e
conflitos criados pelo Id e superego. Quando o ego não consegue satisfazer
uma necessidade imediata, ele gratifica o Id de outra forma, de uma forma
que seja mais aceitável pelo superego. É a partir da sublimação, segundo a
psicanálise, que podemos nos tornar sujeitos civilizados.
Exemplo: alguém que não pode ter filhos apega-se aos bichinhos de
estimação.
Racionalização: é quando o sujeito procura respostas lógicas para afastar
o sofrimento.
Exemplo: diante de uma situação que cause sofrimento, a pessoa costuma
fazer a si mesma tantos questionamentos – e questionamentos dentro dos
questionamentos – que acaba deixando o sofrimento de lado. É comum o
sujeito criar muitas teorias, e teorias sobre teorias, a fim de tentar explicar e
justificar para si mesmo uma determinada situação.
Formação reativa: ocorre uma inversão do desejo real. A pessoa tenta de
forma lógica explicar os acontecimentos, mas tudo isso é uma forma de
disfarçar os verdadeiros desejos, que estão ocultos.
Exemplo: o sujeito possui uma postura e atitude extremamente rígidas com
relação à sexualidade, pode estar ocultando seu lado sexual mais libertino e
o que a sociedade consideraria imoral. (FRIANO, 2014)

É na angustia, ocasionada pelos conflitos do sujeito, que são acionados esses


mecanismos de defesa, para proteger a integridade do Ego.
Como disse Freud, todos nós fazemos uso desses mecanismos, pois as
demandas da sociedade, com suas regras e valores morais (realizadas em nossa
psique pelo superego), e a constante demanda de nosso lado instintivo (realizada
pelo Id) pode deixar com frequência nosso ego frágil e incapaz de satisfazer esses
dois lados, que muitas vezes trabalham de forma antagônica. Fazer uso desses
mecanismos é saudável, e esperado, do ponto de vista psicanalítico. Contudo,
quando o sujeito faz uso de muitos mecanismos de defesa e com uma frequência
muito grande, pode ser um sinal de que as coisas não vão bem, e que é preciso
procurar ajuda profissional. (FRIANO, 2014)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIMA E SILVA, Marcia Vasconcelos de. Função do Ego no Aparelho Psíquico. 1998.
Disponível em: <:
http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos_Psicologia/Funcao_do_ego_no_aparel
ho_psiquico.htm. Acesso em: 18 jul. 2019.

SANTANA, Ana Lucia. Ego. Infoescola. Disponível em: <:


https://www.infoescola.com/psicanalise/ego/. Acesso em: 18 mar. 2019.

PSICONLINEWS. 2016 Disponível em: <:https://www.psiconlinews.com/2016/12/o-


id-o-ego-e-o-superego-segundo-sigmund-freud.html. Acesso em: 24 mar. 2019.

FRIANO, Luiz Ricardo. Mecanismos de Defesa – As defesas do Ego. 2014.


Disponível em: <: http://mundodapsi.com/mecanismos-de-defesa/. Acesso em: 24
mar. 2019.

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