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A mente inconsciente

De acordo com Freud, nós não temos apenas uma mente consciente, mas também uma
mente inconsciente.

Segundo a psicanálise, o nosso pensamento do dia-a-dia, assim como o nosso raciocínio,


são governados pela mente consciente. É a parte de nós mesmos que nós reconhecemos
como o que nos define enquanto pessoas.

No entanto, há uma parcela de pensamentos inconscientes que nunca chega ao


consciente, pois são reprimidos antes que possam chegar à mente consciente. A razão
disso é a autopreservação da mente. Os pensamentos são reprimidos porque poderiam
colocar em risco conforto mental da pessoa que os reprime.

Um exemplo prático é o mecanismo de defesa de negação que estudaremos mais


adiante. Você inclusive já deve ter ouvido o termo “negação” sendo usado no cotidiano.
Se refere justamente a um mecanismo de defesa estudado na psicanálise. Na prática, a
pessoa nega um fato para evitar enfrentar a desilusão e a angústia da experiência do fato.

É perfeitamente normal e saudável manter algumas lembranças e pensamentos


reprimidos onde eles não podem causar danos. No entanto, às vezes o conteúdo da
mente inconsciente começa a causar problemas.

Por exemplo, alguns dos mecanismos de defesa que usamos para manter informações
perturbadoras ou difíceis enterradas no inconsciente podem deixar de funcionar, como
resultado os nossos pensamentos e comportamentos se tornam disfuncionais ou
patológicos.

Além da mente consciente e inconsciente (e pré-consciente que veremos em aulas


futuras), nossas personalidades contêm três partes que muitas vezes estão em conflito.

Freud nos revela que todos nós temos três componentes para a formação de nossa
personalidade. Esses elementos são:

 o Id
 o Ego
 o Superego

Esta abordagem é também chamada de “modelo de iceberg” da personalidade, conforme


mostrado no diagrama.
O Id é a parte com os desejos primitivos de uma pessoa. É responsável por nossos impulsos
mais básicos e urgentes, nos guiando na busca de emoção e prazer. Alguns psicanalistas
descrevem que o Id é como uma criança rebelde – ele não tem controle de impulso e procura
satisfazer suas necessidades a qualquer custo. O Id opera de acordo com o “princípio do prazer”
– nada importa mais do que gratificação imediata.

Por razões óbvias que veremos em aulas futuras, é provável que alguém com um Id dominante
se depare com muitos problemas na sociedade, tendo em vista o excesso de moralidade que
geralmente constitui o meio.

O Ego pode ser pensado como uma personalidade cotidiana, adulta e que pode ser sentida. O
Ego impede as pessoas de cederem aos seus aos caprichos e desejos do id, pois faz um papel
de intermediador com o superego. O Ego opera de acordo com o “princípio da realidade”.
Enquanto o Id quer tudo nos seus próprios termos, o Ego é fundamentado na realidade e entende
que não é uma boa ideia atender constantemente aos desejos.

Um ego saudável permite que uma pessoa pense em soluções sensatas de forma prática,
evitando a ilusão e a fantasia.

Finalmente, o Superego pode ser pensado como a nossa autoridade moral interna. É a parte de
nós mesmos que atua como nossa consciência e guia do que entendemos como certo ou errado.
Alguns psicanalistas descrevem o Superego como a voz interior que nos impede de “cometer
uma bobagem”.

O Superego é formado como o resultado de nossas interações com os nossos cuidadores e a


sociedade ao nosso redor. À medida que crescemos, aprendemos como devemos nos comportar
para garantir a aprovação e os cuidados daqueles que nos rodeiam.

Internalizamos essas normas e valores como um aspecto de nossa própria personalidade.


Alguém com um superego dominante pode estar propenso a sentimentos de culpa excessiva.
Podem estabelecer padrões de comportamento muito altos, ou podem até ficar paranoicos por
terem realizado ações imorais.

Reflexão pessoal: O que pode estar dentro do seu superego?

Quais valores morais o seu Superego defende? Você se lembra de “aprender” algum desses
valores ou você os absorveu sem perceber que você estava fazendo isso? Quais
comportamentos sociais você acha certos ou errados? Por quê?
Leitura complementar recomendada: Consciente e Inconsciente – Brasil Escola

Consciente e Inconsciente

"A contribuição teórica mais especial de Freud é a de que o comportamento é governado por
processos inconscientes e não somente pelos processos conscientes. Freud explica a libido como
uma pulsão sexual instintiva existente desde o nascimento, e esta é a força motivadora do
comportamento.

A psicanálise é uma teoria que possui como característica inicial o determinismo psíquico, sua
função é explicar que nada ocorre por acaso, ou seja, não há descontinuidade na vida mental.
Cada evento mental tem explicação consciente ou inconsciente, mas eles ocorrem tão
espontaneamente, que Freud os descreve ligando um evento consciente a outro.

No inconsciente estão as pulsões, que são duas forças complementares, pulsão de vida e de
morte. As pulsões são forças que estimulam o corpo a liberar energia mental, Freud os dividiu em
duas categorias: os instintos de vida que se referem à autopreservação, esta forma de energia
manifesta é chamada de libido; e instinto de morte que é uma força destrutiva, e pode ser dirigida
para dentro. O consciente é a parte da mente que estamos cientes, porém Freud se interessou
mais pelo inconsciente, que é uma área menos explorada e exposta."

"O nível consciente refere-se às experiências que a pessoa percebe, incluindo lembranças e
ações intencionais. A consciência funciona de modo realista, de acordo com as regras do tempo e
do espaço. Percebemos a consciência como nossa e identificamo-nos com ela. Parte do material
que não está consciente num determinado momento pode ser facilmente trazida para a
consciência; esse material é chamado pré-consciente.

Por Patrícia Lopes Equipe Brasil Escola"

O princípio da formação da personalidade

As experiências infantis são muito importantes na formação da personalidade de um adulto. Isto é


dizer que as experiências que temos enquanto somos crianças são cruciais para a compreensão
dos problemas que poderemos desenvolver mais tarde na vida adulta.

Nenhum dos nossos comportamentos é acidental.


Na psicanálise toda ação tem uma causa anterior. Isso é o mesmo que dizer que sonhos e
comportamentos podem ser explicados com referência em eventos ou causas anteriores.

Muitos problemas psicológicos surgem como resultado de sermos incapazes de lidar com nosso
verdadeiro “eu”, nossas vontades, nossas memórias e desejos. Nos deparamos com a tarefa
contínua de gerenciar e conter várias unidades e desejos.

Quando alguém não consegue atingir esse equilíbrio delicado, corre o risco de ter problemas
psicológicos e emocionais.
Por exemplo, embora não sintamos com frequência impulsos socialmente inaceitáveis, como o
ódio, desejo de vingança, luxúria etc. sabemos em contrapartida que temos a capacidade de
sentir qualquer uma dessas coisas.

Aquilo então que não é sentido conscientemente, é reprimido no inconsciente. O conteúdo


reprimido pode fazer com que sintamos mal-estar ou auto-aversão, duas situações que podem
assumir a forma de ansiedade ou angústia geral.

Ao usar as técnicas da psicanálise um(a) psicanalista pode descobrir o conteúdo oculto da mente
inconsciente. A origem da raiva, angústia e do sintoma.

A este ponto do curso é importante já termos entendido que quando falamos de psicanálise,
falamos de uma teoria e também de uma prática terapêutica.

A técnica-chave usada na terapia psicanalítica é a “associação livre”. Explicaremos adiante de


forma detalhada como funciona, mas para que entenda na associação livre o cliente é instruído a
falar tudo o que lhe vier à mente.

Ao decorrer da carreira de psicanalista você verá que mesmo quando alguém se depara com um
assunto perturbador ou difícil de discutir, é provável que se abra eventualmente enquanto o
psicanalista estiver disposto a ouvir.

A psicanálise então lidará com as experiências passadas dos indivíduos. Como explicado acima,
tenderemos a reprimir tudo aquilo que causaria angústia por não ser moralmente aceito. Os
conteúdos reprimidos e recalcados, voltarão mais tarde em forma de sintomas.

O sintoma, por sua vez, é tudo aquilo que se manifesta no cliente/paciente como reflexo de
conteúdo recalcado.

A relação objetal
Na teoria da relação objetal, propõe-se que nos relacionamos com o mundo através de objetos e,
diferentemente do senso comum, os objetos não são apenas objetos inanimados, mas são
também pessoas. Toda e qualquer parte de uma pessoa pode ser considerada um objeto. E é
exatamente isso que ocorre nos primeiros meses do bebê, o início das relações objetais.

Os bebês irão compreender o seio da mãe (ou seu representante simbólico, tal qual a
mamadeira, por exemplo) como um objeto. Para o bebê, tudo se resumirá ao seio, pois além de
ser o primeiro objeto com o qual ele efetivamente terá contato, será único objeto que integrará
seu mundo pelos próximos meses após o nascimento.

A relação com o seio é tão profunda que o bebê o integra como parte da própria vida: “Sob o
predomínio dos impulsos orais, o seio é instintivamente sentido como sendo a fonte de nutrição e,
portanto, num sentido mais profundo, da própria vida” (KLEIN, 1957/2006, p.210).

Leitura complementar:

 Infopédia – Relações Objetais


 Melanie Klein – Slideshare
Relações objetais

Em termos psicanalíticos, as relações objetais referem-se às relações emocionais entre sujeito e


objeto amado que, através de um processo de identificação comum, contribuem para o
desenvolvimento do ego. Entende-se por "objeto" uma pessoa, ou a sua representação, com a
qual o sujeito forma uma relação emocional intensa, que lhe possibilita a tal identificação com o
outro.
Este tipo de relações foram definidas em 1924 por Karl Abraham, que desenvolveu as ideias de
Freud acerca da sexualidade infantil e do desenvolvimento da libido. A teoria das relações
objetais tem-se tornado um dos temas centrais da psicanálise pós-freudiana, em especial com os
psicanalistas Melanie Klein e Donald Winnicott. Apesar de as teorias de cada um serem
complementares, fizeram diferentes abordagens de análise, que contribuíram para as teorias do
desenvolvimento baseadas nas relações parentais precoces. Assim, as relações objetais seriam
as ligações que a criança estabelece com as figuras parentais e a forma como estas delineiam a
atividade da criança. Para Klein, ao longo do desenvolvimento, a mesma figura parental tem
aspetos positivos e negativos que a criança terá de introjectar. Apesar do sentido negativo que se
dá ao "mau" objeto, o bom desenvolvimento da criança necessita de ambos, mas deve sempre
predominar a presença do "bom" objeto.

A origem da inveja e da gratidão


Graças a traços genéticos e culturais, os bebês são acometidos por inúmeras fantasias
inconscientes a respeito do mundo exterior. Tais fantasias primitivas e arcaicas levam o bebê a
realizar a clivagem do objeto (Klein, 1932;1935). Isto é, o bebê parte mentalmente o objeto que
passará a ser visto sob duas percepções, chamados de seio bom e seio mau.

Para o bebê, sempre que o seio o alimenta será considerado bom. No entanto, sempre que o
priva de alimento, será considerado mau. Ressalta-se que a questão não baseia-se na mera
alimentação, sendo isso apenas um exemplo. O bebê sempre entenderá o seio de acordo com
suas demandas particulares, sejam elas de afeto ou de alimento.

O seio bom é amado e gratificado, pois sacia as demandas do bebê. O seio mau, em
contrapartida, é odiado e invejado, pois o bebê acredita que ele o priva da nutrição e retém o leite
de maneira totalmente deliberada, portanto se torna alvo de inveja, já que possui o que o bebê
deseja.

A inveja que o bebê sente o leva a fazer inúmeras investidas em suas fantasias contra o seio
mau, liberando sua agressividade e ódio que se manifestam de variadas maneiras, como uma
mordida no seio, por exemplo, ou o ato de defecar, subentendido como uma tentativa de
envenenar o seio mau.

A posição esquizo-paranoide

O bebê acredita que suas investidas agressivas contra o seio mau irão gerar retaliação por parte
do seio. Isso faz com que o bebê desenvolva ansiedade persecutória, acreditando que será vítima
dos anseios malignos do seio mau a qualquer momento. Este estágio é chamado de posição
esquizo-paranoide, a ideia fixa, porém de totalidade momentânea, de que o seio mau irá se
vingar. O bebê viverá neste estágio desde o nascimento até aproximadamente 4 ou 6 meses de
idade quando obterá outra percepção do mundo.

Sugestão de leitura:

Onde vivem os Monstros: entre a Posição Esquizo-paranóide e a Posição Depressiva

Onde vivem os Monstros: entre a Posição Esquizo-paranóide e a Posição Depressiva.

Onde Vivem os Monstros é um livro infantil americano escrito em 1963 por Maurice Sendak. O
livro trata de vários assuntos sujeitos à interpretações psicanalíticas mas neste texto iremos nos
concentrar em uma leitura centrada nos conceitos teóricos de Posição Esquizo-
paranóide e Posição Depressiva de Melanie Klein. Para isso, iremos primeiro fazer um resumo
do livro que seguiremos por uma breve apresentação teórica das posições citadas acima.
Finalmente, iremos interligar elementos da história de maneira mais precisa com a teoria de
Melanie Klein.

RESUMO

A história é a do menino Max que, vestido com sua fantasia de lobo, faz tanta malcriação em casa
que é mandado para a quarto sem jantar pela mãe. Uma vez de castigo, ele se transporta para
uma floresta, embarca em um veleiro, navega por meses, até chegar numa ilha, onde vivem os
monstros. Lá, ele se estabelece como o mais monstruoso de todos e é rapidamente coroado rei.
Segue-se então uma bagunça geral ordenada por Max, que vai aumentando até o próprio Max
mandar os monstros para o quarto de castigo sem comida. Ao ficar sozinho, ele sente falta da
comida de casa e das pessoas que gostam dele de verdade. Ele resolve então voltar para casa,
mesmo contrariando os monstros, e ao chegar lá, um ano depois, encontra no seu quarto o seu
jantar ainda quentinho esperando por ele.

POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE

A Posição Esquizo-paranóide, conceito elaborado por Melanie Klein (1946), é considerada como a
fase mais arcaica do desenvolvimento humano. Esta posição, situada nos primeiros meses de
vida, é caracterizada pela primeira relação de objeto do bebê, sendo esse o seio da mãe. Esta
relação de objeto provoca a aparição de defesas como a projeção, introjeção, identificação
projetiva e cisão (splitting) de objeto.
Segundo Klein, o ego da criança é exposto, desde seu nascimento, à ansiedade devido à pulsão
de morte e pulsão de vida que agem sobre seu ego. O conflito imediato das duas pulsões gera
uma grande ansiedade no bebê. Confrontado pela ansiedade derivada da pulsão de morte, o bebê
precisa livrar-se dela e para isso seu ego a deflete. Essa deflexão da pulsão de morte consiste em
parte em uma projeção e em parte em uma conversão da pulsão de morte em agressividade.
Ocorre então um processo derivado de um dos mecanismos de defesa citados acima — a cisão
ou splitting. O ego se divide e projeta a parte em que se encontra a pulsão de morte para fora, no
objeto externo (seio). Logo, o seio é percebido como mau e ameaçador para o ego. Dessa forma,
o medo original da pulsão de morte é transformado em medo perseguidor. Ao mesmo tempo, é
estabelecida uma relação não só com o objeto mau como com o objeto bom (ideal). Ou seja, da
mesma forma que a pulsão de morte é projetada a fim de proteger o ego, a libido também é
projetada para criar um objeto idealizado (pulsão de vida). Parte de ambas pulsões que
permanecem dentro do ego são usadas para estabelecer uma relação com esse objeto idealizado.
Dessa forma, o ego tem uma relação com dois objetos desde muito cedo: o objeto primário (seio)
é nessa fase dividido em duas partes — seio bom (ideal) e seio mau (persecutório) (SEGAL,
1975). Dentro dessa dinâmica, o objetivo passa a ser adquirir, manter dentro e identificar-se com o
objeto ideal que é percebido como algo que lhe dá vida e que lhe protege.

O bebê encontra-se aí então na Posição Esquizo-paranóide. Essa fase é marcada pela


predominância da ansiedade referente ao medo da intrusão dos objetos maus e persecutórios em
seu ego e a consequente aniquilação de seu objeto ideal interno e do self. A vivência das
ansiedades nessa fase levaram Klein a dar-lhe esse nome: Posição por ser
transitória, Paranóide por ser a ansiedade predominante, e Esquizóide pelo estado do ego e de
seus objetos (splitting) que caracterizam a fase (SEGAL, 1975).

POSIÇÃO DEPRESSIVA

A Posição Depressiva designa um conceito kleiniano relativo à etapa posterior do desenvolvimento


do bebê. A autora acredita que, após vivenciar toda a turbulência da Posição Esquizo-paranóide, o
bebê poderá ingressar nesta nova fase da Posição Depressiva. Klein também acredita que o início
do Complexo de Édipo ocorre mais cedo que na teoria de Freud e coincide com o início desta
Posição Depressiva, quando a ansiedade persecutória diminui e os sentimentos amorosos passam
a ocupar mais espaço. Klein (1952), acredita também que algum grau de integração seja
necessário para que o bebê consiga introjetar as figuras parentais como um todo. Esse
desenvolvimento da integração e da síntese é iniciado quando o bebê ingressa na Posição
Depressiva deixando as características da Posição Esquizo-paranóide para trás. O ego passa a
diminuir a distância entre o mundo externo e interno, e consequentemente, os objetos passam a
ser mais integrados e realistas e menos idealizados. Todos esses processos de integração e de
síntese fazem com que apareça o conflito entre amor e ódio. Assim, surge a ansiedade depressiva
e o sentimento de culpa diferentes dos encontrados na Posição Esquizo-paranóide, pois os
objetos bons e maus não são mais cindidos como antes e há uma aproximação entre a mãe boa e
a mãe má.

Na posição depressiva, o bebê encontra-se então mais integrado e as defesas não aparecem de
forma tão extrema quanto na Posição Esquizo-paranóide e correspondem mais à capacidade do
ego de enfrentar a realidade psíquica. Frente a essas ansiedades eminentes, o ego terá tendência
a negá-las e pode, quando a ansiedade for extrema, negar o amor pelo objeto. Nesse caso,
ocorrerá um abafamento do amor e um distanciamento dos objetos primários e um aumento na
ansiedade persecutória que poderá ou não, resultar em uma regressão à Posição Esquizo-
paranóide.

ANÁLISE DO LIVRO PELA TEORIA KLEINIANA

Nas primeiras páginas do livro, podemos observar que o pequeno Max, vestido de sua fantasia de
lobo, começa a fazer bagunça em casa, especialmente em uma das cenas perseguindo o cachorro
com um garfo na mão, como se fosse devorá-lo. Para Klein (1946), “o impulso destrutivo projetado
para fora é inicialmente vivenciado como agressão oral”. Além do mais, a autora acrescenta que
“em estados de frustração e ansiedade, os desejos sádico-orais e canibalescos são reforçados”.
Podemos então identificar que, por alguma razão que não é apresentada no livro, Max estaria
vivenciando algum tipo de frustração ou ansiedade que teria o levado a se comportar de maneira
agressiva. Quando Max é mandado para o quarto sem jantar, esta privação perturba o equilíbrio
normal entre impulsos libidinais e agressivos e reforça então seus impulsos agressivos já atuantes
criando assim uma voracidade ainda maior.

Um dos diálogos mais interessantes do livro, do ponto de vista kleiniano, ocorre no momento onde
a mãe aparece no livro quando repreende Max pelo seu comportamento destrutivo. Ela o chama
de “monstro” (símbolo de voracidade) e ele lhe responde “olha que eu te como” e acaba sendo
mandado para a cama sem poder jantar. Esta troca de palavras mostra claramente a agressão
oral e a presença do medo e do controle de comer e ser comido, características da angústia
persecutória da Posição Esquizo-paranóide. Segundo Klein (1946) “Como os ataques fantasiados
ao objeto são fundamentalmente influenciados pela voracidade, o medo da voracidade do objeto,
devido à projeção, é um elemento essencial na ansiedade persecutória: o seio mau o devorará da
mesma forma voraz com que ele deseja devorá-lo”.

Além desta observação, identificamos neste diálogo um dos mecanismos de defesa mais citados
por Klein, a Identificação Projetiva. É a partir da projeção da pulsão de morte que se desenvolve
tal mecanismo de defesa. Partes do eu (self) e de objetos internos são projetadas (splitting) no
objeto externo tornando-o possuído e controlado por essas partes projetadas que possibilitam
o self a identificar-se com elas. Esse mecanismo tem vários objetivos. Pode ser dirigido ao objeto
ideal, com o fim de evitar separação do mesmo, ou dirigido ao objeto mau a fim de obter controle
sobre ele, a fonte de perigo (KLEIN, 1958). Ora podemos ver que Max, ao ser chamado de
monstro, projeta as partes excindidas do seu eu, provindas da angústia persecutória, para dentro
do objeto externo, neste caso a mãe “olha que eu te como!”. Max se identifica então com sua mãe
a partir das partes do eu que projetou contra ela, o medo de ser devorado.

Frustrado, Max começa a imaginar a aparição de uma floresta e da ilha dos monstros. É nesta
viagem do inconsciente que podemos ver a natureza fantasiosa da cisão (splitting) que Max faz do
objeto e do self contra a ansiedade externa. De aparência assustadora e agressiva, os monstros,
no entanto, não assustam Max que rapidamente os domina com um “truque mágico”. Os monstros
ficam com tanto medo que declaram que “mais monstruoso do que ele não havia” e Max vira então
rei dos monstros.

Ao ser coroado rei dos monstros, Max ordena uma bagunça geral, aquela mesma bagunça que
não pôde fazer em casa, Max mostra grande onipotência e pela negação, se afasta ainda mais da
realidade psíquica de frustração que estava até pouco tempo atrás. Este processo de onipotência
e negação é também geralmente observado na Posição Esquizo-paranóide. Max se torna então
neste momento apenas um “menino mau” (negação de uma parte do ego) que esqueceu de sua
mãe (relação de objeto) e dos sentimentos amorosos que tem por ela.

Seguindo esta negação da realidade psíquica, Max manda os monstros pararem de fazer bagunça
e irem para cama sem jantar, repetindo o mesmo castigo que sua mãe lhe deu mais cedo. Com
essa ação o ego de Max vai se esforçar para projetar o mau e introjetar o bom como mecanismo
de defesa. Mas enquanto os monstros dormem, Max começa a se sentir sozinho. Ele é então
invocado a voltar para a mãe pelo cheiro de comida que chega até ele e decide desistir de ser rei
dos monstros para voltar ao seu quarto onde sua comida o espera. Podemos ver aqui o processo
que Klein (1946) identificou como gratificação alucinatória onde há uma invocação onipotente do
objeto e da situação ideais, a mãe que lhe dá comida, e a aniquilação do objeto mau persecutório
e da situação de dor, fugir do isolamento e da possibilidade se ser devorado pelos monstros. Ao ir
embora da ilha dos monstros, outro diálogo importante aparece quando os monstros dizem a Max
“oh por favor não vá embora…nós vamos comer você…gostamos tanto de você!” ao qual o
menino responde “Não!”. A realização da integração do objeto bom (“gostamos tanto de você”)
com o objeto mau (“vamos comer você”) é aqui simbolizada na fala dos monstros. Ele se dá conta
então do perigo (pulsão de morte) de ceder totalmente ao seu Id (os monstros) e literalmente nega
sua angústia persecutória. É pela cisão (splitting), que permite ao ego emergir do caos (bagunça
geral) e ordenar suas experiências rumo à integração (fugir da ilha), que Max faz sua viagem de
volta, rumo à Posição Depressiva.
Ao ver que apesar de poder fazer bagunça com os monstros, eles são ameaçadores e não lhe dão
a mesma gratificação que a mãe, Max vive uma intensificação do medo da perda do objeto bom
pela sua destrutividade e percebe, pela gratificação da comida (lembrada pelo cheiro), que a mãe
também tem um lado bom. Ao fazer a viagem de volta, Max diminui a distância psíquica entre o
mundo externo (quarto) e interno (ilha dos monstros), e assim consegue integrar o objeto (mãe)
como mais realista e menos idealizado. Pelo impulso de reparação de voltar para casa, Max
unifica a mãe boa e a mãe má e retorna então à Posição Depressiva. Esse retorno se faz ao voltar
para seu quarto, onde encontra seu jantar (seio gratificador) e começa a tirar sua fantasia de lobo,
símbolo de seu impulso primitivo, agressivo e destruidor.

Em conclusão podemos dizer que, pela idade que aparenta ter no livro, Max já deveria ter atingido
a posição depressiva. No entanto, o menino parece, no momento da trama, estar atuando seus
impulsos agressivos. Quando vive a ansiedade e frustração do castigo da mãe, ele se distancia do
objeto primário (mãe) no seu inconsciente, pela viagem à ilha dos monstros, e abafa seu amor,
aumentando assim sua ansiedade persecutória e regredindo momentaneamente à Posição
Esquizo-paranóide (bagunça geral). Ele somente volta à Posição Depressiva no final do livro
quando consegue unificar o objeto bom e o objeto mau como um mesmo objeto.

A origem da inveja e da gratidão


Graças a traços genéticos e culturais, os bebês são acometidos por inúmeras fantasias
inconscientes a respeito do mundo exterior. Tais fantasias primitivas e arcaicas levam o bebê a
realizar a clivagem do objeto (Klein, 1932;1935). Isto é, o bebê parte mentalmente o objeto que
passará a ser visto sob duas percepções, chamados de seio bom e seio mau.

Para o bebê, sempre que o seio o alimenta será considerado bom. No entanto, sempre que o
priva de alimento, será considerado mau. Ressalta-se que a questão não baseia-se na mera
alimentação, sendo isso apenas um exemplo. O bebê sempre entenderá o seio de acordo com
suas demandas particulares, sejam elas de afeto ou de alimento.

O seio bom é amado e gratificado, pois sacia as demandas do bebê. O seio mau, em
contrapartida, é odiado e invejado, pois o bebê acredita que ele o priva da nutrição e retém o leite
de maneira totalmente deliberada, portanto se torna alvo de inveja, já que possui o que o bebê
deseja.

A inveja que o bebê sente o leva a fazer inúmeras investidas em suas fantasias contra o seio
mau, liberando sua agressividade e ódio que se manifestam de variadas maneiras, como uma
mordida no seio, por exemplo, ou o ato de defecar, subentendido como uma tentativa de
envenenar o seio mau.

A posição esquizo-paranoide

O bebê acredita que suas investidas agressivas contra o seio mau irão gerar retaliação por parte
do seio. Isso faz com que o bebê desenvolva ansiedade persecutória, acreditando que será vítima
dos anseios malignos do seio mau a qualquer momento. Este estágio é chamado de posição
esquizo-paranoide, a ideia fixa, porém de totalidade momentânea, de que o seio mau irá se
vingar. O bebê viverá neste estágio desde o nascimento até aproximadamente 4 ou 6 meses de
idade quando obterá outra percepção do mundo.

Sugestão de leitura:

Onde vivem os Monstros: entre a Posição Esquizo-paranóide e a Posição Depressiva

Onde vivem os Monstros: entre a Posição Esquizo-paranóide e a Posição


Depressiva.

Onde Vivem os Monstros é um livro infantil americano escrito em 1963 por Maurice Sendak. O
livro trata de vários assuntos sujeitos à interpretações psicanalíticas mas neste texto iremos nos
concentrar em uma leitura centrada nos conceitos teóricos de Posição Esquizo-
paranóide e Posição Depressiva de Melanie Klein. Para isso, iremos primeiro fazer um resumo
do livro que seguiremos por uma breve apresentação teórica das posições citadas acima.
Finalmente, iremos interligar elementos da história de maneira mais precisa com a teoria de
Melanie Klein.

RESUMO

A história é a do menino Max que, vestido com sua fantasia de lobo, faz tanta malcriação em casa
que é mandado para a quarto sem jantar pela mãe. Uma vez de castigo, ele se transporta para
uma floresta, embarca em um veleiro, navega por meses, até chegar numa ilha, onde vivem os
monstros. Lá, ele se estabelece como o mais monstruoso de todos e é rapidamente coroado rei.
Segue-se então uma bagunça geral ordenada por Max, que vai aumentando até o próprio Max
mandar os monstros para o quarto de castigo sem comida. Ao ficar sozinho, ele sente falta da
comida de casa e das pessoas que gostam dele de verdade. Ele resolve então voltar para casa,
mesmo contrariando os monstros, e ao chegar lá, um ano depois, encontra no seu quarto o seu
jantar ainda quentinho esperando por ele.

POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE

A Posição Esquizo-paranóide, conceito elaborado por Melanie Klein (1946), é considerada como a
fase mais arcaica do desenvolvimento humano. Esta posição, situada nos primeiros meses de
vida, é caracterizada pela primeira relação de objeto do bebê, sendo esse o seio da mãe. Esta
relação de objeto provoca a aparição de defesas como a projeção, introjeção, identificação
projetiva e cisão (splitting) de objeto.

Segundo Klein, o ego da criança é exposto, desde seu nascimento, à ansiedade devido à pulsão
de morte e pulsão de vida que agem sobre seu ego. O conflito imediato das duas pulsões gera
uma grande ansiedade no bebê. Confrontado pela ansiedade derivada da pulsão de morte, o bebê
precisa livrar-se dela e para isso seu ego a deflete. Essa deflexão da pulsão de morte consiste em
parte em uma projeção e em parte em uma conversão da pulsão de morte em agressividade.
Ocorre então um processo derivado de um dos mecanismos de defesa citados acima — a cisão
ou splitting. O ego se divide e projeta a parte em que se encontra a pulsão de morte para fora, no
objeto externo (seio). Logo, o seio é percebido como mau e ameaçador para o ego. Dessa forma,
o medo original da pulsão de morte é transformado em medo perseguidor. Ao mesmo tempo, é
estabelecida uma relação não só com o objeto mau como com o objeto bom (ideal). Ou seja, da
mesma forma que a pulsão de morte é projetada a fim de proteger o ego, a libido também é
projetada para criar um objeto idealizado (pulsão de vida). Parte de ambas pulsões que
permanecem dentro do ego são usadas para estabelecer uma relação com esse objeto idealizado.
Dessa forma, o ego tem uma relação com dois objetos desde muito cedo: o objeto primário (seio)
é nessa fase dividido em duas partes — seio bom (ideal) e seio mau (persecutório) (SEGAL,
1975). Dentro dessa dinâmica, o objetivo passa a ser adquirir, manter dentro e identificar-se com o
objeto ideal que é percebido como algo que lhe dá vida e que lhe protege.

O bebê encontra-se aí então na Posição Esquizo-paranóide. Essa fase é marcada pela


predominância da ansiedade referente ao medo da intrusão dos objetos maus e persecutórios em
seu ego e a consequente aniquilação de seu objeto ideal interno e do self. A vivência das
ansiedades nessa fase levaram Klein a dar-lhe esse nome: Posição por ser
transitória, Paranóide por ser a ansiedade predominante, e Esquizóide pelo estado do ego e de
seus objetos (splitting) que caracterizam a fase (SEGAL, 1975).

POSIÇÃO DEPRESSIVA

A Posição Depressiva designa um conceito kleiniano relativo à etapa posterior do desenvolvimento


do bebê. A autora acredita que, após vivenciar toda a turbulência da Posição Esquizo-paranóide, o
bebê poderá ingressar nesta nova fase da Posição Depressiva. Klein também acredita que o início
do Complexo de Édipo ocorre mais cedo que na teoria de Freud e coincide com o início desta
Posição Depressiva, quando a ansiedade persecutória diminui e os sentimentos amorosos passam
a ocupar mais espaço. Klein (1952), acredita também que algum grau de integração seja
necessário para que o bebê consiga introjetar as figuras parentais como um todo. Esse
desenvolvimento da integração e da síntese é iniciado quando o bebê ingressa na Posição
Depressiva deixando as características da Posição Esquizo-paranóide para trás. O ego passa a
diminuir a distância entre o mundo externo e interno, e consequentemente, os objetos passam a
ser mais integrados e realistas e menos idealizados. Todos esses processos de integração e de
síntese fazem com que apareça o conflito entre amor e ódio. Assim, surge a ansiedade depressiva
e o sentimento de culpa diferentes dos encontrados na Posição Esquizo-paranóide, pois os
objetos bons e maus não são mais cindidos como antes e há uma aproximação entre a mãe boa e
a mãe má.

Na posição depressiva, o bebê encontra-se então mais integrado e as defesas não aparecem de
forma tão extrema quanto na Posição Esquizo-paranóide e correspondem mais à capacidade do
ego de enfrentar a realidade psíquica. Frente a essas ansiedades eminentes, o ego terá tendência
a negá-las e pode, quando a ansiedade for extrema, negar o amor pelo objeto. Nesse caso,
ocorrerá um abafamento do amor e um distanciamento dos objetos primários e um aumento na
ansiedade persecutória que poderá ou não, resultar em uma regressão à Posição Esquizo-
paranóide.

ANÁLISE DO LIVRO PELA TEORIA KLEINIANA

Nas primeiras páginas do livro, podemos observar que o pequeno Max, vestido de sua fantasia de
lobo, começa a fazer bagunça em casa, especialmente em uma das cenas perseguindo o cachorro
com um garfo na mão, como se fosse devorá-lo. Para Klein (1946), “o impulso destrutivo projetado
para fora é inicialmente vivenciado como agressão oral”. Além do mais, a autora acrescenta que
“em estados de frustração e ansiedade, os desejos sádico-orais e canibalescos são reforçados”.
Podemos então identificar que, por alguma razão que não é apresentada no livro, Max estaria
vivenciando algum tipo de frustração ou ansiedade que teria o levado a se comportar de maneira
agressiva. Quando Max é mandado para o quarto sem jantar, esta privação perturba o equilíbrio
normal entre impulsos libidinais e agressivos e reforça então seus impulsos agressivos já atuantes
criando assim uma voracidade ainda maior.

Um dos diálogos mais interessantes do livro, do ponto de vista kleiniano, ocorre no momento onde
a mãe aparece no livro quando repreende Max pelo seu comportamento destrutivo. Ela o chama
de “monstro” (símbolo de voracidade) e ele lhe responde “olha que eu te como” e acaba sendo
mandado para a cama sem poder jantar. Esta troca de palavras mostra claramente a agressão
oral e a presença do medo e do controle de comer e ser comido, características da angústia
persecutória da Posição Esquizo-paranóide. Segundo Klein (1946) “Como os ataques fantasiados
ao objeto são fundamentalmente influenciados pela voracidade, o medo da voracidade do objeto,
devido à projeção, é um elemento essencial na ansiedade persecutória: o seio mau o devorará da
mesma forma voraz com que ele deseja devorá-lo”.

Além desta observação, identificamos neste diálogo um dos mecanismos de defesa mais citados
por Klein, a Identificação Projetiva. É a partir da projeção da pulsão de morte que se desenvolve
tal mecanismo de defesa. Partes do eu (self) e de objetos internos são projetadas (splitting) no
objeto externo tornando-o possuído e controlado por essas partes projetadas que possibilitam
o self a identificar-se com elas. Esse mecanismo tem vários objetivos. Pode ser dirigido ao objeto
ideal, com o fim de evitar separação do mesmo, ou dirigido ao objeto mau a fim de obter controle
sobre ele, a fonte de perigo (KLEIN, 1958). Ora podemos ver que Max, ao ser chamado de
monstro, projeta as partes excindidas do seu eu, provindas da angústia persecutória, para dentro
do objeto externo, neste caso a mãe “olha que eu te como!”. Max se identifica então com sua mãe
a partir das partes do eu que projetou contra ela, o medo de ser devorado.

Frustrado, Max começa a imaginar a aparição de uma floresta e da ilha dos monstros. É nesta
viagem do inconsciente que podemos ver a natureza fantasiosa da cisão (splitting) que Max faz do
objeto e do self contra a ansiedade externa. De aparência assustadora e agressiva, os monstros,
no entanto, não assustam Max que rapidamente os domina com um “truque mágico”. Os monstros
ficam com tanto medo que declaram que “mais monstruoso do que ele não havia” e Max vira então
rei dos monstros.

Ao ser coroado rei dos monstros, Max ordena uma bagunça geral, aquela mesma bagunça que
não pôde fazer em casa, Max mostra grande onipotência e pela negação, se afasta ainda mais da
realidade psíquica de frustração que estava até pouco tempo atrás. Este processo de onipotência
e negação é também geralmente observado na Posição Esquizo-paranóide. Max se torna então
neste momento apenas um “menino mau” (negação de uma parte do ego) que esqueceu de sua
mãe (relação de objeto) e dos sentimentos amorosos que tem por ela.

Seguindo esta negação da realidade psíquica, Max manda os monstros pararem de fazer bagunça
e irem para cama sem jantar, repetindo o mesmo castigo que sua mãe lhe deu mais cedo. Com
essa ação o ego de Max vai se esforçar para projetar o mau e introjetar o bom como mecanismo
de defesa. Mas enquanto os monstros dormem, Max começa a se sentir sozinho. Ele é então
invocado a voltar para a mãe pelo cheiro de comida que chega até ele e decide desistir de ser rei
dos monstros para voltar ao seu quarto onde sua comida o espera. Podemos ver aqui o processo
que Klein (1946) identificou como gratificação alucinatória onde há uma invocação onipotente do
objeto e da situação ideais, a mãe que lhe dá comida, e a aniquilação do objeto mau persecutório
e da situação de dor, fugir do isolamento e da possibilidade se ser devorado pelos monstros. Ao ir
embora da ilha dos monstros, outro diálogo importante aparece quando os monstros dizem a Max
“oh por favor não vá embora…nós vamos comer você…gostamos tanto de você!” ao qual o
menino responde “Não!”. A realização da integração do objeto bom (“gostamos tanto de você”)
com o objeto mau (“vamos comer você”) é aqui simbolizada na fala dos monstros. Ele se dá conta
então do perigo (pulsão de morte) de ceder totalmente ao seu Id (os monstros) e literalmente nega
sua angústia persecutória. É pela cisão (splitting), que permite ao ego emergir do caos (bagunça
geral) e ordenar suas experiências rumo à integração (fugir da ilha), que Max faz sua viagem de
volta, rumo à Posição Depressiva.
Ao ver que apesar de poder fazer bagunça com os monstros, eles são ameaçadores e não lhe dão
a mesma gratificação que a mãe, Max vive uma intensificação do medo da perda do objeto bom
pela sua destrutividade e percebe, pela gratificação da comida (lembrada pelo cheiro), que a mãe
também tem um lado bom. Ao fazer a viagem de volta, Max diminui a distância psíquica entre o
mundo externo (quarto) e interno (ilha dos monstros), e assim consegue integrar o objeto (mãe)
como mais realista e menos idealizado. Pelo impulso de reparação de voltar para casa, Max
unifica a mãe boa e a mãe má e retorna então à Posição Depressiva. Esse retorno se faz ao voltar
para seu quarto, onde encontra seu jantar (seio gratificador) e começa a tirar sua fantasia de lobo,
símbolo de seu impulso primitivo, agressivo e destruidor.

Em conclusão podemos dizer que, pela idade que aparenta ter no livro, Max já deveria ter atingido
a posição depressiva. No entanto, o menino parece, no momento da trama, estar atuando seus
impulsos agressivos. Quando vive a ansiedade e frustração do castigo da mãe, ele se distancia do
objeto primário (mãe) no seu inconsciente, pela viagem à ilha dos monstros, e abafa seu amor,
aumentando assim sua ansiedade persecutória e regredindo momentaneamente à Posição
Esquizo-paranóide (bagunça geral). Ele somente volta à Posição Depressiva no final do livro
quando consegue unificar o objeto bom e o objeto mau como um mesmo objeto.

A origem da culpa
Os sentimentos de culpa, que ocasionalmente surgem em todos nós, têm raízes muito profundas
na infância […] (KLEIN, 1959/2006).
A partir do desmame, geralmente por volta do sexto mês de idade do bebê, sua percepção de
mundo se altera. Entende que o seio, além de não ser parte de si, de sua própria vida, é na
verdade parte do mundo externo, um outro objeto. O bebê começa a viver a fase de perda, o
luto. A perda virá justamente do sentimento da separação do self do objeto bom, e o luto virá por
ter destruído parte do objeto que odiava com sua agressividade.

Os novos enlaces de interpretação do mundo farão com que o bebê sinta então a culpa pela
primeira vez, concretizando o que Klein (1935) chamará de posição depressiva. Como terá
aprendido novos mecanismos de defesa, não mais terá a necessidade da clivagem, ou melhor
dizendo, partição de objetos. Deste momento em diante o bebê não irá mais chorar por causa da
raiva, mas sim por causa da enorme culpa que sente por ter maltratado o seio mau que se
manifestará em forma de tristeza. A culpa pelas investidas contra o seio mau acompanhará o
bebê pelo resto da vida.

O motivo pelo qual preferimos não sentir


Em seu livro Das Unbehagen in der Kultur, Sigmund Freud nos leva a refletir ao propor que há
uma incompatibilidade entre indivíduo e civilização. Isso seria então a causa de um mal-estar
constante.
Nota: antes de prosseguirmos, é importante notar que na obra citada acima Freud não faz
nenhuma distinção entre cultura e civilização, por isso pode ser encontrada traduzida para o
português como O Mal-Estar na Civilização ou O Mal-Estar na Cultura.

Freud observou que a vida em sociedade sempre irá exigir o sacrifício e a anulação dos desejos
pulsionais, gerando um eterno mal-estar em todas as pessoas. Essa anulação de desejos é uma
condição necessária para que possa existir a civilização, a sociedade.

Isso acontece pois a sociedade funciona sob o princípio de realidade, então o ser humano é
obrigado a adiar sua satisfação. Mais do que isso, é obrigado a tolerar o desprazer. Desta
maneira, à medida em que suas demandas pessoais são submetidas às demandas da sociedade,
a felicidade é colocada de lado.

A cultura é definida por Freud da seguinte maneira: “a soma total de operações e normas que
distanciam nossa vida da de nossos antepassados animais e que servem a dois fins: a proteção
do ser humano frente à natureza e a regulação dos vínculos recíprocos entre os homens”.

Horda primitiva

“Horda primitiva” é um termo tártaro (em tártaro: Tatarlar, no alfabeto cirílico: Татарлар), usado
por Charles Darwin e grande parte dos sociólogos evolucionistas do século XIX para se referir à
forma mais simples possível de formação social existente nos tempos pré-históricos. A horda
seria um elo entre o estado de natureza (ou estado natural) e o estado de cultura. A expressão
também é usada por alguns etnólogos para caracterizar grupos que se dedicam à caça e coleta
em um determinado território.

A noção da horda primitiva foi descrita foi Darwin em A Descendência do Homem e Seleção em
Relação ao Sexo (1871). Freud, em Totem e Tabu (1912-1913), escreveu que “Darwin deduziu
a partir dos hábitos dos macacos antropomorfos que os homens originalmente também viviam
em grupos ou hordas comparativamente pequenas, dentro das quais o ciúme do homem mais
velho e mais forte impedia a promiscuidade sexual. “

Diversos outros autores acolhem e complementam o conceito de horda primitiva. Como exemplo,
James Jasper Atkinson retornou a essa hipótese em Social Origins. Primal Law (1903). No livro
ele se refere à horda como uma “família ciclópica”.

A ideia é também avaliada pelo escritor escocês Andrew Lang no livro The Secret of the
Totem (1905). O escritor reconhece e certifica a opinião de Darwin: “A primeira prática foi a do pai
ciumento: ‘nenhum homem pode tocar as mulheres em meu acampamento’. Em seguida, se
necessário expulsava até mesmo os filhos adolescentes da horda”.

Mas foi Freud, em Totem e Tabu, quem forneceu maior insight e escopo à teoria de Darwin.
Apesar das críticas que surgiram quando o livro foi publicado, ele manteve a ideia e voltou a ela
em Psicologia de Grupo e Análise do Ego (1921c), O Futuro de uma Ilusão (1927c), O Mal-
estar na Civilização ( 1930a [1929]), e especialmente em seu último livro, Moisés e o
Monoteísmo (1939a).

A principal contribuição de Freud foi a ideia do assassinato do Pai da horda primitiva: “Um dia, os
irmãos se reuniram, mataram e devoraram seu pai e, assim, acabaram com a horda patriarcal.
Unidos, eles tiveram coragem e conseguiram fazer o que seria impossível para eles
individualmente “. O crime coletivo é então correlato com o nascimento de um grupo e, mais
tarde, com o nascimento da humanidade.
Ou seja, ser humano vivia em uma era primitiva e a única maneira de deixá-la era através de um
ato fundamental irreversível. Não era raro, antes de se unirem, que um ou outro filho
eventualmente matasse o pai terrível. No entanto, apenas dava continuidade à horda primitiva,
tomando o lugar do antigo pai. O grupo sempre continuava como antes em casos assim.

Foi a decisão unânime do assassinato (o fato de os irmãos terem se unido) que permitiu à
humanidade entrar na história. Os filhos só se tornaram irmãos quando foram capazes de superar
sua impotência e alcançaram um senso de solidariedade.

Agora sua relação havia mudado: cada um reconhecia o outro como igual, o que lhes permitia
escapar do fascínio mortal que experimentavam, ou seja, da admiração e do medo que
experimentavam diante do pai onipotente.

Curiosidade: A importância que Freud atribuiu ao seu conceito de horda primitiva se reflete em
uma comunicação que teve com Abram Kardiner (psiquiatra e psicanalista), na qual escreveu:
“Não leve isso muito a sério. É algo que eu sonhei em uma tarde chuvosa de domingo“.

Leitura sugerida para o sucesso na prova: Mal-estar na civilização – Freud

Agora sua relação havia mudado: cada um reconhecia o outro como igual, o que lhes permitia
escapar do fascínio mortal que experimentavam, ou seja, da admiração e do medo que
experimentavam diante do pai onipotente.

Curiosidade: A importância que Freud atribuiu ao seu conceito de horda primitiva se reflete em
uma comunicação que teve com Abram Kardiner (psiquiatra e psicanalista), na qual escreveu:
“Não leve isso muito a sério. É algo que eu sonhei em uma tarde chuvosa de domingo“.

Leitura sugerida para o sucesso na prova: Mal-estar na civilização – Freud

O QUE É PLÁGIO

Plágio é quando apresentamos a ideia de outra pessoa como se fosse nossa própria ideia, sem
qualquer citação.

Por exemplo:

Suponhamos que você esteja fazendo o exame final e se confronte com o seguinte
enunciado: “Explique a teoria de Melanie Klein”.

Apesar de você conhecer a teoria de Melanie Klein, nesta situação hipotética você decide fazer
uma pesquisa na Internet para fortalecer o seu conhecimento. Durante a pesquisa, você encontra
um site que acaba por considerar uma ótima fonte e, então, decide copiar o texto do site e colar
no exame final como uma resposta sua.

Nessa situação estaríamos diante de dois problemas:

1. A resposta não foi escrita com as próprias palavras, conforme solicitado por nossa instituição;
2. O conteúdo da resposta foi copiado de um site e não foi feita nenhuma citação de sua fonte ou
autoria, caracterizando um plágio.
Ainda analisando o mesmo caso: suponhamos que você não copie nenhum conteúdo da internet,
mas decida ler os livros de Melanie Klein para ter mais base para sua resposta. Durante a leitura,
você encontra um trecho no livro que responderia perfeitamente ao que é pedido pelo enunciado.
Você decide então copiar o trecho do livro para apresentá-lo como uma resposta.

Os mesmos problemas encontrados no primeiro caso seriam revelados no segundo caso. Copiar
o trecho de qualquer lugar (livro, revista, internet etc.) sem citação do autor é considerado plágio.

Abaixo apresentamos algumas perguntas e respostas para melhor entender o plágio.

Copiei apenas quatro palavras e não citei o autor. É plágio?

Sim. Mesmo que você não tivesse copiado nenhuma palavra, mas tivesse apresentado a ideia do
autor como se fosse sua (com outras palavras) e não citasse a fonte, seria considerado plágio.

Copiar uma, duas, três palavras ou mais sem citar a fonte (autor ou lugar de onde foi tirado), é
plágio.

Como evitar o plágio?

Para evitar o plágio você deve citar o nome do autor sempre que copiar um texto que foi escrito
por outra pessoa. Caso não cite o autor, deve citar a fonte de onde o texto foi retirado.

Como responder corretamente as perguntas do exame final?

Nossa instituição não permite o plágio. Esta prática é punida com a expulsão. Desta forma, no
exame final não é permitido usar textos de outras fontes sem seus devidos créditos.

Também é importante notar que as perguntas do exame final devem ser respondidas com pelo
menos 85% de elaboração própria. Ou seja, no mínimo 85% da resposta deve ser escrita com
suas próprias palavras (e não citações). As citações não devem representar mais do que 15% da
resposta.

Isto é, caso sua resposta tenha 50 palavras (que é o mínimo exigido por nossa instituição), ao
menos 42 palavras deverão ser estruturadas autoralmente.

Exemplo de como evitar o plágio:

No livro Inveja e Gratidão, Melanie Klein diz o seguinte:

“A inveja é um fator muito poderoso no solapamento das raízes dos sentimentos de amor e de
gratidão, pois ela afeta a relação mais antiga de todas, a relação com a mãe.”. (1957)
Caso você queira utilizar a frase acima em sua resposta, você deverá se certificar dos seguintes
itens:

 No mínimo 85% da resposta deve ser composta com suas próprias palavras;
 A citação não deve ocupar mais do que 15% da resposta;
 A citação deverá apresentar o nome do autor e, deverá distinguir as palavras do mesmo através
da utilização de aspas.
Exemplo de resposta autoral com a utilização do trecho de Melanie Klein:

Os sentimentos de amor e de gratidão, de acordo com Klein (Inveja e Gratidão, 1957), podem ser
solapados pela inveja, “pois ela afeta a relação com a mãe”, que é explicada pela autora como “a
mais antiga de todas”. Assim, é necessário que a criança tenha uma relação de qualidade com o
objeto, a fim de evitar que a inveja excessiva interfira não apenas na gratificação oral, mas na
própria relação com a vida.
Na resposta acima, apenas as frases entre aspas foram efetivamente copiadas do texto original,
enquanto o resto do texto foi criado com base na teoria da autora.

Desta mesma maneira devem ser suas respostas no exame final.

Como fazer citações no exame final?

Caso você copie um trecho do(a) autor(a) e cole na sua resposta, você deve utilizar aspas antes
e depois do trecho. O nome do autor deve aparecer entre parênteses antes ou depois do trecho
utilizado.

Caso você parafraseie o(a) autor(a), isto é, mencione a ideia, você deve mencionar o nome do(a)
autor(a) e dizer que a ideia pertence a ele(a). O ano da referência (ou seja, de onde você tirou a
ideia) deve ser apresentado entre parênteses. Exemplo:

De acordo com Sigmund Freud (1930), o sofrimento só existe porque há uma civilização.
Caso você copie trechos de algum site na internet, deverá utilizar aspas antes e depois do trecho.
Deverá, em seguida, colocar a URL do site de onde os trechos foram copiados. A URL deve estar
entre parênteses. Exemplo:

No livro mal-estar na civilização Freud fala sobre o que “vê como o importante choque entre o
desejo de individualidade e as expectativas da sociedade” (https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Mal-
estar_na_Civiliza%C3%A7%C3%A3o). Isto é, um choque que dificilmente poderá ser resolvido
enquanto existir cultura.
Leitura adicionais para entender o que é plágio:

https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/dicas/o-que-significa-plagio

https://querobolsa.com.br/revista/plagio-academico-o-que-e-e-por-que-e-considerado-crime

O que significa plágio?


Entenda o conceito de plágio, além de conhecer alguns casos que ficaram famosos.
A maioria dos dicionários definem plágio como o ato ou efeito de plagiar. No entanto, é
necessário ir além dos dicionários para compreender, realmente, o que significa plágio. Vamos
dar um exemplo para tornar o entendimento mais fácil: você escreveu um artigo e, quando menos
imagina, percebe que ele foi publicado e a sua autoria está relacionada a outra pessoa. Ou seja,
o crédito do seu trabalho está sendo dado a outrem. Isso significa que você é uma vítima de
plágio e o ato foi cometido por um(a) plagiador(a).
Significado de plágio

Caracteriza-se como plágio a cópia parcial, integral ou conceitual de uma obra sem a
apresentação da fonte original ou quando os créditos do trabalho são dados a outra pessoa sem
a permissão explícita do autor(a) inicial. Trata-se também de um descumprimento do direito
autoral, sendo considerado crime no Brasil e sujeito a punições. O plágio pode acontecer com
diferentes conteúdos. Existem casos na música, literatura, academia, fotografia, entre outros.

Ato ou efeito de plagiar; Imitação ou cópia fraudulenta (AURÉLIO, 2012; PRIBERAM, 2012)

Tipos de plágio

O desrespeito aos direitos autorais é dividido em algumas categorias, de acordo com a forma
como o plágio pode ser executado. Confira abaixo os principais tipos de plágio:

Plágio integral: diz respeito a cópia integral de um trabalho sem os devidos créditos ao autor.
Nesses casos, em um trabalho acadêmico, por exemplo, cada palavra é copiada sem a menção
da autoria original.

Plágio parcial: Ocorre quando partes de um produto é copiada por outrem. Frases de uma
música ou partes da sua melodia podem ser utilizadas em outra obra sem autorização e/ou
citação da fonte.

Plágio conceitual/intelectual: corresponde a utilização das ideias, do conceito ou da essência


de uma obra.

Plágio é crime

Para a legislação brasileira plágio é crime pois fere o direito autoral defendido na Lei 9.610/98
dos Direitos Autorais. Além disso, o Código Penal Brasileiro, no artigo 184, define que:

Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de
1º.7.2003)

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa (Redação dada pela Lei nº 10.695, de
1º.7.2003).
A Lei dos Direitos Autorais também define sanção para plagiadores. Veja:

Art. 102. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma
utilizada, poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da
divulgação, sem prejuízo da indenização cabível.

Art. 103. Quem editar obra literária, artística ou científica, sem autorização do titular, perderá para
este os exemplares que se apreenderem e pagar-lhe-á o preço dos que tiver vendido.

Casos de plágio

Existem alguns casos de plágio que ficaram bastante conhecidos, principalmente no mundo da
música. Separamos alguns deles para você conhecer e se surpreender.

Plágio na música

- The Beatles

O clássico Come Together, escrito por John Lennon e lançado pelo grupo em 1969, sofreu uma
acusação de plágio da gravadora do astro do rock americano Chuck Berry. Os Beatles foram
acusados de copiar a letra e a melodia da canção You Can't Catch Me, de Berry. O britânico John
Lennon reconheceu ter conhecimento da obra de Berry e um acordo sigiloso foi selado entre as
partes envolvidas no processo.

- Lizzo

Um dos grandes sucessos da música americana em 2019, a canção Juice, da cantora Lizzo,
sofreu uma dura acusação de plágio da veterana Cece Peniston. Segundo Cece, Lizzo utiliza
mais de 7 segundos de partes da sua canção, o hit "Finally”. No instagram, a cantora demonstra a
semelhança entre a sua música e o sucesso de Lizzo. Clique no link e confira.

Plágio na literatura

J.K. Rowling

A famosa escritora J.K. Rowling e a sua mais aclamada obra, a saga de Harry Potter, foram
acusados de plágio pelos herdeiros do escritor Adrian Jacobs. Para os acusadores, o livro “Harry
Potter e o cálice de fogo” é um exemplo de plágio conceitual, pois J. K. teria se apropriado das
ideias de Jacobs em seu livro “Will, o Bruxo: No. 1 Terreno Lívido”. Apesar da acusação, o
processo teria sido arquivado.
Plágio acadêmico: o que é e por que é considerado crime?

O dicionário Houaiss da Língua Portuguesa* define a palavra plágio como a apresentação de um


trabalho ou obra intelectual de outras pessoas, como se fossem de sua própria autoria.

No ambiente acadêmico, o plágio acontece com a utilização de produções de outras


pessoas em qualquer tipo de trabalho, sem citar o nome dos autores.

Tipos de plágio

O plágio acadêmico é classificado em integral, parcial, conceitual e autoplágio. Veja a seguir


quais são as definições para cada um deles:

 plágio integral: cópia de uma obra completa, sem identificar o autor;

 plágio parcial: cópia de trechos de várias obras;

 plágio conceitual: cópia do conteúdo de uma obra com a modificação das palavras;

 autoplágio: publicar um trabalho antigo como se fosse inédito.

É possível, ainda, um mesmo trabalho conter mais de um tipo de plágio.

Por que plágio é considerado crime?

Desde 1998, a Lei 9.610 existe para regular os direitos autorais de escritores, artistas, fotógrafos
e músicos. Além disso, as produções de um indivíduo são consideradas sua propriedade
intelectual e, por esse motivo, devem ser protegidas.

Àqueles que descumprirem a Lei estarão sujeitos a punições como multa e detenção de três
meses a um ano, de acordo com o artigo 184 do Código Penal. Em caso de cópia indevida com
o objetivo de obter lucros, a multa também é aplicada e a detenção é de dois a quatro anos.
Portanto, é preciso estar atento às referências.

Além de ser crime, o plágio também pode ser justificativa para zerar trabalhos da faculdade e o
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Ferramentas de detecção de plágio

Para facilitar a identificação de uma cópia indevida, foram criados programas online gratuitos
como o Grammarly e e o Plagiarisma.

É necessário se inscrever nos sites, colocar o trecho com suspeita de plágio no site e aguardar alguns
minutos pelo resultado. São práticas muito comuns entre professores universitários, mas que também
podem ser utilizadas por alunos como garantia.

Como evitar o plágio?


A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma instituição responsável por
padronizar a produção de produtos, documentos, textos e, inclusive, trabalhos acadêmicos.

Por esse motivo, ela disponibiliza em seu site uma série de instruções sobre como fazer uma
citação com as devidas referências, dentro dos padrões.

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