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Perspetiva ecológica do desenvolvimento

O desenvolvimento do ser humano depende, não só das características biopsicológicas, mas


também das características dos contextos, ou seja, os contextos em que a nossa vida se
desenvolve não podem ser encarados isoladamente, são conjuntos dinâmicos de influências
interligadas. Assim, Bronfenbrenner distingue 4 sistemas ecológicos:

Microssistema: Os microssistemas são os contextos mais imediatos e de maior


proximidade em que os indivíduos participam diretamente, ou seja, têm relação presencial.
Daí serem os mais importantes no desenvolvimento do indivíduo. Fazem parte dos
microssistemas a família, os colegas, a escola, o grupo religioso, a vizinhança próxima…

Mesossistema: O mesossistema não tem existência própria, isolada. É constituído pelas


interações entre os microssistemas. Pode-se dizer que é um sistema de microssistemas. As
possibilidades de relação entre contextos são inúmeras para cada pessoa, e conduzem ao
estabelecimento de relações e comunicações. Cada um pertence a vários e diferentes
mesossistemas, pois cada um se integra em microssistemas diferentes. Temos o exemplo,
casa escola, casa local de trabalho…

Exossistema: O exossistema reporta-se a contextos que não implicam a participação ativa


do sujeito mas que o afetam ou o condicionam. A ação do exossistema pode ser decisiva
quando as pessoas vivem situações difíceis (ex: subsídios…). Podem fazer parte do
exossistema as autarquias, a assistência social, os serviços jurídicos, o local de trabalho…

Macrossistema: O macrossistema constitui o sistema mais alargado. Dele fazem parte os


padrões socioculturais, instituições políticas e sociais, os valores, as crenças e os estilos de
vida. Todos estes aspetos têm influência no macrossistema e influenciam-nos. Por exemplo,
as ideologias políticas e sociais e também as atitudes.

Transições ecológicas: uma vez que estes sistemas não são estáticos nem iguais para todos,
Bronfenbrenner utiliza este termo para referir as mudanças que condicionam a relação do “eu
com os outros”.

Cronossistema: permite incorporar no contexto da vida uma dimensão temporal.


Dada a passagem do tempo, e as mudanças que nesse tempo ocorrem, a configuração dos
diversos sistemas, as suas relações e influências podem ser alteradas.
Ex: a influência do microssistema família não é a mesma para uma criança ou para um
adolescente.

CONCLUSÃO:

- A perspetiva ecológica encara o desenvolvimento individual no contexto de todos os


ambientes em que as pessoas vivem diariamente (microssistema).
- Estes ambientes estão interligados de diversas formas (mesossistema) e estão ligados
a meios e instituições sociais a que os indivíduos em geral não pertencem , mas que
têm grande influência no seu desenvolvimento (exossistema).
- Todos estes sistemas são englobados, influenciam e são influenciados pelo
macrossistema.

1-Wundt e a consciência
Wundt foi o fundador da psicologia como ciência, pois devemos-lhe a introdução da
experimentação em psicologia, condição essencial para passar a merecer o título de ciência.
O objeto de estudo de Wundt era a consciência,
 esta era constituída por várias partes distintas e tinha como objetivo a análise dos
elementos mais simples (sensações, sentimentos e imagens).
 Os estados de consciência, por mais complexos que possam ser, podem ser reduzidos
a elementos simples e resultam da sua combinação.

Qual era o método utilizado por Wundt?


método introspetivo: consiste na descrição e análise, das sensações e sentimentos que uma
pessoa experimentava em resposta a determinados estímulos, só o sujeito que vive a
experiência é que pode descrevê-la, introspecionando-se, isto é, fazendo a autoanálise dos
seus estados psicológicos em condições experimentais.

O papel do sujeito na observação e na descrição do que se passa consigo faz com que este
funcione ao mesmo tempo como observador e observado.

A técnica a adotar seria necessariamente a auto-observação (observação de si próprio) pois só


a pessoa sabe o que vive.

CONCLUSÃO:
Wundt concluiu que as unidades básicas da consciência (sensações, sentimentos, imagens) se
combinam de tal modo que os fenómenos psíquicos são a associação e não a simples soma
desses dados elementares, logo a mente humana é um conjunto organizado de elementos
básicos.

Wundt defendeu uma conceção dinâmica da vida psíquica: os processos psicológicos não são
coisas, mas acontecimentos

2- Freud e a inconsciência
 Segundo freud somos gerados e movidos por desejos e impulsos inconscientes que
secretamente influenciam o nosso comportamento, ou seja, algo na nossa mente
manda em nós sem nos apercebermos.

Existem alguns desejos e sentimentos que consideramos inaceitáveis, tais como também
existem experiências muito dolorosas e traumatizantes que passamos na infância e portanto
não gostamos de conviver com estas experiências.
Assim sendo, a nossa tendência é de os afastar da nossa consciência.
Recalcamento: tendemos a afastar memórias negativas. Recalcar não significa eliminar,
pois as recordações continuam a existir e a influenciar o nosso comportamento e a nossa
maneira de ser, sem darmos conta.

FORMAS DE OS CONCEITOS RECALCADOS EXERCEREM A SUA


INFLUÊNCIA:
Neuroses
● manifestações ou sintomas de algo que foi recalcado, impedido de aceder à
consciência.
● Geralmente o doente ignora aquilo que recalca, não conhece os desejos escondidos do
seu inconsciente.
● São doenças psíquicas que traduzindo-se em perturbações físicas, conseguem resistir
à medicação.

Atos falhados
● Para Freud os atos falhados têm um significado, esses “deslizes” quotidianos provêm
do recalcamento de desejos, sentimentos e pensamentos que queríamos lançar no
inconsciente.
● São portanto representações inconscientes a vencerem a barreira da censura.
● EX: Dizer “I leave you” em vez de “I love you” pode levar a problemas.
Sonhos:
● realização ilusória (simbólica) de desejos inconscientes (recalcados). Para Freud, o
sonho era a via real de acesso ao inconsciente.
● O sonho é para Freud uma “expressão noturna das nossas frustrações diurnas”, o
sonho só aparentemente é absurdo, pois possui muito sentido: os desejos interditos e
recalcados encontram nele uma satisfação velada, desviada e simbólica.
● Durante o sonho, a vigilância da censura enfraquece , por isso, mais facilmente lhe
escapam as representações inconscientes.

O inconsciente é, para Freud, um lugar psíquico ou um sistema do nosso aparelho psíquico


que contém, pensamentos, desejos, sentimentos, impulsos que estão recalcados nas
profundezas da nossa mente, aquém da consciência.

A estrutura da mente humana segundo Freud


Primeira descrição:
➔ Considerava o psiquismo semelhante a um iceberg, tendo uma grande parte imersa e
uma pequena parte que emerge à superfície.
➔ Freud apresenta uma visão topográfica da mente, distinguindo 3 regiões: o
consciente, o pré consciente e o inconsciente.

Consciente: Nele estão os raciocínios, os pensamentos e as perceções que a pessoa é capaz


de evocar voluntariamente e controlar segundo as suas necessidades ou desejos e
convivências do meio social. É a parte da mente humana a que é possível chegar através da
introspeção (observação do que se passa na nossa mente). Conseguimos controlar o
consciente dependendo das necessidades e exigências do ser humano.

Pré-consciente: constituído por memórias e conhecimentos facilmente recuperáveis. A sua


função é impedir a manifestação de pulsões socialmente inaceitáveis, ocorrendo o
recalcamento.

Inconsciente: exprime simbolicamente que os nossos comportamentos e processos mentais


são dominados por uma dimensão situada nas profundezas do psiquismo.
Formado por instintos, medos, recalcamentos e desejos socialmente inaceitáveis mas que a
todo o momento exercem pressão para se manifestar.

A passagem dos impulsos e desejos inconscientes é controlada por um mecanismo


denominado censura, que recalca o que pode perturbar a nossa integridade psíquica e
adaptação ao meio social.
Mas a censura não consegue impedir que as pulsões inconscientes encontrem formas
substitutivas da manifestação (tais como atos falhados, neuroses e sonhos)

Segunda descrição:
Freud considerava que a mente do ser humano era constituída por 3 estruturas, a que chamou
instâncias do Eu: Id, ego e superego.

ID (Princípio do prazer)
● dimensão totalmente inconsciente da mente.
● é uma componente básica e primitiva do nosso psiquismo
● é a sede de forças ou impulsos irracionais, ilógicos, descontrolados e perigosos- ex:
fome, sede, sexualidade, agressão.
● está desligado do mundo real: é completamente irrealista e não distingue o que é
desejável do que é realmente possível, orienta-se pelo princípio do prazer.
● não atua segundo princípios lógicos e morais: pretende realizar tudo o que deseja, não
distinguindo o correto do incorreto, o proibido e o permitido. É a parte obscura,
impenetrável da nossa personalidade, tem de aprender que há coisas normalmente
proibidas.
Ex: um bebé com fome vai chorar até ser alimentado
Representante dos nossos desejos e necessidades mais básicas.

EGO (Princípio da realidade)


● Começa a desenvolver-se por volta dos 6 meses
● Procura satisfazer as necessidades de forma realista e apropriada de modo a evitar
problemas, quer fisicamente como psicologicamente.
● Atua segundo o princípio da realidade: nem tudo é possível e, por vezes, temos de
esperar pelas ocasiões certas e apropriadas
● Não rejeita o princípio do prazer: não se impõe ao Id pois pretende que este tenha
formas mais realistas para alcançar o que deseja
● Não tem o sentido da moralidade: não tem preocupações morais, mas sim que tudo
aquilo que ele deseja não seja prejudicial para o indivíduo.
● É realista e não tem conteúdo moral.
● É racional e tem a noção do que é possível fazer de acordo com as circunstâncias.
● Age segundo o princípio da realidade.
● Exemplo: queremos levar algo emprestado, mas sabemos que se levarmos sem pedir a
outra pessoa vai ficar chateada, logo o nosso ego leva-nos a perguntar antes de puder
levar.

SUPEREGO (Princípio da moralidade)


● Forma-se entre os 3 e os 5 anos.
● É o representante da moralidade, age segundo o princípio do dever
● Mesmo que o superego e o ego possam chegar à mesma decisão sobre algo, a razão
do superego para essa decisão é mais baseada em valores morais, enquanto a decisão
do ego baseia-se mais no que os outros vão pensar ou em que as consequências de
uma ação poderia acarretar.
● Diz-nos, não o que podemos ou não fazer, mas o que devemos ou não devemos fazer.
● É o resultado da educação que recebemos, do conjunto de punições e recompensas de
que fomos alvo. Procura impor ao Id e ao Ego os princípios e normas morais.
● É, segundo Freud, moralista e repressivo.
● Exemplo: Um homem teve muitas oportunidades de ser infiel à esposa. No entanto,
ele sabia o dano que tal comportamento teria na sua família, por isso tomou a decisão
de evitar as mulheres que manifestaram interesse nele.

Constituído por 2 sistemas: a consciência e o Eu ideal


Consciência: vigia o ego, podendo puni-lo com sentimentos de culpa, quando cede
indevidamente aos impulsos do Id

Eu ideal: Imagem ideal de como devemos ser, de como devemos tratar os outros e de como
nos devemos comportar. Se não correspondermos a este padrão ideal pode-se levar a
sentimentos de culpa.

➔ A nossa vida mental desenrola-se , segundo Freud, sob o signo do conflito. Um


desenvolvimento psicoafetivo equilibrado exige que o Ego saiba controlar os desejos
impulsivos do id e as exigências morais do superego.

desenvolvimento psicossexual ou afetivo:


➔ Para Freud, a sexualidade é a componente fundamental da realização do ser humano.
Mas a sexualidade não é exclusivamente sinónimo de ato sexual ou genital, mas sim
toda a atividade corporal que tende para o prazer.
➔ É o elemento central da teoria psicanalítica (energia sexual) instintiva que se
desenvolve através de 5 estádios, a cada um deles é atribuída uma zona erógena.
● Em cada estádio, o indivíduo vive o conflito entre os seus impulsos biológicos
e as expectativas sociais.
➔ O desenvolvimento afetivo é saudável se, na transição de um estádio para outro, não
ocorrerem fixações
FIXAÇÃO: ligação muito forte com uma pessoa, ou objeto, atividade, apropriados nos
primeiros estádios. Ocorre devido à excessiva frustração/ansiedade.

ESTÁDIO ORAL ( nascimento- 12/18 meses)


➔ fase inicial do desenvolvimento psicossexual;.
➔ zona erógena: boca, lábios e língua;
➔ o bebé sente prazer ao mamar, ao levar objetos à boca ou através de estimulações
corporais.
➔ conflito a ser resolvido neste estádio: desmame
➔ se ocorrer uma fixação neste estádio, ou seja, se o bebé for desmamado muito cedo ou
muito tarde, isto pode ter reflexos na sua vida adulta. O adulto sentirá necessidade de
procurar gratificação oral. Fumar, beber, mascar pastilhas, roer as unhas.

ESTÁDIO ANAL ( dos 12/18 meses aos 3 anos)


➔ zona erógena: região anal
➔ a criança obtém prazer pela estimulação do ânus ao reter e expulsar as fezes.
➔ conflito: tem a ver com o asseio, ou seja, a criança tem de aprender a controlar os
mecanismos de evacuação.
➔ o princípio da realidade conjuga-se com o do prazer. A necessidade de adquirir
hábitos higiénicos e de controlar as pulsões do Id mostra que o ego ( a partir dos 6
meses) já se formou.
➔ A criança pode reagir aos métodos repressivos retendo as fezes (retentivo-anal) ou
expelindo-as quando e onde bem entender (expulsivo anal)
➔ se esta fase não for ultrapassada corretamente, o adulto poderá ter:
● obstinações excessivas , preocupações com a limpeza ( caráter retentivo-anal)
● sadismo, crueldade, rebeldia e desorganização (caráter expulsivo-anal)

ESTÁDIO FÁLICO (dos 3 aos 6 anos)


➔ zona erógena: região genital
➔ a criança sente prazer ao estimular os órgãos sexuais. É o período onde as crianças se
apercebem das diferentes anatómicas entre os sexos.
➔ É a fase em que se vive a 1ª experiência sentimental significativa. O rapaz compete
com o pai pelo amor da mãe e a rapariga compete com a mãe pelo amor do pai.
➔ O problema a ser resolvido é a superação do amor obsessivo pelo progenitor do sexo
oposto (complexo de Édipo/ Eletra)
➔ A partir de determinada altura, a criança desenvolve uma forte atração sexual pelo
progenitor do sexo oposto e sentimentos agressivos e de hostilidade em relação ao
progenitor do mesmo sexo. A criança não tem consciência destes desejos, sendo o seu
acesso à consciência bloqueado. Contudo, permanecerá no inconsciente e não deixará
de fazer sentir os seus efeitos.
➔ No caso do rapaz chama-se Complexo de Édipo (quer a mãe só para si e anular o pai)
e no caso da rapariga chama-se Complexo de Eletra (quer o pai só para si e anular a
mãe).
➔ Para se tornar um adulto emocional e afetivamente equilibrado o rapaz e a rapariga
devem identificar-se com o progenitor do mesmo sexo.
Como superar o complexo do Édipo?
No caso do rapaz:
● Derivando do medo de castração, ou seja, o rapaz pensa que o pénis feminino foi
removido e acreditando nisso teme que o pai o castigue eliminando os seus órgãos
genitais, a identificação é uma solução do compromisso.
● O rapaz irá imitar e interiorizar certas atitudes e comportamentos do pai, pois quanto
mais se parecer com ele mais facilmente se pode imaginar, inconscientemente, no
lugar do pai. Identificando-se com o pai, o rapaz transforma os seus impulsos eróticos
em afeto inofensivo pela mãe, ao mesmo tempo que satisfaz os seus impulsos em
relação à mãe.
● É este, segundo Freud, o momento do desenvolvimento em que se forma o superego
(espécie de autoridade moral interna).

No caso da rapariga:
● Tal como o rapaz, a forma de resolver o conflito emocional consiste na identificação
com o progenitor do mesmo sexo. Procurando parecer-se cada vez mais com a mãe, a
rapariga possui , simbólica e indiretamente, o pai.
● Para Freud, a resolução do conflito, no caso das raparigas, é mais complicada e menos
bem-sucedida. Pois, segundo Freud, a sociedade em geral reprime com menos
severidade (do que no caso dos rapazes) a persistência dos sentimentos de posse em
relação ao pai.
● Além disso, desapontadas por verificar não possuir o mesmo órgão sexual que os
rapazes, a rapariga sente-se “castrada” e responsabiliza a mãe por essa “falha/ inveja
do pénis”, sendo que esta no futuro terá o desejo de dar à luz crianças do sexo
masculino.

Enquanto adultos:

Caso existam problemas e fixações desenvolvidas neste estádio, o adulto poderá ter falta de
maturidade no plano afetivo, dificuldades no plano do relacionamento sexual e uma
personalidade bipolar.

ESTÁDIO DE LATÊNCIA ( dos 6 aos 11 anos)


● Este estádio é representado por uma ilusória diminuição das pulsões sexuais
convertidas em desejo de conhecimento, de competência intelectual e física.
● Seria neste estádio que ocorreria a amnésia infantil, ou seja, a criança contém no
inconsciente as experiências que a abalam no estádio fálico.
● Esta dá mais importância às atividades escolares, onde investe a sua energia, e
estabelece importantes relações com os colegas e professores.

ESTÁDIO GENITAL (após a puberdade)


➔ zona erógena: órgãos genitais
➔ É também o último estádio de desenvolvimento da personalidade, onde há uma
ativação da sexualidade que esteve oculta no estádio anterior.
➔ Há uma reativação do complexo de Édipo.
➔ Começa a encarar os pais de forma mais realista.
➔ O prazer sexual envolve todo o corpo, incluindo todas as zonas erógenas.

QUE CONCEÇÃO DO SER HUMANO ESTÁ PRESENTE NESTA TEORIA?


● Freud diz-nos que a nossa vida é dirigida por impulsos, desejos e pulsões de natureza
inconsciente ( sobretudo sexual a agressiva)
● Conhece-te a ti mesmo será o lema da psicanálise.

DICOTOMIAS FREUD
Inato/Adquirido: apesar da importância dos fatores biológicos, a teoria freudiana não ignora
a educação (o que é adquirido). Portanto, o superego é o resultado da interiorização de
normas e de proibições adquiridas dos progenitores. Envolve portanto fatores biológicos e
ambientais.
Continuidade/Descontinuidade: concebe o desenvolvimento como descontínuo, como um
conjunto de transformações que diferem qualitativamente entre si. Há uma diferença
qualitativa entre o estádio fálico (objeto de desejo é o progenitor do sexo oposto) e o estádio
genital (objeto de desejo pessoas do sexo oposto fora do universo)
Estabilidade/Mudança: permanece a procura de prazer mas mudam as zonas erógenas. Há
uma evolução, desde a sexualidade centrada na exploração do nosso corpo até uma que atinge
a forma ligada à capacidade reprodutiva. Permanecem os impulsos agressivos e destrutivos
do Id, mas muda a forma como nos relacionamos com o mundo.
Interno/Externo: em cada estádio, o indivíduo vive o conflito entre os seus impulsos
biológicos (fatores internos) e as expectativas sociais (externos)
Individual/Social: apesar da importância do fator social, dá maior relevância ao fator
individual porque se foca no que acontece e muda na mente do sujeito (durante os estádios)

3-Watson e o comportamento

Caso “Little Albert”


Após a experiência realizada por Pavlov sobre o fenômeno da digestão nos cães, esta mesma
experiência sugeriu a Watson a ideia que o condicionamento poderia ser aplicado ao
comportamento humano.
Assim, numa experiência com uma criança de 11 meses de idade, Watson mostrou que o
comportamento humano também poderia ser condicionado.

Little Albert era um bebé alegre que gostava de ratinhos e coelhos brancos. De cada vez que
lhe apresentava um destes animais e a criança se preparava para acariciar, Watson fazia soar
um barulho estridente que o assustava. Não demorou muito até Albert começar a chorar e a
gatinhar aterrorizado sempre que lhe mostravam um destes animais.
O condicionamento alterara o seu comportamento. Com efeito, os animais referidos
tornaram-se estímulos condicionados que induziam respostas condicionadas como chorar e
fugir a gatinhar.

Conclusões desta experiência?


 Para Watson não havia qualquer necessidade de recorrer à consciência ou a processos
mentais para explicar esta mudança de comportamento.
 Albert apenas respondia a estímulos do meio (sons barulhentos que o assustavam).
 Para Watson, "Manuel é agressivo porque bate nas pessoas” e não “Manuel bate nas
pessoas porque é agressivo”, pois as causas do comportamento de um indivíduo não
estão no interior da sua personalidade e sim nos condicionamentos a que foi
submetido

O conceito Behaviorista de comportamento


 Watson criou a teoria do Behaviorismo que, tendo como base o estudo do
comportamento e estabelecendo relações entre os estímulos e as respostas e as causas
e os efeitos como outra ciência qualquer, deu à psicologia um novo estatuto de ciência
autónoma e objetiva.

O que é o Behaviorismo?
 O behaviorismo é uma corrente que define a Psicologia como a ciência do
comportamento.
 O comportamento é, para Watson, toda e qualquer resposta observável de um
organismo a um determinado estímulo.
 Um estímulo é qualquer impressão ou dado proveniente do meio ambiente em que
alguém está situado, por exemplo o choro de um bebé.
 A resposta é a reação observável de um indivíduo face ao efeito de um ou mais
estímulos, por exemplo, o choro do bebé pode irritar-nos.
 Estas respostas àqueles estímulos são comportamentos.

Assim, as causas do comportamento de um indivíduo não estão no interior da sua


personalidade e sim nos condicionamentos a que foi submetido, ou seja, o comportamento é
totalmente condicionado pelo meio.

R=f(s)
O poder dos fatores ambientais e educacionais
Watson defende que todo o nosso comportamento é exclusivamente influenciado pela
experiência, por fatores sociais e educativos, ou seja, somos produtos do meio, uma vez que
somos modelados por ele.
Para ele, nós somos o que fazemos, e o que nós fazemos é o que o meio nos faz fazer. Por
exemplo, o comportamento de uma pessoa que cresce num ambiente religioso é de prever que
essa pessoa será religiosa. Assim, a sociedade é um conjunto de condicionamentos que
influenciam e moldam o comportamento individual.

A fraca relevância do fator hereditário


Watson põe o foco na importância do meio ambiente (o meio em que crescemos e somos
educados e o modo como somos educados e crescemos). Este não nega a existência de fatores
hereditários, porém, considera-os irrelevantes na formação da personalidade do indivíduo.

Teoria ou modelo mecanicista- recusa conceber o desenvolvimento como uma sequência


geneticamente determinada, em grande parte alheia às influências ambientais.

No desenvolvimento da criança somente os fatores ambientais são determinantes, o


desenvolvimento é modelado pela experiência, estimulado pelo meio. Portanto, todo o nosso
comportamento é influenciado pela experiência, ou seja, somos produtos do meio e por ele
somos modelados.
Para Watson, o importante é o ambiente e se a conduta depende do ambiente, reformemos
favoravelmente o ambiente e assim melhoremos o ser humano.

Que conceção de ser humano está presente nesta teoria?


 Somos o modo como fomos educados e a forma como crescemos num determinado
meio, respondendo às situações nele vividas.

DICOTOMIAS WATSON
Inato/ Adquirido- se somos produtos do meio e o que a socialização e a educação fazem de
nós, então o fator inato é irrelevante. O comportamento dos indivíduos é condicionado pelo
ambiente social.
Continuidade/ Descontinuidade- o desenvolvimento individual é um processo lento, gradual
sem alterações bruscas. Esta forma de conceber o desenvolvimento acentua a mudança
quantitativa, assim o pensamento e a inteligência dos adultos apenas diferem
quantitativamente do das crianças.
Interno/ Externo- as causas de um comportamento não estão no interior da personalidade do
indivíduo, mas sim fora dele, nos condicionamentos a que foi submetido.
Individual/Social- o comportamento difere de indivíduo para indivíduo devido a influências
ambientais. É possível uma sociedade com pessoas mais felizes e saudáveis se alterarmos as
condições em que os indivíduos vivem. Como o comportamento humano é determinado pelo
meio, alterando as situações, poderemos modificar os comportamentos.

4- Piaget e o desenvolvimento cognitivo


A teoria de Piaget baseia-se em 3 princípios:
1- O desenvolvimento intelectual implica mudanças qualitativas. Para Piaget, há uma
diferença qualitativa entre o adulto e a criança quanto ao modo de funcionamento
intelectual.
2- O conhecimento é uma construção mais ativa do sujeito (dif de Watson). O
desenvolvimento cognitivo não consiste na receção passiva da informação proveniente do
meio nem na simples atualização de um potencial genético. A necessidade de conhecer, ou
seja, de adaptação ao meio é o que há de inato em nós.

CONSTRUTIVISMO: significa que, tendo em conta o processo de maturação, construímos a


nossa compreensão da realidade. O nosso desenvolvimento intelectual corresponde a uma
série de modificações e adaptações que visam resolver os problemas do meio.

3- O desenvolvimento cognitivo é descontínuo e qualitativamente diferenciado, processando-


se ao longo de momentos distintos denominados estádios.

Como se processa o desenvolvimento cognitivo?


- A necessidade de conhecer é um impulso inato. O desenvolvimento cognitivo é uma
forma de adaptação ao meio.
- Piaget defende uma posição interacionista: o conhecimento depende da interação
entre as estruturas inatas do sujeito e os dados provenientes do meio.
- Conceitos fundamentais: esquema, adaptação, assimilação, acomodação e
equilibração.

ESQUEMAS
- Padrões de comportamento e de pensamento que organizam a nossa interação com o meio e
estão envolvidos na aquisição de conhecimentos. Podem ser atos físicos (visão, sucção,
agarrar e manipular objetos) e atos mentais (comparação e classificação de objetos).
- Nascemos com alguns esquemas de ações reflexas como chuchar e mais tarde
desenvolvemos esquemas mentais simbólicos que se tornam mais complexos. São a unidade
básica da inteligência tornando possível a interação com a realidade.

ADAPTAÇÃO: tendência para dar sentido e responder à realidade envolvente de forma


adequada para o nosso desenvolvimento, ou seja, as modificações dos comportamentos que
permitem o equilíbrio das relações entre o organismo e o meio.

ASSIMILAÇÃO: integração de novos conhecimentos e informações em estruturas


anteriores, esquemas já existentes, sem que seja necessário modificá-los significativamente.

Acomodação: permite a compreensão de novos objetos, situações e ideias mediante a


modificação e ajustamento significativos dos esquemas já existentes.

Equilibração: consiste em procurar estabelecer um equilíbrio entre assimilação e


acomodação. Quando passamos mais tempo a acomodar do que a assimilar pode acontecer o
desequilíbrio. Quando este acontece, o sujeito reorganiza os seus esquemas ou cria novos
esquemas para responder às novas situações da realidade, procura portanto um novo estado
de equilíbrio.
ESTÁDIOS

ESTÁDIO DA INTELIGÊNCIA SENSÓRIO-MOTORA (do


nascimento aos 2 anos)
 Período em que a inteligência é totalmente prática porque se desenvolve mediante
atos motores e atividades percetivas, em que não há linguagem nem a capacidade de
representar mentalmente os objetos.
O grande desafio deste estádio é a aquisição da noção de objeto permanente ou de
permanência do objeto.
 Até aos 8 meses aproximadamente, a criança não tem noção de que um objeto
continua a existir independentemente da sua ação e perceção. Portanto, fora dos
campos de visão e da ação significa fora da existência.

 Nesta fase aparece a noção de permanência do objeto, a criança procura um objeto


escondido porque tem a noção de que o objeto continua a existir mesmo quando não
vê, ou seja, corresponde à consciência de que os objetos continuam a existir
independentemente de os vermos ou não.

 Desta aquisição somos capazes de formar imagens mentais de objetos e pessoas que
não estamos a ver no momento. Assim, a criança não se limita a agir sobre os objetos
mas representa-os, ou seja pode pensar sobre eles, falar deles e desenhá-los. Da
inteligência prática passamos à inteligência representativa.

ESTÁDIO DA INTELIGÊNCIA PRÉ-OPERATÓRIA (dos 2 aos 7 anos)


 Pré-operatório significa pré-lógico, ou seja, vem antes da ação. Este é caracterizado
pelo uso do pensamento e da linguagem, mas ainda de forma pré-lógica.

 Desenvolve-se o pensamento representativo que, contudo, é muito pouco flexível,


contraditório e preso das aparências sensíveis, ou seja, a criança confunde a realidade
com as aparências.
- Centração/ egocentrismo: a criança acha que o mundo foi criado para si e não é capaz de
perceber o ponto de vista do outro (acha que os outros pensam e sentem da mesma forma que
ela), assim só se concentra num aspeto de um problema, ignorando o resto.
- O grande desafio desta etapa é ser capaz de libertar o pensamento da submissão à
imaginação fantasiosa e à intuição sensível, atingindo assim a capacidade de pensamento
lógico.

- Pensamento mágico ou pré-concetual: dominado pela imaginação e intuição sensível, ou


seja, a realidade é aquilo que a criança sonha e deseja, e dá explicações com base na sua
imaginação, sem ter em consideração questões de lógica.
ANIMISMO: o egocentrismo estende-se aos objectos e outros seres vivos, aos quais a
criança atribui intenções, pensamentos, emoções e comportamentos próprios do ser humano.
Por exemplo, um girassol está sorridente.

REALISMO: tendência para atribuir a realidades psicológicas (desejos, medos, fantasias)


uma existência física. Por exemplo, o lobo mau, o pai natal, para eles representam a
realidade, ou seja, não são ficções.

FINALISMO: tendência para acreditar que nada acontece por acidente, ou seja, tudo tem
uma razão para acontecer. Por exemplo, o sol existe para que não vivamos sempre de noite.

-Dos 4 aos 7 anos está presente o pensamento intuitivo, que reduz o egocentrismo pois o
pensamento já não é dominado pela imaginação mas sim pela perceção. Assim, a sua
percepção imediata é encarada como verdade absoluta, sem perceber que podem existir
outros pontos de vista: privilegia as suas perceções subjectivas, desprezando as relações
objectivas. Não percebe as diferenças entre as mudanças reais e aparentes e, portanto,
responde com base na aparência, acreditando que é o real.
Exemplo: são apresentados à criança dois corpos iguais com a mesma quantidade de água. À
sua frente, verte-se a água de um dos copos para um terceiro copo alto e fino. A criança
afirma que agora este copo alto e fino tem mais água do que o outro. Não compreende que a
quantidade de água permanece a mesma, independentemente do recipiente em que é
colocada. Assim, a criança centra a sua atenção apenas num aspeto, a altura do copo, e
esquece-se de outro aspeto igualmente relevante- fenómeno da centração.

- Para passar de pré-lógico a lógico, o pensamento terá de adquirir reversibilidade, ou seja, de


se desconcentrar, não se centrar em uma dimensão de cada vez.

ESTÁDIO DAS OPERAÇÕES CONCRETAS (DOS 7 AOS 11 ANOS)


-O pensamento e o raciocínio ultrapassam a fase pré lógica;
-O pensamento é o mais lógico, liberta-se das aparências, é capaz de realizar operações
mentais, mas não se consegue libertar da realidade concreta. Assim, a criança distingue a
realidade das aparências, mas falta-lhe algo, pensar acerca de possibilidades não apenas
factos reais.
- O grande desafio deste estádio é ser capaz de raciocinar logicamente a partir de hipóteses e
não só de factos concretos, mostrando assim que se percebe a distinção entre o real e o
possível.
- Contudo, o pensamento lógico, ainda está demasiado preso à realidade concreta e física.
Este baseia-se em situações e objetos concretos que podem ser manipulados, classificados e
organizados.
● Há uma aquisição do conceito de conservação, a capacidade de mentalmente
representar a estabilidade no seio da mudança, ou seja, a criança compreende a
existência de conceitos, características que não variam em função das mudanças dos
objetos, mas que existem para além deles e podem ser aplicados a muitas outras
situações. Se a situação referida no exemplo acima fosse apresentada a uma criança
neste estádio, ela já seria capaz de perceber que a quantidade de água é uma
característica que não varia conforme o copo em que é colocada.
● Segundo Piaget, uma criança neste estádio só consegue resolver certos problemas,
caso lhe sejam apresentados objetos concretos, produzindo-se através deles as suas
implicações.
● Neste estádio a criança teria enorme dificuldade em responder a uma pergunta de
como seria a nossa vida se existissem dinossauros, pois esta está presa à realidade
concreta e é incapaz de imaginar outra realidade senão aquela que está inserida.
- Apesar das limitações referidas, neste estádio desenvolvem-se as operações mentais como
classificar, seriar, contar e medir. Adquire-se também a noção de tempo, espaço, a relação
parte-todo e compreende-se a noção de inclusão de classes (perceber que um objeto pode
pertencer a mais de uma classe ao mesmo tempo).
Seriação- ordenar sequencialmente objetos segundo um critério.
Classificação- agrupar objetos segundo determinada característica comum.
Reversibilidade do pensamento- permite que mentalmente se combinem, separem e
ordenem objetos e ações, contudo tais operações estão diretamente relacionadas com objetos
visíveis e não com objetos abstratos.
-Nesta fase de desenvolvimento predomina a lógica indutiva, que se baseia na observação e
experiência.

ESTÁDIO DAS OPERAÇÕES FORMAIS OU ABSTRATAS (dos 11


em diante)
- Fase de evolução intelectual em que se forma e desenvolve a capacidade de usar conceitos
abstratos e de pensar a partir de situações hipotéticas, surge o pensamento abstrato, lógico e
formal.
-Predomina o raciocínio hipotético-dedutivo que coloca hipóteses, formulando mentalmente
todo o conjunto de explicações possíveis e a resolução lógica de problemas. Assim, o
pensamento distingue o real do possível.
-Pensamento lógico-dedutivo: é capaz de se desprender do real e raciocinar sem se apoiar
em factos, ou seja, não precisa de operacionalizar e movimentar toda a realidade para chegar
a conclusões.
-O adolescente confronta o real com o possível, o que é com o que pode ser e o que é com o
que deve ser, surgindo o espírito crítico.
- Neste estádio, o pensamento não se exerce simplesmente sobre factos concretos mas sobre o
que pode ser, hipóteses e possibilidades.

3 aquisições fundamentais:
1- Distinção entre o real e o possível, onde adolescente é capaz de raciocinar com sentido
acerca de situações que nunca vivenciou.
2- Raciocínio hipotético-dedutivo, que representa a aptidão para pensar logicamente acerca
de possibilidades. O adolescente confronta o real com o possível, clarificando os seus valores
e atitudes.
3- A forma sistemática de resolução de problemas, em que o adolescente procura
metodicamente a resposta a uma questão. Neste estádio há a capacidade para considerar
diferentes soluções para um problema.

-A capacidade de considerar hipóteses ou premissas hipotéticas é a base da construção da


personalidade moral e social ativa e crítica.

Que conceção de ser humano está presente nesta teoria?


 Segundo Piaget, somos seres programados para aprender na interação com o meio e
vamos adquirindo competências intelectuais cada vez mais sofisticadas para uma
adaptação bem-sucedida.
 O seu interacionismo tem também o nome de construtivismo.
 O comportamento humano não é algo determinado pelo meio, mas construído ao
longo de um desenvolvimento em que interagem fatores genéticos, a aprendizagem e
a nossa atividade sobre o meio. Logo o homem é produto e produtor do meio.

DICOTOMIAS PIAGET
Inato/ Adquirido- Piaget valoriza ambos os fatores pois considera que há uma interação
ativa entre a nossa herança genética (inato) e fatores socioculturais (adquirido), o que permite
o nosso desenvolvimento cognitivo.
Continuidade/ Descontinuidade- Valoriza o fator descontinuidade, ou seja, para ele o
desenvolvimento são transformações que diferem qualitativamente entre si. Isto verifica-se
pelo facto de desde o 1º estádio ao último ter ocorrido uma mudança qualitativa, pois a
inteligência passa de prática a abstrata.
Interno/ Externo- Ambos os fatores são relevantes pois há uma constante interação entre
fatores endógenos (do sujeito) e exógenos (do meio), o que permite a constituição do
conhecimento.
Individual/Social- Piaget só faz referência ao fator individual, não mencionando a influência
dos agentes socializadores no desenvolvimento durante os estádios. Assim, fica a ideia de que
a criança/ jovem são exploradores relativamente solitários da realidade.
Estabilidade/Mudança- Cada estádio coloca novos problemas e desafios, o que faz com que
as estruturas cognitivas do sujeito estejam em constante mudança, apesar de se procurar um
equilíbrio.

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