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Psicanálise (Freud/Lacan)

O Fundamento se baseia numa terapia onde o terapeuta não sugestiona, não


sugere nenhum comando, ou seja, não é uma abordagem nem um pouco diretiva.
livre associação: Não sugestionar, e sim dar a palavra para aquele que sofre. A
psicanálise é uma prática terapêutica para o tratamento de sintomas irracionais
(criada por Freud).

Psicanálise surge para tratamento da histeria. Doença irracional sem causa


fisiológica. De acordo com Freud, o indivíduo adoece quando o mesmo resiste a
cessar as emoções que ele não quer sentir.

A análise é a análise de como o indivíduo resiste a falar livremente, não apenas


para o terapeuta mas também para si mesmo. A resistência é esperada. A
resistência existe pelos comandos externos, é disso que o indivíduo sofre, então a
psicanálise não dá comandos, sugestões, etc, o principal fundamento é essa
liberdade dada ao paciente.
Em uma análise onde o terapeuta reforça a ideia que o indivíduo tem de si mesmo,
faz a análise travar, pois o objetivo é justamente o contrário, afastar o indivíduo
dessa ideia, e fazer com que o mesmo sempre se questione. O analista nunca dá o
tema que vai ser falado, em nenhuma sessão, o analista nunca sabe do que seu
analisando sofre (ignorância proposital): “Não sei, me diz você”.

Resistência é o conjunto de reações que criam obstáculos para o desenrolar da


análise.
Resistências devem ser interpretadas como excesso de lei dentro da subjetividade
do analisante/analisando/paciente.
A resistência, resumidamente, é a tendência do paciente em psicanálise de resistir
ao processo terapêutico. Isso pode envolver a recusa em discutir certos tópicos, a
minimização de problemas ou até mesmo a interrupção do tratamento. A resistência
é vista como uma forma de proteção dos mecanismos de defesa e pode ser um
obstáculo para a exploração mais profunda do inconsciente durante a terapia.

* A psicanálise privilegia o campo do desejo em detrimento do campo da autoridade.

Neurose: Reação exagerada, existem as conscientizadas e as que são


inconscientes. Qualquer reação exagerada está no caminho da neurose, seja um
equilíbrio exagerado, ou desequilíbrio exagerado. Neurose é o afeto não verbalizado
(segundo Lacan).

3 tipos de ansiedade para Freud:

1. Ansiedade de realidade: medo dos perigos reais, mundo externo.


2. Ansiedade neurótica: medo que os instintos escapem ao indivíduo e este seja
punido.
3. Moral ou de culpa: medo da própria consciência. Tem uma base de medo real,
pois a pessoa foi punida no passado por violar o código e pode ser punida
novamente.

Pré consciente = Ao fazer um esforço de memória você consegue lembrar

inconsciente = Por mais que o indivíduo tente lembrar, não consegue. (é estruturado
como um texto). Freud acreditava que muitos dos nossos pensamentos e emoções
são impulsionados por desejos e experiências que estão ocultos em nosso
inconsciente. Essas coisas podem ser difíceis de acessar diretamente, mas podem
afetar nossos comportamentos e sentimentos.

Formações do inconsciente: Sonhos, ato falho (motor, verbal), piada, sintomas


(ansiedade, angústia, fobia, paranóia, etc).

Primeira tópica era: Lugar consciente, pré-consciente e inconsciente

Segunda tópica das estruturas do inconsciente:

Id (isso): Aquilo que eu não consigo dar nome mas que estrutura a minha existência.
Algo difícil de dar nome, do campo pulsional, desejante, querer. Já se nasce com
esse polo desejante, a partir do id se estrutura o ego e superego (estruturação do
aparelho psíquico). O id não quer lidar com a realidade exterior pois não quer lidar
com a possibilidade de não ter os seus desejos realizados. O id é a fonte dos
impulsos instintivos, como fome, sede e desejo sexual. É como o lado mais
"selvagem" da mente.

Ego (eu): Objetivo de gerenciar as tensões do ambiente interno com o ambiente


externo, o ego é o gerente entre as duas demandas. Resumidamente é a estrutura
psíquica para lidar com o mundo externo (que é hostil). O ego opera de acordo com
o "princípio da realidade", considerando as limitações do mundo real e tentando
encontrar maneiras socialmente aceitáveis de satisfazer as necessidades do id. É
responsável pela tomada de decisões conscientes e pela resolução de conflitos
entre o id e o superego.
Exemplo:
- id: “eu quero voar”
- Ego: “não dá para voar pois não sou um pássaro, sou um ser humano”.

Superego (Super eu): Ideal do eu, é como se fosse uma bússola. É composta por:
ideal do eu e consciência moral (percepção do certo e do errado). O ego vai ser
bastante influenciado por essa estrutura idealizada e moralista e muito do que é
aprendido na infância. Ele age como uma espécie de "consciência" e controla os
impulsos do id, fazendo com que a pessoa se comporte de acordo com as normas
éticas e morais. O superego pode gerar sentimentos de culpa ou vergonha quando
alguém age em desacordo com essas normas.

A criança nasce com o Id, constitui o ego e superego para poder lidar com essas
tensões. Ambos visam uma acomodação e adaptação entre as pressões internas e
pressões externas.

A dinâmica entre essas três partes da mente é central na teoria psicanalítica. O ego
tenta equilibrar as demandas do id, a realidade e as expectativas do superego, e
esse equilíbrio é fundamental para o funcionamento psicológico saudável. Conflitos
entre essas partes podem levar a distúrbios psicológicos.

Complexo de Édipo e Electra:

É uma constelação de afetos, desejos, sentimentos que uma criança mantém para
com seus pais e seus pais mantém para a criança. Relação triangular: Criança, mãe
e pai. Édipo incide em toda a relação que o indivíduo incide sobre os outros. É o
modelo que vai se repetir em todas as relações humanas desse indivíduo, inclusive
consigo mesmo e os próprios desejos. Orienta a estrutura do sofrimento humano.
Incide nos dois gêneros com dinâmicas próprias (homem e mulher). Norteia o
querer e o sofrimento humano. Estrutura na infância. O analista ouve o adulto mas
escuta a criança edipica. O complexo de édipo não costuma ser lembrado pelo
indivíduo, o mesmo reprime e recalca. Normalmente é substituído pelo complexo de
castração.

Complexo de Édipo:

Édipo: O nome "Édipo" foi inspirado na tragédia grega de Sófocles chamada "Édipo
Rei", na qual o protagonista Édipo acidentalmente mata seu pai e se casa com sua
mãe, cumprindo assim uma profecia. Freud usou essa história como uma metáfora
para descrever os sentimentos e conflitos que uma criança experimenta por volta
dos 3 a 6 anos de idade.

Dinâmica: O Complexo de Édipo ocorre em duas fases distintas, uma para meninos
(Complexo de Édipo positivo) e outra para meninas (Complexo de Édipo negativo).
Para meninos, isso envolve sentimentos de atração e rivalidade em relação à mãe
(desejo pela mãe e inveja do pai). Para meninas, envolve sentimentos semelhantes
em relação ao pai (desejo pelo pai e inveja da mãe).

Resolução: A resolução bem-sucedida do Complexo de Édipo envolve a


internalização das normas e valores dos pais (especialmente do mesmo sexo) e a
formação do superego. Isso ajuda a criança a identificar e reprimir seus desejos
incestuosos, direcionando-os para relacionamentos sociais saudáveis.

Complexo de Electra:

Electra: O termo "Complexo de Electra" é usado principalmente no contexto da


psicanálise de Carl Gustav Jung, embora tenha sido originalmente cunhado por
Freud. Refere-se ao desenvolvimento da libido e dos conflitos emocionais nas
meninas, similar ao Complexo de Édipo nos meninos.

Dinâmica: No Complexo de Electra, as meninas experimentam sentimentos de


desejo pelo pai e rivalidade com a mãe, assim como acontece com os meninos no
Complexo de Édipo. No entanto, Freud posteriormente revisou sua teoria e
argumentou que o Complexo de Édipo também se aplica às meninas, com a
diferença de que elas passam por uma fase inicial de inveja do pênis (chamada de
"inveja do pênis" ou "Complexo de castração").

Ambos os complexos fazem parte do processo de desenvolvimento psicossexual da


criança e podem influenciar o desenvolvimento da personalidade e dos
relacionamentos ao longo da vida. Resolvê-los adequadamente é considerado
importante para o desenvolvimento saudável da identidade e da sexualidade.

A sexualidade freudiana

Algo que vai muito além da genitalidade. Sexualidade humana está ligada à busca
por prazer. Surge na infância, pois o indivíduo desde o nascimento está na busca
por prazer. Sexualidade é descarga de libido. Essa libido passa por fases. Oral, anal
e fálica (1*, 2* e 3* consequentemente). Energia libidinal está concentrada numa
zona erógena, zona corporal de obtenção e descarga de prazer. O sofrimento
humano está ligado à crise sexual.

Prática clínica

Regra fundamental: Livre associação de ideias. O indivíduo sofre porque não fala
sobre o porque sofre. Não é uma abordagem cheia de técnicas, pois o que tem é o
suficiente, o indivíduo se escuta. O analista pode intervir fazendo perguntas,
atuações, interpretações e interferências no discurso, mas intervenções na qual o
indivíduo se aprofunde mais, com o objetivo que o mesmo saia da sessão com mais
conhecimento sobre si (autoconhecimento) do que tinha quando chegou. Sofrimento
humano está ligado a não saber se. Sem o desejo de cura ou melhora por parte do
indivíduo não existe análise.

Mecanismos de defesa (IMPORTANTE) - montar mapa mental disso


Os mecanismos de defesa (ou funções egoicas defensivas segundo FIORINI) são
um conceito central na teoria psicanalítica de Sigmund Freud. São estratégias
mentais automáticas e inconscientes que nossa mente utiliza para lidar com
emoções, pensamentos ou situações que podem ser perturbadores ou
ameaçadores para nossa psique. Aqui estão alguns dos mecanismos de defesa
mais importantes:

Repressão: Este é talvez o mecanismo de defesa mais fundamental. Envolve


empurrar pensamentos, memórias ou desejos perturbadores para o inconsciente,
onde não são mais acessíveis à consciência. Exemplo: Uma pessoa que foi
abusada na infância não consegue se lembrar conscientemente dos eventos
traumáticos.

Negação: Refere-se a recusar-se a aceitar a realidade de uma situação ou a


existência de certos pensamentos ou sentimentos. Por exemplo, um fumante em
estado avançado de doença pulmonar pode negar que o tabagismo está
relacionado à sua condição.

Racionalização: Isso envolve a criação de justificativas ou explicações lógicas para


comportamentos ou pensamentos que, de outra forma, seriam difíceis de aceitar.
Por exemplo, alguém que foi rejeitado em um emprego pode racionalizar dizendo
que o trabalho não era tão bom quanto parecia.

Projeção: É quando atribuímos nossos próprios pensamentos, sentimentos ou


impulsos indesejados a outra pessoa. Por exemplo, alguém que está secretamente
com raiva de um amigo pode projetar essa raiva e acreditar que o amigo está com
raiva dele.

Sublimação: Isso envolve canalizar impulsos ou emoções indesejados em


atividades socialmente aceitáveis e produtivas. Um exemplo seria alguém com raiva
intensa que encontra liberação construtiva através da prática de esportes.

Formação Reactiva: Isso ocorre quando alguém expressa sentimentos ou atitudes


opostos ao que realmente sentem. Por exemplo, uma pessoa que tem raiva
reprimida pode exibir um comportamento excessivamente amigável.

Isolamento: Neste caso, as emoções perturbadoras são separadas dos


pensamentos ou memórias associados a elas. Isso pode resultar em uma falta de
conexão emocional com eventos traumáticos do passado. exemplo: Alguém que
perde um ente querido pode falar sobre a morte de maneira extremamente calma e
impessoal, como se estivesse descrevendo um evento distante.
Deslocamento: Envolve redirecionar impulsos ou emoções de um objeto
originalmente perturbador para um alvo mais seguro. Um exemplo seria alguém que
está com raiva do chefe, mas descontar essa raiva em um colega de trabalho.

Fantasia: As fantasias são usadas para escapar da realidade e encontrar alívio


temporário de emoções perturbadoras. Isso pode ser saudável em doses
moderadas, mas em excesso pode se tornar uma forma de evasão. exemplo: Um
indivíduo estressado pode passar horas fantasiando sobre férias exóticas como uma
forma de escapismo.

Regressão: Ela envolve um retorno a estágios anteriores de desenvolvimento


psicológico, nos quais o indivíduo experimentou menos ansiedade ou
responsabilidade. Isso ocorre quando alguém enfrenta situações de estresse ou
ansiedade intensa e, em vez de lidar com esses sentimentos de maneira adaptativa,
volta a comportamentos, emoções ou pensamentos mais típicos de fases anteriores
da vida.

Por exemplo, um adulto que enfrenta um estresse significativo pode começar a agir
de maneira semelhante a uma criança, buscando conforto e proteção, ou pode
experimentar emoções intensas e reativas semelhantes às de sua infância.

Fases de desenvolvimento

Estágio Oral (0-18 meses):

Durante este estágio, o foco principal é a boca. As principais fontes de prazer e


tensão estão relacionadas à alimentação e à sucção.
Conflitos neste estágio podem surgir se as necessidades da criança não forem
atendidas adequadamente, resultando em fixações orais que podem se manifestar
mais tarde na vida como comportamentos de busca excessiva de prazer oral ou
dependência.

Estágio Anal (18 meses a 3 anos):

Neste estágio, o foco muda para a região anal, envolvendo o controle dos
esfíncteres e o treinamento para o uso do banheiro.
Conflitos nesta fase podem surgir se a criança enfrentar pressões excessivas dos
pais ou se o treinamento for muito rigoroso, levando a problemas de controle ou
obsessão na vida adulta.

Estágio Fálico (3 a 6 anos):


O foco principal é nos órgãos genitais. As crianças desenvolvem curiosidade sexual
e começam a identificar-se com o mesmo-sexo dos pais (complexo de edipo).
Conflitos nesta fase podem surgir quando a criança lida com sentimentos
ambivalentes em relação aos pais e regras sociais.

Período de Latência (6 anos até a puberdade):

Durante este estágio, as questões sexuais são reprimidas, e as crianças direcionam


sua energia para atividades sociais e educacionais.
Não é um estágio de conflito central, mas um período de relativa estabilidade.

Estágio Genital (puberdade em diante):

Este é o último estágio e envolve a maturação sexual, o interesse por


relacionamentos íntimos e a busca de prazer sexual maduro.
Os conflitos podem surgir se houver dificuldades em estabelecer relacionamentos
íntimos ou se houver problemas não resolvidos de estágios anteriores.

Pulsões e libido

Pulsões (Instintos):

Representam forças motivacionais que impulsionam o comportamento humano.


Freud identificou duas categorias principais de pulsões:

Pulsões de Vida (Eros): Também conhecidas como pulsões sexuais ou eróticas,


essas pulsões são responsáveis pelo impulso de preservação da vida e pela busca
de prazer. Elas estão relacionadas a impulsos como o desejo sexual, a busca por
satisfação e o amor.

Pulsões de Morte (Tânatos): As pulsões de morte representam um impulso


intrínseco em direção à destruição e à agressão. Freud acreditava que, embora as
pulsões de vida buscassem a sobrevivência e a satisfação, as pulsões de morte
podiam se manifestar de maneira destrutiva, levando a comportamentos agressivos
ou autodestrutivos.

As pulsões não estão ligadas apenas ao comportamento sexual, mas também estão
relacionadas às necessidades básicas, como a fome e a sede, e aos desejos e
impulsos que moldam nosso comportamento e nossas relações sociais.

Libido:

A libido é um conceito fundamental na teoria psicanalítica e refere-se à energia


psíquica associada às pulsões de vida (Eros). Ela é a força que impulsiona os
indivíduos a buscarem satisfação e prazer em várias áreas da vida, não apenas
sexualmente. Aqui estão alguns pontos importantes sobre a libido:

Distribuição da Libido: A libido não está concentrada apenas nos aspectos sexuais
da vida. Ela é distribuída em diferentes áreas, como o amor, o trabalho, a
criatividade e o relacionamento com os outros.

Fases do Desenvolvimento: Freud também relacionou a libido às diferentes fases do


desenvolvimento psicossexual, como a fase oral, anal, fálica, de latência e genital.
Cada fase é caracterizada por diferentes maneiras de lidar com a libido e as
pulsões.

Conflitos e Repressão: Conflitos relacionados à libido e às pulsões podem levar à


repressão, um mecanismo de defesa no qual desejos ou impulsos considerados
inaceitáveis pela sociedade ou pelo superego são mantidos no inconsciente.

Papel na Psicopatologia: Distúrbios psicológicos e sintomas neuróticos muitas vezes


estão ligados a conflitos e à repressão de impulsos da libido. A análise desses
conflitos é uma parte central da psicoterapia psicanalítica.

Papel na vida cotidiana: Além da psicopatologia, a libido desempenha um papel


importante em nossas vidas cotidianas, influenciando nossos relacionamentos,
desejos e comportamentos.

Portanto, a libido e as pulsões são conceitos-chave na psicanálise que ajudam a


explicar a motivação humana, os conflitos internos e a forma como lidamos com
nossos desejos e impulsos ao longo da vida.

Transferência e Contratransferência

Transferência (paciente para terapeuta):

A transferência se refere ao processo pelo qual os sentimentos, desejos e padrões


de relacionamento de uma pessoa em relação a figuras significativas de seu
passado são transferidos para o terapeuta ou analista durante uma sessão de
psicoterapia. Em outras palavras, o paciente começa a ver o terapeuta de uma
maneira que evoca reações emocionais semelhantes àquelas que ele teve em
relação a pessoas de seu passado.

A transferência pode ser positiva ou negativa:

Transferência Positiva: Isso ocorre quando o paciente desenvolve sentimentos de


afeto, amor, admiração ou apego em relação ao terapeuta. Pode refletir desejos não
resolvidos em relação a figuras parentais ou outras figuras significativas que agora
são direcionados para o terapeuta.

Transferência Negativa: Isso ocorre quando o paciente desenvolve sentimentos de


hostilidade, raiva, rejeição ou resistência em relação ao terapeuta. Pode refletir
conflitos não resolvidos ou traumas do passado que estão emergindo na relação
terapêutica.

A análise da transferência é fundamental na psicanálise, pois ela fornece insights


sobre os conflitos e dinâmicas inconscientes do paciente. O terapeuta não interpreta
apenas o conteúdo consciente das palavras do paciente, mas também as emoções
subjacentes e as reações transferenciais. Isso ajuda o paciente a trazer à tona
material inconsciente e a entender melhor suas próprias questões psicológicas.

Contratransferência (terapeuta para paciente):

A contratransferência refere-se aos sentimentos, reações e experiências emocionais


do terapeuta em relação ao paciente. Assim como os pacientes projetam suas
emoções no terapeuta por meio da transferência, os terapeutas também podem
experimentar reações emocionais em relação aos pacientes.

A contratransferência pode ser considerada um recurso valioso se for


cuidadosamente analisada e compreendida pelo terapeuta. Pode fornecer
informações importantes sobre os processos inconscientes do paciente e a
dinâmica da relação terapêutica.

No entanto, a contratransferência também precisa ser gerenciada de forma


adequada. O terapeuta deve reconhecer seus próprios sentimentos em relação ao
paciente e garantir que eles não interfiram no processo terapêutico. Isso envolve a
análise e a reflexão constante por parte do terapeuta.

Em resumo, a transferência e a contratransferência são conceitos essenciais na


psicanálise que descrevem os fenômenos emocionais que ocorrem na relação
terapêutica entre paciente e terapeuta. Ambos são explorados e analisados para
ajudar o paciente a ganhar insights sobre sua vida emocional e inconsciente.

Sonhos

Interpretação dos Sonhos: Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, considerava


os sonhos como "a via régia para o inconsciente". Ele acreditava que os sonhos
eram a manifestação de desejos reprimidos e conflitos psicológicos. Portanto, a
interpretação dos sonhos era uma ferramenta central para acessar o conteúdo
inconsciente.
Conteúdo Manifesto e Latente: Freud distinguia entre o conteúdo manifesto do
sonho (a história ou imagens que lembramos quando acordamos) e o conteúdo
latente (os desejos e pensamentos inconscientes que estão por trás do sonho). A
análise dos sonhos envolve desvendar o conteúdo latente por meio da interpretação
do conteúdo manifesto. a expressão mais fidedigna do desejo do sonhante (já
caiu em prova).

Simbolismo nos Sonhos: Na psicanálise, os sonhos frequentemente apresentam


elementos simbólicos. Por exemplo, objetos, lugares ou pessoas nos sonhos podem
representar outras coisas que têm significado para o sonhador. A interpretação
psicanalítica busca decifrar esses símbolos e entender o que eles representam no
contexto da vida do sonhador.

Desejos e Conflitos Inconscientes: A psicanálise acredita que os sonhos revelam


desejos e conflitos inconscientes que podem ser muito diferentes da maneira como
uma pessoa se percebe conscientemente. Ao explorar esses conteúdos ocultos, o
terapeuta pode ajudar o paciente a entender melhor suas motivações e emoções
profundas.

Processo de Análise de Sonhos: A análise de sonhos na psicanálise envolve o


paciente relatar seus sonhos ao terapeuta, incluindo detalhes específicos, como
emoções e associações pessoais. O terapeuta ajuda o paciente a explorar o
significado dos elementos do sonho e suas conexões com a vida consciente e
inconsciente do paciente.

Funções dos Sonhos: Freud propôs várias funções para os sonhos. Além da
realização de desejos reprimidos, ele argumentou que os sonhos servem para a
conservação do sono (evitando que acordemos com cada desejo) e como uma
forma de processar eventos traumáticos.

Mudanças na Teoria dos Sonhos: Vale notar que ao longo do tempo, a teoria dos
sonhos na psicanálise evoluiu. Psicanalistas posteriores, como Carl Jung e Melanie
Klein, trouxeram suas próprias interpretações e abordagens para o estudo dos
sonhos.

Importância Terapêutica: Os sonhos são frequentemente discutidos durante sessões


de psicanálise. O terapeuta pode ajudar o paciente a explorar os padrões
recorrentes de sonhos, compreender os conflitos subjacentes e promover a
autodescoberta e a cura.

O sonho diurno é [...] um roteiro imaginário em estado de vigília, destacando, assim,


a analogia existente entre este e o sonho. Os sonhos diurnos constituem, como o
sonho noturno, realizações de desejo; seus mecanismos de formação são idênticos,
com predomínio da elaboração secundária (LAPLANCHE; PONTALIS, 2004, p. 418)
Os sonhos desempenham um papel significativo na psicanálise, pois oferecem uma
janela para o mundo do inconsciente e podem ajudar os indivíduos a entenderem
melhor a si mesmos e seus conflitos internos. Eles continuam a ser uma área de
pesquisa e exploração na psicologia clínica e na psicanálise.

Neurose e Psicose

Neurose:

Conflitos Inconscientes: A neurose é caracterizada por conflitos inconscientes entre


impulsos e defesas. Os desejos e pensamentos reprimidos entram em conflito com
os mecanismos de defesa do ego.

Consciência da Realidade: Indivíduos que sofrem de neurose geralmente mantêm


uma consciência relativamente sólida da realidade. Eles podem experimentar
ansiedade, angústia e sintomas perturbadores, mas têm uma compreensão
geralmente precisa do mundo ao seu redor.

Funcionamento do Ego Preservado: O ego, que é a parte da mente responsável


pela tomada de decisões e pelo equilíbrio entre os impulsos do id e as restrições do
superego, geralmente permanece relativamente saudável na neurose. Isso significa
que o indivíduo ainda é capaz de funcionar no mundo e manter relacionamentos
sociais.

Sintomas Somáticos e Psicológicos: A neurose pode se manifestar de várias


maneiras, incluindo sintomas somáticos (como dores físicas sem causa médica
aparente), ansiedade, fobias, obsessões e compulsões, depressão e outros
sintomas psicológicos.

Experiências de Vida e Traumas: Os sintomas neuróticos frequentemente estão


ligados a experiências de vida, traumas ou conflitos emocionais que podem ser
rastreados até eventos específicos ou padrões de relacionamento.

Possibilidade de Tratamento: A neurose é vista como mais tratável por meio de


psicoterapia, especialmente a psicanálise. A terapia visa trazer à consciência os
conflitos reprimidos, permitindo que o indivíduo trabalhe com eles e encontre
maneiras mais saudáveis de lidar com seus desejos e emoções.

Psicose:

Perda de Contato com a Realidade: A psicose é caracterizada por uma perda


significativa de contato com a realidade. Os indivíduos que sofrem de psicose
podem experimentar alucinações (percepções de coisas que não estão presentes) e
delírios (crenças irracionais e inabaláveis).

Funcionamento do Ego Comprometido: Ao contrário da neurose, o ego na psicose


está significativamente comprometido. A pessoa pode ter dificuldade em distinguir
entre a fantasia e a realidade e pode exibir comportamentos desorganizados.

Desestruturação do Pensamento: A psicose muitas vezes envolve uma


desestruturação significativa do pensamento. Os indivíduos podem ter dificuldade
em organizar seus pensamentos ou expressá-los de maneira coerente.

Sintomas Graves: Os sintomas da psicose são geralmente mais graves do que os


da neurose e incluem alucinações auditivas ou visuais, delírios bizarros e
desorganização emocional.

Origens Complexas: A psicose pode ser desencadeada por várias causas, incluindo
fatores genéticos, neurobiológicos, traumas ou estresses extremos.

Dificuldades no Tratamento: A psicose é frequentemente mais difícil de tratar do que


a neurose. Ela pode exigir intervenção medicamentosa, como antipsicóticos, para
controlar os sintomas mais graves. A psicoterapia também pode ser útil, mas é mais
desafiadora devido à desorganização do pensamento.

A neurose e a psicose não são categorias diagnósticas nos sistemas de


classificação modernos, como o DSM-5. Em vez disso, esses termos são usados
mais como conceitos descritivos na psicanálise e na psicopatologia clínica. Os
transtornos mentais são diagnosticados com base em critérios específicos e podem
variar amplamente em gravidade e apresentação.

Mecanismos de defesa das psicoses (segundo Eizirik): cisão, idealização,


identificação projetiva, negação, entre outros), são chamados psicóticos

Exemplos de neurose: TAG, pânico, fobia social, TOC…


Exemplos de psicose: Esquizofrenia, paranoia, transtorno bipolar tipo 1 em fase
maníaca.

Obs questões

- Função paterna para a psicanálise: à interdição da mãe como objeto de desejo do


bebê.

-Segundo Dolto (2003), "o continuum na criança são seu corpo e sua afetividade.
Seu corpo construiu-se num determinado espaço, com os pais que estavam
presentes. Quando os pais vão embora, caso o espaço já não seja o mesmo, a
criança não mais se reconhece nem mesmo em seu corpo, ou seja, em seus
referenciais espaciais e temporais, já que uns dependem dos outros. Se, ao
contrário, quando o casal de desfaz, a criança pode permanecer no espaço em que
os pais tinham sido unidos, há uma mediação e o trabalho do divórcio é feito de
maneira muito melhor para ela"

-Determinismo psíquico: Ele se refere à ideia de que todos os eventos mentais,


incluindo pensamentos, sentimentos, desejos e sonhos, têm uma causa ou uma
origem, mesmo que essa causa não seja imediatamente óbvia. Em outras palavras,
nada acontece na mente de uma pessoa por acaso; em vez disso, há uma razão
subjacente para cada pensamento ou sentimento.

O determinismo psíquico sugere que os eventos mentais são influenciados por uma
variedade de fatores, muitos dos quais podem estar fora da consciência do
indivíduo. Isso inclui experiências passadas, memórias reprimidas, impulsos
inconscientes, traumas não resolvidos e desejos ocultos.

Um dos principais objetivos da psicanálise é explorar essas causas subjacentes e


trazer à consciência os processos mentais que podem estar influenciando o
comportamento ou causando desconforto psicológico. Isso é feito através da técnica
da livre associação, onde os pacientes são encorajados a falar livremente sobre
seus pensamentos e sentimentos, sem censura ou julgamento, a fim de revelar
conteúdos inconscientes.

Em resumo, o determinismo psíquico na psicanálise postula que nada na mente é


aleatório, e que a compreensão das causas subjacentes dos processos mentais é
fundamental para o autoconhecimento e o tratamento de questões psicológicas.

Alguns autores pós freud:

Carl Gustav Jung:

Teoria dos Tipos Psicológicos: Jung introduziu a ideia de que as pessoas têm
diferentes tipos psicológicos com base em preferências de personalidade, como
extroversão e introversão.

Conceito de Inconsciente Coletivo: Ele postulou a existência de um inconsciente


coletivo compartilhado por todos os seres humanos, contendo arquétipos universais,
como o "self" e o "inconsciente pessoal".

Jung desenvolveu as teorias da personalidade, mais conhecido como psicologia


analítica (outra abordagem cobrada nesse concurso).
Melanie Klein:

Psicanálise Infantil: Melanie Klein fez contribuições importantes para a psicanálise


infantil, explorando os processos inconscientes nas crianças e a importância do
mundo interno.

Teoria das Relações Objetais: Ela desenvolveu a teoria das relações objetais, que
se concentra no papel dos objetos (pessoas ou partes delas) nas dinâmicas
psicológicas:

1° Estágio. Pré-objetal: (até 3 meses e caracteriza-se pela interação com o


ambiente externo de forma fisiológica, ainda não existe representação psíquica ou
consciência)

2° Estágio. Precursor do objeto: ( 3 aos 8 meses: o surgimento do tônus muscular,


manter-se sentado e pegar objetos voluntariamente)

3° Estágio. Objeto real: (8 a doze meses: tem início quando a criança prefere a mãe,
apresentando sinais visíveis de ansiedade diante de estranhos. Criança e mãe
comunicam-se cada vez mais de forma direcionada e os gestos da mãe passa a ser
significativo para a criança)

A teoria de melanie difere da psicanálise de freud em pelo menos 3 pontos


fundamentais:

1 - A teoria das relações objetais dá ênfase menor nos impulsos biológicos, e maior
nos padrões de relacionamento que a criança desenvolve com as pessoas ao seu
entorno.

2 - Abordagem mais maternal, destacando a intimidade e o cuidado da mãe (freud


enfatiza o poder e controle paterno).

3 - Busca por contato e relacionamento é a motivação fundamental do


comportamento humano, e não o prazer sexual.

Relações objetais são a relação que a criança estabelece com objetos que estão
ligados a satisfação dos seus desejos e necessidades, objetos que podem ser
pessoas, parte de pessoas (seio da mãe) ou objetos inanimados. (o ser humano
busca sempre reduzir a tensão que é provocada por desejos não satisfeitos).

Projeção kleiniana: a projeção é um mecanismo de defesa que é usado como forma


de aliviar a ansiedade. Projetamos em objetos externos (outras pessoas, lugares,
política etc) aquilo que não aceitamos existir em nós.
ID, EGO E SUPEREGO: Para freud, a criança pequena é dominada pelo ID, porém
para Melanie, o ego apesar de extremamente desorganizado nas primeiras
semanas de vida, existe e já é forte o suficiente para sentir ansiedade, para usar
mecanismos de defesa psíquicos e desenvolver relações objetais. Para Melanie, o
superego se desenvolve mais cedo, antes dos 3 anos, e para ela não é uma
superação do complexo de édipo, e é mais duro e cruel do que Freud descreve.
Segundo Melanie o superego inicial gera terror, e não culpa (medos
desproporcionais).

Técnica do Brincar: Melanie Klein introduziu a técnica do brincar na psicanálise


infantil. Ela acreditava que as crianças se comunicam principalmente por meio do
jogo e do brincar. Ao observar como as crianças interagem com brinquedos e
objetos, ela acredita ser possível acessar seu mundo interno e compreender seus
conflitos e fantasias.

Posição Depressiva e Posição Esquizoparanoide: Klein elaborou a ideia de que as


crianças passam por duas posições emocionais distintas durante seu
desenvolvimento. A primeira é a "posição esquizoparanoide", na qual as crianças
veem o mundo em termos de extremos, como bom/mau. A segunda é a "posição
depressiva", na qual as crianças começam a desenvolver um senso mais
equilibrado das pessoas e objetos à sua volta. Essas posições têm implicações
significativas para o desenvolvimento emocional.

Envidia do Peito e Envidia do Pênis: Melanie Klein também introduziu os conceitos


de inveja do peito e inveja do pênis. Ela argumentou que, durante o
desenvolvimento infantil, as crianças podem sentir inveja das mães (ou figuras
maternas) pelo que têm e os filhos não têm. Isso pode levar a conflitos emocionais
profundos.

Objetos Internos: Klein desenvolveu a ideia de objetos internos, que são


representações internas das figuras significativas nas vidas das crianças. Esses
objetos internos desempenham um papel fundamental na vida emocional e nas
relações interpessoais ao longo da vida.

Transferência e Contratransferência: Melanie Klein também contribuiu para a


compreensão da transferência e contratransferência na psicanálise. Ela argumentou
que esses processos são evidentes em relacionamentos desde a infância e são
importantes na compreensão das dinâmicas terapêuticas.

Contribuições para a Psicanálise de Adultos: Embora Klein tenha se concentrado


inicialmente na psicanálise de crianças, suas ideias também tiveram um impacto
significativo na psicanálise de adultos. Ela ajudou a expandir a compreensão das
dinâmicas inconscientes que operam nas mentes das pessoas ao longo de suas
vidas.

Jacques Lacan:

Psicanálise Estruturalista: Lacan trouxe influências estruturalistas para a


psicanálise, enfatizando a importância da linguagem na formação do self.

Espelhamento: Ele introduziu o conceito de "estágio do espelho", que aborda a


formação da identidade por meio do reconhecimento de si mesmo no espelho.
O Retorno a Freud: Lacan enfatizou a importância de retornar aos textos originais
de Freud e reexaminar suas ideias em profundidade. Ele acreditava que muitos
conceitos freudianos foram mal interpretados ou simplificados e buscou uma
compreensão mais rigorosa da teoria freudiana.

O Inconsciente Estruturado como Linguagem: Uma das contribuições mais


marcantes de Lacan foi sua ideia de que o inconsciente é estruturado como
linguagem. Ele argumentou que a linguagem desempenha um papel fundamental na
formação do psiquismo humano e que as questões linguísticas estão no cerne dos
conflitos psíquicos.

Os Três Registros: Lacan descreveu a psique humana em termos de três registros


inter-relacionados:

- O Registro Imaginário: Refere-se à fase inicial do desenvolvimento humano,


onde a criança começa a desenvolver uma identidade e uma imagem de si
mesma em relação ao mundo. É marcado por identificações e narcisismo.

- O Registro Simbólico: Este registro é centrado na linguagem e na cultura.


Aqui, a criança adquire a capacidade de usar símbolos e significados, mas
também enfrenta limites e leis impostas pela sociedade.

- O Registro Real: Representa a dimensão material e corpórea da existência,


muitas vezes associada a experiências de falta e frustração.

O Complexo de Édipo e a Lei do Pai: Lacan reformulou o Complexo de Édipo como


um conceito central em sua teoria. Ele enfatizou a importância da Lei do Pai como
um elemento fundamental para a entrada da criança no Registro Simbólico e a
formação da estrutura psíquica.

Objeto "a": Lacan introduziu o conceito de "objeto a" como um objeto de desejo que
não pode ser plenamente alcançado ou definido. Esse objeto representa a falta e a
incompletude inerentes ao desejo humano.
Transferência e Contratransferência: Assim como Freud, Lacan considerava a
transferência como um aspecto fundamental da psicanálise, onde os pacientes
projetam seus sentimentos e desejos no analista. No entanto, ele também enfatizou
a contratransferência, os sentimentos do analista em relação ao paciente, como
uma fonte importante de insights clínicos.

Seminários e Escritos: Grande parte do trabalho de Lacan é baseada em seus


seminários e escritos, nos quais ele discute e elabora suas ideias. Seus seminários
são registros de suas palestras e são considerados textos fundamentais para
compreender sua psicanálise.

Estádio do Espelho: O conceito de Estádio do Espelho é central na teoria de Lacan.


Refere-se ao momento no desenvolvimento infantil quando a criança vê sua própria
imagem refletida no espelho e começa a formar uma noção de identidade. É um
momento crucial para o desenvolvimento do eu e da identificação.

Nome-do-Pai: O Nome-do-Pai é um conceito fundamental que representa a


autoridade simbólica na psicanálise lacaniana. Ele está ligado à Lei do Pai e à
função paterna na estruturação do psiquismo humano. A falta do Nome-do-Pai pode
levar a problemas na estruturação psíquica.

Desejo e Demanda: Lacan distingue entre desejo e demanda. A demanda se refere


a pedidos e solicitações específicas feitas conscientemente, enquanto o desejo é
mais profundo e inconsciente, relacionado à falta e ao anseio.

Fantasma: O conceito de Fantasma em Lacan se refere a narrativas ou cenários


imaginários que moldam o desejo e influenciam a sexualidade. Fantasmas são
construções psíquicas que envolvem desejo, identificação e projeção.

Mais-além do Princípio do Prazer: Assim como Freud, Lacan também se inspirou na


noção freudiana do "além do princípio do prazer". Ele explorou como o desejo
humano não é apenas orientado para o prazer, mas também para a repetição e a
busca pelo que está além da satisfação.

Topologia:

- Toro (ou Anel): O toro é uma figura geométrica que se assemelha a um anel
ou uma rosca. Na psicanálise lacaniana, o toro é usado para representar o
conceito de "objeto a". Esse objeto é algo que está sempre faltando, algo que
causa desejo, mas que é inatingível. O toro representa a relação complexa
entre o sujeito e o objeto de desejo. Assim como você não pode pegar a
parte interna de um anel sem passar pela parte externa, o objeto a está
sempre ligado ao desejo, mas é impossível de ser totalmente alcançado.
- Nó Borromeano: O nó borromeano é uma figura que consiste em três anéis
entrelaçados de forma que, se você cortar qualquer um deles, os outros dois
se desfazem. Lacan usou essa metáfora para representar as três dimensões
fundamentais da psique: o Real, o Simbólico e o Imaginário. Essas
dimensões são interdependentes e se sustentam mutuamente. Se uma delas
for cortada (ou seja, se uma dimensão for negada ou excluída), o equilíbrio
psíquico pode ser perturbado.

- O Real: Representa o aspecto mais primitivo e inacessível da psique, que


não pode ser diretamente simbolizado pela linguagem. É a dimensão do
trauma e da falta.

- O Simbólico: Representa a dimensão da linguagem, da cultura e dos


sistemas simbólicos que conferem significado ao mundo. É onde a linguagem
e os símbolos moldam nossa compreensão da realidade.

- O Imaginário: Refere-se à dimensão das imagens mentais, da identificação


com imagens do eu e do outro. É onde construímos nossa imagem de nós
mesmos e dos outros.

Donald Winnicott

Donald Winnicott foi um importante psicanalista inglês que contribuiu


significativamente para o campo da psicanálise com suas teorias sobre o
desenvolvimento infantil, o objeto transicional e o ambiente facilitador. Aqui estão
alguns pontos importantes sobre a psicanálise de Winnicott:

Ambiente Facilitador: Uma das principais contribuições de Winnicott é a ênfase que


ele colocou no papel do ambiente facilitador no desenvolvimento saudável da
criança. Ele argumentou que o ambiente (geralmente representado pelos
cuidadores, especialmente a mãe) desempenha um papel crucial em atender às
necessidades emocionais e físicas da criança.

Objeto Transicional: Winnicott introduziu o conceito de "objeto transicional" ou


"objeto de transição". Isso se refere a objetos como um cobertor, um bicho de
pelúcia ou um brinquedo que as crianças usam para se confortar e que têm
significado emocional para elas. O objeto transicional ajuda a criança a fazer a
transição do estado de dependência absoluta para a independência relativa. É um
marco importante no desenvolvimento infantil.

Fase de Dependência Absoluta: Winnicott descreveu uma fase inicial de vida em


que os bebês são totalmente dependentes de seus cuidadores. Durante essa fase,
é crucial que os cuidadores satisfaçam consistentemente as necessidades do bebê
para estabelecer uma base segura para o desenvolvimento posterior.

Objetos Internos e Externos: Ele também discutiu a ideia de "objetos internos" e


"objetos externos". Os objetos internos são representações mentais das
experiências com o ambiente facilitador, enquanto os objetos externos são os
cuidadores reais. Um desenvolvimento saudável envolve a integração desses
objetos internos e externos.

Fenômenos Transicionais: Winnicott explorou fenômenos transicionais, que são


experiências intermediárias entre a realidade interna e externa. Isso pode incluir
sonhar acordado, brincar de faz de conta e outras atividades criativas que ajudam a
criança a explorar e entender o mundo.

Espaço Potencial: Ele introduziu o conceito de "espaço potencial", que se refere ao


espaço psicológico entre o bebê e o cuidador, onde ocorre o desenvolvimento. Esse
espaço é onde o bebê começa a desenvolver um senso de si mesmo como um ser
separado.

Transferência e Contratransferência: Winnicott também discutiu a transferência e


contratransferência, conceitos fundamentais na psicanálise. Ele enfatizou a
importância de os terapeutas serem sensíveis às necessidades e ansiedades dos
pacientes, especialmente aqueles que não tiveram um ambiente facilitador
adequado na infância.

A abordagem de Winnicott enfatiza a importância da continuidade de cuidados


maternos e paternos confiáveis e consistentes durante a infância para o
desenvolvimento saudável. Suas ideias sobre a importância dos objetos
transicionais e a criação de um ambiente facilitador influenciaram profundamente a
teoria e a prática da psicanálise e da psicologia do desenvolvimento infantil.

Uma de suas ideias mais importantes envolve o desenvolvimento do


"verdadeiro self", que é essencial para o crescimento saudável e o
funcionamento emocional de um indivíduo.

O "Verdadeiro Self" de Winnicott:

Self Verdadeiro vs. Self Falso: Para Winnicott, o "verdadeiro self" é a parte autêntica
de uma pessoa, que representa seus desejos, sentimentos, necessidades e
autenticidade. Isso contrasta com o "falso self", que é uma persona que alguém
pode desenvolver para se proteger ou se adequar às expectativas dos outros. O
"falso self" pode mascarar o "verdadeiro self" e criar uma desconexão entre o
indivíduo e suas necessidades reais.
Ambiente Facilitador: Winnicott enfatiza a importância de um ambiente facilitador
durante a infância, representado principalmente pela relação entre o bebê e sua
mãe (ou cuidador principal). Um ambiente que permite ao bebê ser ele mesmo,
expressar necessidades e emoções, sem ser rejeitado ou superprotegido, promove
o desenvolvimento do "verdadeiro self".

Transicionalidade: Winnicott também introduziu o conceito de "espaço transicional",


que é o espaço intermediário entre a realidade interna do indivíduo e o mundo
externo. É um espaço onde a criatividade, a imaginação e a exploração podem
florescer. Esse espaço transicional é fundamental para o desenvolvimento do
"verdadeiro self".

Crescimento e Autenticidade: Para Winnicott, o objetivo da terapia é ajudar o


paciente a se reconectar com seu "verdadeiro self". Isso envolve a compreensão e
aceitação de sentimentos reais, a capacidade de estabelecer relacionamentos
autênticos e a busca de uma vida mais autêntica.

Em resumo, o conceito de "verdadeiro self" de Winnicott destaca a importância do


desenvolvimento de uma identidade autêntica, que seja congruente com os desejos
e necessidades internas de uma pessoa. A terapia, segundo Winnicott, pode ajudar
a desfazer as camadas do "falso self" e permitir que alguém se torne mais autêntico
em sua vida e relacionamentos.

Em linhas gerais, Winnicott (1971b) desenvolveu as consultas terapêuticas a partir


da otimização do maior instrumento do psicólogo: as entrevistas clínicas

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