Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A ABORDAGEM PSICANALÍTICA – A
SEGUNDA TÓPICA FREUDIANA
-1-
1 O caso do Pequeno Hans
Hans era o filho de um médico conhecido de Freud. Sua esposa e mãe do menino tinha sido sua paciente. O pai
relata que, no começo, Hans demonstrava um grande interesse em seu órgão sexual, que chamava de "pipi", e
gostava de exibi-lo.
Reparava nos animais e diferenciava os seres animados dos inanimados pela existência ou não do genital,
Hans dormia com os pais e, na ausência do pai no período de férias, apenas com sua mãe. Este fato pode ter
causado uma superestimulação e um erotismo precoce. Quando sua mãe o vê se tocando, ameaça-o levá-lo ao
Você imagina que tipos de experiências podem ter intensificado a fantasia de castração de Hans?
Algumas experiências podem ter intensificado a fantasia de castração de Hans, tais como:
Saiba mais
Na única visita em que seu pai o leva, Freud fala para Hans que ele gosta da mãe e tem medo do
pai, mas que não precisava temê-lo.
eliminada.
-2-
Neste caso conhecido como "Pequeno Hans", Freud examina o desenvolvimento e a resolução de uma fobia num
menino de cinco anos. O caso revela-se importante para a comprovação das teorias de Freud sobre a relação
entre a sexualidade infantil e a origem das neuroses, desenvolvida nos Três ensaios sobre a teoria da
sexualidade.
Trata-se da primeira aplicação terapêutica da Psicanálise à criança, visto que a teoria sobre o desenvolvimento
infantil foi desenvolvida a partir de pacientes adultos. Freud identifica em Hans a ocorrência do complexo de
juntamente com a primeira, compõe a estrutura psíquica. Essa tópica é representada graficamente pela metáfora
Fonte da energia oriunda das pulsões - as motivações e desejos mais primitivos do ser
humano. Para Freud, em grande parte, esses desejos seriam de caráter sexual, ou seja,
Por isso diz-se que o id é regido pelo princípio do prazer. É totalmente inconsciente e
impõe a satisfação imediata dos impulsos. Caso isso não ocorra, surgem as frustrações.
dos quais o organismo entra em contato com a realidade. O ego se desenvolve no início da
diante da realidade.
Por exemplo: a criança quer o pirulito, e a mãe fala: “só depois do almoço”. À criança chora
e esperneia na tentativa de satisfazer o id, mas ganha uma palmada da mãe, e recebe o
EGO
pirulito somente depois do almoço.
Acriança então, da próxima vez, fala para a mãe: “eu quero o pirulito depois do almoço”. O
função das imposições da realidade. Por isso diz-se que o id é regido pelo princípio da
realidade.
-3-
Normas e valores sociais do grupo no qual o indivíduo foi criado e está inserido.
SUPEREGO Esta instância exige um comportamento correto e impecável. Caso isso não ocorra, surge a
4 Entendendo o processo
O constante conflito entre o superego e o id incide diretamente no ego, já que ambos exigem determinados
Pode-se dizer que, para Freud, a personalidade consiste basicamente neste conflito entre os desejos e as normas
processos do ego são conscientes, mas nem todos o são. Freud chegou a esta conclusão ao observar que, em
certas ocasiões, alguns desejos procedentes do id são rejeitados e recalcados pelo ego, sem que o sujeito tenha
O ego amadurecido procura atender os desejos do id ao tomar consciência deles. Já um ego infantil e neurótico,
Um ego maduro e adulto não teme os desejos do id, o que não significa que os satisfaça a todo o momento, e sim
que toma consciência deles e avalia as possibilidades diante da realidade e da pressão do superego.
-4-
Vamos ler um pouco sobre os mecanismos de defesa do EGO?
provocada pelo Superego, resulta em ansiedade para o ego. Diante da ameaça, o ego recorre a mecanismos de
excessivamente. Manifestado em um dado momento, este mecanismo depende da situação específica e das
Projeção
Consiste em atribuir ao outro os desejos, afetos ou comportamentos inaceitáveis. Exemplos: a pessoa infiel
constantemente atribui essa característica aos outros; aquela pessoa que diz: “Fulano não suporta críticas”,
Deslocamento
Quando o sujeito transfere pulsões e emoções do seu objeto para um substitutivo. Exemplos: o funcionário que
sofre de humilhações do chefe no emprego e é agressivo ao chegar em casa; a criança que desloca a cólera
Recalque (repressão)
-5-
É a base de todos os outros mecanismos de defesa. Consiste em afastar da consciência um afeto, uma ideia, um
Sublimação
Em função das restrições do superego, a pulsão é transferida para outras atividades socialmente valorizadas. Um
homem pode encontrar satisfação para seus impulsos agressivos tornando-se um lutador, um jogador de futebol
Para Freud, as obras de arte, as ciências, a religião, as invenções, as ações políticas, a literatura e as obras teatrais
Formação reativa
Tendências consideradas inaceitáveis, que fazem com que a pessoa apresente comportamentos opostos às
pulsões. Assim, uma pessoa pode ser demasiado amável e atenta com alguém que odeia ou demonstrar uma
Uma pessoa submissa e dócil pode esconder um desejo violento de domínio. Uma pessoa extremamente
Racionalização
Encontrar razões lógicas ou aceitáveis do ponto de vista moral para justificar comportamentos duvidosos.
Exemplo: estudante cria o hábito de colar nas provas dizendo, para se justificar, que não teve tempo de estudar.
Isolamento
7 Desenvolvimento
Segundo Freud, a maioria dos aspectos significativos da personalidade no adulto são formados nos primeiros
Nos Três ensaios sobre a sexualidade, Freud postulou o processo de desenvolvimento psicossexual, segundo o
qual o corpo é erotizado, isto é, torna-se fonte de prazer. Em cada fase do desenvolvimento, o prazer localiza-se
Em cada fase observa-se um momento crítico e fundamental para o desenvolvimento. A forma de lidar com esses
-6-
Freud usa o termo fixação para descrever o que ocorre quando uma pessoa permanece em uma determinada
fase, e a busca de satisfação se mantém naquela parte do corpo. O direcionamento da libido em cada estágio, a
8 Fases do desenvolvimento
Assim, Freud divide o desenvolvimento nas seguintes fases:
A zona de erotização é a boca. O prazer está ligado à ingestão de alimentos e à excitação da mucosa e dos
A pulsão básica do bebê é receber alimento para atenuar as tensões de fome e sede. Enquanto é
alimentada, a criança é também acalentada e acariciada. Desta forma, ela associa prazer e redução da
tensão à amamentação.
O momento crítico é a dentição. No início da fase oral, a criança é passiva, e a forma com que a mãe lida
É comum que alguma energia permaneça fixada na boca. Em adultos, observa-se a manutenção no prazer
oral em comportamentos tais como: comer, chupar, lamber, beijar, beber, falar, fumar, roer unha etc.
Esses comportamentos em excesso podem representar fixação na fase oral, pessoas cuja maturação
A zona de erotização é o ânus, relacionado à questão do controle dos esfíncteres (anal e uretral). Este
controle revela-se um ponto crítico nesta fase do desenvolvimento. Geralmente no segundo ano, as
crianças aprendem a controlar os esfíncteres anais e a bexiga. A obtenção do controle fisiológico é ligada
As crianças aprendem que o crescente nível de controle lhes traz atenção e elogios por parte de seus
pais. O interesse dos pais no treinamento da higiene permite à criança exigir atenção tanto pelo controle
bem-sucedido quanto pelas dificuldades. A criança inicialmente gosta de observar suas fezes na privada,
na hora de dar a descarga, e às vezes dizem-lhes adeus. Não é raro uma criança oferecer como presente a
-7-
Tendo sido elogiada por produzi-las, a criança pode surpreender-se ou confundir-se no caso de seus pais
emocional da criança. Características adultas que estão associadas à fase anal são ordem e obstinação. A
• Fase peniana
Acontece entre os 3 e 5 anos de idade. Segundo Freud, essa fase é caracterizada pelo período em que a
criança se dá conta das diferenças sexuais. Nesta fase, acontece o que Fred chama de complexo de Édipo,
9 Complexo de Édipo
No complexo de Édipo, a mãe é o objeto de desejo do menino, e o pai (ou a figura masculina que o represente) é
percebido como o rival que impede seu acesso ao objeto desejado. Esta fase caracteriza-se pelo desejo da criança
de ir para a cama de seus pais e pelo ciúme da atenção que seus pais dão um ao outro, em vez de dá-la a ela.
Freud denominou a situação complexo de Édipo baseado na tragédia de Sófocles “Édipo Rei”. Segundo este,
Édipo, tentando fugir do seu destino, mata seu pai (desconhecendo sua verdadeira identidade) e, mais tarde,
Quando finalmente descobre o que tinha acontecido, Édipo arranca seus olhos.
Freud acreditava que todo menino revive um drama interno similar: ele deseja possuir sua mãe e matar seu pai.
Ele também teme seu pai e receia ser castrado por ele.
Para as meninas, o problema é similar, mas na sua expressão e solução, tomam um rumo diferente. Nelas, a
constatação da diferença sexual produz o surgimento da “inveja do pênis” e o consequente ressentimento para
Enquanto os meninos reprimem seus sentimentos, em parte pelo medo da castração, a necessidade da menina
Segundo Freud, essa diferença em intensidade permite às mulheres permanecer nesta rivalidade (situação
edipiana) por um tempo indeterminado. Jung utiliza o termo "Complexo de Electra” para essa experiência
feminina, baseando-se no mito grego de Eletra, filha de Agamenon. Porém, Freud rejeitava o uso de tal termo e
-8-
10 Solução do complexo de Édipo
O menino resolve o complexo de Édipo procurando assemelhar-se ao paí, na esperança de um dia ter o amor que
o pai recebe. Escolhe-o como modelo de comportamento e passa a internalizar as regras e as normas sociais
Por medo do paí, o menino “desiste” da mãe, isto é, o desejo pela mãe é substituído pelo interesse no mundo
Este mesmo processo também ocorre com as meninas, sendo invertidas as figuras de desejo e de identificação.
Um tempo em desejos sexuais da fase são recalcados com sucesso, pelo superego. Durante ele, o desejo sexual
torna-se inconsciente. Nesse período da vida, depois que a primeira eflorescência da sexualidade feneceu,
A fase final do desenvolvimento biológico e psicológico ocorre com o início da puberdade e o retorno da energia
libidinal aos órgãos sexuais. Neste momento, meninos e meninas tornam-se conscientes de suas identidades
sexuais distintas e passam a buscar formas de satisfazer suas necessidades e conseguem amar e trabalhar.
CONCLUSÃO
Chegamos ao final do conteúdo. Nos vemos na próxima aula! Continue seus estudos.
-9-