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É de todos conhecido, que a psicanálise, como terapia e como teoria foi uma criação de
Sigmund Freud, que nos finais do século XIX, pôde observar nos seus pacientes
neuróticos, que a maior parte das perturbações emocionais se deviam à existência de
problemas sexuais reprimidos, embora, o conceito de sexualidade tivesse para ele um
significado muito mais vasto do que lhe era atribuído pela linguagem comum. Segundo
Freud, a sexualidade não se deve identificar com a “genitalidade”, embora esta esteja
incluída naquela.
Por volta de 1920, Freud elabora então uma teoria da personalidade que se tornou
definitiva e que constituiu uma verdadeira revolução quanto ao modo de estruturação do
nosso psiquismo.
O Ego é o conceito que Freud utiliza para designar o conjunto de processos psíquicos e
de mecanismos através dos quais o organismo entra em contacto com a realidade
objectiva. O Ego seria um guia do comportamento do organismo à luz da realidade. É
certo, que o Ego faz eco das demandas do Id e dos seus desejos, mas a sua função
consiste em satisfazê-los ou não, segundo as possibilidades oferecidas pela realidade.
Não é que o Ego não queira o prazer que o Id procura, porém às vezes reconhece que
tem de suspender a sua procura sob pena de entrar em conflito com a realidade.
Um Ego amadurecido, não se assusta ao fazer eco dos desejos do Id, ao tomar
consciência deles. Ao contrário, um Ego infantil e neurótico resiste a trazê-los à
consciência, defendendo-se contra eles através da repressão (recalcamento) e outros
mecanismos de defesa. Um Ego maduro e adulto não se assusta, não teme os desejos
instintivos; não quer dizer que os satisfaça a todo o momento, significa somente que os
consciencializa e depois satisfazê-los ou não segundo seja ou não racional fazê-lo.
Um dos erros mais correntes, e que, com alguma freqüência é cometido também por
alguns psicólogos, consiste em acreditar que todos os processos designados pelo Ego
freudiano possuem a propriedade de ser conscientes. É certo que a maior parte dos
mecanismos e processos do Ego são conscientes, mas nem todos o são. Freud chegou a
esta conclusão ao observar que em certas ocasiões alguns desejos instintivos
procedentes do Id são rejeitados ou reprimidos pelo Ego sem que o sujeito tenha
consciência alguma nem dos desejos nem da sua rejeição ou repressão.
É evidente que as exigências do Superego se opõem quase sempre aos desejos do Id.
Este conflito, entre o Superego e o Id incide diretamente no Ego, já que tanto o Id como
o Superego procuram que o Ego atua de acordo com as suas próprias exigências ou
desejos. Normalmente o que o Ego faz é procurar uma solução de compromisso que os
satisfaça, embora parcialmente. Um Ego maduro consegue normalmente achar esta
fórmula conciliatória, a qual, para que seja realmente válida, deverá ter em conta
também a realidade ambiental.
Poder-se-á dizer que, para Freud, a personalidade consiste basicamente neste conflito
entre os desejos instintivos e as normas interiorizadas da sociedade, conflito que se
desenrola no grande cenário constituído pela relação mútua entre o Ego e a realidade
ambiental.