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A SEGUNDA TÓPICA E O ID
Após a elaboração da primeira tópica, Freud persistiu em seus trabalhos com
pacientes clínicos, porém, ao advento de novos casos, o pesquisador se deparou com novas
formações e padrões encontrados em seus pacientes que não eram em sua totalidade explicada
pela Primeira Tópica, e que sua primeira teoria não era capaz de abarcar a complexidade da
mente humana em sua totalidade.
A partir disso, Freud elaborou o que ficou conhecido como a segunda tópica,
Oliveira & Hikita (2021) dizem que:
O segundo modelo de aparelho psíquico é conhecido como modelo estrutural, no
qual é formado por três instâncias psíquicas: id, ego e superego. Essas instâncias
psíquicas estão em constante conflito, o que pode ocasionar em algum tipo de
sofrimento ao sujeito.
Dentro da Segunda Tópica, Freud elabora a existência do Ego, uma estrutura que é
parcialmente inconsciente, segundo Oliveira & Hikita (2021, p. 14) “o ego é uma parte do id
que fora transformada pelo mundo externo, a partir do sistema perceptível. É regulado pelo
princípio de realidade, e é onde se encontra a identidade do sujeito”. O ego é a parte que
detém a razão e é mediado pela percepção da realidade.
[...] a importância funcional do ego se manifesta no fato de que, normalmente, o
controle sobre as abordagens à motilidade compete a ele, assim, em sua relação com
o Id, ele é como um cavaleiro que tem que manter controlada a força superior do
cavalo, com a diferença de que o cavaleiro tenta fazê-lo com a sua própria força,
enquanto o ego utiliza forças tomadas de empréstimo. (FREUD, 1923, p. 39)
O Ego é a parte que tenta satisfazer o desejo dentro dos moldes do que é socialmente
aceito. Entretanto, o Id é a parte que jaz no inconsciente, onde residem os desejos e pulsões
primitivos. De acordo com o autor, o Id é o componente psicobiológico da personalidade ao
ser constituído também pela hereditariedade (genética), o id é responsável pele busca do
prazer, ficando a cargo do Ego conceder ou não os desejos e impulsos do id (FREUD, 1923).
O Superego é uma parte independente do ego que é advinda do complexo de Édipo
(processo relacionado a fase fálica do desenvolvimento psicossexual) tendo eu desenrolar na
fase de latência, em que se constroem os sensos de limites e do complexo de castração
advindos do conflito com a figura do mesmo sexo dentro da família. O Superego é uma
instancia de repressão, que tem a função de punir o sujeito e que emana sentimentos de
autossabotagem, em que o sujeito sente culpa quando seus desejos são subjugados pelo
superego.
Como evidenciado por Oliveira & Hikita (2021):
Se, no primeiro modelo, pensava-se a dinâmica psíquica a partir de regressivo-
progressivo, a partir de conteúdos recalcados, sistemas Ics, Pcs, e Cs, o segundo
modelo visa pensar o funcionamento da mente a partir de conflitos internos que
buscam a satisfação, como o id, porém, mediados pelo princípio de realidade – o
ego–e uma instância punidora – o superego.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, Freud ao criar a teoria psicanalítica foi capaz de responder ao dilema da
unidade psicofísica (corpo-mente) utilizando o estudo de seus pacientes histéricos e
neuróticos e relacionando a existência do aparelho psíquico em diferentes níveis
(Inconsciente, Pré-consciente e Consciente) e elaborando a Segunda Tópica que explica a
formação do subjetivo privatizado a partir do desenvolvimento psicossexual e da existência de
zonas erógenas no corpo do indivíduo, descrevendo que a passagem da energia libidinal por
tais partes é responsável pela elaboração de um estágio que fica armazenado no inconsciente
sujeito e que forma o seu agir. Freud foi pioneiro em explicar tais fundamentos pois
evidenciou que a desarmonia entre os constituintes de nosso subjetivo geram conflitos que são
externalizado de diferentes maneiras em nosso corpo, provando a veracidade da normativa
psicofísica e instaurando um estudo sistematizado do corpo e da mente.
REFERÊNCIAS
BREUER, Josef; FREUD, Sigmund. Obras completas, volume 2: estudos sobre a histeria
(1893-1895). São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
FREUD, S. (1923). O Ego e o Id. In: FREUD, S. Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. v. 19. Rio de Janeiro: Imago, 1990, p. 20-22.
FREUD, S. O ego e o id. In: FREUD, S. Sigmund Freud – Obras Completas. Rio de
Janeiro: Imago, 1969 [1923], p. 15-82. 19. v.