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Antes de responder a essa questão devemos elucidar tais conceitos presentes na obra psicanalítica e
na nossa sociedade. Primeiro de tudo, é necessário entender que as tópicas de Freud não se anulam,
mas sim se complementam. Na primeira tópica ou no modelo topográfico de Freud, vemos a relação
das instâncias: inconsciente, consciente e pré-consciente, onde cada uma tem sua característica e
relação no aparelho psíquico. O inconsciente é o objeto de estudo principal da psicanálise,
entretanto, desde muito tempo o inconsciente está na fala do senso comum, o que Freud fez foi nos
proporcionar um conceito mais amplo e de grande significância para compreende comportamentos
inexplicáveis presentes nos “indivíduos”, se distanciando do conceito comum que permanecia na
sociedade da época. O fato é que no inconsciente estão todos os conteúdos recalcados ou
reprimidos pelo Eu, incluindo as fantasias mais arcaicas. Dessa forma, para evitar o sofrimento do
sujeito, tais conteúdos são censurados por meio do pré-consciente, que forma uma barreira para
que essas informações não cheguem ao nível consciente.
Podemos então perguntar: Isso significa que esses conteúdos não passarão nunca para o
consciente? Na verdade, os conteúdos censurados poderão acessar o consciente por meio do sonho,
por exemplo. No sonho estão presentes os estímulos sensoriais, os restos diurnos e os conteúdos
inconscientes. Como já mencionado os conteúdos inconscientes são censurados nos sonhos, assim
sendo, o sonho é uma mistura de estímulos presentes no ambiente do sujeito, conteúdos marcantes
do seu dia, e conteúdos inconscientes não acessíveis durante o estado de vigília. Freud por meio do
processo de introspecção e associação livre no seu período de isolamento trouxe a nós esse imenso
conhecimento a respeito do sonho, das fantasias infantis, e é claro mencionando também a
compreensão que nos deixou de seu modelo estrutural, presente na obra o Ego e o Id (1923-1925).
Quando os desejos do Id não são satisfeitos e as interdições do Superego são intensas, o Ego
desenvolve os denominados mecanismos de defesa sendo eles: o recalcamento, negação,
renegação/denegação/recusa, regressão, conversão orgânica, projeção, deslocamento,
racionalização, formação reativa e a sublimação. Essas são as formas como lidamos com a não
realização do desejo, com uma fantasia ou evento traumático, entretanto, a forma mais eficaz é com
o tratamento clínico psicanalítico, pois, é a forma correta e funcional de se tratar as denominadas
“psiconeuroses e neuroses atuais”, o aprofundamento da causa da queixa do sujeito e sua queixa
em si.
Por fim, podemos dizer que Freud nos proporcionou uma sistematização fundamental do
inconsciente e suas demais teorias, indo ainda mais além, criando um método de tratamento eficaz
e preciso por meio da associação livre, elucidou a nós a ética psicanalítica (tripé) teoria, análise
pessoal e supervisão. Por meio de seu trabalho, outros teóricos puderam criar ainda mais teorias
relacionadas a psicanálise e sofrimento do sujeito ou do sujeito em sociedade. Em sua teoria base,
vemos a relação entra cada uma das instâncias psíquicas presentes no aparelho psíquico, a
complexidade e a importância da interpretação dos sonhos, o desenvolvimento da compreensão das
neuroses até os dias atuais e a formação dos mecanismos de defesa do Ego. Para finalizar, termino
com uma frase do escrito de Freud: “todas as neuroses representam uma defesa contra ideias
insuportáveis” - As neuropsicoses de defesa (1894).