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1.2 O consciente
A experiência clínica mostrou a Freud que uma parte considerável do ego
também era inconsciente. Durante uma análise, o sinal clínico que evidencia que
determinados pensamentos e recordações estão no inconsciente -- ou seja, de que foram
recalcados --, é a dificuldade do paciente de se lembrar deles ou de falar sobre o
assunto.
Freud compreendia essa situação considerando que haveria uma resistência do
ego bloqueando o acesso das representações mentais recalcadas. O curioso, contudo, é
que o próprio paciente não teria consciência de que estava empregando essa resistência.
A resistência, portanto, não seria um fenômeno consciente, embora fosse uma função do
ego. Conclusão: o ego não é totalmente consciente. Além disso, as resistências se
comportariam de modo semelhante às representações recalcadas, isto é, demandariam
certa dose de trabalho para que fossem tornadas conscientes.
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Entenda, aqui, o que é recalque
A noção de recalque (ou recalcamento e/ou recalcado) para Freud foi caracterizada
como "uma instância psíquica" que separa a consciência do inconsciente. Também pode ser
compreendida em um sentido mais estrito: o recalque (propriamente dito) é a operação por meio
da qual um representante ideativo (uma ideia) ligado a uma pulsão é conduzido ao inconsciente
ou lá mantido, com o propósito de evitar o desprazer que seria ocasionado pela presença desse
representante no sistema pré-consciente/consciente.
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https://www.youtube.com/watch?v=aJRW2LoJWT0
1.3 O pré-consciente
Esta é a instância mais próxima da consciência e ambas consistem no processo
secundário. Se constitui nas memórias que podem se tornar acessíveis a qualquer
momento, como por exemplo, o que você fez ontem, o teorema de Pitágoras, o seu
endereço anterior etc. É uma espécie de “depósito” de lembranças, à disposição quando
necessárias.
Quando a sua consciência está pesada, por exemplo, é porque seu pré-
consciente informa que tem algo em mente que você reluta em deixar sair.
Como já pensou (e trouxe à consciência “o que não deveria”), ou colocou
pra fora esse pensamento, fica aquele incômodo reflexo (do Iceberg do vídeo), no qual a
consciência é dominante, pois recebe influências do mundo externo; assim o pré-
consciente apenas armazena essa influência, deixando algumas coisas mais
profundas no inconsciente.
1.4 O inconsciente
No inconsciente estão os elementos instintivos e o material reprimido,
inacessíveis à consciência e que podem vir à tona num sonho, num ato falho ou pelo
método da associação livre. Os processos mentais inconscientes desempenham papel
importante no funcionamento psicológico, na saúde mental e na determinação do
comportamento. (falaremos muito do inconsciente ao longo de nossas aulas, pois ele é
nosso objeto de análise)
1.5 Conceitos
Para nós, em um primeiro momento, o Id é a parte mais primitiva da
personalidade, corresponde mais ou menos à noção de inconsciente, ou a um lugar no
qual o inconsciente se abriga. O Id busca a satisfação imediata dos impulsos, agindo de
acordo com o princípio do prazer. É constituído por forças e impulsos, inclusive os
sexuais.
Id – (Isso) É a fonte da energia psíquica (a libido). Tem origem orgânica e
hereditária. Apresenta a forma de impulsos do organismo. Está relacionado a todos
os impulsos não civilizados, de tipo animal, que o indivíduo experimenta. Não tolera
tensão. Seu o nível de tensão é elevado, ele age no sentido de descarregá-la. É regido
pelo princípio do prazer. Sua função é procurar o prazer e evitar o sofrimento. Localiza-
se na zona inconsciente da mente. O Id não conhece a realidade objetiva, a lei, a ética e
a moral social, que nos repreende perante a determinadas situações devido as
conclusões da interpretação alheia. Por isso temos o Ego.
Ego – (Eu) É o lugar em que se reconhece o eu de cada um. O ego desenvolve-
se a partir do Id desde a mais tenra idade: na medida que o bebê vai tomando
consciência de sua própria identidade. Isso faz com que seus impulsos sejam mais
eficientes e passem a levar em conta o mundo externo: este é o chamado princípio da
realidade.
É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera
no comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada, até o momento em
que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de
consequências negativas.
O ego é lógico e racional. Sempre cumpre a função de dialogar com a realidade
externa (faz um meio campo entre o mundo interno e externo), lidando com a
estimulação que vem tanto da própria mente como do mundo exterior. Assim, o ego
atua como mediador entre o Id e o mundo exterior, tendo que lidar também com o
superego, com as memórias de todo tipo e com as necessidades físicas do corpo. A sua
energia é extraída do Id.
Superego – (Supereu) Atua como censor do Ego. É o representante interno das
normas e valores sociais que foram transmitidos pelos pais através do sistema de
castigos e recompensas impostos à criança. São nossos conceitos do que é certo e do
que é errado. O Superego nos controla e nos pune (através do remorso, do sentimento de
culpa) quando fazemos algo errado; mas também nos recompensa (sentimos satisfação,
orgulho) quando fazemos algo meritório. O Superego procura inibir os impulsos do Id,
uma vez que este não conhece a moralidade. É o componente social da personalidade.
As principais funções do Superego são: inibir os impulsos do id (principalmente os de
natureza agressiva e sexual) e lutar pela perfeição.
Na prática:
• Pelo Id você deixaria de realizar suas “obrigações” num belo dia
ensolarado, trocando-as por uma atividade de lazer prazerosa: uma piscina,
pescaria, um cinema, ou até sair com namorado(a) etc.
• No entanto, o ego aconselharia prudência e buscaria uma
oportunidade adequada para essas atividades/momentos.
• Já o superego diria ser inaceitável faltar a um compromisso
assumido, por exemplo, com o supervisor ou colegas de trabalho, ou ao próprio
trabalho.
Atenção:
Os três sistemas não devem ser considerados como fatores independentes que
governam a personalidade. Cada um deles têm suas funções próprias, seus princípios,
seus dinamismos, mas atuam um sobre o outro de forma tão estreita que é impossível
separar os seus efeitos.
Lição 2
Alguns teóricos, como Zornig (2008, p. 73), defendem que a sexualidade não
pode ser vista como instintiva, pois a todo o momento o ser humano busca satisfazer
seus desejos:
A concepção clássica de instinto tem como modelo um comportamento que se
caracteriza por sua finalidade fixa e pré-formada, com um objeto e objetivos
determinados, enquanto a noção freudiana de sexualidade defende a ideia de
que a sexualidade humana não é instintiva, pois o homem busca o prazer e a
satisfação através de diversas modalidades, baseadas em sua história individual
e ultrapassando as necessidades fisiológicas fundamentais. Assim, se a
sexualidade se inicia com anatomia (no nascimento), sua conquista depende de
um longo percurso durante a construção da subjetividade da criança (ZORNIG,
2008, p. 73).
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Atenção: Para Freud a libido é a energia dos instintos sexuais: energia de natureza sexual,
componente do Id, presente no ser humano desde o nascimento, que impulsiona a pessoa em
busca de satisfação. a libido É a força motriz por trás do comportamento. Esta é uma forma de
energia que faz parte do id e é criada pelos instintos de sobrevivência e sexuais. De acordo com
Freud, essa energia libidinal é o que motiva todo o comportamento.
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Todas as crianças passam por esses cinco estágios de desenvolvimento
psicossexual, nos quais o instinto sexual é focado em diferentes zonas erógenas do
corpo.
De modo simples, podemos dizer que zonas erógenas são partes do corpo que
podem funcionar como “gatilhos” para o prazer e a excitação sexual. Todas elas são
extremamente ricas em terminações nervosas, que podem gerar uma quantidade de
sensações variadas e intensas quando submetidas a um estímulo. As zonas erógenas
mais conhecidas, claro, estão na região genital e são comuns a quase todo mundo: no
caso das mulheres, são o clitóris e o polêmico ponto G; nos homens, a glande (a cabeça
do pênis) e o saco escrotal. Mas, na verdade, o grande integrador das emoções vividas,
das fantasias e dos estímulos é o cérebro, que talvez seja o maior de todos os órgãos
sexuais. É ele, em última instância, que consegue aumentar ou diminuir o prazer
causado por um estímulo e definir as suas zonas erógenas.
(fonte: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-sao-zonas-erogenas-todo-mundo-tem-
as-
mesmas/#:~:text=Zonas%20er%C3%B3genas%20s%C3%A3o%20partes%20do,quando%20submetidas
%20a%20um%20est%C3%ADmulo)
Para Freud, a saída apropriada do instinto sexual em adultos era por meio de
relações heterossexuais. Fixação e conflitos podem impedir isso, tendo como
consequência as perversões sexuais. Por exemplo, a fixação no estágio oral pode
resultar em uma pessoa obtendo prazer sexual principalmente por beijos e sexo oral, em
vez de relações sexuais.
Ansiedade de castração é um conceito freudiano em que uma criança tem medo que sua
genitália seja prejudicada pelo genitor do mesmo sexo, como punição pelos desejos sexuais com
o outro progenitor. É tanto literal (medo de realmente perder a genitália) quanto metafórico (o
objeto de prazer). A ansiedade de castração ou complexo de castração surge devido ao
Complexo de Édipo. Isso pode ocorrer em ambos os sexos, masculino e feminino, e se
apresenta durante a fase fálica (que ocorre entre as idades de 3-6/7 anos).
2.6 Homossexualidade
Quanto à homossexualidade, em Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade,
Freud nos traz explicações biológicas sociológicas e antropológicas para as preferências
sexuais. Ao contrário de estudiosos de seu tempo, ele não estava convencido de que a
homossexualidade representasse uma patologia. Freud acreditava que as tentativas de
alterar a sexualidade de uma pessoa eram geralmente fúteis e muitas vezes prejudiciais
ao desenvolvimento da personalidade, algo revolucionário em seu tempo.
Segundo o autor, para a psicanálise “Não existe um sujeito homossexual, assim
como não existe um heterossexual ou um bissexual. Existem moções pulsionais e
movimentos identificatórios que se deslocam, mais ou menos livremente, e que se
manifestam nas escolhas objetais que sustentam as diversas expressões da sexualidade.
(acesso em 06/08/2020 https://ralasfer.medium.com/freud-e-a-homossexualidade-
105540482ada)
E mais, para ele “a homossexualidade não é algo a ser tratado nos tribunais (…).
Eu tenho a firme convicção de que os homossexuais não devem ser tratados como
doentes, pois uma tal orientação não é uma doença. Isto nos obrigaria a qualificar como
doentes um grande número de pensadores que admiramos justamente em razão de sua
saúde mental (…). Os homossexuais não são pessoas doentes. (Freud,
1903 apud Menahen, 2003, p. 14)
4.2 O setting
Quando relaxado confortavelmente no divã, verbalizando por livre associação,
em segurança com a presença do analista, ambos (analisando e analista) estão
concretizando parte de um setting clássico. Isto permite, a eles um eficaz
empreendimento analítico, que permite ouvir e refletir completamente acerca do que é
posto na sessão. O analisando, imerso em seu mundo interno, revive memórias, revisita
experiências importantes, fala acerca dos sonhos e cria fantasias, tudo o que, faz parte
da jornada analítica, e assim lançará novas luzes na vida, em sua história e nas
elaborações da mente dele.
Uma sessão de análise, normalmente, dura entre 45 e 50 minutos e para que o
processo analítico seja aprofundado, estas sessões de psicanálise preferencialmente
ocorrem em três, quatro ou cinco dias por semana. Uma menor frequência de sessões
semanais, ou o uso da poltrona em lugar do divã, podem ser necessários em alguns
casos.
1 Fonte: https://www.redepsi.com.br/2007/02/22/transfer-ncia-e-contratransfer-ncia-uma-vis-o-
comportamental/#:~:text=A%20contratransfer%C3%AAncia%2C%20na%20psican%C3%A1lise%20fre
udiana,deveria%20ser%20neutralizado%20e%20superado.
Todos os acordos acerca do setting (incluindo os horários, o valor da sessão e a
política de cancelamentos) serão contratados por ambos, paciente e analista, e terão que
ser renegociados se mudanças forem necessárias. A duração de uma análise é difícil de
predizer; uma média de três a cinco anos pode ser esperada, embora qualquer caso
individual possa necessitar de mais ou de menos tempo para o encerramento. Paciente e
analista são, contudo, livres para a qualquer momento decidir interromper ou terminar a
análise.
O setting, portanto, envolve o conjunto de ações que antecedem o momento da
análise (contratos, acordos, periodicidade das sessões), as sessões em sua organização
(sofás, divã, poltronas, ambiente), e a sucede (como a decisão de encerramento da
sessão de análise).