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A Psicanálise

O que é Psicanálise?

A psicanálise pode ser entendida como uma profissão, uma teoria e


um método.
Como teoria, caracteriza-se por um conjunto de conhecimentos
sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica.

Freud publicou uma extensa obra, durante toda a sua vida,


relatando suas descobertas e formulando leis gerais sobre a
estrutura e o funcionamento da psique humana.
Como método de investigação, caracteriza-se pelo método
interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é
manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções
imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, os
atos falhos.
Como profissão, a Psicanálise refere-se à forma de tratamento -
a Análise - que busca o autoconhecimento ou a cura, que ocorre
através desse autoconhecimento.

Profissão essa exercida pelo Psicanalista, o profissional que se


habilita nesta área e adquire registro profissional.
Como teoria, a Psicanálise é mais revolucionária no campo da
Psicologia.
Em meados do século XIX, na Alemanha, a Psicologia
surgiu como ciência independente, tendo como objeto de
estudo a análise do comportamento.
Era concebida como se fosse composta de elementos
estruturais, em estreita ligação com os órgãos dos
sentidos: a sensação visual da cor era correlacionada com
mudanças fotoquímicas na retina do olho.
Ou seja, a Psicologia trabalhava com a análise da
consciência.
A interpretação mais revolucionária sobre o
desenvolvimento humano foi, sem dúvida, a Psicanálise,
desenvolvida por Sigmund Freud (1856-1939) no início do
século XX.
Freud alegava que a análise da consciência era limitada e
inadequada porque a compreensão dos motivos
fundamentais do comportamento requeria um outro
elemento: o inconsciente.
Para entender o inconsciente.

Em 1900, no livro A interpretação dos sonhos, Freud


apresenta a primeira concepção sobre a estrutura e o
funcionamento da personalidade.

Essa teoria refere-se à existência de três sistemas ou


instâncias psíquicas: inconsciente, pré-consciente e
consciente.
Para entender o inconsciente.

Em 1900, no livro A interpretação dos sonhos, Freud


apresenta a primeira concepção sobre a estrutura e o
funcionamento da personalidade.

Essa teoria refere-se à existência de três sistemas ou


instâncias psíquicas: inconsciente, pré-consciente e
consciente.
Primeira Teoria sobre a estrutura do aparelho psíquico
Pequena parte do aparelho psíquico. Inclui
Consciente tudo do que estamos cientes em cada
momento

Uma parte do inconsciente que pode tornar-se


Pré-Consciente
consciente com facilidade

Estão os elementos instintivos que nunca


foram conscientes e que não serão acessíveis
Inconsciente à consciência. É também material que foi
excluído da consciência, censurado e
reprimido
Freud comparou a mente humana a uma montanha de gelo
flutuante, cuja parte visível da superfície representava a
consciência e a parte submersa, a parte maior,
representava o inconsciente.
Nessa vasta região do inconsciente encontram-se os
impulsos, as ideias e os sentimentos reprimidos.
Ou seja, as forças vitais e invisíveis que exercem controle
sobre o pensamento e ações conscientes do homem.
Percepções
Nível Consciente Pensamentos

Memórias
Nível Pré-consciente
Pensamentos guardados

Medos
Desejos sexuais
Motivações violentas
inaceitáveis
Nível Inconsciente
Impulsos amorais Desejos irracionais

Experiências
Desejos egoístas
Vergonhosas
O Inconsciente não esquece nada, todos os incidentes da
história de vida do indivíduo ficam aí retidos e guardam a
mesma força e vivacidade do momento em que foram
vividos.

O Inconsciente é imune ao tempo.


Segunda Teoria sobre a Estrutura da Personalidade
Em 1920, Freud propôs um aperfeiçoamento de sua primeira
teoria, incluindo processos dinâmicos da mente.

Introduz os conceitos de id, ego e superego para referir-se aos


três sistemas da personalidade.
ID – O Id é a instância original da psique, é a matriz dentro da
qual o Ego e o Superego se diferenciam.

É o substrato contendo tudo o que é psicologicamente herdado,


de onde provêm os impulsos ou pulsões.
Seus conteúdos são as representações psíquicas dos instintos.

Está intimamente relacionado com os processos corporais, dos


quais retira sua própria energia. É o reservatório da energia
física que põe em funcionamento os outros sistemas.
Podemos dizer que o Id é o componente biológico da
personalidade.

Quando ocorre uma estimulação externa ou uma


excitação interna, o nível de tensão se eleva e o Id
funciona de tal maneira visando descarregar
imediatamente essa tensão, pois não tolera energias
muito intensas.
Procura fazer com que o organismo retorne e permaneça
num nível de conforto e baixa tensão. Esse principio é o
principio do prazer.
Para realizar esse objetivo, o Id dispõe de dois
princípios: a ação reflexa e o processo primário.

O organismo é equipado por ações reflexas, que são


reações automáticas e inatas, como tossir, espirrar,
piscar... que reduzem imediatamente as tensões.
Já no processo primário a redução da tensão se dá pela
formação da imagem mental do objeto desejado.

Por exemplo, quando uma pessoa está faminta, ela forma


uma imagem mental da comida como uma maneira de
satisfazer seu desejo.
Ocorre que a imagem da mental da comida para a pessoa
faminta não reduz e nem suprime a tensão (fome).

Ela precisa procurar, encontrar e consumir alimento para


satisfazer, de fato, a fome.
Desequilíbrio  Tensão/Impulso  Comportamento  Objetivo

Vazio no Dirigir-se
Fome Estômago
Sanduiche
à Cantina
Nesse sentido, entra em ação uma segunda estrutura do
sistema: o Ego. Este opera no nível da consciência,
fazendo o indivíduo partir para a ação.

Outro exemplo, é o sonho, que representa sempre a


satisfação ou tentativa de satisfazer os desejos.
O Ego é responsável pelo contato com o ambiente, com a
realidade externa, e constitui a sede de quase todas as
funções mentais.

Podemos dizer que é o principal componente psicológico


da personalidade.
Enquanto o Id conhece apenas a realidade subjetiva da
mente, o Ego é capaz de diferenciar entre ela e a realidade
do mundo externo.

No exemplo da pessoa faminta, o Ego é capaz de


diferenciar a imagem mental da comida e a percepção real
dela.
Para o Id interessa apenas saber se uma experiência é
agradável ou desagradável (principio do prazer).

Já o Ego quer se certificar se uma experiência é falsa ou


real, se tem existência externa ou não.

Enquanto isso, retém a descarga imediata da tensão até


que seja encontrado o objeto apropriado para satisfação
da necessidade, suspendendo, temporariamente, o
principio do prazer.
O Ego é regido pelo principio da realidade e opera, em
função disso, por meio do processo secundário.

Cabe a ele encontrar as direções da ação, bem como


selecionar a quais aspectos do meio deverá reagir e quais
instintos devem ser satisfeitos.
O Ego desempenha a difícil tarefa de equilibrar as
exigências, muitas vezes antagônicas, do Id e do
superego.

É o intermediário entre as exigências instintivas do


organismo e as condições do ambiente.
O Superego: Último sistema a se desenvolver. Nada mais é
do que uma parte bastante diferenciada do Ego, a tal ponto
que podem contrapor frontalmente.

É o censor das funções do Ego e decide se algo é certo ou


errado, de modo a garantir que uma pessoa aja em
harmonia com os padrões sociais vigentes.
É o árbitro moral internalizado, ou seja, o representante
interno dos valores e ideias da sociedade transmitidos e
reforçados pelo sistema de punições e recompensas
impostas à criança pelos pais.
Portanto, representa mais o ideal do que om real, tende
mais à perfeição que ao prazer e, podemos dizer, é o
componente social da personalidade.
Bloqueia os impulsos do Id, principalmente os de natureza sexual
e agressiva, pois são os mais condenados pela sociedade
quando exteriorizados.
Nível
Estrutura Psíquico Funções
É o reservatório de energia psíquica da libido e
Id Totalmente condiciona fortemente os acontecimentos psíquicos.
Inconsciente Irracional e impulsivo procura o prazer acima de tudo
e alheio à realidade e à moral.
Representante a realidade e do mundo externo.
Parcialmente Deriva do Id e procura, na medida do possível,
Ego Inconsciente satisfazer seus impulsos. Também procura satisfazer
as exigências morais do Superego. Buscar o
equilíbrio entre os impulsos instintivos do Id e as
exigências morais do Superego é a difícil tarefa do
Ego.
Interiorização da autoridade dos pais ou da figura de
Superego Parcialmente poder para a criança. Interiorização das normas da
Inconsciente sociedade. Procura controlar o Id através do Ego.
Tende à perfeição moral e tenta reprimir de forma
E por que isso ocorre?

Porque nosso comportamento é determinado pela forma como


vivenciamos nossa sexualidade.

(1) A função sexual existe desde o princípio da vida, logo após


o nascimento, e não só a partir da puberdade como afirmavam as
ideias dominantes.
(2) O período de desenvolvimento da sexualidade é longo e
complexo até chegar à sexualidade adulta, onde as funções de
reprodução e de obtenção do prazer podem estar associadas,
tanto no homem como na mulher.
Esta afirmação contrariava as ideias predominantes de que o
sexo estava associado, exclusivamente, à reprodução.
(3) A libido, nas palavras de Freud, é a energia dos instintos
sexuais e só deles.

Freud afirmou que o desenvolvimento humano é orientado pelo


impulso sexual, que ele chamou de libido, palavra latina, feminina,
que significa prazer.
Essa constatação, por si só, já causaria espanto à sociedade
naquela época, mas, Freud foi mais além ao afirmar que esse
impulso sexual já se manifesta no bebê.
Em 1905, em seu livro Três ensaios sobre a teoria da
sexualidade, Freud (1905/1996) descreveu a sequência típica das
manifestações do impulso sexual, identificando cinco fases, a
saber:
1 oral (0 a 2 anos),
2 anal (2 a 3 anos),
3 fálica (3 a 7 anos),
4 de latência (7 a 12 anos)
5 genital (a parir dos doze anos até o final da vida do ser
humano).
Fase oral: A ideia de sujeito em Freud (1905/1996) se relaciona à
exigência de satisfação da pulsão sexual. Durante o primeiro ano
de vida, aproximadamente, os lábios, a boca e a língua são os
principais órgãos de prazer e satisfação da criança. Ou seja, suas
satisfações são orais.
Como a atividade sexual surge misturada à necessidade de
nutrição, podemos dizer que:

1 O leite é o objeto que satisfaz o corpo biológico.

2 O seio da mãe é o objeto que satisfaz o corpo psíquico, já que


enquanto o bebê o suga, há toda uma relação de afetividade
que vai lhe inserindo na ordem simbólica.
Segundo Barros (1997) se as necessidades da criança, nesse
período, forem satisfeitas, ela crescerá de maneira
psicologicamente saudável. Se não forem, seu ego será imperfeito.

“Por exemplo, se as necessidades orais forem frustradas durante


esse período, por desmame prematuro, por afastamento rigoroso
de todos os objetos para sugar, o ego poderá ser incapaz de
superar os desejos orais frustrados” (BARROS, 1997, p. 82).

Podendo, portanto, haver fixações em determinada fase que


impedirão um desenvolvimento normal nas outras fases, levando a
vida adulta padrões orais de comportamento.
Como a atividade sexual surge misturada à necessidade de
nutrição, podemos dizer que o leite é o objeto que satisfaz o corpo
biológico e o seio da mãe é o objeto que satisfaz o corpo psíquico,
já que enquanto o bebê o suga, há toda uma relação de afetividade
que vai lhe inserindo na ordem simbólica. As características da
fase oral são sintetizadas da seguinte maneira: como há um prazer
enorme ligado à mucosa dos lábios e à cavidade bucal, a fonte de
onde provêm as excitações é a zona oral, o objeto é o seio materno
e o objetivo é a introjeção do objeto. Como indica Garcia-Roza
(1988), o objeto do instinto é o alimento, enquanto o objeto da
libido é o seio materno – um objeto que é externo ao corpo.
Quando este objeto é abandonado e o bebê começa a fantasiar o
seio, sugando seu próprio polegar, tem início o autoerotismo e
podemos falar de uma sexualidade que se desvia do instinto.
Ego

Id Superego

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