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Édipo Rei - É uma

Peça de Teatro Grega,


escrita por Sófocles por
volta de 427 A.C.

Édipo e a Esfinge
Por Gustave Moreau - Metropolitan Museum of Art
Laio, rei da cidade de Tebas e casado com Jocasta, foi advertido
pelo oráculo de que não poderia gerar filhos e, se esse
mandamento fosse desobedecido, o mesmo seria morto pelo
próprio filho, que se casaria com a mãe.
O rei de Tebas não acreditou e teve um filho com Jocasta.
Depois arrependeu-se do que havia feito e abandonou a criança
numa montanha com os tornozelos furados para que ela morresse.
A ferida que ficou no pé do menino é que deu origem ao
nome Édipo, que significa pés inchados.

O menino não morreu e foi encontrado por alguns pastores, que o


levaram a Polibo, o rei de Corinto, este que o criou como filho.
Já adulto, Édipo também foi até o oráculo de Delfos para saber
o seu destino. O oráculo disse que o seu destino era matar o pai e
se casar com a mãe. Espantado, ele deixou Corinto e foi em
direção a Tebas.
No meio do caminho, encontrou com Laio que pediu para que ele
abrisse caminho para passar.
Édipo não atendeu ao pedido do rei e lutou com ele até matá-lo.
Sem saber que havia matado o próprio pai, Édipo prosseguiu sua
viagem para Tebas. No caminho, encontrou-se com a Esfinge,
um monstro metade leão, metade mulher, que atormentava o povo
tebano, pois lançava enigmas e devorava quem não os decifrasse.
O enigma proposto pela esfinge era o seguinte: Qual é o animal que
de manhã tem quatro pés, dois ao meio dia e três à tarde?

Ele disse que era o homem, pois na manhã da vida (infância)


engatinha com pés e mãos, ao meio-dia (idade adulta) anda sobre
dois pés e à tarde (velhice) precisa das duas pernas e de uma
bengala. A Esfinge ficou furiosa por ter sido decifrada e se matou.

O povo de Tebas saudou Édipo como seu novo rei, e entregou-lhe


Jocasta como esposa. Depois disso, uma violenta peste atingiu a
cidade e Édipo foi consultar o oráculo, que respondeu que a peste
não teria fim enquanto o assassino de Laio não fosse castigado.
Ao longo das investigações, a verdade foi esclarecida e Édipo
cegou-se e Jocasta enforcou-se.

Édipo e a Esfinge (Oedipus et Sphinx), 1808, pintura de Jean Auguste Dominique Ingres; Paris, França.
No século XIX, Sigmund Freud fez uma reinterpretarão do mito
de Édipo, denominada como o Complexo de Édipo.

Segundo Freud, o Complexo de Édipo é um conjunto de desejos


amorosos e hostis, que uma criança experimenta em relação
aos seus pais.

Em sua forma positiva, o complexo é semelhante à história do


mito, ou seja, desejo da morte do rival que é a pessoa do mesmo
sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto.

Em sua forma negativa, apresenta-se de forma inversa, ou seja,


raiva do sexo oposto e amor pelo mesmo sexo.

De acordo com o pensamento freudiano, o Complexo de Édipo


é vivido entre os três e os cinco anos e desempenha um papel
fundamental na estruturação da personalidade e na orientação
do desejo humano.

Ele ainda ressalta a influencia do comportamento dos pais na vida


da criança.
Complexo de Édipo – Se fundamenta no pressuposto de que tanto meninos quanto
meninas se sentiriam naturalmente atraídos pelo progenitor do sexo oposto repudiando
ainda o progenitor do mesmo sexo.

“As relações do filho com sua mãe são para ele uma fonte contínua de excitação e satisfação
sexual, a qual se intensifica quanto mais ela lhe der provas de sentimentos que derivem de sua
própria vida sexual, beijá-lo, niná-lo, considerá-lo substituto de um objeto sexual completo.
Seria provável que uma mãe ficasse bastante surpresa se lhe dissessem que assim ela
desperta, com suas ternuras, a pulsão sexual do filho.
Ela acha que seus gestos demonstram um amor assexual e puro, em que a sexualidade não
desempenha papel algum, uma vez que ela evita excitar os órgãos sexuais do filho mais que o
exigido pelos cuidados corporais.
Mas a pulsão sexual, como sabemos, não é despertada apenas pela excitação da zona genital;
a ternura também pode ser muito excitante.”
SIGMUND FREUD
“O que é, então, o Édipo?

O Édipo é a experiência vivida por uma criança de cerca de quatro anos que, absorvida
por um desejo sexual incontrolável, tem de aprender a limitar seu impulso e ajustá-lo
aos limites de seu corpo imaturo, aos limites de sua consciência nascente, aos limites de
seu medo e, finalmente, aos limites de uma Lei tácita que lhe ordena que pare de tomar
seus pais por objetos sexuais.

Eis então o essencial da crise edipiana: aprender a canalizar um desejo transbordante.

No Édipo, é a primeira vez na vida que dizemos ao nosso insolente desejo: “Calma! Fique
mais tranquilo! Aprenda a viver em sociedade!” Assim, concluímos que o Édipo é a
dolorosa e iniciática passagem de um desejo selvagem para um desejo socializado, e a
aceitação igualmente dolorosa de que nossos desejos jamais serão capazes de se
satisfazer totalmente.”

“Édipo – O complexo do qual nenhuma criança escapa.” (J.D Nasio, 2007)


Angústia de Castração - Fantasia do menino de que que seria punido com a mutilação
de seu Falo, chama-se fantasia de “angústia de castração”.

A ameaça de ser punido com a castração e a angústia daí resultante são uma ameaça e
uma angústia fantasiadas. Decerto, um menino pode cometer um erro e ter medo do
castigo, mas a fantasia de ser punido com a castração e a angústia daí resultante
são inconscientes.

A angústia de castração é a medula espinhal do psiquismo do homem. Esse par de


sentimentos antagônicos, prazer e medo de ser punido, está na base de toda neurose.

A neurose é acima de tudo a ação simultânea de sentimentos opostos e porque a criança


edipiana sofre, como um neurótico, com o doloroso conflito entre saborear o prazer
de fantasiar e ter medo de ser punido caso persevere.

“Édipo – O complexo do qual nenhuma criança escapa.” (J.D Nasio, 2007)


Frutos do Complexo de Édipo – Formação do Superego e Identidade Sexual

O superego é instituído graças a um gesto psíquico surpreendente: o menino abandona os


pais como objetos sexuais e os mantém como objetos de identificação.

Uma vez que não pode mais tê-los como objetos de seu desejo, apropria-se deles como
objetos do seu eu; na impossibilidade de tê-los como parceiros sexuais, promete
Inconscientemente ser como eles – em suas ambições, fraquezas e ideais.
Sem poder possuí-los sexualmente, assimila a moral deles.

É graças a essa incorporação que a criança integra os interditos parentais que doravante
imporá a si mesma.

O segundo fruto do Édipo é a assunção progressiva da identidade sexual.

“Édipo – O complexo do qual nenhuma criança escapa.” (J.D Nasio, 2007)


O superego tem a missão de reprimir o complexo de Édipo.

(...) O superego retém o caráter do pai, enquanto que


quanto mais poderoso o Complexo de Édipo e mais
rapidamente sucumbir à repressão (sob a influência da
autoridade do ensino religioso, da educação escolar e
da leitura), mais severa será posteriormente a dominação
do superego sobre o ego, sob a forma de consciência
(conscience) ou, talvez, de um sentimento inconsciente
de culpa (...)

O superego, portanto, é o herdeiro do Complexo de Édipo,


e, assim, constitui também a expressão dos mais
poderosos impulsos e das mais importantes vicissitudes
libidinais do id.

“O Ego e o Id” (Freud, 1923/1996)

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