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O estágio psicossexual que direciona a nossa atenção para os genitais, é a

introdução do complexo de Édipo. Freud introduziu o conceito de complexo de


Édipo em A interpretação dos sonhos, publicado pela primeira vez em 1990. Freud
acreditava que o poder duradouro do drama decorria do nosso reconhecimento
inconsciente de que a história do Édipo é a nossa história, de que a maldição
lançada sobre ele antes do seu nascimento também fora lançada sobre cada um de
nós. Entendia que estávamos destinados a ter de passar por um estágio na qual
ansiaríamos por uma ligação intima com o progenitor do sexo oposto, e
sofreríamos com um ciúme raivoso do nosso rival, o progenitor do mesmo sexo.
Nossa saúde mental posterior, ele pensava, dependia em grande parte de sermos
capazes de abandonar esses sentimentos, mas poucos de nós nos livramos
inteiramente deles. Na maioria de nós, uma parte deles subsiste no inconsciente, e,
assim como o horrorizado Édipo finalmente descobre sua culpa, Freud pensou, nós,
na plateia, sentimos o impacto dos desejos e medos poderosos que estão à
espreita no nosso inconsciente.
A crença de Freud de que todos os meninos sentem o desejo inconsciente
de se livrar do pai e substituí-lo como amante da mãe, e de que todas as meninas
carregam o desejo inconsciente de eliminar a mãe e substituí-la como amante do
pai. Tratando-se de fantasias muito perigosas e assustadores, elas são
universalmente reprimidas; isto é, permanecem profundamente encobertas no
inconsciente do indivíduo. No entanto, embora encobertas, geram conflitos
espantosos e continuam a exercer uma influência importante na sua vida.
A necessidade de existir um tabu implica que existe um impulso muito forte
que precisa ser reprimido. Descobriram que o complexo de Édipo, ao menos no
que se aplica aos meninos, era de fato universal, ou seja, encontrado no folclore
de todas as culturas. Os críticos de Freud há muito argumentam que o complexo
de Édipo ocorre apenas em sociedades patriarcais estratificadas; seria uma
consequência patológica dessas sociedades. Freud entende os sentimentos
edipianos como um dado hereditário.
Embora a evidência do folclore sustente a hipótese edipiana no que afeta os
meninos, os autores não encontraram a mesma evidência em relação às meninas.
A fase edipiana pode ser essencialmente sem problemas se os pais forem
amorosos e sensíveis durante toda a adolescência. Hoje em dia, a maioria dos
analistas sustenta a posição de que o complexo de Édipo e sua resolução, mesmo
na melhor das hipóteses, contém muitas dificuldades psicológicas para a criança,
que podem certamente se tornar muito mais brandas ou mais intensas,
dependendo da resposta parental. Freud desenvolveu a teoria de que experiências
sexuais preços predispunham a criança à neurose futura.

A teoria edipiana de Freud tem três importantes implicações:


1. A teoria do complexo de Édipo nos revela algo crucial a respeito da nossa vida
mental inconsciente.
2. Os fenômenos descritos por essa teoria constituem uma parcela inevitável da
condição humana. Isso inclui as atitudes de homens e mulheres em relação a si
mesmos e entre si. Na visão de Freud, isso significa assertividade masculina e
passividade sedutora feminina.
3. Levando tudo em consideração, Freud entendia que a assertividade masculina e a
passividade feminina eram provavelmente a melhor combinação.
Por quase 50 ano, Freud trabalhou para refinar e clarificar a teoria edipiana.
Continuamos a viver em um mundo masculino. Os homens têm autoridade, e deles
se espera o domínio. Jessica Benjamin acredita que o patriarcado está tão
profundamente entranhado na cultura, que sua extirpação do inconsciente coletivo
cultura não acontecerá da noite para o dia. Assim, independentemente de quanto a
mensagem transmitida a determinada criança possa ser suavizada por pais
esclarecidos, e ela acredita ser crucial que eles façam isso, por muito tempo a
mensagem de dominação masculina continuará gravada no inconsciente das
crianças da nossa cultura. Jessica não é desprovida de otimismo. Ela vislumbrou
um novo mundo no inequívoco movimento em direção à igualdade dos sexos.
No vocabulário psicanalítico, o conflito entre segurança e autonomia se tornou
conhecido como conflito de reaproximação. No segundo ano de vida, a criança se
depara com um grave conflito entre dependência e autonomia. Por um lado, ela
deseja contato com a mãe e também a sua proteção. Por outro, existe um vasto
mundo novo a ser explorado, e a criança anseia por se sentir forte e livre. A mãe
capaz de apoiar amorosamente os impulsos alternados da criança nas duas
direções está mais preparada para ajudá-la a minimizar o conflito subsequente,
entre abandono e absorção, embora talvez ninguém escape dele por completo. Ela
chamou esse período de reaproximação (reconciliação), porque nas fases de
desenvolvimento anteriores a criança demonstrara menos interesse pelo contato
maternal, fazendo com que a mãe frequentemente se sentisse abandonada.
Durante o estágio de reaproximação, a criança sente novamente um desejo de
proximidade com a mãe, uma reconciliação, embora, como vimos linhas atrás, esta
reaproximação seja intermitente. Entra a figura do pai. Desde o começo, ao longo
do período de reaproximação, o pai desempenhou um papel menos importante
nesse drama. O pai parece mais poderoso que a mãe. É fisicamente mais forte e é
masculino, em um mundo que atribui domínio à masculinidade. Lembre-se que o
poder materno, imensamente superior ao da criança, foi e continua sendo
assustador e inibidor. A medida que o papel do pai adquire importância nesse
drama, surge um meio de neutralizar o poder da mãe: uma ligação com o pai. O
drama é diferente para meninos e meninas. Os meninos sabem que são
semelhantes ao pai em um aspecto significativo, não compartilhado pela mãe ou
pela irmã: tem pênis. De modo inverso, as meninas percebem que a ausência de
um pênis é uma diferença visível do pai. Freud acreditava que tanto os meninos
quanto as meninas achavam que todo aquele que não tinha pênis era incompleto e
inferior. E também a hipótese infantil mais provável para explicar isso era a menina
ter perdido o pênis que tinha antes. Na sua visão, isso fazia com que a castração
parecesse um perigo real para os meninos. E também sobrecarregava as meninas
com uma “inveja do pênis” vitalícia, que moldava grande parte do seu psiquismo
subsequente. Algumas proeminentes psicanalistas feministas contemporâneas
reconheceram que existem elementos dessas teorias que são clinicamente
indispensáveis e puseram-se a reexaminar o fenômeno.
DESENVOLVIMENTO DO COMPLEXO DE ÉDIPO NOS MENINOS
Para o infante de 5 anos, o pai aparece como um antídoto ao poder
assustador da mãe. Ele é tão poderoso quanto a mãe, talvez até mais. Para o
menino, identificar-se com ele proporciona um sentimento do seu próprio poder. E
é de fato significativo o pai ter pênis. É isso o que o distingue da mãe, e o pênis é
um importante sinal de semelhança entre pai e filho. O pênis se torna um símbolo
do poder paterno, do eventual poder do filho e do poder da masculinidade. O
menino identifica-se com o pai, protegendo-se assim do poder materno. Uma
camaradagem masculina é estabelecida.
Embora o menino fuja do poder assustador de sua mãe, ela ainda é o seu
primeiro amor. A medida que ele se identifica com o pai, e que percebe a
importância do pênis, esse amor assume uma nova forma, de desejo erótico. Além
de sua identificação amorosa com o pai, o menino agora encontra nele um rival par
essa nova forma do seu amor pela mãe, o que faz com que ele sinta ressentimento
e hostilidade. O vínculo inicial com a mãe assumiu um importante aspecto erótico,
e seu pai, ainda amado em algum nível determinado de consciência, tornou-se um
rival. A rivalidade com essa figura tão poderosa é perigosa e, desse modo, a esse
complicado conjunto de emoções em relação ao pai, uma outra emoção é
acrescido: o medo e a culpa. O curso inevitável da vida inconsciente do menino fez
com que ele entrasse em um conflito agudo e doloroso com dois dos mais
proibidos entre todos os desejos: o incesto e o patricídio. O filho é agora um rival
do amor da esposa, e o pai perceber em si sentimentos competitivos e, algumas
vezes, até mesmo hostis. Recordemos agora como a história do édipo começou. O
crime cometido com plena consciência não foi o de Édipo, mas o de Laio, que
tentou assassinar seu pequeno filho inocente. Em virtude disso, muitas vezes foi
sugerido que o complexo deveria se chamar complexo de Laio.

COMPLEXO DE ÉDIPO NAS MENINAS


Enquanto o objeto de amor edipiano do menino é a mesma pessoa que ele
amou e de quem necessitou desde o início, a menina tipicamente muda sua
orientação da mãe, seu vínculo inicial, para o pai, seu novo objeto amoroso. Da
mesma forma que seu irmão, a menina necessita de um antidoto contra o poder
avassalador da mãe. Como ele, ela precisa de ajuda para estabelecer sua
independência da mãe. Também como ele, ela se volta para o pai e, nesse
momento, tem um desapontamento. Não consegue se identificar com o pai da
mesma forma que o irmão. Sabe muito bem que existe uma diferença fisiológica
significativa: ela não tem pênis. Em geral, o pai não a acolhe como a uma pequena
camarada, como fez com o filho. Está mais propenso a trata-la como uma pequena
criatura, adorável e sedutora. Ela aprende a primeira consequência dolorosa de não
ter um pênis: é excluída da identificação e da camaradagem com seu poderoso pai,
que poderia protege-la do poder avassalador da sua mãe e defender sua demanda
por autonomia e individualização. O amor da mãe por ele é erótico, e a garota
ainda está fortemente identificado com ela. O pai a trata como adorável e
sedutora. Embora não tenha pênis, como amente do pai ela poderá possuir o dele
e, desse modo, compartilhar o seu poder. Assim, o principal objeto de amor deixa
de ser a mãe e passa a ser o pai. O relacionamento da menina com a mãe entra
numa fase extremamente complicada. A mãe é o seu primeiro amor e é a pessoa
com quem ela se identifica. Mas agora ela se tornou sua rival em relação ao amor
do pai. Esse é o complexo de Édipo nas meninas: um desejo erótico pelo pai,
associado a uma rivalidade confusa, ambivalente e raivosa com a mãe.

SIMILITUDES DO COMPLEXO DE ÉDIPO EM MENINOS E MENINAS


Ambos temem o poder avassalador da mãe e ambos se voltam para o pai em
busca de proteção.
Ambos acabam desejando o progenitor do sexo oposto e considerando o
progenitor do mesmo sexo como um rival.

DIFERENÇAS DO COMPLEXO DE ÉDIPO EM MENINOS E MENINAS


O garoto depende de sua semelhança com o pai para obter sua proteção, e a
garota, de sua atratividade.
O menino acaba desejando o progenitor que ele sempre amou e de quem foi
dependente; a menina tem de fazer a transição do amor pela mãe para o amor e
desejo pelo pai.

RESOLUÇÃO DO COMPLEXO DE ÉDIPO


Nas meninas a forma como resolve o complexo de Édipo indicará em que medida
ela pode alegremente se aceitar como mulher, e terá um importante impacto nos
seus relacionamentos com homens e mulheres. A garota pode emergir se sentindo
culpada em relação ao sexo ou aos seus relacionamentos com mulheres mais
velhas. Pode estar em conflito com a sua identidade sexual. Pode ter sua vida
amorosa seriamente dificultada por uma inabilidade de se sentir apaixonada e
afetuosa pela mesma pessoa. O garoto enfrenta a mesma tarefa e as mesmas
armadilhas, embora, como veremos, existem diferenças. Pode ser que ninguém
passe por essa crise de desenvolvimento sem ficar com algumas marcas e algum
fardo duradouro nas costas. Pais sensíveis e amorosos podem reduzir o fardo, mas
provavelmente não podem eliminá-lo.
Freud entendia que o complexo de Édipo se desenvolvia em dois estágios. O
primeiro aparece durante a fase fálica. É nesse que a resolução do complexo de
Édipo começa. O segundo estágio edipiano segue-se à puberdade, e é aqui que a
resolução finalmente desabrocha. Entre esses 2 estágios edipianos, encontra-se o
estágio que Freud rotulou de LATÊNCIA.

PERIODO DE LATENCIA

Esse período se estende desde aproximadamente 6 anos até a puberdade. Os


impulsos eróticos da fase fálica são recalcados, como também o complexo de
Édipo. Tanto a socialização quanto o transcorrer do desenvolvimento pulsional
contribuíam para que a sexualidade seja reprimida. O terror das fantasias
incestuosas parece ser um importante fator do recalque que dá início ao período de
latência. Entretanto, Freud reconheceu que muitas crianças continuam a sentir
poderosos impulsos sexuais durante esse período. Na nossa cultura, esses impulsos
se expressam na masturbação, mas em culturas em que é permitido, a atividade
sexual infantil, incluindo o intercurso sexual, é comum nos anos que antecedem a
puberdade. O período da latência parece ser especifico em cada cultura.
Esse período para Freud contribuía para a vulnerabilidade humana à neurose.
Freud argumentava que a sensualidade, inclusive a edipiana, tem o seu maior
desenvolvimento na fase fálica. Então, essa sensualidade encontra oposição,
frequentemente em forma de socialização. A criança pode sentir culpa ou vergonha
ou mesmo aversão, e a sensualidade é recalcada. A criança precisa fazer com que
as correntes sexuais dos seus impulsos estejam em harmonia com os impulsos de
carinho e amor.

A FASE GENITAL: RESOLUÇÃO DO COMPLEXO DE ÉDIPO

É provável que as sementes da resolução tenham sido plantadas na fase


fálica e estejam agora florescendo. Como observamos, o modo como o complexo
de Édipo é resolvido determinará em grande parte como a criança púbere seguirá
em frente para lidar com a adolescência e a sexualidade adulta.
Os adolescentes devem se libertar do seu apego erótico ao progenitor e
descobrir um meio de dirigir essa energia para pessoas novas e apropriadas. Não é
fácil fazer a transição do objeto do desejo edipiano, mas ela se torna menos difícil
quando existe cooperação sensível dos pais. Freud acreditava que a resolução ideal
do complexo de Édipo conduziria a um equilíbrio heterossexual, no qual o
adolescente/adulto poderia ter sentimentos de afeição e de paixão pela mesma
pessoa, em que poderia amar quem desejasse e desejar quem amasse.
Freud achava que, para o indivíduo atingir completamente a meta de reunir
afeição e paixão, o complexo de Édipo tinha de ser eliminado – não apenas
recalcado, mas totalmente destruído. Sendo apenas recalcado, ele continuaria a
exercer uma influência destrutiva, ao passo que, sendo eliminado, ou seja, não
mais existindo nem no inconsciente, a pessoa estaria livre para desfrutar uma
sexualidade adulta satisfatória. Teoricamente, ele acreditava que as chances de ele
ser abolido nos meninos eram maiores do que nas meninas, devido ao poderoso
medo de castração.

RESOLUÇÃO POSITIVA
Para alcançar o objetivo de uma vida heterossexual bem adaptada e
satisfatória, o adolescente do sexo masculino passa a se identificar com seu pai e,
assim, abandona a disputa perigosa e competitiva. Ele decide inconscientemente
encontrar uma menina, como seu pai encontrou, ou seja, uma menina como a
mãe. Entretanto, com a competição abandonada e o tabu do incesto aceito, torna-
se claro que a mãe não é elegível.
Similarmente, a menina adolescente passa a se identificar com a mãe,
abandona a disputa competitiva e começa a buscar um homem como o pai. Freud
chamou isso de resolução positiva, considerando-a a melhor esperança de uma
vida adulta bem adaptada.
RESOLUÇÃO NEGATIVA
Uma resolução na qual o adolescente abandona a competição, adotando a
posição homossexual. Uma resposta comum à perda é se identificar com a pessoa
perdida, introjetando-a ou a uma parte importante dela, desse modo desfazendo
fisicamente a perda.

O desejo é equivalente ao ato. As meninas que se consideram vitoriosas edipianas


tendem a crescer com um medo culposo das mulheres, especialmente das
mulheres mais velhas. Inconscientemente, elas acreditam que propositadamente
furtaram suas mães e que alguma mulher mais velha as vingará.

Pode nos impedir de amar e desejar a mesma pessoa. Dependendo da intensidade


com que estamos fixados no progenitor desejado, ele pode nos impedir de nos
entregarmos plenamente a um parceiro.

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