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A Galinha Degolada
Autor: Horacio Quiroga
Tradução de Léo Schlafman
Para Melanie Klein, a fantasia é considera como uma atividade mental básica,
mental da criança, e, podendo ser apresentada não apenas como forma defensiva, é
vista como função principal de sua teoria. Para ela, ainda, as fantasias se manifestam
de forma corporal quando são profundas e primitivas, porém, parte destas podem
forma contínua em que elas fantasiam, e não apenas mediante frustrações reais.
A autora frisa a fantasia de uma visão distinta de Freud, pois, para ele a
fantasia fora vista como um aspecto fictício para a satisfação de um desejo. Já para
Para ela, há outro pensamento que implica com o de Freud, quando entende
jovem, o casal Mazzini-Ferraz. A mãe, Berta, dá à luz a seu primeiro filho logo depois
de se casar com Mazzini. Porém, ao completar um ano e oito meses de vida, um mal
súbito acomete o bebê e o torna demente. Houve outras duas tentativas de terem
filhos saudáveis, porém todos os meninos (incluindo os gêmeos que nasceram por
último) também foram acometidos pelo mesmo mal. Os quatro filhos eram um
Não havia afeto na pouca relação com os pais. Contudo, com o casamento frustrado e
os quatro filhos dementes, ainda pulsava no casal a ideia de ter um filho que fosse
igual a todos os outros. Então nasce uma menina, saudável e linda. Bertita era seu
nome. O mal não a alcançara e então ela se torna o alvo de todo o amor e cuidados
dos pais. Um dia, logo após verem a empregada degolar e dessangrar uma galinha
idiotas, ficaram vislumbrados com o sangue vermelho. Os pais e Bertita, a filha sadia,
cumprimentar e a menina, Bertita, segue sozinha até a casa. É então que os irmãos,
que os olhos só brilhavam quando viam a luz do sol, a puxam do muro em que Bertita
havia subido e a levam para cozinha, fazendo o mesmo que a empregada fez com a
do afeto e cuidado de seus pais, podemos pensar na teoria das relações objetais de
Melanie Klein como condicionante do comportamento do sujeito. Lendo o conto,
pensa-se que o final trágico está completamente ligado à suposta demência dos
quatro meninos. Porém, na teoria de Klein, se dá maior importância aos pais e aos
padrões de relação que o individuo desenvolve com as pessoas ao seu redor do que
o desenvolvimento do indivíduo.
com seus quatros primeiros filhos, chamados de idiotas e tratados de forma até
mesmo bestial. A teoria das relações objetais (Klein, 1963) mostra que a busca por
humana é vista nas necessidades das crianças e é por isso que é o objeto que atende
às tais necessidades. As relações objetais são as relações que a criança cria com os
ser parte de pessoas (como o seio materno), pessoas ou até mesmo coisas
inanimadas. Porém, não é sobre uma necessidade por satisfação de impulsos sexuais
aquela relação direta, olho no olho, que a mãe (ou figura materna) oferece. É assim
respeito dessa relação. Já o contexto entende-se que a mãe oferece ao filho uma
No conto, porém, não há para nenhum dos quatro primeiros filhos de Berta
afeto ou cuidado que disponha contato humano. Os meninos não tiveram em Berta o
objeto que lhes traria estabilidade e segurança. Não há figura materna que forneça
nem o foco nem o contexto. Isso faz com que os quatro meninos fiquem sem qualquer
Ainda que Quiroga trouxesse ao leitor a crença de que os quatro meninos não
quanto o desprezo dos pais e o abandono familiar levam os quatros meninos à esse
deles com os pais e com a irmã. Klein explica que a criança procura por
a mãe) sendo qualquer pessoa que estabeleça qualquer tipo de vínculo com a criança.
Klein diz que o ser humano busca sempre diminuir a tensão que é causada por
meninos mataram sua irmã de uma forma de extrema violência. O fato é que o
marcado justamente pela falta de afeto, cuidado e amor que os pais manifestam pelos
quatro meninos. A forma bestial não está na demência das crianças nem em sua
doença, mas sim maneira disforme em que os meninos são criados. O fim trágico
havia de positivo no que o médico lhes disse (dar-lhes a educação possível e ignorar o
psíquico do indivíduo.
Referências:
Klein, M. (1996) A psicoterapia das psicoses. (p.266)