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MELANIE KLEIN:

Teoria das relações objetais. Deriva da teoria das pulsões de Freud, mas difere
da teoria freudiana em três pontos:

1. A teoria das relações objetais dá importância menor aos impulsos


biológicos e maior importância aos padrões de relacionamento que as
crianças desenvolvem com as pessoas do seu entorno.
2. Abordagem mais maternal, destacando a intimidade e o cuidado da
mãe, ao contrário da teoria freudiana que enfatiza o poder e o controle
da figura paterna.
3. A busca por contato e relacionamento é a motivação fundamental do
comportamento humano e não o prazer sexual.
Relações objetais são as relações que a criança estabelece com os objetos
que estão ligados à satisfação de seus desejos e necessidades. Esses objetos
podem ser pessoas, ou parte de pessoas como o seio da mãe, e podem ser
coisas inanimadas.
Ela parte do princípio básico de que o ser humano busca sempre reduzir a
tensão que é provocada por desejos insatisfeitos, no caso das crianças muito
pequenas o objeto que reduz essa tensão é a pessoa ou parte da pessoa que
atende as suas necessidades, por isso Klein estuda como são as relações que
a criança estabelece com seus primeiros objetos, que são a mãe e seu seio,
que se tornam modelo para todos os seus futuros relacionamentos
interpessoais.
Todo relacionamento está permeado por representações psicológicas de
antigos objetos que foram significativos em nossa infância, incluindo as
pessoas. Nós enxergamos parcialmente esses objetos nas pessoas com as
quais nos relacionamos, são reminiscências, restos de experiencias passadas
que projetamos em relação ao presente.
Fantasias e objetos: vida psíquica da criança
Freud enfatizava a importância das experiencias infantis que acontecem por
volta dos 4 aos 6 anos de idade como fundamentais para toda a vida do
indivíduo. Klein não discorda, mas destaca a importância das experiencias das
crianças que ocorrem já por volta dos 4 aos 6 meses de idade.
Os 2 estudiosos acreditam que a criança nasce com predisposições para tentar
reduzir a ansiedade que é causada pelo conflito entre a pulsão de vida e a
pulsão de morte.
A pulsão de vida é o nosso desejo inato de buscar a vida, a criação e o prazer,
enquanto que a pulsão de morte é o nosso desejo de buscar a morte, o
isolamento e a distribuição.

Essas 2 forças habitam dentro de nós em um conflito que jamais será


resolvido, mas que impulsiona a nossa vida psíquica.
Fantasias:
Klein afirma que já chegamos ao mundo predispostos a aliviar a ansiedade que
resulta do conflito entre as pulsões de vida e morte, essa prontidão inata para
agir e reagir indica que nós já nascemos com certos conteúdos psíquicos,
conteúdos primitivos herdados de gerações passadas através do inconsciente,
uma posição também defendida por Freud.
Esse conteúdo psíquico, segundo Klein, faz com que o recém-nascido tenha
uma vida mental repleta de fantasias, mas é importante não confundir essas
fantasias com aquelas das crianças mais velhas.
As fantasias dos bebês estão totalmente baseadas no conteúdo primitivo do
inconsciente, são imagens de noções muito básicas de bom e mal, para um
bebezinho a sensação de estômago cheio é sentida como boa, já o estômago
vazio é algo ruim, o bebê que adormece chupando o dedo pode estar
fantasiando que suga o seio da mãe, já o bebê faminto que chora e chuta pode
estar fantasiando que chuta o seio malvado que não alimenta.
Na medida em que a criança amadurece, as fantasias inconscientes
relacionadas ao seio materno continuam tecendo influência sobre ela, mas
outras fantasias emergem e são formatadas tanto pela realidade quanto pelas
pré-disposições herdadas.
Uma dessas fantasias é o complexo de édipo, no qual a criança fantasia
destruir um dos genitores e ter um relacionamento amoroso com o outro.
Os objetos são pessoas, parte de pessoas e coisas inanimadas que satisfazem
as necessidades do bebê, segundo Klein o bebê se relaciona com os objetos
externos tanto de forma fantasiosa e imaginativa quanto de forma real.
O primeiro objeto normalmente é o seio que alimenta a criança, mas logo surge
também o interesse por outras partes da figura materna, como o rosto e as
mãos que atendem às suas necessidades e gratificam a criança.
Por meio da fantasia os bebês internalizam ou introjetam em sua estrutura
psíquica esses objetos externos, os objetos introjetados não são apenas
pensamentos sobre coisas que estão do lado de fora da criança, são fantasias
ativas de que os objetos de fato estão dentro dela própria.
Assim, para nós adultos é difícil compreender isso, mas o bebê que introjetou a
mãe tem a sensação de que ela está constantemente dentro de si e tem que
ter própria dentro dele.
Essa noção de objetos internalizados de Melanie Klein guarda certo parentesco
com a noção de superego de Freud que é a internalização dos ideais e dos
valores morais dos pais.
Teoria das posições:
Klein entende que os bebes estão envolvidos em um conflito constante entre as
pulsões de vida e de morte. Entre bem e mal, amor e ódio, criatividade e
destruição. Na medida em que a psique se desenvolve o bebe prefere
sensações gratificantes e evita frustrações.
Posições: 1. Paranoide-esquizoide e 2. Depressiva. Representam o
desenvolvimento e crescimento normais do bebe.
1. Posição paranoide-esquizoide: nos primeiros meses de vida o bebe
entra em contato com o seio bom e o seio mau, o bebe tem emoções
ambivalentes em relação ao seio materno por conta das pulsões de vida
e morte. Ele deseja controlar o seio devorando-o e guardando-o dentro
de si. Ao mesmo tempo tem a vontade de aniquilar o seio por mordida e
rasgões. Assim para dar conta dessa ambivalência o ego do bebe se
divide e cada parte dará conta de um sentimento em relação ao seio.
Assim o bebe deixa de ter medo da sua destruição e passa a se
relacionar com duas fantasias: a do seio perseguidor e a do seio ideal.
O seio ideal representa a gratificação, amor e conforto que o bebe tem
com o seio materno, sente vontade de guardar o seio dentro de si como
forma de proteger do seio perseguidor, que seria o seio malvado,
destruidor do seio ideal.
Para guardar esse seio ideal, o bebe adota a posição paranoide-
esquizoide, para organizar suas experiencias, com duas características:
sentimentos paranoicos de perseguição e clivagem (compreensão que
todos os objetos internos e externos têm uma versão boa e uma má, é
uma visão dividida da realidade em dois opostos).
Essa posição se desenvolve por volata dos 3 ou 4 meses de vida, essa
visão dividida do mundo está enraizada na predisposição biológica que o
bebe tem de atribuir valor positivo à sensação de nutrição e à pulsão de
vida e atribuir valor negativo à sensação de fome e à pulsão de morte.
A clivagem, divisão da realidade entre o bom e o mau, não fica restrita
aos bebes. A projeção, que é o ato de projetarmos nossas
características e desejos negativos em outros objetos como o seio
perseguidor, também é algo que não se limita aos primeiros meses de
vida.
2. Posição depressiva: pelo 5 ou 6 meses os bebes começam a unir os
aspectos ambivalentes dos objetos externos e perceber que o bom e o
mau podem existir em um único objeto. O bebe começa a ter uma visão
mais realista da mãe e notar que ela é um ser independente dele, e que
tanto pode ser boa quanto má. O ego que é o centro da personalidade,
começa a amadurecer ao ponto de conseguir tolerar os próprios desejos
de destruição.
O bebe começa a perceber que a mãe pode ir embora e desaparecer
para sempre, e o medo de perde-la faz com que queira protege-la dos
próprios desejos de destruição. Mas o ego do bebe percebe que é
incapaz de proteger a mãe, e desenvolve sentimentos de culpa pelos
desejos de destruição que sentia pela mãe.
A posição depressiva é esse misto de ansiedade por perder a mãe e
culpa por ter desejado destruí-la. A criança passa pelo desejo de
reparação pelas agressões do passado e por ver a mãe como um ser
vulnerável e desenvolve um sentimento de empatia por ela.
A posição depressiva é resolvida quando a criança fantasia que
conseguiu repara as transgressões do passado e reconhece que a mãe
não vai desaparecer de uma vez e que ela sempre retornará.
Se essa posição depressiva não for completa o indivíduo pode
desenvolver falta de confiança, incapacidade de superar o luto e outras
desordens psíquicas.
Projeção:
Os mecanismos de defesa psíquicos são ativados quando precisamos nos
defender da ansiedade.
Desde muito cedo o bebe utiliza o mecanismo de defesa projeção para reduzir
a ansiedade provocada por sentimentos e impulsos que existem dentro dele,
com os quais ele não consegue lidar, projeta em outra pessoa, objetos ou
partes de corpos de outras pessoas.
Por toda a nossa vida utilizamos da projeção para lidar com sentimentos que
nos causam ansiedade, como a inveja, rancores, incompetência e avareza,
projetamos essas características ruins nos outros, mas também podemos
projetar desde cedo boas qualidades.
Projetamos em objetos externos aquilo que não aceitamos que exista em nós,
esses objetos podem ser outras pessoas, lugares, países, partidos políticos e
outros.
Identificação projetiva:
Também projetamos em objetos externos aquilo que não conseguimos aceitar
dentro de nós. Mas depois introjetamos esse material de maneira modificada
ou distorcida.
Pode acontecer de diversas formas ou ter efeitos benéficos ou deletérios em
nossas relações interpessoais. Pois quem recebe a identificação projetiva pode
se identificar com esse material e passar a se comportar de acordo com isso.
Ex. pessoas podem projetar numa criança características de como se ela
fosse burra, podem projetar como se ela fosse incapaz, a criança pode passar
a se comportar como se fosse incompetente e perder interesse pelos estudos
por acreditar que não é capaz de aprender.
Na identificação projetiva há uma tendencia para modificar a pessoa que
recebe a projeção. A pessoa que recebe a projeção passa a ser depositário do
material que não foi digerido por aquele que projetou, mas nem sempre isso é
ruim.
Às vezes, pessoas podem projetar conflitos que não conseguem lidar em
pessoas que são mais capazes de lidar com eles, que pode ser um terapeuta,
um familiar ou mesmo um bom amigo. Essa pessoa pode digerir o material e
devolvê-lo para quem o projetou, e isso pode se dar de forma inconsciente ou
parcialmente inconsciente.
Ego e superego:
Ego:
Para Freud o ego existe desde o nascimento, mas não possui nenhuma função
complexa, ela só começa a desenvolver o ego por volta dos 3 ou 4 anos de
idade, antes ela é dominada pelo id.
Para Klein o ego atinge a maturidade antes do que pensava Freud. O ego é
extremamente desorganizado nas primeiras semanas d vida, mas já é forte
para sentir ansiedade, para realizar mecanismo de defesa psíquicos e relações
objetais.
O ego começa a se desenvolver quando o bebe tem as primeiras relações com
a mãe, quando esta lhe dá alimento, carinho e sensação de segurança. A
criança também sente as sensações de fome, abandono e insegurança quando
a mãe não pode atende-lo assim que ele chora. Essas sensações agradáveis e
desagradáveis estão na base do seio bom e seio mau, que são fantasias
desenvolvida pelo bebe.
O seio bom e o seio mau fornecem para o bebe o ponto de partida para o
desenvolvimento do ego, que é o centro de sua personalidade. Toas as
experiencias do bebe são avaliadas pelo ego e são relacionadas ao seio bom
ou seio mau.
Divisão do ego:
O ego se divide para que o bebe possa lidar com as experiencias prazerosas e
desagradáveis, com o seio bom e o seio mau, o ego se divido em o eu bom e o
eu mau.
No eu bom o bebe é alimentado e amado, no eu mau o bebe vive o
desamparo. Isso faz o bebe vivencias os aspectos positivos e negativos dos
objetos externos.
Na medida em que o bebe se desenvolve, suas percepções começam a ser
mais realistas, o ego passa a se unificar e integrar.
Superego:
1. Surge mais cedo, antes dos 3 anos.
2. Não é uma superação do complexo de Édipo.
3. Muito mais duro e cruel do que Freud descreve.
Freud diz que o superego comporta o ego ideal, com sentimentos de
inferioridade e a consciência, com sentimentos de culpa. Klein diz que nas
crianças mais velhas e adultos isso acontece dessa forma. Nas crianças
pequenas o superego inicial gera terror em vez de culpa.
Crianças pequenas temem serem cortadas, devoradas e dilaceradas em
pedaços. E isso resulta dos próprios desejos destrutivos das crianças,
enraizados nas frustrações vividas por elas nas relações objetais. E esses
desejos são sentidos com muita ansiedade.
Para lidar com essa ansiedade, o ego mobiliza as pulsões de vida contra
pulsões de morte, a energia criadora contra a energia destruidora, e essa luta é
a base para o desenvolvimento do superego.
Meu resumo:
Técnica: psicanalista do brincar. Voltado para crianças.

Os princípios essenciais do tratamento eram iguais para todos.

Já o psiquismo dos pacientes muito pequenos é diferente, e essa diferença


está no brincar.

Técnica do brincar:

Não se reduz à ludoterapia: descarga emocional pelo qual se libera de um


afeto desagradável.

O brincar não é uma satisfação das pulsões.

O brincar não se reduz à observação analítica.

A criança ainda não pode fazer associações livres, como é o caso dos adultos,
pois a angustia opõe uma resistência as emoções verbais.

O brincar toma o lugar da associação no sentido analítico, da palavra no lugar


de outra. O brincar faz oficio de metáfora.

No brincar, as crianças representam simbolicamente fantasias, desejos e


experiencias. Deixa tudo mais cristalino.

É necessário observar o material utilizado, a maneira de brincar, a reação por


que passam de uma brincadeira para outra e os meios de representação.
A sequência do brincar tem valor de formação do inconsciente.

Uma interpretação gera a ocorrência de outra brincadeira, que por sua vez é
interpretada e assim sucessivamente. Então a angústia diminui, na criação de
uma nova simbolização.

A angústia presente não pode ser administrada pela aparelhagem do eu, o


princípio do prazer, então há as representações: o brincar que tem o mesmo
estatuto simbólico do sonho.

Desenvolveu um entendimento do funcionamento do self infantil. O


entendimento profundo da personalidade da criança é a base para a
compreensão da vida social.

Descobertas:

Na psicanálise o paciente revive em relação ao psicanalista situações e


emoções muito arcaicas, gerando aspectos infantis, como dependência
excessiva e necessidade de ser guiado.

Essa estrutura arcaica das emoções infantis, persiste ao longo da vida e


interfere na mente adulta.

Klein amplia o conceito de inconsciente ao propor que é habitado por fantasias


consideradas por ela representantes mentais das pulsões instintivas.

Que todo impulso instintivo é dirigido a um objeto, palavra técnica que designa
uma representação mental de uma pulsão ou instinto.

As fantasias do bebe existem sob a forma de emoções, depois adquirem uma


figura interna. A mãe, o seio alimentador, seria esse primeiro objeto interno do
bebe, podendo adquirir qualidades boas ou más, conforme a função exercida.

Ex. é o caso da fome do bebe, que é algo concreto tanto fisiologicamente como
psicologicamente, e adquire a qualidade de bom ou mal de acordo com os
sentimentos que evoca, se alimentado é bom e é mal quando não satisfeito.

Ao nascer o bebe é dominado pelo medo de desintegração, que seria a


ansiedade de morte. Que ao satisfazer as suas necessidades o bebe esta sob
a influência do instinto de vida e, ao negá-las, sob a influencia dos instintos de
morte.

Se a mãe a satisfaz é internalizada como objeto bom e é fonte de segurança,


se não a satisfaz é o objeto mal.

Melanie cria uma psicanálise voltada para a descrição e a compreensão dos


estados afetivos e a natureza das relações estabelecidas com o mundo interno
e externo.

Ela parte do conceito de instinto de morte ampliando-o e relacionando-o como


medo de não sobreviver, transformando-o assim em nossa principal fonte de
ansiedade.

Antes da formação do ego e do superego do bebe, já existia uma força


negativa atuando, gerando defesas contra ansiedades iniciais, que aos poucos
vão se corporificando em estruturas.

Estruturas precursoras:

O bebe ao nascer ainda não tem um ego constituído, mas tem estruturas
precursoras capaz de sentir ansiedade e de se defender dela por maio das
projeções e introjeções.

Identificação projetiva: ocorre quando podemos perder funções mentais, viver


parte de nossas vidas projetadas em fantasias no mundo interno de outra
pessoa, ou podemos ter parte de nossas vidas vividas em identificação com
aspectos da vida de outrem.

O mundo interno para Klein: a representação interna que o bebe faz do mundo
é resultado do próprio processo através do qual ela internalizou, sendo este,
por sua vez, governado pela natureza da ansiedade que o gerou.

Klein acreditava que as transferências para figuras do mundo externo, o


analista, são possíveis desde a tenra infância, tornando a analise viável desde
essa época.

Ela afirma que a própria relação com os pais reais comporta certo grau de
transferência. Que a questão essencial é a relação existente entre o mundo
interno, onde os significados são gerados, e o mundo externo.
Que uma mãe perfeitamente adequada e amorosa pode ser vivenciada pelo
bebe como alguém incapaz, ameaçador, dependendo da projeção da
ansiedade ou agressividade deste bebe.

1. A formação arcaica de supereu ou do dever do gozo:

O supereu é definido como herdeiro do complexo de édipo: são as proibições


parentais que permanecem inscritas no sujeito após o declínio da relação
edipiana.

Supereu constitui-se por volta dos 4-5 anos, através da internalização das
exigências e proibições. A criança renuncia à satisfação de seus desejos
edipianos atingidos pela proibição, abandona o objeto de amor e de desejo
incestuoso e transforma seu investimento nos pais em identificação com os
pais, ela internaliza a proibição.

Klein dizia que o supereu arcaico é a força incorporadora que obriga


imperativamente a criança a viver. E essa força chega a ser devastadora,
pulsão de destruição. Seria um sadismo na constituição do eu.

ANNA FREUD

A criança em si não poderia ser analisada, por isso o que tem de ser analisado
é o contexto e as relações que pudessem marcá-las.

Diferentemente do adulto, a criança não compreende as suas relações afetivas


porque tais relações ainda estão acontecendo e a personalidade está em
processo de construção. Partindo desse pressuposto, é impossível
compreender uma personalidade que ainda não foi formada.

Sendo assim, a dinâmica pedagógica é essencial para realizar a terapia. É


preciso trabalhar a psicanálise na educação.

Porém, Anna adverte que pais ou professores não devem possuir exclusividade
no processo de educar, pois muitas vezes são eles mesmos que deixam as
crianças neuróticas devido ao excesso de repressão. Deve-se transcender o
princípio do prazer, de modo saudável, pois ele é a primeira realidade na vida
de alguém.
Ao nascer, todo indivíduo busca satisfazer os impulsos e desejos fisiológicos e
biológicos. Mas para evoluir, cada um de nós deve abandonar este princípio
inicial e partir para o princípio de realidade, onde é possível equilibrar as
frustrações causadas pela não satisfação de certos impulsos.

A dra. Freud percebeu que pais e professores deveriam ajudar a criança a


se tornar autônoma e criativa.

A tarefa de direcionamento de uma criança tem de ser do analista, para que ela
não possa regredir a níveis mais baixos de desenvolvimento. O profissional
necessita decifrar se certas tendências sexuais infantis precisam ser
controladas, subjugadas ou mesmo vistas como um comportamento inútil no
contexto social civilizado, ou então, até que ponto aquele impulso pode ser
satisfeito durante o desenvolvimento da criança.

Slides

Pedagogia voltada para as necessidades das crianças e seus conflitos internos


e externos.

A pedagogia busca meios externos para intervir no comportamento do sujeito,


já a psicanálise visa construir bases e referenciais internos, sem os quais o
sujeito não encontra sentido para cumprir as demandas do ambiente.

Críticas as formas de educação existentes.

Expandir o conhecimento do educador através de suas contribuições (ego,


investimento libidinal) e com isso aperfeiçoar a relação entre a criança e o
educador.

Tentar reparar os danos causados pelo ensino.

Ela buscou criar uma pedagogia psicanalítica, capaz de compreender o sujeito


na sua individualidade e assim obter resultados no contexto ao qual está
inserido, e não o contrário.
O aparato psíquico no cenário escolar como esquecimento, apatia, inibições ou
dificuldades relacionadas ao conhecimento, indisciplina, medos ansiedades
eram indesejados pelo aparato escolar.

O aparato escolar possibilita materializar:

1. Educação maciça das crianças.


2. O fortalecimento de seu vinculo com os estados de origem.
3. Instalação de um amplo processo de ensino de ciências.
4. Criação de processos formais de formação dos professores.

Relevância sobre os debates políticos sobre o reconhecimento e cuidado das


crianças e também sobre a orientação de formação dos professores.

Anna Freud dizia que os professores necessitavam agir e intervir para educar
as crianças, mas que eles necessitavam entender o significado dessa
intervenção.

Seus esforços são direcionados para a questão particular de formação dos


professores, principalmente sobre a compreensão dos “princípios” com os
quais o educador opera.

A perspectiva do desenvolvimento:

Na perspectiva da psicanálise, discute-se o trabalho especifico do professor


como repositório de uma autoridade que se torna visível na sala de aula,
impelida de agir ali.

Anna apresenta uma ideia de maturação.

Cada uma das fases corresponde a uma atitude afetiva.

Nas fases evolutivas pelos quais a criança passa, caso algum desses estágios
sejam muito sedutores, surge uma ameaça para a criança se estabelecer nele
prematuramente, recusando-se a continuar sua jornada.

HEINZ KOHUT: psicologia do self


Substitui o conceito de ego freudiano, pelo self.

A relação do bebe com a mãe é a chave para o desenvolvimento futuro do


indivíduo. É a partir dessa relação que o self, o universo psicológico do
indivíduo, evolui de uma imagem vaga e indiferenciada para uma identidade
individual clara e precisa.

É a capacidade humana de se relacionar com os outros que está no núcleo da


personalidade e não as pulsões inatas como defendia Freud.

O bebe precisa que a figura materna satisfaça suas necessidades físicas, como
nutrição e sono, como suas necessidades psicológicas, como desejo por
atenção e carinho.

A forma como a figura materna trata o bebe influencia o desenvolvimento de


sua personalidade. Através do processo de interação empática o bebe
internaliza as respostas emocionais que a figura materna oferece aos seus
comportamentos, coisas como orgulho, vergonha, culpa, inveja e outras
atitudes da mãe em relação ao bebe se tornam os “tijolos” que ele usará como
material de base para a construção de sua própria personalidade.

Self centro do universo psicológico do indivíduo, ele unifica e dá


consistências as experiencias da pessoa no mundo permanecendo
relativamente estável ao longo do tempo.

O self formata as maneiras pelos quais a criança se relacionará com os pais e


como as outras pessoas lhe são significativas.

Narcisismo infantil:

Os bebes são naturalmente narcisistas, eles são autocentrados e se importam


exclusivamente com o próprio bem estar desejando serem admirados pelo que
são ou pelo que fazem.

O self do bebe cristaliza-se em torno de duas necessidades: a necessidade de


exibição e a necessidade de construir uma imagem idealizada dos pais.

O self exibicionista se estabelece quando o bebe se relaciona com um adulto


que demonstra aprovação em relação aos seus comportamentos. Então o bebe
forma uma autoimagem inicial a partir de mensagens como “se os outros me
acham perfeito, então eu sou perfeito”.

Já a imagem idealizada que os bebes constroem sobre os pais faz certa


oposição ao self exibicionista, afinal se os pais também são perfeitos isso
significa que o bebe não é o único ser perfeito. Mas a idealização dos pais
também satisfaz uma necessidade narcisista, pois a criança passa a pensar
“Se vocês são perfeitos eu também sou, pois sou uma parte de vocês”.

O self exibicionista e a imagem idealizada dos pais devem se modificar na


medida em que a criança se desenvolve. A grandiosidade do self deve dar
lugar a uma visão realista de si mesmo, embora o indivíduo continue a ver
pontos positivos em sua própria personalidade.

A imagem idealizada dos pais deve também se transformar em uma imagem


realista.

Se o self exibicionista e a idealização dos pais não se modificarem isso


resultará em uma personalidade adulta patologicamente narcisista, o indivíduo
permanecerá autocentrado e verá o resto do mundo como sua audiência que
deve admirá-lo.

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