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Temas principais:

Repressão

Culpa

Luto

Trauma

Autores:

Freud: recalcamento do desejo sexual; fases psicossexuais

Kohut: filho como objeto do self, mãe castradora

Stolorow: filho como prolongamento da mãe, trauma

Winnicot: mãe, seria uma mãe tolerante? Mãe castradora?

HIPOTESES:

Narcisismo: filho como prolongamento da mãe


Artigo

Vinculação, Rêverie Materna e Integração Pulsional

A família é, para a grande maioria das crianças, o primeiro quadro de desenvolvimento, o


primeiro lugar de vida, das primeiras emoções, das primeiras trocas, das primeiras
aprendizagens. Os laços que a criança estabelece com os adultos afectivamente significativos
– os que exercem as funções parentais – vão lançar as bases da organização psíquica e ajudar
a integrar as pulsões libidinais narcísicas e objectais, eróticas e agressivas.  família como
sitio seguro

Para a Psicanálise, os primeiros laços afetivos constituem uma espécie de herança sentimental,
no interior da qual se processa o desenvolvimento psíquico do sujeito e a partir da qual se
constroem as ferramentas internas onde se filiam os modos dominantes de aprendizagem e
as modalidades de relacionamento ao longo da vida.

Supõe-se que os alicerces da personalidade se desenvolvam nos primeiros diálogos tónico-


emocionais entre o bebé e a mãe, espaço de intensas transacções afectivas. Toda uma parte
do nosso cérebro é construída pela interacção com o meio e as estimulações afectivas numa
idade muito precoce são vitais para estruturar os instrumentos cognitivos e emocionais de que
a criança se servirá para gerir as suas emoções, se relacionar com o mundo e se interessar pelo
mundo mental dos outros

Segundo a Teoria da Vinculação (Guedeney & Guedeney, 2004) as primeiras trocas de co-
regulação afectiva entre a criança e as suas figuras de vinculação são progressivamente
interiorizadas, construindo, como postulou Mary Ainsworth (1974), “modelos operantes
internos” que a orientarão na leitura dos seus estados emocionais, na leitura das disposições
do outro a seu respeito e nas suas futuras relações sociais.

As primeiras experiências vinculativas constituem assim o protótipo dos laços de amor cujo
modelo fica presente em cada um de nós até à morte. Quando este amor é demasiado ferido
por vivências disruptivas, de abandono, de rejeição, de indisponibilidade, existe dor física /
sofrimento mental e formam-se ao nível infraverbal, visceral, muscular, núcleos onde se
enredam a violência, o medo e o desespero. Forma-se, como refere Green (2000) “uma
memória do desamor que funciona durante toda a vida de modo traumático, isto é, repetitivo,
puxando o sujeito para trás, sob a forma de anti-crescimento”, levando à utilização de defesas
muito primitivas contra a dor, sob a forma de auto-destruição ou agindo os conflitos e
destrutividade no exterior. T

O recém-nascido é objecto, no decurso dos primeiros meses de vida, de agressões externas e


internas em relação às quais se encontra, dada a sua imaturidade neuro-motora, indefeso e
impotente. Este estado de desamparo inicial, leva a que esteja numa dependência absoluta de
um Outro/mãe que lhe garante a satisfação das suas necessidades e põe cobro ao estado de
tensão e desequilíbrio que elas originam. O bebé necessita, para resolver este mal-estar, da
presença protectora, filtrante e securizante do adulto, o que Freud (1926) designaria como
função de pára-excitação 4 : “O ser da primeira infância não está de facto equipado para
dominar psíquicamente as grandes quantidades de excitação que chegam do exterior ou do
interior. Numa certa época da vida, o interesse mais importante é, efectivamente, que as
pessoas das quais dependemos não nos retirem a sua terna solicitude”. Através de um
processo que a teoria psicanalítica viria a designar por identificação projectiva (Klein) o bebé
introduz na mente materna o estado de angústia ao qual não é ainda capaz de conferir nome
nem sentido e que, por isso mesmo, é vivenciado como insuportável. Bion (1962) introduz os
conceitos de continente/conteúdo e de função alfa para falar desta função materna que
segura, contém, desintoxica e confere significado(s) aos estados emocionais iniciais do bebé
(elementos beta, factos não digeridos, incapazes de se ligarem entre si e que não podem
senão ser expulsos). Esta função foi designada como capacidade de rêverie, correspondendo a
um estado mental da mãe descrito como de calma receptividade para sentir e acolher o que
lhe chega do bebé e lhe atribuir um significado. A mente materna, em estado de rêverie,
cumpre então uma verdadeira função de alfabetização, uma função de transformação da
violência fundamental em estados emocionais toleráveis, que podem então ser reintrojectados
pelo bebé, assim como a própria função, desenvolvendo-se no seu interior um aparelho para
conter as emoções e pensar os pensamentos. A identificação com esta ferramenta materna
permite à                                                             4 Freud assinalou em”Inibição,Sintoma e Angústia”
que a situação traumática que o recém-nascido vive como perigo é a situação de acréscimo de
tensão que resulta da necessidade contra o qual é impotente http://www.eses.pt/interaccoes
349 SÁ criança a construção de um bom acompanhante interno que a auxiliará numa primeira
gestão e controle dos seus estados emocionais. Como refere Hanna Segal (1975): “quando um
bebé tem uma angústia intolerável, enfrenta-a projectando-a dentro da mãe. A resposta da
mãe é a de aceitar esta angústia e de fazer o necessário para atenuar o sofrimento do bebé. A
percepção da criança é então a de ter projectado qualquer coisa de intolerável dentro do seu
objecto, mas que o objecto foi capaz de a conter e de a enfrentar. Pode então reintrojectar,
não a angústia originária, mas uma angústia modificada, porque foi contida. Introjecta
simultâneamente um objecto capaz de conter e enfrentar a angústia. A contenção da angústia
por um objecto interno capaz de compreensão é a base da estabilidade mental.” Bion
assinalaria também que a estabilidade psíquica pode ficar comprometida quando, por alguma
razão, a mãe não é capaz de oferecer esta rêverie que dá um significado à experiência. Neste
caso, o bébé fará a experiência de que o significado não existe e, em consequência, poderá
manter-se num estado de terror perante o desconhecido, experiência referida pela primeira
vez por Karin Stephen (1941) como “nameless dread” (terror sem nome), designando o terror
de absoluta impotência da criança perante a tensão instintual e a violência fundamental. Em
condições normais do desenvolvimento a criança beneficia de um ambiente que a protege.
Pelo final do primeiro ano de vida a maior parte das crianças adquiriram já um estilo afectivo
que impregna o cérebro e lhes dá a possibilidade de se socializarem. A vinculação a uma figura
segura (mãe ou outra figura de ligação) permite à criança guardar uma representação do outro
dentro de si e partir, desejante e confiante, à descoberta de outros Outros e do mundo. A
evolução maturativa associada à qualidade dos cuidados maternos permitirá ao bebé
combinar uma experiência de busca de satisfação e busca do objecto com a experiência
agressiva (imbricação das pulsões narcísicas e objectais, da agressividade e do amor). Torna-se
então possível albergar no mesmo lugar da mente, lado a lado, amor e agressividade, dirigidos
à mesma pessoa, poder sentir-se co-autora e responsável pelas relações que estabelece e
pelos danos que a sua agressividade provoca no outro e iniciar um ciclo benigno em que, ao
lado do ímpeto agressivo, existe a possibilidade de, através da http://www.eses.pt/interaccoes
ANGÚSTIAS PRECOCES, RÊVERIE MATERNA, DESTINOS DA VIOLÊNCIA 350 sua acção, reparar,
contribuir, construir alguma coisa (criar) que reinstale a confiança nas partes boas do self e o
vínculo com o exterior. Podemos aproximar o conceito de rêverie materna e o ciclo de
projecção/introjecção correspondente com o conceito de “função de espelho” de Winnicott
(1965) que se refere a um estado materno onde o bebé se veria reflectido, um verdadeiro
“espelho emocional”, primeira via através da qual a criança inicia a apreensão dos seus
estados interiores. Respostas atempadas criam o bom, um bom que torna a criança capaz de
fazer face ao mau, ao que causa desprazer e impõe desvios ao desejo e que introduz a
frustração. O importante é que o bom tenha sido experimentado e que esteja suficientemente
presente para que possa ser reencontrado. Se isso for possível, a criança poderá transportar a
figura securizante consigo e não se deixar submergir pela cólera ou pelo desespero. Mas
quando, por algum motivo, estes processos ficam comprometidos, a emoção passa
rapidamente ao acto agressivo, com falência das funções internas de fantasmatização. O
fantasma torna-se realidade, é agido. Como refere Joan Riviere (1965), o amor e a
compreensão do meio fornecem um mundo estável no qual a criança pode sentir que as forças
e as pulsões destrutivas e perigosas dentro de si se confrontarão com uma resistência e serão
controladas e que os sentimentos e as tendências boas serão satisfeitas e encorajadas. As
tempestades internas do desejo, da raiva e do terror, podem então encontrar uma saída sem a
levar a confrontar-se com o desamparo, o desespero e a destruição, sentimentos de que se
defenderá pelo incremento do mecanismo de projecção com fugas para a realidade. A rêverie
materna comporta assim um aspecto reparador e transformador no que respeita à violência
pulsional e uma dimensão que poderíamos qualificar de pedagógica, na medida em que a mãe,
modelo vivo de tratamento dos problemas, deseja inconscientemente que a criança venha a
aplicar este tratamento a si própria. Oferece-lhe suporte e recursos para o futuro. A rêverie
materna constitui-se como um modelo de valor ético para toda a relação, pois a preocupação
com o bom desenvolvimento do Outro é aqui fundamental. Diz-nos Phillipe Jeammet (2005):
http://www.eses.pt/interaccoes 351 SÁ “Toda a acção que consiste em cuidar de uma criança
tem por objectivo essencial ligar a destrutividade. Mas o que quer dizer ligar? Ligar quer dizer
conferir um sentido, associar este sentido às manifestações de um sujeito que não se pode
apropriar dele (…) Ligar é reunir intrapsiquicamente e intersubjectivamente. O que ficou ligado
não faz desaparecer a potência do desligamento. Ela é somente embalada, adormecida,
convidada a sonhar”. Conscientes que o desumano faz também parte do humano, sabemos
que a vida recoloca, em cada uma das suas etapas, uma permanente tarefa de ligação e de
transformação da parte destrutiva, através da sua integração nos vínculos emocionais. Quais
os destinos da violência? Não podemos prevê-lo, mas, tal como Freud, continuamos a pensar
que tudo o que favoreça o estreitamento dos vínculos emocionais entre os homens actua
contra a violência. Esta é a tarefa de onde a educação de uma criança retira o seu desafio
principal e o seu fim último

file:///C:/Users/huawei/Desktop/6%C2%BASemestre/a%20culpa%20%C3%A9%20do
%20antonio/luto%20freud%20e%20klein%20(1).pdf

O processo de luto está inevitavelmente presente na dinâmica entre os dois polos da


existência humana: a vida e a morte. Para compreender tal princípio buscou-se, neste estudo,
explorar as concepções de luto e seu processo, a partir da ótica psicanalítica, utilizando as
contribuições conceituais de Sigmund Freud e de Melanie Klein.

O luto é caracterizado como uma perda de um elo significativo entre uma pessoa e seu objeto,
portanto um fenômeno mental natural e constante durante o desenvolvimento humano.
Nesse contexto, por se tratar de um evento constante, acaba implicando diretamente no
trabalho de profissionais da saúde, tornando-se um conhecimento necessário para o amparo
adequado àqueles que sofrem a perda. A ideia de luto não se limita apenas à morte, mas o
enfrentamento das sucessivas perdas reais e simbólicas durante o desenvolvimento humano.
Deste modo, pode ser vivenciado por meio de perdas que perpassam pela dimensão física e
psíquica, como os elos significativos com aspectos pessoais, profissionais, sociais e familiares
do indivíduo. O simples ato de crescer, como no caso de uma criança que se torna
adolescente, vem com uma dolorosa abdicação do corpo infantil e suas significações,
igualmente, o declínio das funções orgânicas advindo com o envelhecimento. A capacidade de
o indivíduo, desde a infância, se adaptar às novas realidades produzidas diante das perdas
servirá como modelo, compondo um repertório, reativado em experiências ulteriores.

Durante o desenvolvimento, o indivíduo passa por constantes experiências de perdas que se


constituem em modelos de estados psíquicos que são incorporados na mente e poderão ser
vividos em situações semelhantes ulteriores. Freud (1926) constata que as primeiras
experiências traumáticas constituem o protótipo dos estados afetivos, que são incorporados
na mente, e quando ocorre uma situação semelhante são revividos como símbolos mnêmicos.
Para Freud (1923), em O Ego e o ID, o ato de nascer é o primeiro grande estado de ansiedade,
que ocorre por ocasião de uma separação da mãe, diante de um perigo de desamparo
psíquico, torna-se assim a fonte e o protótipo do estado de ansiedade. Inicialmente, a imagem
mnêmica que a criança tem da pessoa pela qual ela sente anseio é intensamente catexizada,
em seu estado ainda pouco desenvolvido, essa imagem mnêmica é provavelmente de forma
alucinatória, e a criança não sabendo como lidar com sua catexia de anseio, origina uma
ansiedade como uma expressão de desorientação. Freud (1926) lembra, em Inibições,
Sintomas e Ansiedades, do fato de que também a ansiedade de castração, que pertence à fase
fálica do desenvolvimento psicossexual, constitui o medo de sermos separados de um objeto
altamente valioso, a perda do objeto, no caso o pênis. Nesta fase, o alto grau de valor narcísico
que o pênis possui pode valer-se do fato de que o órgão é uma garantia de que pode
novamente se unir à mãe (ato da copulação). O superego elimina essa possibilidade, fazendo
que a separação com a mãe seja renovada, e isto por sua vez significa uma tensão
desagradável, como foi o caso do nascimento que ocorre por ocasião de uma separação da
mãe. Para o autor, as situações de perigo mais antigas vão ser abandonadas à medida que o
ego se desenvolve. Assim, quando o ego do indivíduo é imaturo, este se vê diante do perigo de
vida; até a primeira infância, o perigo da perda de objeto; até a fase fálica, o perigo da
castração; e o medo do superego, até o período de latência.

No processo de luto, a inibição de qualquer atividade que não esteja ligada ao objeto perdido e
à perda de interesse no mundo externo ocorre por causa da catexia do objeto que continua a
aumentar e tende, por assim dizer, a esvaziar o ego. Para Freud (1915), essa inibição é
expressão de uma exclusiva devoção ao luto, devoção que nada deixa a outros propósitos ou a
outros interesses. Freud (1926), em Inibições, Sintomas e Ansiedades, fala sobre a Inibição,
que também não apresenta necessariamente uma implicação patológica, sendo O conceito
psicanalítico do luto 91 Psicólogo inFormação, ano 17, n. 17, jan./dez. 2013 uma restrição da
função do ego imposta como medida de precaução ou acarretada como resultado de um
empobrecimento de energia. O ego, no estado do luto, se vê envolvido e absorvido em uma
tarefa psíquica particularmente difícil, perdendo uma grande quantidade de energia à sua
disposição, tendo que reduzir o consumo dessa energia em muitos pontos ao mesmo tempo

processo de luto é instalado para a elaboração de uma perda, consistindo no desligamento da


libido a cada uma das lembranças e expectativas relacionadas ao objeto perdido, por isso, é
considerado um processo lento e penoso. Como vimos, diante de uma situação dolorosa,
ocorre uma catexia concentrada no objeto do qual se sente falta ou que está O conceito
psicanalítico do luto 95 Psicólogo inFormação, ano 17, n. 17, jan./dez. 2013 perdido, por não
poder ser apaziguada – afinal o objeto não existe mais – tende a aumentar efetivamente,
sendo assim hipercatexizadas. Enquanto o ego se vê absorvido no processo de luto por meio
da hipercatexia, a sua elaboração ocorre sob a influência do teste de realidade, fundamental
para a constatação de que esse objeto não existe mais. O instinto de realidade, como descrito
por Freud (1920), atua através dos instintos de autopreservação do ego. Este princípio não
abandona a obtenção de prazer, porém, pede um adiamento da satisfação, para uma
obtenção de prazer no futuro. Em contrapartida, o princípio do prazer, que está fortemente
ligado aos instintos sexuais e por essa razão eles se tornam mais difíceis de domar, busca um
prazer imediato e desde o início pode ser visto como altamente perigoso e ineficaz para a
autopreservação do ego. Portanto, o teste de realidade atua para a preservação do ego,
solicitando um adiamento da satisfação. O ego está absorvido neste processo por meio da
hipercatexia das lembranças vinculadas ao objeto, deste modo, obtém uma satisfação
imediata, na qual conserva e prolonga-se psiquicamente, nesse meio-tempo, a existência do
objeto perdido. Segundo Freud (1915), esta oposição ocasiona um desvio da realidade e um
apego ao objeto perdido. Cada uma das lembranças e expectativas isoladas por meio das quais
a libido está vinculada ao objeto é evocada e hipercatexizada, e o teste de realidade exige que
toda a libido seja retirada de suas ligações com aquele objeto. Desta forma, o trabalho do luto
é concluído quando a realidade prevalece e quando atingido certo grau de catexia, a libido é
desligada e o ego se vê livre e desinibido outra vez. A capacidade do indivíduo se relacionar
com o mundo externo depende da sua capacidade de distinguir entre percepções internas e
externas. Por meio do teste de realidade, o indivíduo se defronta com cada lembrança do
objeto amado perdido e envolve o ego em uma persuasão narcísica, diante da questão de
saber se seguirá o mesmo destino do objeto ou continuará vivo, assim é convencido pelo
prazer de estar vivo e se desliga do objeto. Freud (1915) nega que nessa persuasão narcísica
contém o triunfo acerca do luto. Para o autor, o triunfo tinha características da mania como
uma grande euforia relacionada à economia. Quando não se tem necessidade de 96 Psicólogo
inFormação, ano 17, n. 17, jan./dez. 2013 Andressa K. S. Cavalcanti; Milena L. Samczuk & Tânia
E. Bonfim fazer grande esforço para alcançar alguma condição, por exemplo, o fato de ganhar
uma grande quantia de dinheiro na loteria pouparia o indivíduo de trabalhar para adquirir
dinheiro, essa situação promoveria grande euforia, a qual não se vê quando o trabalho de luto
é realizado e o ego se vê livre para investir sua libido em outro objeto. Klein (1940) explica que,
o objeto de amor, assim como seus objetos bons da infância, foi introjetado e instalado no seu
mundo interno. Dessa forma, quando se instala o luto adulto, o indivíduo tem uma fantasia
inconsciente de que com o objeto perdido todos os seus objetos bons, inclusive seus pais bons
internalizados, foram perdidos, predominando então os objetos maus, reativando assim a
posição depressiva e suas ansiedades derivadas: culpa, sentimentos de perda provindos do
desmame, complexo de Édipo e outras fontes, além de alguns sentimentos de perseguição que
também podem ser reativados. Ou seja, quando ocorre a perda real, em sua fantasia, o
indivíduo acredita que seu mundo interno foi destruído. O processo de luto para a autora
consiste então na reestruturação do mundo interno, reintrojetando o objeto bom de maneira
a reestruturá-lo, assim como todos os objetos que acreditou ter perdido, recuperando aquilo
que já havia obtido na infância. Uma das situações mais dolorosas numa situação de perda
está na constatação real de que esta existiu. Aperceber-se da perda consiste num trabalho de
teste de realidade, que é fundamental para a compreensão e o caminho até a sua elaboração.
Segundo Klein (1935), o teste de realidade era usado continuamente pelo bebê a fim de testar
seu mundo interior por intermédio da sua realidade externa, assim como a mãe má interna
tinha como referência a mãe externa, a percepção de que a mãe era um objeto integral e
ambivalente do qual continha coisas boas e ruins, trazia uma segurança e, consequentemente,
uma melhor tolerância aos objetos ruins. É então através do prolongado teste de realidade
que se explica de certa forma a necessidade de reativar elos com o mundo externo, revivendo
assim constantemente a perda, o que contribui de forma ativa na dolorosa reconstrução do
mundo interno que está em perigo de desmoronar na mente do indivíduo. Ou seja, da mesma
maneira que o bebê sofre para reestabelecer e reestruturar seu mundo interno na posição
depressiva arcaica, o sujeito enlutado também o faz. O conceito psicanalítico do luto 97
Psicólogo inFormação, ano 17, n. 17, jan./dez. 2013 Klein (1940) postula que dos sentimentos
que estão ligados ao luto, os mais perigosos são os de ódio contra a pessoa perdida, e que,
esse ódio pode vir à tona por uma sensação de ter triunfado sobre o morto.

ão superação da posição depressiva do desenvolvimento, que é crucial para o forte


estabelecimento de objetos bons no mundo interior e para se sentir seguro no mesmo. Nesta
versão patológica do luto há uma interminável ligação com o objeto perdido, e uma
indiferença pela perda, resultado de um abafamento de sentimentos. Podendo causar uma
psicose grave caso o ego recorra a uma fuga para os objetos internos bons, ou uma neurose
caso o ego recorra a uma fuga para objetos externos bons. A autodesvalia expressada pelo
melancólico acontece porque o ego se identifica com o objeto de amor perdido, que faz que a
libido objetal vinculada a ele se volte para o ego do indivíduo. Dessa forma, a libido é julgada
pelo superego como se fosse um objeto, o objeto de amor perdido. É também por essa razão
que o enlutado não sente vergonha ou demonstra se incomodar em expressar seu ódio e
recriminações que, apesar de serem ditas de si mesmo, parecem se referir a outra pessoa, ao
ser amado que agora está de certa forma, instalado dentro do seu próprio ego. Freud (1915)
chega a relacionar a melancolia à fase sádico-oral do desenvolvimento, que além da ideia de
incorporação, há também uma fantasia de destruição ao ato de mastigar e morder. O ego tem
um ímpeto de sobrevivência, porém, no caso da melancolia, há um conflito expressado
sintomaticamente como desvalia, causado pelo objeto amado incorporado, que traz um
sentimento de abandono ao enlutado. Esse conflito do ego pode ser relacionado diretamente
ao conflito da fase oral que traz como sintomas a inapetência, disfunções alimentares,
vômitos, algumas até com certo caráter suicida. O suicídio só poderia ser praticado para a
agressão de outro, ainda que outro que se encontra dentro do próprio ego. 100 Psicólogo
inFormação, ano 17, n. 17, jan./dez. 2013 Andressa K. S. Cavalcanti; Milena L. Samczuk & Tânia
E. Bonfim Melanie Klein (1935) sugeriu que existem defesas da ordem da paranoia na
melancolia, defesas que são características da posição esquizoparanoide. Em seu trabalho de
1940, a autora postula que o luto anormal consiste na não superação da posição depressiva
arcaica, prevalecendo defesas da posição anterior. Ou seja, o indivíduo melancólico ainda
utiliza predominantemente de defesas da posição esquizoparanoide. Uma dessas defesas, a
identificação projetiva, foi introduzida pela autora em 1946, consiste na cisão de partes ruins
do ego seguida da projeção no outro, causando além de uma necessidade de controle alheio
com a finalidade de controlar suas partes excindidas do ego, uma confusão de personalidade.
Esse mecanismo de defesa também estabelece uma relação agressiva de objeto que pode ser
associada à relação de sadismo que é estabelecida entre o enlutado e seu objeto de amor na
melancolia, por conta da autodesvalia dirigida ao próprio ego, como Freud (1915) identificou
ser na verdade dirigida a outro alguém do qual se encontra instalado no próprio ego: o objeto
de amor perdido. O ódio expressado pelo objeto de amor perdido ainda pode ser associado à
relação entre amor e ódio que é descrita na teoria de Klein (1937). O amor e o ódio estão
presentes desde os primeiros anos de vida do bebê, pois este ama a sua mãe quando ela o
alimenta, e a odeia quando esta se ausenta e não atende às suas necessidades, trazendo
sentimentos agressivos de ódio e desejos de destruir a mesma pessoa que é sua fonte de
gratificação. Esses impulsos agressivos é que trarão ao bebê o sentimento de culpa, e
subsequentemente a necessidade de reparação. Essa relação de amor e ódio é que movimenta
as relações. O amor e o ódio lutam entre si na mente da criança; essa luta continua presente
de certa forma pelo resto da vida e pode se tornar fonte de perigo nas relações humanas
(KLEIN, 1937, p. 349). Por outro lado, a desvalia sugere uma regressão ao narcisismo primário,
pois a libido é voltada para o próprio ego. O indivíduo que sofre de melancolia não consegue
investir libido no mundo externo. Portanto Freud (1915) explica que, ainda que com um cunho
negativo, há de certa forma uma devoção a si próprio, ou seja, uma O conceito psicanalítico do
luto 101 Psicólogo inFormação, ano 17, n. 17, jan./dez. 2013 grande devoção ao objeto
perdido incorporado ao ego: “No luto, é o mundo que fica pobre e vazio; na melancolia, é o
próprio ego” (FREUD, 1915, p. 251). A incorporação do objeto perdido, no caso do luto,
acontece em nível transacional, e o teste de realidade traz ao ego a constatação de que o
objeto já não mais existe, forçando o desligamento da libido. O teste de realidade então, de
encontro com o princípio do prazer, visa alcançar um prazer em longo prazo – ainda que
evidencie um prazer que no momento o indivíduo não queira ver – quando a dor adiante for
superada. Porém, na melancolia há uma manutenção do objeto visando a um prazer imediato,
mantendo-o vivo dentro do ego, de forma que o princípio do prazer tenha se sobressaído ao
princípio de realidade, causando essa interminável ligação ao objeto. Freud (1920) comenta
que o princípio de prazer é um método primário do funcionamento psíquico, mas que, no
ponto de vista da autopreservação em relação ao mundo externo, ele se torna ineficaz e
perigoso. Dessa forma, é substituído pelo princípio de realidade que é capaz de fazer um
adiamento da satisfação em favor da autopreservação. Porém, como o princípio do prazer
“persiste por longo tempo como o método de funcionamento empregado pelos instintos
sexuais, que são difíceis de ‘educar’” (p. 20), frequentemente consegue vencer o princípio de
realidade. Há, portanto, uma concordância na obra de Melanie Klein (KLEIN, 1940) ao afirmar
que no luto anormal há uma interminável ligação ao objeto perdido. Mas explica que as
pessoas que não conseguem vivenciar o luto podem ter suas emoções inibidas, por negar seu
amor ao objeto perdido pela sensação de incapacidade de restauração de objetos bons
internos. Há casos onde ocorre um abafamento de sentimentos como o amor, dando vazão ao
ódio que aumenta ansiedades paranoides. E, em casos ainda mais severos, crises maníaco-
depressivas ou até mesmo paranoicas. Dessa forma, as estratégias encontradas pelo ego para
lidar com ansiedades depressivas são as mesmas encontradas no desenvolvimento infantil. No
entanto, para a autora, a análise pode vir a diminuir ansiedades de ordem persecutórias que
provêm dos pais internos destrutivos. A diminuição dessas ansiedades permitem que o ódio
seja mitigado, e a relação com os pais vivos ou mortos seja reexaminada, de maneira 102
Psicólogo inFormação, ano 17, n. 17, jan./dez. 2013 Andressa K. S. Cavalcanti; Milena L.
Samczuk & Tânia E. Bonfim que eles possam ser então reintegrados e melhor estabelecidos no
mundo interno como figuras boas. Com essas figuras boas internas mais firmes e
estabelecidas, é possível lidar de forma mais efetiva com ansiedades depressivas. Em outras
palavras, finalmente superar a posição depressiva que não foi superada no passado. Portanto,
vivenciar o luto e elaborá-lo, bem como sentir emoções como a culpa, o pesar, o amor e a
confiança. Criando uma tolerância maior às perdas, com mecanismos de defesas mais
adequados.

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%20antonio/Luto%20e%20fases%20(1).pdf

Bohleber, Werner. (2007). Recordação, trauma e memória coletiva: a luta pela recordação em
psicanálise. Revista Brasileira de Psicanálise, 41(1), 154-175. Recuperado em 11 de dezembro de 2022,
de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0486-
641X2007000100015&lng=pt&tlng=pt.

O modelo psicoeconômico de trauma de Sigmund Freud

Em 1895, Freud concebe a memória do trauma como um corpo estranho no tecido


psíquico, que atua a partir dali produzindo efeitos, até que, por meio de um
recordar emocional e da ab-reação do seu afeto represado, perde a estrutura de
corpo estranho.

Em “Além do princípio do prazer” (1920g), ele dá continuidade ao desenvolvimento


desse modelo, agora do ponto de vista psicoeconômico. O conceito de corpo
estranho aparece agora como uma quantidade de excitação sobrepujante no Eu,
não atada psiquicamente e que rompe a barreira de proteção ao estímulo do Eu. A
violência dessas grandes quantidades de energia é tanta que torna impossível lidar
com ela e atá-la psiquicamente. No sentido de dominar a tarefa de atar
psiquicamente essa energia, mesmo nessas circunstâncias, o aparelho psíquico
regride para uma maneira de reagir mais primitiva. Freud introduz então o conceito
de compulsão à repetição para descrever a especificidade desta vivência que se dá
em um campo externo à dinâmica prazer-desprazer. Através da compulsão à
repetição, a vivência traumática é atualizada, na esperança de assim atar
psiquicamente a excitação e a colocar novamente em funcionamento o princípio do
prazer bem como todas as formas de reação psíquicas ligadas a ele. O trauma não
apenas perturba a economia libidinal como ameaça a integridade do sujeito de
forma radical (Laplanche e Pontalis, 1973). Em “Inibição, sintoma e
angústia”(1926d), Freud retoma o conceito de angústia automática da forma como
o havia desenvolvido para as neuroses atuais. Em função de uma quantidade
extremamente grande de excitação durante a situação traumática, surge uma
intensa angústia. Ela transborda sobre o eu, que se vê desprotegido e à sua mercê,
ficando absolutamente desamparado. A angústia automática tem como
característica ser indefinida e anobjetal. Em uma primeira tentativa de lidar com
essa angústia automática, o eu tenta transformá-la em angústia sinal, o que tem
como conseqüência a possibilidade de passar de uma situação de desamparo
absoluto para uma expectativa ansiosa. A atividade interna que se desenvolve no
eu nesse momento repete “uma reprodução atenuada da situação traumática”, “na
esperança de poder guiar o andamento da situação traumática, desta vez de uma
maneira ativa” (1926d, p. 200). A situação de perigo externo é assim interiorizada
e alcança um sentido para o eu.18 A angústia é simbolizada e deixa de ser
inespecífica e anobjetal. Desta forma, o trauma adquire uma estrutura
hermenêutica e assim é possível lidar com ele. Com muita pertinência, Baranger,
Baranger e Mom (1988) ressaltam esse aspecto econômico da angústia automática
como um ponto central na experiência traumática. Eles definem a situação de
angústia com sua inespecificidade e sua anobjetalidade como o “trauma puro”. A
pessoa traumatizada tenta domesticar e atenuar o trauma puro, dando-lhe um
nome e inserindo-o em um sistema de ação causal e compreensível.

Os autores falam de um paradoxo aqui: o trauma é, em si, intrusivo e estranho,


mas enquanto permanece estranho é sempre reavivado e irrompe em forma de
repetição, sem que se possa compreendê-lo. Na medida em que o homem não
consegue viver prescindindo de explicações, procura atribuir ao trauma um sentido
individual e tenta historiálo. Em geral, estas histórias criadas posteriormente são
lembranças encobridoras. É tarefa do processo analítico reconhecer essas
lembranças encobridoras como tais e reconstruir a história autêntica, deixando-a
inconclusa e em aberto para o futuro. Em “Inibição, sintoma e angústia”, Freud
descreveu em vários momentos o desamparo experimentado pelo eu como
conseqüência da perda do objeto. Se o eu infantil sente a falta da mãe, ele já não
está totalmente desamparado, pois, neste caso, pode investir a imagem da mãe.
Na situação traumática propriamente dita, não há objeto disponível, cuja falta
possa ser sentida. A angústia permanece sendo a única reação (1926d, p 203).
Este tipo de perda total de objetos internos protetores está no centro do segundo
modelo de traum

https://www.scielo.br/j/pe/a/mKqnLTRgwYbCCcQGr4GxjWg/?format=pdf&lang=pt

Os sintomas são ou uma satisfação de algum desejo sexual ou medidas para impedir tal
satisfação e, via de regra, têm a natureza de conciliação, de formação de compromisso entre
as duas forças que entraram em luta no conflito: a libido insatisfeita, que representa o
recalcado, e a força repressora, que compartilhou de sua origem. É esse acordo entre as partes
em luta que torna o sintoma tão resistente.

Para romper o recalcamento, a libido encontra as fixações necessárias nas experiências do


início da vida sexual, que, por ocorrerem numa época de desenvolvimento incompleto –
marcado pelo estado de desamparo e dependência absolutos –, são capazes de ter efeitos
traumáticos. Conforme Freud, “de algum modo, o sintoma repete essa forma infantil de
satisfação, deformada pela censura que surge no conflito, via de regra transformada em uma
sensação de sofrimento e mesclada com elementos provenientes da causa precipitante da
doença” (p. 427). Destarte, o sintoma é concebido, de início, como a expressão do recalcado.
O trauma é a base real do sintoma e o real derradeiro é, em Freud, a castração. Porém, a
partir dos dados da experiência clínica, Freud conclui que o trauma é, via de regra, suposto
ou inferido, o que o leva ao abandono da teoria do trauma e à concepção da teoria da
fantasia, em que o trauma é tido como parte da realidade psíquica do sujeito e fundamento
da fantasia. O sintoma é, então, definido como a realização de uma fantasia de conteúdo
sexual, ou seja, representa, na totalidade ou em parte, a atividade sexual do sujeito provinda
das fontes das pulsões parciais, normais ou perversas.

file:///C:/Users/huawei/Desktop/6%C2%BASemestre/a%20culpa%20%C3%A9%20do
%20antonio/ARTIGO%20EXELENTE.pdf
A fim de entender sobre sexualidade infantil torna-se importante primeiramente compreender
a diferença existente entre “sexo” e “sexualidade”. Enquanto o Sexo é entendido a partir do
biológico, remetendo-se a ideia de gênero, feminino e masculino, a sexualidade vai além das
partes do corpo, constituindo-se como uma característica que está estabelecida e está
presente na cultura e história do homem.

A razão da negligência ou desatenção que alguns pais e professores demonstram em relação


ao desenvolvimento da sexualidade da criança e suas manifestações pode ser entendida, em
parte devido a criação e a um fenômeno psíquico chamado de amnésia infantil, que na grande
maioria das pessoas acaba por ocultar as recordações dos primeiros anos da infância. A
amnésia infantil, segundo Freud (2006), é um fenômeno psíquico que leva as pessoas ao
esquecimento parcial ou total das lembranças que o indivíduo possui de seus primeiros seis ou
oito anos de vida de sua infância. É como se o EGO3 , por um motivo de defesa afastasse os
eventos geradores de angústia, frustrações, dores que estão conscientes ou inconscientes no
indivíduo. As situações e impressões esquecidas deixam profundos rastros em nossa vida
anímica e acabam por influenciar o desenvolvimento ao longo da vida do indivíduo. Tal
amnésia é comparada por Freud (2006) às apresentadas nos neuróticos quando sofrem perda
da consciência (recalcamento), essa comparação se justifica devido a estudos que comprovam
que a sexualidade dos neuróticos preserva o estado infantil.

PAPEL DOS PAIS Sem dúvida que, pesquisas (Oliveira e Costa, 2011; Egypto, 2003; Werebe,
1998) desenvolvidas a respeito deste tema evidenciam o papel essencial da família na
construção da sexualidade pela criança. Werebe (1998), afirma que a educação informal, que
se realiza pela família, possui uma importância no desenvolvimento da criança e na formação
de valores. Para o autor, os pais são os primeiros educadores da sexualidade da criança. Tal
educação ocorre, muitas vezes de forma inconsciente, pois os pais não tem noção das
consequências que suas atitudes ou falas, o que estas proporcionarão as crianças. Nestes
casos, para Werebe (1998), os pais educam mais pela atitude do que pelo que dizem.
Percebe-se o quanto a fase da descoberta dos órgãos genitais pelas crianças, que ocorre por
volta dos três anos, desestabiliza os pais e os educadores.

A razão da negligência que alguns pais e professores apresentam em relação a sexualidade da


criança pode ser entendida, em parte devido a sua própria criação e a um fenômeno psíquico
chamado de amnésia infantil, que na maioria das pessoas acaba por ocultar as recordações dos
primeiros anos da infância. A amnésia infantil, segundo Freud (2006), é um fenômeno
psíquico que ocorre na maioria das pessoas, levando ao esquecimento parcial ou total das
lembranças que o indivíduo trazia de seus primeiros seis anos de vida ou em alguns casos
chegando a atingir os oito anos de sua infância. É como se o EGO4 , por um motivo de defesa
afastasse os eventos geradores de angústia, frustrações, dores que estão conscientes ou
inconscientes no indivíduo. Para Freud (2006) estas lembranças esquecidas são as grandes
responsáveis pelos profundos rastros em nossa vida anímica e que será a mola mestra para
nosso desenvolvimento posterior. Nos primeiros anos de vida que a criança tem suas mais
puras reações. Sabem expressar dor e alegria, demonstram amor, ciúmes e outros
sentimentos que vivenciam com muita intensidade. Desta forma se pode observar que em
nenhuma outra fase da vida a capacidade de recepção e imitação é maior do que os anos da
infância. As situações e impressões esquecidas deixam profundos rastros em nossa vida
anímica e acabam por influenciar o desenvolvimento do indivíduo. Tal amnésia é comparada
por Freud (2006) às apresentadas nos neuróticos quando sofrem perda da consciência
(recalcamento), essa comparação se justifica devido a estudos que comprovam que a
sexualidade dos neuróticos preserva o estado infantil.

Mãe má https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/02/maes-com-
transtorno-narcisista-o-prazer-delas-e-o-sofrimento-dos-filhos.htm

file:///C:/Users/huawei/Desktop/6%C2%BASemestre/a%20culpa%20%C3%A9%20do
%20antonio/NARCISISMO.pdf Mãe narcísica

As mães narcisistas revelam-se, assim, possessivas em relação aos filhos, controlando-os com
ameaças, chantagens e abusos emocionais (e por vezes físicos), reclamando que não são
submissos o suficiente. Deste modo, negligenciam e desprezam também a autonomia e as
fases normais de crescimento dos filhos, sentindo-se ameaçadas pela independência crescente
destes, temendo deixarem de ser o centro das suas vidas. Estas ocorrências ampliam a
gravidade das circunstâncias do filho, que se vê preso nesta relação tóxica.

Danos ao filho

O filho à partida cresce com carência afetiva materna, principalmente a partir do momento
em que comece a querer ter os seus próprios gostos, vontades e relações, algo que a
progenitora vê como uma ameaça. Estes são vítimas de uma violência maioritariamente
psicológica, onde o facto de a progenitora controlar e depositar as suas expectativas e
vontades de forma exagerada e persistente, sem permitir erros, pode causar danos
irreversíveis no desenvolvimento do filho. Ao crescer com uma progenitora que não
proporciona segurança para que este expresse os seus sentimentos e opiniões, o sujeito
poderá desenvolver uma baixa autoestima, desvalorizando os seus sentimentos em prol dos
sentimentos e opiniões do outro; neste caso, o sentimento de agradar a progenitora
independentemente dos abusos que receba. Por outro lado, tal pode ser usado
estrategicamente pelo filho para evitar os confrontos com o progenitor, num instinto de
reduzir o nível de conflito, gerindo assim a sua própria ansiedade (Dutton, Denny-Keys, & Sells,
2011; Rappoport, 2005). Uma vez que os filhos sofrem de uma violência invisível, é difícil
receberem apoio dos demais, principalmente se estes estiverem, igualmente, relacionados
com a progenitora, apoiando-a como mãe. Com isto, as verdadeiras vítimas são os próprios
filhos, que acabam por desenvolver ansiedade e baixa autonomia, já que foram educados de
forma a não procurarem a independência da sua progenitora. Como esta é uma relação de
difícil ou impossível solução, ter que cortar relações com a sua mãe poderá mostrar-se como o
único desenlace possível para que o filho possa encontrar a sua liberdade, independência e
felicidade, apesar de poder não ser uma solução fácil de concretizar.

https://www.scielo.br/j/agora/a/wFpJx55RQYHMQ7XZnkWndcs/?format=pdf&lang=pt

O termo simbiose nas formulações de José Bleger

Bleger (1967/2001) compreende a simbiose como uma forma de dependência, uma relação
narcísica de objeto, vinculada aos fenômenos de projeção e introjeção, na qual ocorre uma
identificação projetiva cruzada, em que cada um dos depositários age em função dos papéis
complementares do outro, e vice- -versa. Na simbiose, há projeções maciças imobilizadas
dentro do depositário, de tal maneira que, nesse último, boa parte do eu é alienada. Há
também um déficit na personificação, no sentimento de identidade e no esquema corporal,
assim como confusão entre os papéis femininos e masculinos, e um déficit na comunicação no
plano simbólico, com um incremento da comunicação no plano pré-verbal. Para Bleger, a
simbiose é “muda”. Sua sintomatologia só se torna evidente em casos de ameaças de sua
ruptura. Segundo o autor, o controle do vínculo simbiótico pelos depositários tem por objetivo
evitar que o depositário saia da relação narcísica de objeto. Assim, nas palavras de Bleger, a
simbiose consiste em: “(...) uma estreita interdependência entre duas ou mais pessoas que se
complementam para manterem controladas, imobilizadas e, em certa medida, satisfeitas, as
necessidades das partes mais imaturas da personalidade, que exigem condições que se acham
dissociadas da realidade e das partes mais maduras ou integradas da personalidade. Esta parte
imatura e mais primitiva da personalidade foi separada do eu mais integrado e adaptado, e
configura um todo de certas características que me levaram a reconhecê-lo como o núcleo
aglutinado da personalidade. Esta separação deve ser rigidamente mantida porque, caso
contrário, se pode produzir a desintegração psicótica” (idem, p.83)

https://www.scielo.br/j/pusp/a/ZWDxQkLTpwyfVBdGQcQgH3q/abstract/?lang=pt

A culpa

Freud percebe que tanto cerimoniais religiosos como rituais obsessivos surgem com duas
características: a de buscar proteção contra impulsos hostis internos (tentação/pecado) e
evitar o mal esperado (um castigo, punição ou penitência). Percebe também que existem, em
ambos, leis e proibições, cuja função é expiatória. Em seguida, Freud trata da formação da
religião, que se baseia na supressão ou renúncia de certos impulsos instintuais – dos quais
procedem, por exemplo, os mandamentos –, e verifica que o sentimento de culpa resultante
de uma tentação contínua e a angústia sob a forma de temor da punição divina são conhecidos
há mais tempo no campo da religião do que no campo das neuroses. Posteriormente, a
renúncia dos impulsos será abordada na obra freudiana como elemento crucial, juntamente
com a intensificação do sentimento de culpa, das bases do desenvolvimento da civilização.
Diante dos paralelos e analogias entre neurose obsessiva e religião, Freud (1907/1969) conclui:
“pode-se considerar a neurose obsessiva um correlato patológico da formação de uma
religião, descrevendo a neurose como uma religiosidade individual e a religião como uma
neurose obsessiva universal” (p. 116). As relações entre a religião, que mitiga a culpa universal,
e a neurose obsessiva, que acolhe a culpa individual, aparecem também em “Leonardo da
Vinci e uma Lembrança de Sua Infância” (1910), no qual Freud fala sobre a ousadia e
independência intelectual de Leonardo. Dentre muitos aspectos de sua genialidade, Freud se
interessa justamente pelo 638 SENTIMENTO DE CULPA NA OBRA FREUDIANA: UNIVERSAL ... 3
ANDRÉ GELLIS E MARIA ISABEL LIMA HAMUD 2 Descrita e detalhada no referido texto (Freud,
1910/1969, pp. 76-85). que parece ser apenas um “detalhe” na história daquele homem tão
brilhante: sua fria rejeição da sexualidade. Freud afirma que os afetos do gênio italiano eram
controlados e submetidos à pesquisa, o que não significa que ele fosse insensível à paixão, ele
apenas “convertera sua paixão em sede de conhecimento... entregando-se à investigação com
a persistência, constância e penetração que derivam da paixão” (Freud, 1910/1969, p. 69). É
notável a capacidade que Leonardo desenvolveu de sublimar seus impulsos sexuais, tanto em
suas expressões artísticas como em sua curiosidade e interesse intelectual. Segundo Freud,
esse destino só foi possível porque a libido escapou ao recalque, podendo ser investida e
sublimada em suas pesquisas.
Freud atenta em diversos momentos para a curiosidade infantil e demonstra que a
especulação das crianças sobre a vida sexual produz fundamentos concretos ao psiquismo e se
relaciona com a culpa. O pensamento vigente à época era o de que a sexualidade emergia
apenas com a puberdade, mas Freud descreveu a sexualidade infantil e se contrapôs à ideia de
que a sexualidade concerne apenas à idade adulta. Assim, a criança pode atribuir a si mesma
uma imensa culpa por sua curiosidade infantil, ou ainda a culpa derivada do medo de perder o
amor dos pais ou do temor da punição, o que pode gerar inúmeros desdobramentos futuros.
Tal compreensão, se não justifica, ao menos explica a marcante independência que Leonardo
apresenta em relação a seus próprios sentimentos e também aos demais seres humanos, não
necessitando e nem dependendo de qualquer figura de autoridade.

em 1915, no artigo “O Inconsciente”, que a questão da culpa inconsciente foi esclarecida.


Neste, Freud diferencia ideias de afetos: as primeiras seriam traços de memória que aparecem
como representações psíquicas, enquanto os afetos e emoções correspondem a processos de
descarga, cujas manifestações finais são percebidas como sentimentos. Com essa distinção,
Freud questiona a possibilidade de haver impulsos, emoções ou sentimentos inconscientes, já
que são sentidos e percebidos pela consciência, e conclui:“é certamente da essência de uma
emoção que estejamos conscientes dela... Assim, a possibilidade do atributo de inconsciência
seria completamente excluída no que diz respeito a emoções, sentimentos e afetos” (Freud,
1915a/1969, p. 182). Nesse mesmo artigo, Freud afirma ser possível falar sobre moção
pulsional inconsciente, mas destaca que, ao denominar como inconsciente um timento ou
pulsão, faz-se necessariamente referência a algo cuja representação ideacional é inconsciente.
Freud entende que pode ocorrer de uma emoção ou afeto ser sentido e mal-interpretado, isso
porque o recalque do representante adequado daquele afeto forçou-o a se ligar a outra ideia;
assim, a consciência considera, erroneamente, o afeto sentido como sendo expressão da ideia
substituta. É importante destacar que é exatamente esse processo que ocorre na neurose
obsessiva. Considerando o recalque sofrido pela ideia original, Freud explica a licença da
denominação “sentimento inconsciente de culpa”:
ndres Felipe Rios1)

Cómo se busca al psicoanalista?El psicoanalista es buscado directamente en el consultorio.


Toca a su puerta, pero no se sabe pormedio de quién es referenciado o recomendado.2)

Primera entrevista, cómo la hace?Después de tocar la puerta, el sacerdote ingresa al


consultorio y permanece de pie, contrario a loque hace el terapeuta quien se sienta. Esto
podría representar desde lo psicodinámico, la figura delsacerdote como figura de autoridad al
ser considerado como representante de Dios, o bien, unaforma de hacer resistencia al hecho
de modular la ansiedad que se presentaba durante la sesión, albuscar un terapeuta y no un
confesionario. Se establece alianza terapéutica una vez el terapeutahace apertura afirmando el
poder hablar sin ningún tipo de juzgamiento, motivo por el cual pacientesiente alivio y logra
sentarse. Su principal síntoma de consulta es el sentimiento de culpa.3)

Intervenciones a lo largo del caso.Durante el transcurso de las sesiones se observa una serie de
eventos narrados por el paciente, pormedio de la asociación libre, partiendo en retroceso
desde lo actual hacia las primeras etapas de lainfancia, encontrándose un retorno de lo
reprimido (la experiencia sexual) a la edad de 5 años, enel que se encuentra el trauma psíquico
originario de la culpa que lo hace consultar en la actualidad,culpa acompañada por la muerte
de su madre.

Segunda sesión:

 paciente inicia narrando la relación con sus padres. Inicia describiendo elsentimiento de culpa


por trasladar a su padre desde su casa en el campo a un ancianato donde

fallece “me siento culpable por traérmelo a la ciudad, pero era lo mejor” a lo que el
terapeutainterviene: “lo mejor para

quién

? Para ud o para él”.

Tercera sesión:

 se inicia el diálogo por parte del paciente quien refiere poca tolerancia hacia los jóvenes que
acuden a la iglesia y el solo hecho de sentir tal intolerancia, lo hace sentirse culpable.Se realiza
intervención por el terapeuta haciendo caer en cuenta de la reiteración de la palabra


culpable

 en las 3 sesiones continuas e intenta explicar el mecanismo del desplazamiento de laculpa
hacia todo lo sucedido a su alrededor. Durante la intervención se toca el tema de una joven

de 25 años “mariana” quien será pieza clave para vislumbrar el desen

lace de la historia. Paciente se

ofusca al interpretar el dialogo del terapeuta como “acusador” con respecto al deseo sexual
del

paciente hacia la joven y el deseo sexual hacia personas del mismo sexo. Gracias al enojo
delpaciente, el caso se convierte en un enigma para el terapeuta y al mismo tiempo aporta una
pistavaliosa para resolverlo.

Cuarta sesión:

 paciente hace un recuento del control de síntomas durante la ultima semana,realizando


proceso de introspección con respecto a la sesión previa. Realiza una descripción de

“Mariana”

Quinta sesión:

 terapeuta pregunta por el nombre de su madre, a lo cual paciente cambia su nombrede pila
por Antonia. Sin embargo, dentro de las sesiones, terapeuta no solo se fijó en lo que dijo
elpaciente, sino también

en lo que calló, que en este caso fue el nombre de “Ana”, el cual correspondía

a una amiga de la adolescencia, siendo tal escena un hilo conductor para el retorno de lo
reprimidoen cuanto a la experiencia sexual con su amigo Roberto en la infancia

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