Você está na página 1de 4

As crianças vivem em um mundo de imaginação e sentimento...

Elas aplicam a forma que


lhes agrada ao objecto mais insignificante, e veem nele tudo o que desejam ver.

Emoção

Quando somos afetados de forma mais intensa, desenvolve-se a emoção. Emoção, do latim
“emovere”, quer dizer, movimentar, deslocar. Portanto, quando afetados, de forma a provocar
uma reação explícita, somos tomados pela emoção.

A extensão desse movimento depende da intensidade do que nos afetou. A emoção apresenta,
ainda, um caráter efêmero; produz reflexos orgânicos e afeta a nossa capacidade de emitir
juízos lógicos. A emoção pode, neste caso, gerar um certo descontrole ou provocar atitudes
pouco usuais. A emoção: estado agudo e transitório. Exemplo: a irá. Emoção muito forte no
bebé é o medo, originado por barulhos e ruídos fortes, gritos e medo de pessoas estranhas.

A emoção condensa as experiências de vida e a forma como elas nos chegaram e que
impactos produziram. Desta forma, o coração pode acelerar e provocar medo durante a
aproximação de um cachorro, caso já tenhamos sofrido alguma agressão por parte desse
animal.

Na teoria de Wallon é o papel da emoção. Para ele, a emoção encontra-se na origem da


consciência, regulando a passagem do mundo orgânico para o social, do plano fisiológico para
o psíquico. Diferencia emoção de afectividade, sendo a emoção uma manifestação da vida
afectiva e a afectividade um conceito mais abrangente. As emoções se diferenciam de outras
manifestações afectivas e se manifestam acompanhadas de alterações orgânicas (aceleração
dos batimentos cardíacos, da respiração, etc), provocando alterações na expressão facial, na
postura, na maneira como os gestos são executados.

Defende, ainda, que as emoções são reações organizadas e que se exercem reguladas pelo
sistema nervoso central, cujos comandos próprios estão situados na região sub-cortical.
Contudo, salienta que é somente com a aquisição da linguagem que as possibilidades de
expressar as emoções se diversificam, como também os motivos que as originam.

Estágio impulsivo-emocional

O recém-nascido não se diferencia do outro, nem mesmo no aspecto do corpo. Essa


diferenciação se dará gradativamente pela relação da criança com os objetos, as pessoas e com
o próprio corpo. Isto constituirá a formação do seu “eu” corporal, conhecendo e integrando
em um todo, as partes do corpo, e assim, posteriormente, construindo uma imagem sobre ele e
sobre si.

Esse período denominado por Wallon como impulsivo-emocional, como o próprio nome
revela, tem a emoção como centro do processo de desenvolvimento da pessoa. É a afetividade
que vai orientar as primeiras relações do bebê com as pessoas e com o mundo físico. Afinal, o
recém-nascido não possui ainda as habilidades motoras necessárias ao atendimento de suas
necessidades vitais. O filhote humano é completamente dependente do outro. Sua primeira
comunicação se dá pelo choro, ou seja, é intrinsecamente emocional.

Estágio sensório-motor e projetivo

Do 2º ao 3º ano de vida, a criança continuará a formar seu eu corporal, integrando a imagem


que ela tem do próprio corpo, com a imagem que o os outros tem acerca dela. Neste estágio,
denominado sensório-motor e projetivo, a criança volta-se para explorar o mundo físico,
ganhando autonomia principalmente pelas capacidades de pegar objetos e andar.

Outro elemento fundamental é o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O


pensamento, ainda nascente, é traduzido nos atos motores, ou seja, nos movimentos da
criança. Aqui é comum vermos uma criança abrir os braços para contar que ganhou um
brinquedo bem grande. Podemos dizer que a criança projeta seu pensamento nos seus gestos.
Nesse período, predominam as relações cognitivas com o meio, pois é o campo da razão que
vai reger as principais aquisições, ou seja, há uma intensificação do desenvolvimento mental.
Porém, em relação a seu “eu” psíquico, a criança ainda está na sociabilização sincrética. Isto
quer dizer que a personalidade da criança ainda está calcada, fundida nos objetos e situações
familiares. Todo o desenvolvimento da criança tem como referência central o ambiente em
que vive.
Estágio do personalismo
Dos 3 aos 6 anos a tarefa central é o processo de formação da personalidade. A construção da
consciência de si nas relações com o meio no qual está inserida, vai redirecionar o interesse da
criança pelas outras pessoas e, portanto, reorientar suas relações afetivas.

As crianças vivem uma série de conflitos, buscando diferenciar seu “eu” dos outros. É nesse
período que elas costumam se opor aos adultos, usando bastante o vocábulo “não”. Também
manifestam o desejo de que todos os objetos e pessoas queridas pertençam a elas. É muito
comum ouvirmos crianças nessa idade dizerem que o pai ou a mãe são só seus, que a casa é
sua etc. É uma tentativa de identificar, de fato, o que é seu e quem é ela.

Com o fortalecimento da função simbólica, que amplia a imaginação e capacidade criadora, o


pensamento adquire um caráter mais positivo. Por conseguinte, a criança passa a imitar as
pessoas com as quais se identifica em um movimento de reaproximação do outro.

Embora a relação R – E seja de oposição, não podemos esquecer que ambos estão
profundamente inter-conectados. Afinal, a emoção é a base do desenvolvimento humano ou
de sua inserção no mundo. Para Wallon, a razão nasce da emoção e vive de sua morte.

Estágio categorial

Por volta dos seis anos, inicia-se o estado categorial que, em função das conquistas alcançadas
nos estágios anteriores, traz importantes avanços no âmbito da inteligência. O interesse da
criança se orienta ao mundo exterior, ao conhecimento e as coisas. Predomina, portanto, o
aspecto cognitivo.

A imitação do período anterior dará lugar à representação. A função da inteligência para a


criança, e também para o adulto, está na explicação da realidade. Portanto, é um instrumento
fundamental na ampliação do desenvolvimento da pessoa. Aqui, a criança pode representar
em sua mente pessoas, objetos e situações que não são presentes, já aconteceram ou ainda vão
acontecer.

Estágio da adolescência

Este estágio será marcado por novos conflitos e nova definição da personalidade, retomando a
predominância afetiva. Na adolescência, o sujeito busca seu sentido de afirmação e
identidade, movido pelas novas conquistas afetivas, cognitivas, sociais e corporais que esse
período traz consigo.

Como podemos perceber, para Wallon a criança caminha do processo de indiferenciação


(ainda não se percebe como um ser separado do mundo) até a diferenciação (consciência de
si, identidade). Alcança assim, a individualização, isto é, o processo de tornar-se indivíduo
equilibrando razão e emoção (R-E). Por conseguinte, o sujeito maduro deverá ser capaz
manter o controle sobre suas emoções.
A teoria Walloniana constroi uma criança concreta, com um corpo cuja eficiência postural,
tonicidade muscular e qualidade dos gestos fornecem as pistas sobre seus estados mentais e
afetivos. Nessa visão, a Pedagogia está voltada para a expressividade do “eu” na criança, ou
seja, para que a criança se expresse livremente através da fala, do corpo, do jogo etc.

Suas contribuições são fundamentais no campo da formação docente, no sentido de


possibilitar conhecimentos e análises reflexivas sobre os fatores implicados nos conflitos
vivenciados pelos alunos, principalmente crianças nas quais o poder das emoções é muito
maior.

Apresentadas as principais teorias psicológicas que abordam o desenvolvimento humano e


que, de algum modo, trouxeram contribuições significativas para compreendermos as
transformações vividas na adolescência, no próximo item abordaremos os principais fatores
que interferem no desenvolvimento humano. Como vimos ao longo deste item, as teorias são
diversas, nos dando certeza do caráter múltiplo da Psicologia. Inclusive, autores como Bock e
Furtado (2005) têm utilizado a nomenclatura “Psicologias”.

Os primeiros sinais de emoção Os recém-nascidos deixam bem claro quando estão se


sentindo infelizes: soltam gritos agudos, agitam os braços e as pernas e enrijecem o corpo. É
mais difícil saber quando estão felizes. Durante o primeiro mês, ficam quietos ao som de uma
voz humana ou quando alguém os pega no colo. Poderão sorrir quando um adulto pegar suas
mãos para fazer com que batam palmas. À medida que o tempo passa, os bebês tornam-se
mais responsivos às pessoas – sorriem, arrulham, esticam os braços e finalmente vão ao seu
encontro.

Você também pode gostar