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HISTÓRIA
TEORIA
Neste sentido, a mãe como representante dos cuidados maternos à criança, tem papel
da mãe central, como representante deste “ambiente”. A mãe devotada comum
funciona sem qualquer deliberação intelectual de sua parte, proporcionando ao bebê
o meio ambiente necessário para que a sua tendência à integração ocorra.
- O bebê não constitui uma unidade em si mesmo (ele é uma organização entre bebê
e meio ambiente, que seria a mãe)
- No início da vida, as necessidades do bebê são absolutas, sendo que o recém-
nascido depende 100% de um adulto e precisa que esse adulto esteja sempre disposto
para suprir essas necessidades.
- A saúde mental da criança depende dos acontecimentos que ocorrem entre a fase
de transformação da dependência total para a independência.
Winnicott fala da necessidade do bebê ter uma mãe (ambiente) que seja capaz de
suprir suas necessidades, proporcionando conforto e segurança a fim de diminuir o
processo ansiógeno.
- A mãe suficientemente boa soube apresentar-se ao seu bebê como um suporte para
seus esporádicos contatos com a realidade, como um ego auxiliar a mãe satisfaz as
necessidades iniciais do bebê e promove, quando da saída desta matriz, a experiência
fugaz de onipotência.
- Como o bebê ainda tem a percepção de que é uma coisa só com sua mãe, quando
ele tem contato com a realidade externa, ele sente sofrimento. Então, a mãe é a
responsável por diminuir essa ansiedade, tendo que estar totalmente devota à suprir
as necessidades do filho.
- A proteção que o ego auxiliar oferece - díade mãe-filho - concorre para o
estabelecimento de um self, uma personalidade única, em conformidade com sua
experiência existencial.
Das angústias impensáveis: são aquelas que ocorrem nos estágios mais precoces
do desenvolvimento, numa etapa em que o bebê não tem capacidade para
compreender ou discriminar sobre quaisquer mecanismos mentais, impulsos
instintuais, vivências proprioceptivas, pressões ambientais, independente de
ocorrerem em si mesmo ou no ambiente externo, o que amplifica sua intensidade em
vivências ansiógenas insuportáveis
Resumidamente, a criança ao nascer é indefesa, não integrada e
desorganizada enquanto a percepção dos estímulos do meio, desta forma
situa-se num estado de total dependência do meio, em sua mente criança e
meio são uma coisa só, cabendo à mãe oferecer um suporte adequado para
que as condições inatas alcancem um desenvolvimento ótimo.
FUNÇÕES MATERNAS
PROCESSO DE AMADURECIMENTO
- Para Winnicott (1939) a agressividade faz parte do ser humano, é inata, ou seja,
irremediavelmente inerente à natureza humana, se integra à condição do ser humano
de “estar vivo”
para este autor a timidez, o retraimento, a omissão são agressivos tanto quanto as
expressões abertas de agressividade.
Não é possível falar de agressividade nessa fase uma vez o bebê não tem noção de
emoções e nem do que é amor/ódio. A agressividade aqui é o simples impulso de
satisfazer suas necessidades (se movimentar e se alimentar)
2) INTERMEDIÁRIA OU CONCERNIMENTO
Na saúde, a criança dirige seu interesse à realidade externa e ao mundo interno, mas
também constrói pontes entre um e outro mundo, pelos sonhos, brincadeiras, etc..., já
na doença, a criança realinha o que é bom no mundo interno e projeta no externo o
que ruim, passando a viver no mundo interno tornando-se patologicamente
introvertida. Quando restabelece-se da introversão patológica, sua relação com o
mundo externo permanece cheia de elementos persecutórios, o que a torna agressiva,
e a depender da forma inadequada de quem lhe cuida a criança passa a assumir uma
postura introvertida.
TENDÊNCIA ANTISSOCIAL
Winnicott (1956) afirma que a tendência antissocial não é um diagnóstico, pode ser
encontrada em indivíduos normais, neuróticos e psicóticos e em todas as idades.
A união das duas vertentes – roubar e destruir – representa uma tendência a autocura,
a cura da des-fusão dos instintos, pois na época da de-privação havia certo grau de
fusão da raiz agressiva (motilidade) com a raiz libidinal.
A criança precisa constituir sua visão de eu. A esse “eu”, denominamos “self’.
Uma mãe suficientemente boa cumpre as expressões de onipotência infantil e
possibilita a criação de um verdadeiro self .
Agora, a mãe que não cumpre esse papel instaura na criança uma sensação de que
ela precisa sobreviver de alguma outra forma. Nessa incapacidade de acolher da mãe,
a criança desenvolverá o falso self.
VERDADEIRO SELF:
- Self real, autêntico e original
- baseado na sensação de estar vivo
- Nos estágios primitivos, o bebê é por natureza associal, amoral e egoísta
- o bebê grita, morde e é agressivo quando precisa
- a criança segue as regras porque durante um tempo pode ignorá-la
- Surge antes do “eu” se instituir como separado.
FALSO SELF:
- Vulnerável, idealizado, superficial
- Fachada defensiva, sentir-se morto e vazio
- Falhas permanecem congeladas
- Defesa natural proteção necessário
- Quando é negada que as crianças sejam difíceis, agressivas, intolerantes
- Relação com o ambiente de ajuste a demanda quando a criança cumpre exigências
cedo demais, congelando a autenticidade.
- Mãe impõe, criança reage – defensivamente
Winnicott postula vários níveis de falso self, desde uma atitude social (não patológica)
até o falso self que se implanta como real, em total submissão do verdadeiro self.
2. Menos extremo - Falso self defende o self verdadeiro, de modo que o self
verdadeiro é percebido como potencial e é permitido a ele ter uma vida secreta;
3. Mais para o lado da normalidade - O falso self tem como interesse principal a
procura de condições que tornem possível ao self verdadeiro emergir;
A mãe que não é capaz de fazer a sua parte nesta onipotência infantil, por exemplo,
quando não responde ao gesto da criança, mas ao contrário, coloca o seu próprio
gesto, suprimindo a possibilidade de ilusão, instaura uma situação cujo sentido será
vivido pela criança como o de ter que se submeter ou acatar algo imputado à criança
para que possa sobreviver. É, então, a incapacidade materna de acolher e interpretar
as necessidades da criança que gerará a primeira etapa do falso self. Neste sentido,
a vivência - subjetiva - da criança é a de que suas percepções e atividades motoras
são, tão somente, a resposta diante do perigo a que está exposta.
Num segundo momento, a proteção que é sentida como ausente vai sendo substituída
por uma “fabricada” pela própria criança, um envoltório que serve de base para o
desenvolvimento do self, agora e neste sentido, resultado ou consequência do
ambiente sentido como algo de que é preciso arduamente se defender. Esta espécie
de “casca” é o falso self que, nos melhores casos, tem tarefa ou função de proteger o
verdadeiro self, no entanto, sem substituí-lo. Nos casos em que há uma substituição
do self verdadeiro pelo falso, considerados casos com uma conotação patológica mais
evidente, o que ocorre é um constante estado de defesa, originado pela experiência
das intrusões maternas e que impossibilita um contato com processos primários.
Mas é prudente lembrar que não existe uma exclusão radical do falso self, ele estará
sempre presente, na medida em que a mãe suficientemente boa é, necessariamente,
aquela que falha e, inevitavelmente, as falhas são vividas de forma muito singular
pelos sujeitos, o que demandará recursos defensivos, mais ou menos arcaicos,
dependendo de onde as situações vividas tocam no seu mundo interno.