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GRANDE DO SUL
CURSO DE PSICOLOGIA
ANNA BERTON
Ijuí- RS
2019
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo relacionar a teoria de Melanie Klein em uma
situação de cuidado hospitalar a bebês prematuros; relacionando conceitos base da teoria
Kleiniana transpostos à situação descrita. A partir disto, discutir possíveis desdobramentos
desse cuidado que é atravessado pela instituição de saúde.
INTRODUÇÃO
Freud (1905), em seus escritos, teoriza um importante estudo a partir das relações
estabelecidas nos primeiros anos de vida, com base nas fases oral, anal, fálica, latente
e genital em que formula estágios importantes na vida psíquica da criança. A força de sua
teoria o trouxe diversos seguidores, dispostos a continuar, criticar e reelaborar seus trabalhos,
esses, conhecidos como pós- Freudianos. Aqui, vamos abordar as contribuições de Melanie
Klein a partir da psicanálise proposta por Sigmund que, por muitas vezes, está em
discordância superior, até mesmo, que Anna Freud, filha do autor. (ZIMERMAN, 1999). Ao
adiantar, em idade, a teoria Freudiana, Klein coloca-se em uma posição, onde estuda e analisa
bebês, desenvolvendo sua técnica muito específica de acesso às fantasias inconscientes: o
brincar (ZIMERMAN, 1999).
Nessa perspectiva, procurarei relacionar a teoria Kleiniana, em um contexto de
cuidado hospitalar, como se dá o desenvolvimento psíquico do bebê prematuro, uma vida que
depende de algo, além de um cuidado natural e, portanto, refletir possíveis desdobramentos
que podem se seguir desses primeiros meses de desenvolvimento a partir de um cuidado
institucionalizado.
CAPITULO 1 - O RECÉM-NASCIDO
Agora, evidenciando essa mãe como função, o que se coloca em questão é de que
forma essa atribuição à mãe de tudo o que é bom se não há esta interação nesse primeiro
momento, de internação. Fatores que nos levantam mais questionamentos: o lugar de objeto
bom irá ser atribuído como esse cuidado terceirizado? Quais desdobramentos de deslocar esse
lugar a algo/alguém que não a mãe? Nessa relação de objeto parcial, um seio idealizado e
outro persecutório, ele ainda vai cindir a figura da mãe em seio bom e seio mau? Ou esse
papel será tomado por esse cuidador externo? De que forma esse bebê irá se relacionar sendo
que em um primeiro momento não foi sua mãe a representação de tudo que é externo?
Quando, tomado pelo sentimento de culpa por ter maltratado aquela mãe, antes cindida
e, agora, compreendida como uma figura única; o bebê irá criar uma espécie de vínculo
compensatório, devido as angustias e fúrias introjetadas e projetadas nesse cuidado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
a clínica de bebês pré-termo internados pressupõe pensar nas vicissitudes
da constituição subjetiva e em como a situação de prematuridade pode ser
traumática para os pais e para o bebê pela própria descontinuidade temporal
introduzida pelo parto antecipado (prematuro), parto que interrompe o processo
de construção do bebê imaginário e confronta os pais com o real orgânico do
bebê em uma situação – UTI neonatal – em que a temporalidade é urgente,
premente, relacionada à sobrevivência do bebê e não à qualidade de seus
cuidados. (ABU- JAMARA ZORNIG; STREIT MORSCH; ALMEIDA
BRAGA, 2004)
Ao discorrer sobre os escritos elaborados por Melanie Klein, Hanna Segal aponta que
‘’quando se observa o comportamento de bebês, quanto mais novos, maior a dificuldade para
interpretá-lo. As dificuldades encontradas no estudo das fases mais primitivas do
desenvolvimento normal são muito ampliadas na presença de fenômenos patológicos’’
(SEGAL, 1975) logo, as implicações desse cuidado diferenciado do que se toma por “natural”
só irá ser realmente constatado – ou não - em fases posteriores.
Nesse sentido, a partir dos pontos levantados acerca da teoria Kleiniana, não há a
possibilidade de encerrar as considerações e questionamentos que se desenrolam a partir dessa
abordagem visando o bebê prematuro. Cabe ressaltar a importância do apoio da instituição
hospitalar não só ao nascido, mas também a família que ele traz consigo.
REFERÊNCIAS:
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