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Dia​ ​13/09

1. Por que Winnicott diz que o bebê é, ao mesmo tempo, dependente e


independente?

R: Porque, segundo Winnicott, apesar da existência de fatores hereditários


inalteráveis como o próprio processo de maturação (sendo este a base das instâncias
psíquicas que compõem o id, ego, as pulsões, as defesas do ego etc. e que, portanto,
expressariam uma certa independência nesse processo), o ambiente ainda configura
extrema importância no desenvolvimento desse potencial no bebê, fazendo deste
dependente do ambiente. Ao mesmo tempo, o ambiente, por si só, não seria suficiente
para “fazer a criança”. Logo, o bebê é, ao mesmo tempo, dependente e independente
porque há uma relação de interdependência entre o potencial do bebê em se
desenvolver e as condições ambientais favoráveis a continuidade do processo de
maturação. Além disto, o bebê não é um ser passivo. Quando ele reage aos estímulos
do ambiente, que causa uma invasão no vir-a-ser dele, há uma espontaneidade
(criatividade)​ ​que​ ​parte​ ​do​ ​bebê.

2. Em que consiste o estado de "preocupação materna primária" e por que


seria​ ​diferente​ ​do​ ​instinto​ ​materno?

R: Consiste em um estado no início da vida do bebê (segundo Winnicott, no fim


da gravidez até algum tempo depois do nascimento) em que a mãe se devota ao
cuidado de seu bebê, se identificando com ele de acordo com sua própria experiência
enquanto bebê, fazendo com que saiba decifrar suas necessidades e se preocupando
em atendê-las. Portanto, não se trata, justamente, de um instinto materno, mas de uma
identificação empática com o bebê, de modo a reconhecer a necessidade de cuidados
atribuídos a ele [ao bebê]. Por não ser um instinto, ou seja, algo dado biologicamente,
um pai, uma mãe biológica, ou outro cuidador, pode desenvolver esta preocupação
materna​ ​primária.

3. Qual é a diferença entre o ambiente suficiente bom na dependência


absoluta​ ​e​ ​na​ ​relativa?

R: A diferença se demonstra nas gradativas falhas relacionadas ao ambiente


que culminam na fase de dependência relativa, onde há uma quebra na experiência de
ilusão do bebê, justamente por este agora reconhecer (aos poucos, claro) uma
realidade alheia a sua vontade, externa. Na dependência absoluta, o ambiente supre
as necessidades e vontades do bebê de modo que, em sua vivência subjetiva, o bebê
se vê onipotente, não há uma cisão entre a realidade objetiva e a sua experiência de
realidade. O ambiente é suficientemente bom, existe a preocupação materna primária e
o bebê ainda é iludido. As falhas até acontecem nessa fase, mas em quantidade
insuficiente para que ocorra essa quebra da ilusão de onipotência no bebê. A partir do
próprio processo de maturação, o bebê passa a reconhecer o que lhe é externo, o que
é corroborado pelo fato de que essas falhas ambientais passam a ser mais frequentes,
onde​ ​ocorre,​ ​efetivamente,​ ​a​ ​desilusão.

Dia​ ​20/09

Textos: A capacidade de concernimento, do texto "O desenvolvimento da capacidade


de​ ​se​ ​preocupar"

1. Em que consiste a capacidade de concernimento e qual é a sua relação


com​ ​a​ ​culpa?

R: O concernimento é a capacidade de se preocupar, valorizar e está


relacionado positivamente ao senso de responsabilidade que o bebê desenvolve. A
partir de uma relação ambivalente de amor e ódio direcionados ao mesmo objeto, o
senso de responsabilidade se relaciona ao sentimento de culpa, que parte dessa
agressividade​ ​direcionada​ ​a​ ​um​ ​objeto​ ​amado​ ​(daí​ ​a​ ​ambivalência).

2. Quais​ ​são​ ​as​ ​diferenças​ ​entre​ ​mãe-objeto​ ​e​ ​mãe​ ​ambiente?

R: A mãe-objeto é aquela tida para o bebê como a que possui o objeto parcial
apto a suprir as suas [do bebê] necessidades urgentes; segundo Winnicott, a
mãe-objeto “se torna o alvo da experiência excitante”. Enquanto a mãe-ambiente é a
que endossa a continuidade da satisfação do bebê, que evita os imprevistos e que
ativamente provê o cuidado de manejo e sustento; é a qual se direciona qualquer coisa
que​ ​pode​ ​ser​ ​chamada​ ​de​ ​afeição.

3. Descreva o ciclo benigno e explique o surgimento da capacidade de


concernimento.

R: O ciclo benigno pode ser explicado através do seguinte esquema: Bebê ataca
a mãe > bebê entende a mãe-objeto e mãe-ambiente como uma única pessoa total >
bebê tem fantasia de ter destruído a mãe > bebê tenta reparar seu erro ao se redimir
com a mãe. Segundo Winnicott, o caso de um ciclo benigno bem sucedido é saudável
para o processo de maturação do bebê na medida em que este é audacioso para viver
sua agressividade e vida pulsional ao mesmo tempo em que fortalece a capacidade de
cuidar do outro, o que implica dizer em um surgimento e aprimoramento da capacidade
de se preocupar, concernir, criar responsabilidade sobre seus atos em relação ao outro
etc.

Dia​ ​04/10

Trabalho. Textos: Objetos e fenômenos transicionais, do texto: “Objetos transicionais e


fenômenos​ ​transicionais”​ ​in:​ ​Da​ ​pediatria​ ​à​ ​psicanálise.

1. Por que o objeto transicional se torna vitalmente importante na hora do


bebê​ ​ir​ ​dormir?

R: Porque, normalmente, é o momento da separação da mãe. O objeto


transicional funciona como uma defesa contra a ansiedade, pois simboliza a mãe em
uma situação que a representação da mãe está consolidada para o bebê. O objeto se
refere,​ ​indiretamente,​ ​à​ ​união​ ​mãe-bebê.​ ​Normalmente​ ​é​ ​um​ ​objeto​ ​macio,

2. Por que o importante, em relação ao objeto transicional, não é tanto seu


valor​ ​simbólico,​ ​mas​ ​sua​ ​realidade?

R: A importância da realidade no objeto transicional é sobre ele servir para o


bebê começar a aceitar a realidade externa. O objeto transicional é paradoxal porque é
objetivo e subjetivo ao mesmo tempo, ou seja, é parte do bebê mas pertence ao mundo
externo, sendo reconhecido como não-eu. Nesse momento, o bebê está começando a
aceitar que existe o mundo externo, fora dele. Sendo assim, sua importância se dá pelo
fato da fabulação do bebê em simbolizar a mãe nesse objeto ao mesmo tempo em que
este objeto em si não é a própria mãe, o que demonstra o desenvolvimento tanto da
elaboração​ ​imaginativa​ ​do​ ​bebê​ ​quanto​ ​da​ ​sua​ ​aceitação​ ​de​ ​uma​ ​realidade​ ​externa.

3. Por​ ​que​ ​o​ ​objeto​ ​transicional​ ​pressupõe​ ​uma​ ​certa​ ​desilusão?

R: O objeto transicional surge com o começo da aceitação do mundo externo.


Antes disso, o bebê se encontra em dependência absoluta. Ele percebe a realidade,
mas não a percebe como alheia a ele. Em algum momento, a mãe começa a falhar,
desiludir o bebê e ele começa a perceber parcialmente a presença de algo da
objetividade do mundo. Desta desilusão surge a criação do objeto transicional que se
assume suprir os momentos de falha ou ausência da mãe na tentativa do bebê de
moldar essa realidade externa criando algo que a represente para uma solução de seu
desejo​ ​de​ ​estar​ ​com​ ​ela​ ​[a​ ​mãe].

Dia​ ​18/10

Textos: Instintos sexuais, elaboração imaginativa e fantasia” e “A mutualidade


mãe-bebê”​ ​in:​ ​Lejarraga,​ ​A.L.​ ​O​ ​amor​ ​em​ ​Winnicott.

1. Como​ ​Winnicott​ ​define​ ​a​ ​elaboração​ ​imaginativa?

R: Segundo Winnicott, a elaboração imaginativa das funções corporais é a


primeira tarefa da psique (esta última também é fruto da elaboração imaginativa).
Consiste em elaborar um significado ou um sentido, mas não só às funções corporais
como também ao desenvolvimento da noção de temporalidade, à integração
psico-soma e à organização da realidade e do corpo em um conjunto de fantasias. A
elaboração imaginativa é fruto da criatividade primária do bebê e é essencial para a
construção da psique e para o pleno desenvolvimento sadio no processo de maturação
da​ ​criança.

2. Em​ ​que​ ​consiste​ ​a​ ​experiência​ ​da​ ​mutualidade​ ​mãe-bebê?

R: Consiste na relação estabelecida entre mãe e bebê e que é entendida de


formas diferentes por ambos. Enquanto a mãe estabelece uma relação empática com o
bebê, o bebê estabelece uma relação de ser uno com a mãe, no sentido em que ele
vive sua primeira experiência de vida e, portanto, entende que a mãe faz parte dele, ou
seja,​ ​a​ ​mãe​ ​é​ ​um​ ​objeto​ ​subjetivo​ ​do​ ​bebê​ ​que​ ​compõe​ ​esse​ ​mundo​ ​subjetivo​ ​do​ ​bebê.

3. O​ ​que​ ​é​ ​comunicado​ ​pela​ ​mãe​ ​ao​ ​bebê​ ​na​ ​experiência​ ​da​ ​mutualidade?

R: Através das falhas e do reparo das falhas pelo cuidado e manejo do bebê
pela mãe, é possível através desse tipo de comunicação primordial que a mãe
comunique ao seu bebê algo de uma confiabilidade ou uma seguridade ao bebê de que
ele pode contar com seus cuidados. O bebê, por sua vez, comunica a mãe sua
espontaneidade​ ​e​ ​criatividade​ ​primária​ ​através​ ​dos​ ​gestos​ ​e​ ​balbucios.

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