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Em 1919, Winnicott enquanto estudava medicina, começou a se questionar sobre seus sonhos e
foi buscar conhecimento na biblioteca de sua faculdade, onde encontrou certas respostas no
livro de Freud, a Interpretação dos sonhos, a partir daí, foi onde se interessou mais pelo autor e
começou a aprofundar seus conhecimentos, e viria mais tarde a desenvolver seus postulados
sobre o que hoje se conhece da Teoria do amadurecimento.
Winnicott não veio a sistematizar sua teoria, da mesma forma que Freud, dentre alguns
de seus trabalhos concluídos foram “Natureza humana”. Suas obras e teorias foram
escritas em forma de seminários e artigos (Dias,Elza. pág 16) Ele tinha como objetivo
conceituar, tornar acessível a linguagem de sua teoria para que não fosse acessada
somente por psicanalistas e médicos psiquiatras, mas sim para professores e até
mesmo os pais deste recém nascido para houvesse em conjunto a detecção de uma
possível dificuldade de desenvolvimento emocional em sua fase inicial. (Dias, Elsa, pág
14)
Para Winnicott, a teoria do Amadurecimento Emocional é propositalmente focada nos
primeiros traços do desenvolvimento pois, segundo ele, é quando a personalidade está
sendo moldada , nesses estágios, ocorrem mudanças no aspecto emocional juntamente
ao cognitivo de maneira inerente a cada indivíduo, como também é um processo que
ocorrerá durante toda a vida dessa pessoa (Dias,Elsa, pág 13) . Para ele, todas as
ações, e comportamento só passam a ter sentido quando avaliado a partir do ser, do
self pessoal de cada indivíduo devendo ser levado em conta sua construção moral
desde a infância e quais foram os geradores das ações ao longo do tempo tendo o
ambiente como fator determinante, não mais avaliados a partir dos desejos reprimidos
que se expressam nas ações, como a histeria, como postula Freud. (Fulgencio,
Leopoldo, pág 28)
Winnicott, deseja criar uma teoria da “normalidade”, para que assim possa estruturar
como o que é patológico posteriormente, como por exemplo as psicoses. Assim nasce
então a teoria do amadurecimento emocional (Dias, Elsa, pág 15)
Para winnicott, o conceito do bebê como um ser único, suficiente, que tem seu self formado
capaz de se apresentar ao mundo social como um ser íntegro ainda não existe, mas passa a
existir segundo o seu ambiente e o conceito “mãe-bebê” e será construído dia após dia com as
características desse ambiente suficientemente bom, ou seja essa persona bebê, faz parte de
um todo formado por um conjunto de fatores, mãe, ambiente, pai, expectativas atendidas ou não
e a partir de suas experiências consigo mesmo. (Fulgencio, Leopoldo, pág 28)
Desilusão, será um processo de quebra de expectativas criada por esse bebê. Para
Winnicott este processo de desadaptação da materna, as falhas que esta mãe apresentará
gradualmente, por diversos motivos, irá trazer muitos benefícios para ele, pois assim, essa
criança terá que forçar-se a adaptação com o ambiente,como a quebra da onipotência. Um
marco que se destaca nessa fase será o desmame, que levará o indivíduo a se comunicar
com o seu meio.
A Transicionalidade ou o fenômeno transicional, termo exclusivo da linguagem
Winnicottiana, ocorrerá quando o processo de desilusão já tenha sido iniciado, ocorrerá
uma interação entre o interno e o externo, como quando ele deixa de brincar com as
próprias mãos e passa a brincar com o urso de pelúcia, deixa de desejar o seio da mãe e
passa a desejar a chupeta, ou o cobertor, irá assumir novos modelos de manipulação.
Passará a criar seu próprio espaço, novo senso de mundo e fantasias relacionando-as com
a realidade já que a unificação de si com a mãe foi quebrada, criará novos meios de
comunicação para satisfazer suas novas necessidades que as ajudará a atravessar cada
nova fase. É também quando a realidade “nua e crua” ganha significado,sentido, pessoal,
dentro das experiências já vivenciadas por aquele bebê com o objetivo de desenvolver sua
autonomia e superar as expectativas anteriormente quebradas. (Dias, Elsa, pág 233)
E o uso do objeto,
“Em termos do processo de amadurecimento, a relação de objeto
anterior, e a base, para o desenvolvimento da capacidade de usar
objetos. Enquanto a relação do objeto com um tipo de experiência que
permite pensar o indivíduo como um ser isolado — vivendo num
mundo que é um feixe de projeções e comunicando-se com objetos
subjetivos dentro do âmbito da ilusão de onipotência — , o uso do
objeto só pode ser descrito levando-se em conta a realidade externa e independente do objeto.”
(Dias, Elsa, pág 245)
No início não é possível que objeto seja usado, mas sim após alguns processos de
maturação acontecerem, primeiro esse bebê deve ser o objeto, ele ser o subjetivo, depois
poderá ser capaz de usar o objeto, o mundo exterior. o que ocorre inicialmente, antes do
uso do objeto, é a relação de objeto, onde bebê através de momentos marcantes - urso de
pelúcia - passa a dar cada vez mais significados a este objeto para depois fazer uso dele, o
que ocorre é que anteriormente a relação com o objeto é uma experiência vivida
interiormente - onipotência -, já quando ele passa a fazer o uso, esta mesma experiência é
exteriorizada, ocorrendo o processo de identificação, personalização como também
fomentará a construção da moral e dos processos mentais básicos, pois ele terá a noção
que aquele objeto estará ali, independente da sua imaginação ou vontade, transformando-
se para essa criança em objeto de desejo..
Para que essa transição ocorra, deverá haver mudança de significado deste objeto para o
bebê, e esse momento será um importante marco no desenvolvimento emocional. Pode-se
dar a importância da quebra do mundo de fantasias, a imaginação - o objeto subjetivo - para
que o devido lugar ao mundo e as experiências reais sejam vivenciadas, assim esse bebê
ganhará força de enfrentamento para lidar com aquilo que o atravessará, um mundo fora do
seu controle (Dias, Elsa pág 259)
Para Winnicott, a última fase é marcada para uma criança que já se reconhece como um
EU íntegro, já consegue sentir-se por fim, como alguém externo do ambiente, sua mãe e
seus pertences podendo ser capaz de perceber também suas emoções e está em fase de
construção moral e valores. Essa primeira etapa dessa última fase pode ser denominada
também como Status. (Fulgencio, Leopoldo, pág 31).
Se, à época da puberdade, a sexualidade não estiver madura, o indivíduo não estará capaz
de enfrentar as importantes e difíceis mudanças físicas associadas a essa fase e ao próprio
amadurecimento pessoal que eclode na adolescência (Dias, Elsa pág 292)
Nessa importante fase, se torna indispensável que todo o caráter esteja formado da forma
mais saudável possível para que o indivíduo possa atravessar conflitos internos iguais ou
maiores aos anteriores. Na adolescência pode-se voltar às fases primitivas, onde o
adolescente passa por um processo de interiorização, para tentar ressignificar o que
acontece no mundo exterior, com o objetivo de obter respostas para os seus
questionamentos e medos (Dias, Elsa pág 293)
Já na fase adulta, Winnicott redirige três grandes objetivos a essa pessoa. O primeiro é o de
continuar em um processo contínuo de amadurecimento sem que se perca a libído, a
pulsão de vida através do processo de criatividade, se entregando a vulnerabilidade de se
surpreender com a vida e seus desvios, lidando com a ideia de ser imperfeito e que
situações não estão em seu controle (Pág 295). O segundo objetivo é de compreender sua
"impotência” suas expectativas não plenamente atendidas se si e do mundo. Já o terceiro e
maior objetivo de vida que se pode ter segundo Winnicott, é o próprio envelhecimento e
consequentemente a morte como sentimento de conclusão de um grande e único objetivo, o
de viver e se sentir vivo (Dias, Elsa pág 296).
Referências