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Segundo Piaget, o estágio sensório-motor compreende do nascimento aos dois anos, e

é a fase em que a inteligência é prática. O bebê internaliza o mundo através da ação e dos
sentidos e essa ação é coordenada por esquemas; Que vão ser construídos através dessa ação e
sentidos se tornando cada vez mais complexos. Assim ele vai construindo essa inteligência
por meio da assimilação, acomodação e equilíbração pela tentativa/erro/acerto através das
ações. Nos primeiros meses é uma inteligência não verbal, ela não é simbolizada através de
palavras. A princípio ele não se vê como objeto separado do mundo, e progressivamente com
seu contato com a realidade ele vai percebendo que ele e o mundo (objeto) são diferentes. E lá
para os 9 meses, mais ou menos, é que o bebê adquire a noção que os objetos existem mesmo
que não estejam em seu campo de visão, que Piaget chamou de objeto permanente pois até
então ele acreditava que os objetos só existiam quando estavam nesse campo, e que o mundo
existia em função de sua percepção, e gradualmente o bebê vai entendendo que o mundo tem
sua própria objetividade, que independe da percepção dele. A criança já ate consegue se
diferenciar e ver alguma objetividade nesses objetos.

Quando a criança conquista o objeto permanente, ela vai desenvolvendo as primeiras


noções, de uma forma bem básica de causalidade, que os objetos interagem entre si e causam
efeitos uns sobre os outros. Como elas ainda têm pensamento mágico, não conseguem
internalizar essa noção de causalidade, que vai ser aprimorada com a as fases posteriores de
forma gradativa. O ganho do objeto permanente representa um salto qualitativo da lógica
dessa criança, ela não precisa mais do objeto para pensar nele, pra saber que ele existe; têm a
capacidade de imitação diferida, vai imitar algo que viu, mesmo que não tenha sido no mesmo
momento; começa a construir a capacidade de reter na memória; têm início a capacidade de
reverter situações no final desse estágio sensório-motor, por exemplo: jogar um objeto e
depois pega-lo. Ela reverte ações, têm uma coordenação maior, é capaz de agir de forma
voluntária, constrói mentalmente algumas representações. Tudo que a criança viveu,
experienciou, construiu de conhecimento, através dessa ação e percepção, vai servir de
suporte para a próxima fase.

Erikson traz nesse estágio de 0 a 1 ano a fase de confiança básica x desconfiança


básica. Segundo ele, o bebê nasce em total condição de desamparo, ele depende do outro
(mundo). Sem as trocas sociais do cuidador o bebê não tem a nutrição psíquica para se
constituir sujeito. As primeiras experiências dele com o mundo é que vão direcionar se ele vai
confiar nesse mundo ou não. Onde essa confiança básica é totalmente relacionada às
experiências desse bebê como o mundo. A maneira como ele é recebido por esse mundo, que
é o cuidador, se suas necessidades estão sendo atendidas de modo satisfatório, ele vai
construindo essa confiança no mundo. Mas a desconfiança básica também é importante.
Quando ele chorar, ele não quer apenas o alimento físico, ele quer também o alimento
psíquico, ele quer toda aquela interação que acontece no momento da amamentação. Esse
momento é prazeroso, mas nem sempre ele será atendido no momento que ele quer, e aí, ele
tem um espécie de frustração, de momento negativo. É importante que essas frustrações não
sejam intensas ou de maneira freqüente, têm que estar em equilíbrio, para que o bebê note o
princípio da realidade, bem como construa sua confiança nesse cuidador (mundo). Quando ele
entende que é satisfeito nas suas necessidades de cuidado, amor, ele internaliza, e agora a mãe
(cuidador), não precisa está visível para que ele confie no mundo e se sinta seguro nesse
ambiente.

Essa confiança social que é construída quando as experiências são vividas


positivamente, elas estão relacionadas a toda a trajetória desde a primeira mamada, se o sono
é tranqüilo, relaxante. Essa confiança social vai depender da qualidade do cuidado oferecida
pela pessoa que materna. Se essa criança tem experiências positivas será uma criança otimista
e esperançosa diante o mundo.

O desmame leva a nostalgia pela perda do paraíso perdido, para o bebê é a perda
daquela relação íntima no momento da interação da amamentação. Quando ele vai sendo
introduzido numa outra alimentação, além do leite. Isso gera uma fantasia de perda desse
paraíso. Naquele momento de intimidade, de alimento físico e psíquico, no olhar, na troca de
afeto, ele se reconhece no desejo do outro.

Se a confiança básica é forte a criança vai desenvolver uma atitude otimista e


esperançosa, caso a experiência for mais negativa do que positiva a criança vai ter
desconfiança no mundo, vai tender ao isolamento, evitar contato com o outro e acreditar que
mundo não vai suprir suas necessidades. Erikson diz que no final dessa fase, se tudo for bem
amarrado, resolvido a criança desenvolve uma competência, a virtude da esperança.

Depois do primeiro ano, Erikson diz que a criança vivencia outra fase, chamada
autonomia x vergonha. O biológico dá condições mínimas de autonomia, ela aprende a falar,
comunica seus afetos, sentimentos, ela começa a caminhar, se alimenta sozinha, tem um
avanço qualitativo na cognição, que pode ser representada pela fala. Ela acredita na sua
potência, ela tem mais autonomia porque cuida um pouco dela mesma, ela começa a impor
seus desejos. Esse biológico também dá suporte a uma maior maturidade emocional, psíquica
e social dessa criança. A criança desenvolve uma maturação muscular, de reter e liberar, é um
grande salto para sua autonomia, agora além de comunicar desejos, necessidades, ela retém e
libera as fezes, descobrindo a potência que existe em seu próprio corpo, descobrindo que pode
controlar esse ambiente. O efeito que causa no adulto, a forma que esse reter e liberar é
experienciado por ambos, terá efeito na personalidade dessa criança.

A criança precisa que o adulto esteja equilibrado emocionalmente e seja firme para
lidar com essa criança que não tem noção de regra social. Ele tem que nortear essa criança de
maneira a não ser rígido demais para não acabar atravancando a autonomia dessa criança,
criando um sentimento de duvida, vergonha, angústia, inadequação. Ela precisa de um
direcionamento do que é possível ou não naquele momento, para não se sentir perdida, nem
solta demais, mas ter uma noção dessas regras sociais. O adulto ajudando-a a desenvolver
essa autonomia ela sente a permissão dele para crescer.

Quando o ato da criança causa um comportamento negativo por parte do adulto, onde
ele expõe, constrange essa criança a envergonhando, ela vai sentir-se insegura diante de sua
produção, sua potência. Isso pode despertar um sentimento de vergonha e dúvida por parte
dessa criança. A insegurança surge se os pais envergonham excessivamente a criança, a
humilhando em relação ao seu reter e liberar, pode gerar um sentimento de culpa e inibir sua
autonomia.

Portanto se a criança sente prazer na sua potência, quando consegue construir sua
autonomia sem ser tolhida ela desenvolve a virtude da vontade.

Para Freud, a fase oral é a primeira de cinco fases no desenvolvimento psicossexual,


onde o ponto principal dessa libido vai está localizada na boca. Essa fase onde o bebê leva
tudo à boca, é a primeira forma de contato dele com o mundo e através dessa experiência ele
vai internalizando o mundo externo, também é o seu primeiro sentido e o mais desenvolvido.
A partir de uma necessidade de sobrevivência, por exemplo: se alimentar, como esse alimento
chega até ele, se é de maneira saudável, tranqüila, positiva ou de maneira estressante, irritada,
muito demorada, negativa a partir dessa experiência é que ele vai internalizar esse mundo.
O prazer que o bebê sente ao se alimentar não se dá apenas pelo alimento em si, em
sua boca, mas sim de um contato com o ser materno, ele sente o prazer na situação
‘amamentação’ como um todo, na plenitude que proporciona. Assim como as atividades
sucção que é uma de suas primeiras experiências e de morder. A forma como a alimentação é
experienciada vai proporcionar uma internalização de um mundo acolhedor ou hostil. Além
do desejo, o bebê cria uma relação de amor e ódio com o seio (que acolhe alimenta) fazendo-o
de depositário desses sentimentos, como resultado de suas experiências nessa alimentação.

A libido está organizada em torno da boca, zona oral, mas Freud diz que todo o corpo
é erógeno, e nesse cuidado, nesse toque, na mãe (cuidador) pelo bebê, é que vai dando
significado aquele corpo. Segundo Freud o bebê ama pela boa e a mãe pelo seio, no momento
da amamentação, de intimidade entre eles, o seio é o mediador dessa relação íntima entre os
dois, e é por meio da experiência que o bebê vai internalizando esse objeto que é bom ou mau.
O bebê incorpora o leite se alimentando fisicamente, através do seio e metaforicamente
incorpora a mãe dentro de si, pelo contato com essa mãe, ele também é alimentado
psiquicamente, internalizando essa mãe.

Na fase anal, que é de 1 a 3 anos, ele já tem uma maior autonomia, o corpo já está
mais desenvolvido tanto no aspecto motor como no neurológico. Ela desenvolve o controle do
esfíncter, e nessa fase busca prazer no anus e áreas vizinhas. Uma vez que percebe que pode
controlar o movimento, ela descobre o prazer de reter e liberar aquele local e de controlar o
ambiente. A criança nota que as fezes são sua primeira produção e que ela pode manipular
como quiser, além de ter um sentido simbólico, no ato de reter e liberar, de ter poder sobre o
ambiente, de auto-produção. É necessário que o adulto dê suporte a criança tornando o
ambiente propício e acolhedor para aquela produção, não humilhando a criança e deixando-a
confusa. Ao passo que, a criança ama e sente que é amada pelos pais ela sente que o que
produz é bom e valorizado, e se essa produção é vivida de forma negativa pode gerar uma
inibição dessa criança na sua capacidade produtiva, transtornos de personalidade e traços
específicos por ter uma fixação na fase.

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