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A CRIANÇA DE 5 E 6 ANOS - O QUE DIZ A PSICOLOGIA

 Torna-se mais dona de si mesma, mais reservada.


 A sua relação com o ambiente manifesta-se em termos mais
amistosos.
 O seu mundo é de aqui e de agora.
 O centro deste mundo continua a ser ocupado pela mãe.
 Não tem ainda maturidade para formar conceitos e sentir
emoções abstratas.
 Possui um forte sentido de posse, sobretudo com as coisas de
que gosta.
 Dentro do âmbito familiar fará perguntas próprias: Para que
serve? De que é feito?
 Pensa antes de falar.
 Querem para sentir a satisfação do êxito pessoal e de aceitação
social.
 Aos 6 anos, a criança deseja a companhia de outras crianças.
 No jogo e nos seus companheiros encontra as suas próprias
experiências que, unidas ao ensino e exemplo dos mais velhos,
a ajudarão a alcançar um maior equilíbrio e maturidade
psicológica.

1. Uma mudança psicológica na sua personalidade

 Adquiriu já um número considerável de conhecimentos que vão


aumentando e variando constantemente as noções que tem do
mundo.
 Quanto mais rico se torna em noções, menos rico é em intuições.
 Compreende mais coisas, mas adivinha menos.
 É mais inteligente e menos intuitivo (embora o seja e muito).
 A mudança é menos evidente nas crianças com pouca
convivência, menos sociabilizadas. E ainda menos acentuada
nos que viveram num lar truncado.
 A criança que não tem mãe, entra mais tarde na vida
sentimental, e a que não tem pai, tem dificuldade em começar a
definir o seu caráter.
 A mudança que se manifesta nesta etapa é devida também à
educação.
 Se dia após dia, os excessos dos impulsos são travados, e os
orientados, algo se terá de refletir na personalidade da criança.

2. Ver vontade e caráter


O caráter não é um elemento mais da personalidade. É a
síntese dos elementos da personalidade. Nestes anos começa já a
formar-se o caráter e sobretudo define-se já para um sentido
determinado.
 A presença do caráter é o que dá aos pais a sensação de uma
grande mudança.
 A criança nesta etapa, projeta-se para o mundo porque começa
a ter caráter. Porque começa a ser.
 Durante esta etapa, a criança mostra-nos, cada dia que passa,
novas manifestações de caráter: nas suas reações à nossa
atuação ou à das outras crianças, podemos ver claramente que a
sua inteligência e os seus sentimentos vão transformando a
primitiva reação, rápida, inconsciente, temperamental, numa
reação medida, consciente, com caráter. O caráter é a energia
pessoal que resolve a nossa dúvida. E se não duvida também
não se precipita; entre o pensamento e a execução, entre o
desejo e a consecução há um intervalo; neste intervalo insere-se
o ato da vontade. A vontade não produz nem os desejos, nem os
sentimentos, nem os pensamentos, nem sequer os impulsos.
Não os produz mas seleciona-os, delimita-os modera-os,
estimula-os.
 A criança tem uma maneira própria de sentir, de pensar, de
querer.
 O núcleo central, aglutinante, do caráter é a vontade.
 Quando deseja fazer uma coisa e hesita em fazê-la, e chega a
pensar que não é capaz de a fazer e por fim vence-se a fazê-la,
fica satisfeita.
 Quando passa de um sentimento de incapacidade a um de
capacidade, exercita a vontade.
 Na linguagem corrente seria conveniente saber distinguir o verbo
querer do verbo desejar.
 Para o querer é necessário o desejo, e para este é necessário o
impulso.
 Querer equivale a desejar uma coisa e a acreditar na
possibilidade e conveniência de realizá-la.
 A criança, quando tem caráter, quase sempre sabe o que quer, o
que tem que fazer; perante cada estímulo, perante cada nova
situação determina-se de uma maneira segura, num sentido ou
noutro.
 O que realmente estabelece uma diferença profunda entre a
criança temperamental e a criança com caráter é que a primeira
não sabe o que quer fazer e a segunda sim.
 A falta de confiança na criança temperamental gera necessidade
de proteção e ajuda.
 Os pais devem estar vigilantes para não lhe dar feito aquilo que a
criança pode fazer sozinha.
 A educadora deve insistir – sobretudo às mães – na importância
que tem o deixar fazer, o ensinar a fazer, que aprendam fazendo.
 Se bem que isso suponha um maior esforço, uma aparente
perda de tempo.
 O que é muito penoso para uma mãe de criança nessa faixa
etária: o não ser mais imprescindível para o filho.
 As ordens que a criança recebe são obedecidas ou não,
cumpridas ou não.
 Há crianças mais obedientes do que outras.
 Há aquelas que têm uma tendência quase irresistível a
desobedecer.
 Na obediência há há um fator que não depende da criança, mas
sim da forma como os pais a educam.
 Muitas coisas são obedecidas porque são bem ordenadas e
outras esquecidas porque são inoportunas ou impertinentes.
 O hábito de desobedecer pode ser na verdade a revelação de
uma personalidade patológica, embora, muitas vezes, seja a
manifestação de que as ordens foram dadas sem contar com a
iniludível liberdade da criança.
 Tem grande capacidade de adaptação o que a torna apta para a
assimilação de hábitos de conduta.

3. A afetividade

 Quanto mais rica em emoções for a vida afetiva, mais rica


poderá ser em sentimentos.
 Quanto mais inteligente, menos cedo poderá transformar as suas
emoções em sentimentos.
 Mas os sentimentos, tal como as emoções, necessitam de algo
externo para se elaborarem; e, para darem um tom afetivo a toda
a personalidade.
 Necessitam dum estimulo. A vida de comunicação afetiva.
 A sua necessidade fundamental é sentir-se.
 A criança, por si só, poderá chegar também a possuir todos os
sentimentos.
 Nenhuma criança deixa jamais de ter todos os sentimentos, nem
nenhum educador poderá criar qualquer sentimento.
 A criança isolada, de escassa inteligência, que sofreu uma
educação descuidada é pobre na sua vida afetiva; os seus
sentimentos estão pouco diferenciados, não se manifestam
claramente.
 A criança nestas condições não passa, quase, do prazer e da
dor, e dos sentimentos egoístas.
 Pode-se garantir que toda a vida afetiva da criança começa a ser
já dirigida, tanto pelos sentimentos como pelas emoções.
 Uma característica essencial da vida afetiva da criança é a
ausência absoluta de paixões, que não aparecem antes da
puberdade ou vida adulta.
 Esta ausência de paixões não impede que alguma vez as
emoções da criança (cólera, ira, temor) possam chegar a criar
um estado passional momentâneo. Mas se são freqüentes, são
também o produto duma personalidade ou educação desviadas
do seu rumo certo.

4. Sentimento estético e o religioso

 Durante este período de vida surgem os sentimentos mais


importantes: o estético e o religioso.
 O sentimento estético não costuma surgir antes dos 6 anos,
porque a emoção estética também se produz tardiamente.

5. A sua idéia de Deus

 A criança possui em potência a idéia de Deus, só pelo fato de


possuir uma natureza humana, e pode chegar a possuí-la
atualmente, não por uma investigação própria, mas por influência
do meio.
 A criança irá indagar, pergunta atrás de pergunta, até esgotar
todas as possibilidades de causalismo.
 Para ela tudo tem a sua causa, toda a ação o seu porquê e não
desiste de o saber ou de julgar que sabe.
 Toda a cosia tem a sua causa, além disso tem o seu fim, a sua
utilidade. “Porquê”, “Para quê”, são as questões postas a todas
as horas do dia, acima de tudo.
 Vai assim conseguindo chegar a alcançar a idéia de um autor de
todas as coisas.
 A família e o colégio são aqueles a quem compete dar um
sentido religioso às suas perguntas.
 Fazer-lhes ver Deus como criador de todas as coisas e como
Pai.
 É essencial este sentimento de Filiação Divina como base de
uma educação religiosa sólida e firme.
 Tanto os pais como os professores não devem esquecer que
esta idade é importantíssima para lograr uma educação religiosa,
e tal educação não consiste em ensinar, mas em procurar
“transmitir” uma vida de piedade viva e sincera.
 O ensino de algumas práticas religiosas, puramente mecânica,
sem alma, servem de muito pouco ou de nada.

6. Sociabilidade

 Vai-se sentindo como elemento da família. Este momento é


decisivo, porque se os pais a ignoram, pode custar-lhes caro a
maior das ambições: ser alguém.
 Atua como se a sua personalidade ocultasse os seus
sentimentos, pensamentos e desejos. Vergonha na qual está
implícita uma manifestação do sentimento de pudor.
 O seu espírito é precário, ainda não possui capacidade de auto-
reflexão capaz de tornar consciente seu próprio eu
independente.
 Às vezes mostra-se individualista, interessam-lhe os próprios
êxitos, que conta aos outros esperando a sua estima.
 Normalmente, adapta-se facilmente e é extrovertido.
 A sua capacidade de adaptação torna-o apto para a assimilação
de hábitos de conduta, que são fundamentais para se ir
conseguindo uma maior educação da sua vontade.

7. Verdade e mentira

 A vergonha que a criança sente para se mostrar tal como é não


pode ser confundida com a falsidade e a mentira.
 A criança não mente todas as vezes que assim o parece fazer.
Antes de afirmar que uma criança mente, seria prudente pensar
se realmente é possível que minta.
 Do mesmo modo que antes não podia distinguir uma cor de
outra, agora, não pode distinguir muitas vezes o verdadeiro do
falso. Falta-lhe a compreensão da realidade e a sua imaginação
ainda lha deforma mais. Esta deformação impossibilitar-lhe-á,
muitas vezes, a capacidade para distinguir o que realmente viu
do que simplesmente imaginou.
 Geralmente, a criança não mente: diz outra verdade. Só existe
mentira quando se afasta da sua realidade.
 Há um tipo de mentira que se dá com o desejo de libertação que
a criança sente.
 Quando a sua compreensão tiver amadurecido e a pergunta for
feita de maneira adequada à sua capacidade, em fez dum sim ou
dum não indiferentes, responderá que não sabe.
 Há uma mentira que corresponde a um instinto de defesa: a
criança mente por medo.
 Há outro tipo de mentira produzida pelo mau exemplo dos pais,
os quais, diante dos filhos falam de coisas absolutamente falsas
acerca de outras pessoas.
 Por desgraça, são muitas as crianças que mentem, porque têm
medo dos seus pais.
 Há a mentira automática: a criança mente obedecendo a um
impulso que a leva, sem saber porquê, a mentir; ou mente do
mesmo modo que faz um ato reflexo.
 A criança tem interesse em não dizer a verdade, para esconder
os seus atos ou para conseguir alguma coisa.
 Há a mentira por preguiça: a criança renuncia ao exercício
mental que pressupõe determinada pergunta – freqüentemente
feita em momento inoportuno – e escapa-se pelo caminho mais
fácil, que é dizer a primeira coisa que lhe vem à cabeça.
 De todas as mentiras, a mais freqüente é a dita por medo ou por
instinto de defesa.

8. Convivência na escola

 À medida que a noção de tempo vai se organizando, vai


adquirindo a capacidade de espera.
 Nas atividades corporais, age com maior desenvoltura e
equilíbrio.
 Pula bem corda e arco.
 Há o progresso da coordenação motora fina: enfia contas,
manuseia ferramentas etc.
 Segura o lápis com mais segurança.
 Desenha uma figura humana reconhecível, com diferenciação de
partes do corpo.
 Preocupa-se em terminar o que começou.
 Já conta até dez objetos e faz somas simples dentro desse
limite.
 É ansiosa por reconhecer realidades.
 Já tem ouvido e olho para detalhes.
 Prefere brincar em grupo.
 Gosta de construções de casas, garagens, cidades, de fantasiar-
se e dramatizar.
 Começam as diferenças de interesses entre meninos e meninas.
 Curiosidades pelas diferenças de sexos.
 Possui mais segurança, mais confiança nos outros, mais
aceitação das regras sociais, seriedade, persistência,
sociabilidade, controle emocional.
 O grafismo alcança a cena já organizada em conjunto único, o
que prova o nível de organização do pensamento e a orientação
espacial já estabelecida.
 Ainda está descobrindo as diferenças entre realidade e fantasia.
 Chega à média de 2.200 palavras.
 Começa a compreensão de como uma coisa pode levar à outra,
isto é, de causa e efeito, de como as partes podem adaptar-se
para formar uma totalidade e d alógica e das normas.
 Começa a ter noção de certo e errado. Preocupando-se muito
em estabelecer padrões internos de certo e errado.
 É ágil e possui bom controle muscular. Anda, corre e pula com
firmeza.
 Tem bom domínio muscular no manejo de ferramentas simples e
em atividades tais como jogos de encaixe e recortes.
 Aumenta consideravelmente o período de tempo em que é capaz
de concentrar-se.
 Tudo investiga e verifica, formando os próprios conceitos.
 Tem boa memória.
 Planeja o que vai desenhar e critica o resultado do seu trabalho.
 Identidade firmamente estabelecida (a base do caráter e da
personalidade já está assentada)
 Grande parte dos ensinamentos que recebe ocorre sob a forma
de jogos, mais isso não pode substituir as brincadeiras.
 As atitudes adquiridas em relação à aprendizagem terão efeitos
duradouros.
 Demonstra maior desenvolvimento motor e acuidade auditiva.
 Possui grande habilidade para pintar, desenhar, modelar e seus
trabalhos são realizados com maior observação e cuidado.
 É muito ativa e está sempre pronta a adquirir novas
experiências: cava, trepa, luta e constrói constantemente.
 Meninos e meninas brincam juntos, mas já começam a ter
interesses diferentes: os meninos gostam de arrastar coisas em
carros, misturar terra e água, jogar futebol, lutar. As meninas
preferem brincar com bonecas, pular amarelinha, brincar de
roda.
 Despende grande energia, mas quase não sente cansaço.
 Já possui muita habilidade para compreender e utilizar a
linguagem: gosta de usar palavras novas, mesmo as que não
compreende bem.
 Já é capaz de ouvir com atenção e de esperar sua vez de falar.
 Tem boa capacidade de argumentação.
 Relata bem suas experiências e conta histórias.
 Concentra-se por tempo mais longo em atividades livres.
 Desenha, relacionando diversos objetos em cena única e critica
seus trabalhos, às vezes utilizando-os.
 Tem muita imaginação, mas já sabe diferenciar o real da
fantasia.
 É interessada pelos fenômenos da natureza, objetos, notícias
atuais (guerra, eleições).
 Começa a conhecer o valor do dinheiro.
 Interessa-se pelo tempo: quer saber os dias da semana, tem
noção do que significa ontem, hoje e amanhã, mas atrapalha-se
com períodos maiores de tempo.
 É capaz de transmitir recados.
 Gosta de organizar grupos, estipulando regras.
 Já tem hábitos de ordem e higiene formados.
 Os conflitos são raros; usa táticas verbais: “é a minha vez”, eu “vi
primeiro”.
 Precisa de aceitação e da aprovação do grupo.
 É crítica, mas tem muito senso de humor.
 Aumenta sua curiosidade sobre sexo: casamento, gravidez,
nascimento.
 Aprende que há hora apropriada para cada coisa.
 Fica triste quando é reprovada pelo adulto, mas já pode
compreender quando seu comportamento é prejudicial ou
inadequado.
 Tem grande noção de seus direitos e deveres e ressente-se de
injustiças.
 Revela amadurecimento completo para a caracterização da
aprendizagem da leitura e da escrita.
 É capaz de seguir ordens mais complexas, que incluam a
memorização de detalhes em seqüência.

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