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Sobre o autor.

Abraão Lemos é Psicanalista e


Educador, mestre em psicanálise, em
atuação clinica com crianças,
adolescentes e adultos.
Ministra cursos e palestras na area
da psicanálise, saúde mental, práticas
terapêuticas, ludoterapia,
acolhimento, escuta e trabalho
clinico e educativo.

"Desejo que você se conecte e cure sua criança interior,


descubra e alinhe sua missão nesta vida, e entenda que
o primeiro passo para o sucesso em qualquer área é o
autoconhecimeto."

Abraão L.
introdução

Este livro digital foi escrito especialmente pra você mãe,


pai, cuidador, professor que se dedica a um cuidado
diário e árduo com crianças e adolescentes, que entende
e percebe os desafios, que busca compreender melhor
diversos espaços dentro do universo da criança.
Você assim como eu, acabava se cobrando em se
tornar um super pai ou uma super mãe, um super
cuidador(a).
Assim como eu, você ouvia ou ainda ouvi muita crítica e
apontamento a suas atitudes de acolhimento e de
paciência as birras de seu filho, até mesmo chegou a
paralisar frente a uma situação desafiadora do seu
pequeno.
Escrevo a você que caiu de paraquedas na
maternidade/paternidade/cuidado, ou se planejou por
vários meses ou anos para a tão chegada hora, e
acabou percebendo que os desafios são bem maiores.
Quero lhe mostrar um espaço dentro da sua
maternagem/paternagem que você ainda não conheceu
profundamente.
Esta produção tem o intuito de te fazer mergulhar em
busca de uma verdadeira conexão entre você e sua
criança.
Lhe parabenizo por ter adquirido e iniciando a leitura
deste livro digital.
Este é o primeiro passo para o um trabalho de Nutrição
emocional cada vez mais eficaz em sua jornada de
cuidador.
Vários dos espaços que abordaremos neste livro
digital, irão apresentar temas e perguntas que sempre
são feitas por pais, cuidadores e profissionais da
infância.
Se você é mamãe, papai ou cuidador(a) irá se
perceber em muitas das situações apresentadas nesta
construção.
Caso seja profissional da infância ou educação esse
"manual" lhe ajudará a tirar dúvidas e acrescentar em
suas vivências nos mais diversos espaços.
Todos os direitos reservados a Abraão L.
Proibida a reprodução ou venda do conteúdo sem prévia
autorização do autor.

Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98


Lei Nº 9.610, de 19 de fevereiro 1998
01
Comece por você
Antes de mais nada, você precisa se reconectar com
você, e acredite essa tarefa pode parecer fácil, mas
demandará de você muita força e sensibilidade.
Você não conseguirá construir um relacionamento
saudável com seu filho se estiver sem um norte.
Sua saúde mental e emocional é sua
responsabilidade, e por mais difícil que seja entender
isso, sua evolução e reconhecimento pessoal não
depende de outra pessoa a não ser de ti mesmo.
Até mesmo seus filhos precisam que você se
reconheça, se entenda, se ame e se respeite.
A segurança e bem estar deles depende do seu, e
você não pode negar isso.
Um cuidador adoecido adoece a criança mesmo sem
querer.
Como fazer isso?
A maternidade e paternidade nasce com nossas
crianças.
Mas antes dela nascer você já existia, você não
deixou de ser você(por mais que a sensação seja
essa.)
Se reencontrar, se conhecer e se perceber, é um dos
primeiros passos para contribuir com a nutrição
emocional das nossas crianças.
A prática do autoconhecimento ajuda muito neste
momento.
02
Entenda sua missão.
Qual sua missão?
Pode parecer difícil entender que nós enquanto
indivíduos possuímos mais de uma missão na vida,
você sabia disso?
Pois bem, nossas missões acontecem e se desdobram
por espaços diversos.
A missão de um cuidador é ser um agente de
impulso e motivação para o desenvolvimento
natural da vida.
Desenvolvimento natural das atividades, dos desejos,
dos gostos, das emoções.
Ser cuidador é entender que a criança precisa, não
só de uma provisão física, estrutural e financeira, mas
de uma provisão e apoio emocional, literalmente
nossas filhos dependem emocionalmente nos primeiros
anos de vida.
E isso é essencial para o desenvolvimento de sua
personalidade, caráter, emocionalidade, gostos,
estrutura psíquica e fronteiras do "eu".
A criança se reconhece a partir do outro, se percebe
como ser único depois de sentir a sensação de
unidade com os cuidadores.
A missão do cuidador não é outra, se não prover as
bases necessárias para a construção da estrutura
fundamental que sustentará o "EU" por toda a vida.
03
Não se cobre tanto

Você se cobra muito?


Entenda que esse processo pode aparecer ou se
desenvolver durante o cuidado que tem com sua(s)
criança(s).
O primeiro passo, é entender de fato, quais são os
espaços além da maternagem/paternagem que você
se cobra, normalmente espaços como vida
profissional, casamento, espiritualidade, além dos
cuidados pessoais e necessidades básicas são
espaços com diversas demandas e isso acaba criando
uma sobrecarga nos que estão a frente do cuidado e
supervisão de uma criança ou adolescente.
Lembre-se você não conseguirá criar filhos
emocionalmente saudáveis se cobra de si mesmo uma
perfeição humanamente impossível.
Comece por passos, comece aprendendo um pouco
mais sobre o desenvolvimento infantil, busque criar de
formas saudáveis conexão com a criança ou
adolescente.
04
Se conecte com o ato de cuidar.

Se conectar com o ato de cuidar é um desafio que


vale a pena.
Você será levado(a) a um espaço de entendimento do
que é cuidar de forma saudável, sem cobranças, sem
perfeições, sem cargas emocionais entre você e sua
criança, e acredite as cargas emocionais podem ser
um dos grandes fatores que tiram sua energia e
afetam a conexão e comunicação que tem com seu
filho(a).
O cuidar vai além de uma doação cinematográfica,
ou de uma negação de si mesma(o), você não deixou
de existir, você é importante.
Sua missão precisa de seu protagonismo.
Se conectar com o ato de cuidar é inicialmente criar
espaços que priorizem seu crescimento interno e
externo.
No dia a dia essa conexão com o ato pode se tornar
cansativa e difícil.
Uma dica é, comece com o simples: crie o hábito de
tirar 1 hora por dia para fazer algo que realmente
gosta.
Não importa se é tomar sol durante uma rápida
caminhada, apreciar a vista da janela de sua casa, ou
ler algumas páginas do livro que gosta, assistir um
episódio ou filme que você curti.
VOCÊ PRECISA DE UM MOMENTO CONSIGO
MESMA(O).
E isso fará diferença na forma como você se enxerga
e enxerga o ato de cuidar.
O Cuidado é um ato relacional, que pode acontecer
para com o outro, e para consigo mesma(o).
Dica: busque ajuda de um profissional de saúde
mental e emocional sempre que precisar.
05
Se conecte com sua criança interior.

Você conhece a criança que foi um dia?


Pode parecer assustador, mas não existe uma
"barreira" ou "parede" entre a criança que você foi e
o adulto que você é.
E o primeiro passo para se conectar com seu filho(a) é
entender a criança que você foi um dia.
Os medos, as dúvidas, os desejos, os sonhos, as
vontades, as ansiedades, as emoções, a
agressividade, tudo que sua criança sentiu está
gravado dentro de você, em seu mundo interno.
É importante que você possa explorar esse ambiente,
afim de criar uma conexão saudável com sua própria
história(criança que você foi um dia), criar conexão
com sua vida e consequentemente com a vida que
você irá proporcionar ao seu filho em cuidado e
supervisão saudável.

"A vida adulta é menos adulta do que parece. Ela é


pilotada por rastros de infância."
-Contardo Calligaris.-
06
Entenda o desenvolvimento infantil.

O desenvolvimento infantil acontece em 3 espaços


diferentes e simultâneos:
Espaço Biológico (corpo)
Espaço cognitivo (aprendizagem e autonomia)
Espaço Emocional (mundo interno, emocional e
afetivo)
Espaço Social (Relações, amizades, familia,
expressão.)
A criança carece de cuidado e atenção nestes três
espaços, de acordo com suas necessidades e sua
própria individualidade.
Cabe a você ter sensibilidade para entender que o
desenvolvimento emocional da criança depende da
harmonia nestes três campos.
07
Ative o modo consciente.

Você sabe o que é educação consciente?


De acordo com Teixeira, a educação consciente é
aquela que possibilita auxiliar no desenvolvimento e
na formação da criança em suas capacidades
mentais, motoras, emocionais e físicas.
Pode parecer um grande desafio, mas existem passos
simples que ajudam para uma educação consciente e
positiva.
Esse manual que você lê agora tem suas dicas
pautadas nos princípios da educação respeitosa e
consciente.
Todos os passos e dicas simples que esse livro
oferece, criam um ambiente propício a conexão,
confiança, expressão positiva e comunicação
saudável.
As melhores maneiras de nutrir seu filho
emocionalmente.
"Quando Estiver com duvida de como reagir ao
comportamento da criança, lembre-se de com
se sente ser tratado por alguém que você
admira."
-Lelia Schott-
08
Prátique a educação respeitosa.

Você foi educado respeitosamente?


Difícil responder essa pergunta pra si mesmo(a) né?
Na maioria das vezes nos observamos enquanto
crianças em um lar, sufocante e controlador ou
desoladamente descontrolado.
Espaços negligentes, frios, ambientes apáticos e sem
"cor".
Essa é a ausência de nutrição emocional.
A educação respeitosa é um conjunto de práticas e
abordagens humanizadas e acolhedoras que
proporciona Conexão, Comunicação e cooperação.
Os três elementos criam um lar e ambiente relacional
humano, acolhedor e leve pra se viver a infância.
09
Entenda o que é comunicação.

O que é comunicação pra você?


Nos comunicamos desde o nascimento, você sabe
qual a primeira forma de comunicado do ser humano?
O choro!
Uau! Difícil perceber e colocar o choro de nossas
crianças de forma tão leve, quando na verdade fomos
ensinados a "engolir o choro"
A comunicação positiva e não violenta é
extremamente necessária para a nutrição emocional
de uma criança.
A criança não aprende com gritos, xingamentos,
pressões ou barganha.
Ela aprende através de uma comunicação que possui
4 nutrientes importantes:
Ludicidade: use a área mais forte da criança para
conectar e desconectar ela das atividades e criar
uma rotina de atividades saudável.
Respeito: respeite e busque entender o desconforto
da criança.
Acolhimento: acolha as insatisfações da criança, ela
não nasceu para colecionar insatisfações e guardar
desconfortos.
Repetição: entenda que a criança aprende repetindo,
ou observando a repetição, a paciência nesse
momento é algo necessário, repetir ou informar várias
vezes de forma simples e leve é importante para o
aprendizado e compreensão do pequeno.(observando
sempre as fases da criança)
Recorte
e use.
Recorte
e use.
10
Acolha a criança

Acolher a criança é essencial para a nutrição


emocional da mesma, o acolhimento é mais do que
abraçar e dizer que entende a criança.
No acolhimento precisa existir validação e respeito
com a dor e desconforto da criança.
Algumas Frases inimigas do acolhimento são:
"levante menino, nem doeu!"
"para de chorar por besteira, engole o choro!"
"Você vive errando, faz tudo errado!"
"quando você esta aqui eu só me estresso"
"você é muito dramatica!"
"por isso que não saiu com você"
O que a criança na verdade entende ao ouvir essas
frases?
"levante menino, nem doeu!" (minha dor não
importa)
"para de chorar por besteira, engole o choro!"
(chorar é errado, feio e falta de educação.)
"Você vive errando, faz tudo errado!" (sou
incapaz de acertar ou fazer algo produtivo e
importante)
"quando você esta aqui eu só me estresso" (eles
não gostam da minha companhia, eu faço mal a
eles)
"você é muito dramatica!" (eu não sei e não
preciso expressar as dores e desconfortos.)

"por isso que não saiu com você" (eu não me


encaixo, não mereço e não sou aceito nos
lugares.
"O acolhimento em essência, é um dos atos mais
terapêuticos e transformadores, vivenciado, percebido e
buscado no cerne de nossa existência."
– Psicanalista Abraão L.-
11
Se conecte de forma positiva

12
Valide as emoções

13
Participe Ativamente

14
Trabalhe a autonomia da criança

15
Mostre que a raiva não é inimiga
16
Saiba dosar as atividades
Como "dosar"?
Dosar seria criar uma harmonia entre o cuidado e a
autonomia da criança e adolescente.
Entender que sua missão não é distrair ou criar uma criança
100% ocupada.
Sua missão é mostrar a criança como a rotina e as
atividades cotidianas podem e devem ser encaradas como
algo produtivo e nutritivo.
Dosar na educação da criança, também é entender alguns
princípios básicos para a facilitação dessa missão.
Uma rotina organizada e positiva não é pesada e
desgastante pra criança ou adolescente.
Passos simples para dosar nas atividades da criança ou
adolescente.
Nunca suborne: a criança precisa entender que seus ganhos
também acontecem durante a construção ou experiência,
nem sempre ela precisa fazer algo pra ganhar algo, ou ter
um retorno rápido por que fez alguma atividade, ensine a
criança o que é construção.
Evite punições: Criança cansa, e cansa mais rápido que um
adulto, criança também se esgota, crie espaços revigorantes
durante a rotina da criança, ela, assim como você precisam
de momentos leves e de lazer e bem estar.

Priorize o diálogo: Vocês podem alinhar uma forma de dar


continuidade as atividades com leveza e produtividade, sem
parecer uma obrigação enfadonha.
Estabeleça acordos: acordos não são subornos, vocês pode
por exemplo, acordar em criar um dia especial para o vídeo
game, assim ele pode aproveitar e entender que em outros
momentos existem prioridades importantes.(observe as
idades)
Não ameace: isso cria entre vocês uma situação de
ansiedade frente a impossibilidade da criança, em alguns
momentos ela não conseguirá mesmo tendo que fazer algo,
talvez ela fique tão assustada que crie padrões de
cobranças automáticos e devastadores.
Cumpra as situações que foram estabelecidas: é importante
a criança perceber congruência no que você estabelecer e
em suas ações.
17
Apresente os limites
Apresentar os limites é sempre uma tarefa
desafiadora.
Na maioria das vezes buscamos a sensação de
"controle" e "autoridade suprema" sobre as situações
e sobre a criança.
E se eu disser a você que isso talvez diga mais sobre
suas dores e sensações de impossibilidade do que
exatamente sobre a relação ou resultado positivo que
você busca na crianção do seu pequeno?!
É muito confortável ter o controle de uma situação.
Mas entenda, você não precisa ter o controle de tudo
o tempo inteiro, isso pode se tornar destrutivo e
cansativo.
"Então o que preciso fazer para apresentar os limites
que meu filho(a) precisa ter?"
Simples, comece com os seus limites.
Você tem limites?
Ou os adultos podem tudo e as crianças não podem
nada em sua casa?
Adultos dormem a hora que quer.
Crianças não.
Adultos choram e gritam.
Crianças não.
Adultos batem e maltratam.
Crianças não.
Adultos procrastinam.
Criança não.
Adultos comem o que quiser.
Crianças não.
Adultos compram descontroladamente
Crianças não.
Como impor limites, se seus limites não existem?
É assustador perceber que as vezes vivemos impondo
o que não praticamos.
Acredite, você é um espelho pra criança.
Incongruência é uma distorç na educação saudável.
18
Entenda que é normal ter medo

"Para com esse medo menino, parece uma


mulherzinha"
"Mas você já é uma mocinha, não pode ter medo"
"Meninos não tem medo!"
"Deixa de besteira!"
Onde criamos a ideia de que jogar nossas crianças
sob o que elas tem medo, criará um adulto saudável e
corajoso?
Lembro-me de uma época aos 5 ou 6 anos, em que
desci em um tobogã de mais de 10 metros, não por
vontade, fui forçado a descer no colo de um dos meus
familiares.
Não consigo esquecer a sensação assustadora de
subir cada degrau e o pavor e ansiedade tomava
conta de mim, eu gritava, mas mesmo assim era
agarrado e levado pra cima, ao cair na água abri a
boca e os olhos, entrei em pânico, engoli água e
passei alguns segundos dentro da piscina, foi uma das
sensações mais assustadoras que senti na vida.
E não, eu não era uma criança medrosa.
Eu brincava e me aventurava em vários lugares.
Mas eu não estava preparado para descer em um
tobogã.
NÃO NASCEMOS PREPARADOS PARA ENFRENTAR
NOSSOS MEDOS.
Você mesmo pode não acreditar, mas cultiva algum
medo dentro de você.
Medo de perder.
Medo de liberdade.
Medo "nojo" de baratas.
Medo do mar aberto.
Os medos existem e podemos entender que crianças
não precisam ser expostas ou forçadas a vence-los,
nosso apoio, compreensão e respeito são
fundamentais para a adaptação e superação das
nossas crianças.
Medo, todo mundo tem!

Coisas que eu tenho medo Por que eu tenho medo

O que posso fazer para Coisas que eu NÂO tenho


enfrentar esse medo? medo

Recorte
Nome:
e use.
19
Promova educação sexual
Costumamos ter uma visão distorcida da educação
sexual na primeira infância, precisamente até os
primeiros 6 anos de vida da criança, mas onde isso foi
construído, e por que a educação sexual é importante
para a segurança e integridade da criança? como
fazer de forma positiva, respeitosa e saudável.
Tudo começa com a falsa ideia de que falar sobre
orgão genitais com a criança ira sexualiza-la e
acabar expondo-a á um ambiente perigoso de
experiências sexuais antes do momento certo, isso é
totalmente falso, as crianças sexualizadas e
erôtizadas são na verdade crianças que não tiveram
educação sexual na infância, acabam sendo expostas
á situações de abuso, e não sabem como se proteger,
por que nunca foram ensinadas sobre os LIMITES
CORPORAIS, este é um dos primeiros pontos
trabalhados na educação sexual da criança.
Mas aprendemos o contrario, vamos observar as ideias
errôneas que aprendemos sobre educação sexual:
Se falar sobre órgãos genitais ou nomeá-los a
criança criará desejos sexuais muito cedo. MITO
Muitas crianças são abusadas sexualmente,
exatamente por que os abusadores utilizam nomes
"diferentes" e "criam brincadeiras", na promessa de
apresentar um segredo ou algo novo.
Não saber o nome do órgão genital também pode
dificultar a comunicação e exposição da criança
frente a um ato abusivo, ela não saberá como
explicar.
Acompanhei diversos caso em que a criança não
sabia o nome e nem foi informada que não poderia
tocar os órgãos genitais de outras pessoas e o
abusador acabou criando nomes a prática de abuso
que fazia com a criança, chamando "brincar de
montanha russa", em outro caso os abusadores
chamavam o abuso de "brincar de vaca e boi" e nesse
ato de abuso simulavam exatamente o ato sexual dos
animais.
Se a criança tocar no próprio órgão genital devo
bater e punir ela. MITO
Punição e agressão nunca irá ensinar sobre o corpo
da criança, pelo contrario criará uma barreira de
conexão entre a criança e seu proprio corpo, ela
acreditará que pode ser tocada e punida por outras
pessoas, abrindo espaço para a manipulação e abuso
de outras pessoas.
Por que ensinamos o que é bracinho, perninha,
ombrinho, boquinha, mas quando a criança toca no
próprio pênis ou vulva, batemos, e falamos para a
criança que é nojento e errado, mas não falamos dos
limites dos outros sobre o corpo dela?
Algumas crianças crescem sem entender que existem
limites entre seu corpo e o ambiente, essas crianças
crescem nutrindo uma ansiedade sobre seu ´próprio
corpo tão grande que chega a paralisa-las frente ao
abuso ou ao toque nessas partes.
A criança precisa beijar e abraçar todo mundo
quando os pais mandarem.
A criança pode beijar os pais na boca. MITO
Nenhuma criança deve ser exposta a demonstração
de afeto sem que a mesma esteja em consentimento
com isso e NUNCA devem beijar qualquer pessoa na
boca, quando os responsáveis forçam a criança a
esses atos, a mesma se sente em obrigação de
realizar esses atos sob qualquer forma de pressão ou
barganha.
Alguns abusadores utilizam-se de frases como: "vou
ficar triste se você não me beijar aqui."
"mas sua mãe e seu pai se beijam, por que nós não
podemos?"
"sua mãe ja me beijou aqui" ou até mesmo frases
como, "se você não me abraçar eu vou falar pra sua
mãe (...) e você vai apanhar"
Pode ser assustador pensar, mas a boca das crianças
é uma das áreas mais utilizadas para a prática do
abuso, exatamente pela facilidade de pedir, e por
que a maioria dos pais não falam que a boca é um
espaço para a proteção.
Esses são apenas alguns dos vários de mitos que
criamos sobre a educação sexual na infância.
Mas como podemos educar nossos filhos respeitando
a idade, a linguagem e os nossos limites, aqui vão
dicas valiosas e simples.
Educação sexual acontece desde a gestação
e nascimento: sempre avise e tenha delicadeza
ao trocar as roupas ou fraldas da criança,
exemplo: "oh filho, vi que você fez xixi, vamos
trocar essa fraldinha" "vou tocar em seu pipi para
limpar, mas vai ser rapidinho, mamãe/papai tem
muito cuidado"
Nunca sexualize a criança com frases como:
"esse vai pegar todas", "nossa olha os
namoradinhos", "vai la com sua namorada(o)"
Ensine com leveza e ludicidade as partes do
corpo(todas), e mostre os limites pessoais de
segurança, a privacidade, exemplo: "filha você
sabia que algumas partes do nosso corpo são tão
especiais pra gente, que elas tem roupas só pra
elas?" então você pode explicar o porque existe
calcinha, cueca, sutiã, biquíni, shorts de praia,
esse pode ser o primeiro passo para você falar
sobre orgãos genitais, limites corporis e segurança
com sua criança.
Utilize o metodo do semáforo do toque:
Recorte
e use.
20
Entenda que seu filho não te deve nada.

Dificil perceber essa afirmação não é?


Nós crescemos acreditando que devemos algo pelo
presente da vida, ou pelo cuidado que nos foi dado,
isso é natural e a conexão da criança com os pais
reafirma essa sensação.
Mas isso não pode se tornar uma moeda para a
compra e aceitação de nossa
maternidade/paternidade ou até mesmo para nos
manter seguros na figura eterna de autoridade que
desejamos ter.
Em algum momento nossos filhos não iram ver sentido
em manter uma vida de dependência conosco, você
só conseguirá entender isso de forma saudável se
observar todos os passos anteriores que tratamos
nesse e-book.
Nossos filhos não nos devem amor, respeito,
compreensão, isso precisa ser percebido como
algo natural e bom, e não uma dívida.
E acredite ou não, existem pais e mâes narcisistas,
tóxicos e abusadores que vivem usando essa desculpa
para manter seus abusos e habitos hostis com suas
crianças e adolescentes.
Quando percebemos que nossos filhos não nos devem
nada, nós nos livramos do fardo de também dever a
eles a nossa perfeição.
A caminhada na maternidade/paternidade e cuidado
não é linear, é cheia de desafios e adaptações.
"Como posso entender que meus filhos não me
devem nada?"
Simples! perceba se você não acredita internamente
que deve algo a alguém ou a seus pais, fardos geram
fardos, autoconhecimento gera mudança e liberdade.
21
Entenda o que são birras

Uau! Esse é um dos grandes desafios do cuidado com


uma criança, as tão assustadoras e temidas birras!
Mas e se ti falar que não só as crianças fazem birras!
Como assim Abraão?
É isso mesmo! adultos também se comportam assim,
quando batem a porta com força ou quebram algo
por uma explosão de fúria, até mesmo quando
passam semanas sem se comunicar ou falar nada com
o parceiro(a) por causa de uma discursão.
SABE QUAL A DIFERENÇA?
O cérebro do adulto já é maduro o suficiente para
lidar com essas situações.
O da criança não!
O segredo para entender as birras e
comportamentos desafiadores na infância , está
no desenvolvimento cerebral da criança.
Vamos entender melhor!

O córtex pré-frontal é a sede do controle racional, ou


seja, controle de impulsos, tomada de decisão,
empatia e tudo relacionado à regulação do
comportamento social. E veja só: essa área do
cérebro não se desenvolve completamente até que
nossos filhos cheguem aos 25 anos.
Outras informações importantes sobre a birra na
infância:
As birras geralmente começam entre os 2 e 4
anos de idade, mas podem começar mais cedo,
por volta dos 10 meses de idade.
Birras são sempre uma expressão da criança
em sua imaturação cerebral na tentativa de
perdir ajuda.
Em sua grande maioria, as crianças que fazem
birras estão expressando alguma insatisfação,
medo, ansiedade ou necessidade.
Gritar ou punir a criança não resolve.
Tentar usar a razão e apelar para a ideia de que a
criança esta errada não funciona.
A criança precisa de um adulto maduro e
estável para se harmonizar e se equilibrar
naquele momento.
Altos níveis do hormônio do estresse (cortisol),
é liberado no corpo da criança no momento da
birra.
O corpo da criança automaticamente entra em
estado de luta e fuga.
A criança precisa de apoio e delicadeza nesse
momento.

E tudo isso é cientificamente


comprovado!

Mas o que fazer nos momentos de birras da criança?

1 2 3
Acolha a criança e leve- Escute a necessidade ou Mostre com afeto e
a á um lugar calmo e ansiedade por trás do calma que você pode
seguro. comportamento. ajuda-la a entender e se
acalmar.
4 5
6
Lembre-se que você é o Mostre que você
Mostre uma lição sobre
cérebro maduro da compreende a situação,
aquilo, de forma lúdica e
relação. mas explique o contexto.
afetiva.
"Por trás de toda criança "difícil" há sempre uma
emoção que ela não sabe expressar"
A.d
22
Entenda que sua criança não está
predestinada a passar pelas mesmas
dores que você passou.

23
Observe as entrelinhas do
comportamento da criança

Dica bônus
Incentive a comunicação das emoções

Dica bônus
Ajude-o a identificar as emoções

Dica bônus
Respeite as emoções
24
Ensine sobre a "beleza de ser diferente"

Todos lidamos com a singularidade das nossas


crianças, e não tem como fugir disso.
Frente a individualidade e limitações do nosso filho ou
filha, nos temos duas escolhas.
1. Perceber, entender e acolher
2. Ignorar, criticar e reprimir.

O que preciso faze para ensinar a beleza da


diferença a me filho(a)?
Entenda que ele(a) não é você, ou sua extensão.
Entenda que ele(nimguém) nasceu para a
perfeição, esse é um fardo que nimguém merece
carregar.
Perceba que sua criança pode ter sentimentos e
atitudes que são assustadores pra você ou que te
afetam.
Ser singular é também sentir com mais ou menos
intensidade as emocôes, respeite a sensibilidade
da criança.
Entenda os limites da sua criança, limites físicos e
emocionais.
Todos nós em algum momento de nossa existencia
precisamos entender que somos diferentes e que
nossa singularidade é a riqueza real que temos.
Que tal começarmos a trabalhar isso desde cedo com
nossos pequenos?
Algumas situações desafiantes que podem mostrar a
singularidade de nossos filhos:
A forma como se expressam, seja do sorriso, na
fala ou no choro.
A forma como produzem e aprendem na escola.
A forma como apreciam a arte, musica, e
espiritualidade
A forma como lidam com as dores, desafios e
ausências da vida.
forma como demonstra sua alegria, seu
entusiasmo e sua criatividade.
A forma de criar, fazer, brincar e apreciar.
Você foi apresentado a Beleza de sua
"singularidade"?
Abra espaço para observar a beleza do singular em
diversos lugares, inclusive na
maternidade/parernidade e cuidado.
A nutrição emocional dos nossos filhos depende de
uma realidade positiva para sua expressão singular e
individual.
"Um dia o seu filho cometerá um erro ou fará uma
má escolha e correrá pra você ao invés de correr de
você.
Nesse momento você saberá o valor de uma
parentalidade pacifica, positiva e respeitosa."
-L. R. KNOST-
25
Mostre e deixe que o mesmo
encontre seu lugar no mundo.

26
Aprenda que confiança é
construida e nutrida.

27
Entenda que o choro é uma forma de
expressão e comunicação.

28
Trabalhe com a ludicidade

29
Não negocie Amor e Respeito

30
Não use de comparações.
31
Avalie Saudavelmente

Você consegue avaliar seu filho sem desmerecer seu


esforço?
As crianças são extramente ligadas a avaliação de
seus cuidadores ou "superiores".
Quando você avalia o trabalho, a atividade,
comportamento ou expressão de uma criança como
positiva ou negativa, ela não percebe essa ação
como uma simples avaliação, mas como uma
afirmação de sua competência frente as atividades,
por mais simples que pareçam ser
Exemplo: Quando você pede para uma criança
limpar sua bagunça de brinquedos, após o termino da
atividade a criança escuta a seguinte expressão:
"esta pior do que antes, você não sabe arrumar
nada."
A criança não esta ouvindo e introjetando apenas um
comentário sobre a atividade de guardar os
brinquedos, ela esta ouvindo uma avaliação de sua
atividade desafiante de organizar, seu esforço e seu
foco, é como se toda o esforço em fazer a atividade
não fosse o suficiente.
O quão perfeito precisa estar pra chegar a ter uma
avaliação positiva dos cuidadores?
Outra situação é aquela conhecida frase: "não fez
mais que sua obrigação."
Essa frase não encoraja ninguém a nada, até mesmos
muitos adultos fogem de vez em quando de suas
obrigações por excesso.
Atividades essenciais como estudar, fazer as tarefas
escolares, tirar boas notas, se alimentar e se vestir de
forma adequada não é uma obrigação, é um direito
de toda criança e adolescente.
Atividades como ajudar nas tarefas domésticas ou
cuidado com os irmãos, organização de brinquedos,
cumprimentos de atividades religiosas podem ser
inseridas de forma leve e , sem desgaste ou
avaliações hostis e desnecessárias.
Uma prática muito simples que pode ajudar bastante
na aprendizagem da criança acerca de atividades
essenciais como arrumar os próprios brinquedos é
trocar frases como:
"você ajuda a mamãe a guardar os brinquedos?"
Por: "A mamãe pode ajudar você a guardar os seus
brinquedos."
Pode parecer algo muito simples, mas a criança nesse
momento percebe que aqueles brinquedos, aquela
atividade essencial é dela, e você pode ajuda-la.
Mas por que falar sobre atividades dentro da
avaliação?
Por que Avaliamos nossos filhos a todo momento, e
eles buscam essas avaliações como forma de
reafirmar seu desenvolvimento e sucesso em
exploração do mundo que os cerca.
Pais e professores sempre se deparam com as
seguites frases de crianças:
"o que achou do desenho? Eu que fiz!" outra frase
sempre dita é: "olha o que eu sei fazer!"
A avalição dos adultos nutre a criança
emocionalmente e a impulsiona a produzir e
desbravar novas habilidades.
Uma avalição tirânica e hostil sem a percepção dos
desafios e esforços da criança e adolescente causa
um distanciamento de sua desejável realidade de
protagonismo e autonomia futura.
Troque frases como:
"você não é bom nisso, deixe que eu faço"
"você fez tudo errado."
"seu irmão faz melhor que você, você precisa
aprender com ele(a)"
"isso está horrível, você precisa melhorar!"
Por frases como:
"Percebi que você esta com dificuldades,
mamãe/papai pode lhe ajudar se desejar"
"Obrigado por ter se esforçado e dado seu melhor,
entendo que é dificil pra você"
"você tem seu jeito de fazer, cada pessoa tem um
jeitinho único"
"Nossa! o que significa esse desenho, achei muito
legal e diferente"
32
Apresente Gentilmente

Se perguntarem a você, quem é seu filho, você


consegue o definir em cinco palavras?
Quais as palavras que aparecem em sua mente neste
momento?
São expressões positivas ou negativas?
Por mais que você busque diversas qualidades, você
em algum momento irá se deparar com um
comportamento desafiador que insiste em levar a
apresentação do seu filho para uma "caracterização"
Mas como assim caracterização?
"você é desobediente"
"você não faz nada que preste."
"você é boba"
"burra!"
Todas as frases acima são apresentações que
fazemos da imagem da criança a si mesmo.
"mas eu não falo isso na frente dos outros, só em
casa."
Então quero que saiba que você apresenta a sua
criança a ela mesma todas as vezes que da um
feedback ou faz um comentario sobre seu
comportamento ou atitude.
Então o que posso fazer para apresentar de forma
positiva?
Melhore sua percepção e comunicação sobre seu
filho, mas também sobre você mesma(o).
Nossas dores e insatisfações muitas das vezes são
refletidas na convivência e comunicação que temos
com nossos filhos.
Como você escolhe apresentar seu filho a ele mesmo
e ao mundo em que viverá e se relacionará por toda a
vida?
33
O Autorize a "ser e sentir"

"Uma criança tratada com respeito não precisará passar sua


vida se questionando se é digna de ser respeitada."
-Maya Eignmann-

34
O Aceite enquanto "Ser"

"Quando vivemos criticando os nossos filhos, eles não


deixam de nos amar, eles deixam de amar a si proprios."
-Ivone Labor-

35
O permita "Florescer"
36
Fique atento a sinais de conflitos
na infância.

37
Entenda a adolescência
38
Não forçe a comunicação

39
Perceba que a compreensão é a
chave da comunicação.

40
Não se cobre a ser perfeito.
41 42
Trabalhe o protagonismo Entenda que você pode
na adolescência ensinar sem humilhar.

43 44
Acabe com as agressões. Não acolha qualquer
Acredite, elas não funcionam! conselho.
45
Cultive tempo de qualidade com seu filho.
46 47
Trabalhe a inteligência Respeite o tempo e a
emocional individualidade da criança.

48 49
Ensine a importância da Acompanhe o processo
criatividade, musica, arte e escolar, social e produtivo,
leitura.

50
Pergunte como a criança
se sente.
"Crianças nunca devem se esforçar por nosso
amor, elas devem descansar nele."
-Dr. Gordon Neufeld-
Conclusão

A Nutrição emocional é sem dúvidas uma das


práticas mais importantes dentro do desenvolvimento
da criança e adolescente.
A ideia de nutrição emocional vem do autor Lucas J.
Malaisi, encontrada em literatura internacional
"DESCUBRIENDO MIS EMOCIONES Y HABILIDADES."
Adotei esta nomenclatura para que possamos
entender o processo de constituição emocional dos
nossos filhos como de fato um processo nutritivo.
Ao adotarmos o conjunto das 50 práticas descritas
nesta produção.
Criaremos uma conexão saudável, que possibilita o
desenvolvimento e construção da personalidade e
mundo interno singular, para pessoas emocionalmente
saudáveis.
Em minha prática clinica me deparo com desafios
diários de pacientes adultos congelados em espaços
de negligencia, abuso, conflito e abandono que
remetem muito as suas infâncias, sensações de
dependência, medo, ansiedade e desamparo são
frequentemente percebidos pelos próprios pacientes
em seus insights como vindos de fases da sua primeira
infância e até mesmo da adolescência.
Pisamos no solo da infancia durante toda a vida,
como estamos preparando e nutrindo o solo em que
nossas crianças andaram por suas vidas?
Espero ter contribuído de forma positiva com sua
construção continua na missão de cuidador e
orientador da infância.
Agradecimentos

Este E-book não teria sido produzido sem o


apoio fundamental de minha esposa Lorenna
M. e a experiência desafiadora e rica com
meus filhos Melinda M. e Apollo M. que me
ensinam sem palavras.
A Meus queridos pais Pr. Jonas. V. e Maria L.

Á memória de Severina Rosa, progenitora,


cuidadora, líder espiritual e referência de
afeto.
A todos os meus alunos, pacientes e amigos.

"Encontrei o significado da minha vida, ajudando os


outros a encontrarem o sentido das suas vidas. "
–Viktor Frankl.-
Todos os direitos reservados a Abraão L.
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