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Médium Curador

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Breve Relato Histórico. 4. Magnetização: 4.1.


Magnetismo e Hipnotismo; 4.2. Diferença entre Magnetismo e Hipnotismo; 4.3. A Presença da
Ciência Oficial. 5. Médium curador: 5.1. A Cura como Manipulação do Fluido Universal; 5.2.
Magnetizador versus Médium Curador; 5.2. Preparação do Médium Curador; 5.2. O Recebedor
do Fluido. 6. O Trabalho de Passes no Centro Espírita. 7. Conclusão. 8. Bibliografia
Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é estudar os diversos matizes da mediunidade


curativa. Pergunta-se: há diferença entre magnetizador e médium curador? O
que são médiuns curadores? Por que o poder de cura é classificado como
mediunidade? Faremos, assim, um pequeno relato histórico a respeito do
magnetismo e hipnotismo, veremos a questão da magnetização e a aplicação
de passes no Centro Espírita.

2. CONCEITO

Mediunidade – Faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as


relações entre os homens e os Espíritos.

Mediunidade Curativa – É aquela em que o médium possui a faculdade de


curar.

Médium Curador – Faculdade que certas pessoas possuem de curar pelo


simples contacto, pela imposição de mãos, pelo olhar, por um gesto, mesmo
sem o concurso de qualquer medicamento.

3. BREVE RELATO HISTÓRICO

No tempo de Ísis (Egito), os sacerdotes caldeus utilizavam os passes para o


restabelecimento da saúde humana. No século XV muito se falava na simpatia
magnética, designando um sistema análogo nas suas bases essenciais, ao que
tinha sido formulado por Paracelso. No século XVII Van Helmont, muito citado
na Alta Magia, afirmava ter obtido curas valiosas com a aplicação do ímã e de
placas metálicas nos corpos de doentes. Um contemporâneo dele, o jesuíta
Hell, que também era físico de renome, obteve efeitos interessantes com a
aplicação do ímã não só nos homens, mas também nos animais.

Foi, contudo, Franz Anton Mesmer, médico alemão, quem estudou os mistérios
científicos até então cuidadosamente guardados em segredo pelos seus
predecessores com sendo coisa de magia. Admitia Mesmer que, assim como o
ímã, as mãos e os olhos de alguns indivíduos podiam irradiar um fluido
especial proveniente do próprio organismo com influência nos indivíduos e nos
próprios animais. As teorias mesmerianas foram combatidas em Viena, motivo
por que Mesmer tranferiu residência para Paris em 1778. Em 1779 ele publica
a obra Magnetismo Animal, em que expõe a tese defendida até então, ou seja,
a existência de um fluido que interpenetrava tudo e que dava às pessoas,
propriedades análogas àquelas do ímã. Teve boa aceitação, mas depois caiu
em descrédito.

Em 1784, o marquês de Puységur, discípulo de Mesmer, descobrira


Sonambulismo Artificial e em 1787 Pététin descobria a Catalepsia Artificial. Em
1841, Braid, descobre o hipnotismo. Charcot o estuda metodicamente, Liebault
o aplica à clínica e Freud o utiliza ao criar a Psicanálise. (Paula, 1976)

4. MAGNETIZAÇÃO

4.1. MAGNETISMO E HIPNOTISMO

Magnetismo: em Física: fluido emanado do ferro magnético e dos ímãs, que


tem a propriedade de atrair outros metais e de orientar a agulha magnética em
direção Norte-Sul. Ocultismo: segundo os adeptos, existe no indivíduo uma
força latente que poderia ser emitida mediante a ação da vontade. Esta força
diz-se apresentar analogia com a eletricidade e o magnetismo mineral e existir
em todos os seres vivos no estado estático e no estado dinâmico, circulando ao
longo das fibras nervosas e irradiando para o exterior pelos olhos, pelas pontas
dos dedos e pela boca, com maior ou menor intensidade da vontade.

Hipnotismo: deriva de Hipnose, que por sua vez vem da palavra grega
hypnos = Deus do sono, adotada por Braid em 1843. O termo não é feliz, uma
vez que dá a errônea impressão de ser a hipnose igual ao sono. O hipnotismo
são os vários processos, pelos quais uma pessoa dotada de grande força de
vontade exerce sua influência sobre outras pessoas de ânimo mais débil, numa
espécie de êxtase (ou transe)

4.2. DIFERENÇA ENTRE MAGNETISMO E HIPNOTISMO

O magnetismo aceita a existência de um fluido especial, que é projetado pelo


magnetizador influenciando a pessoa que o recebe.

O hipnotismo admite que o paciente fica hipnotizado por auto-sugestão e


concentração mental, não havendo fluido algum. Apenas o hipnotismo é aceito
pela ciência.

4.3. A PRESENÇA DA CIÊNCIA OFICIAL

Os cientistas não aceitaram o termo magnetismo; preferiram o hipnotismo. Eis


como Braid o define: Hipnotismo é "o estado particular do sistema nervoso,
determinado por manobras artificiais, tendendo, pela paralisia dos centros
nervosos, a destruir o equilíbrio nervoso". Nada de fluidos, nem de matéria
sutil. Ficou assim prestigiado o hipnotismo através dos tempos pela ciência
oficial e relegado o magnetismo com os seus passes as suas imposições e os
seus fluidos para o monturo das teorias condenadas como obra do
charlatanismo. (Michaelus, 1967)
5. MÉDIUM CURADOR

5.1. A CURA COMO MANIPULAÇÃO DO FLUIDO UNIVERSAL

"A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma
molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da
substância inoculada; mas, depende também da energia da vontade que,
quanto maior for, tanto mais abundante a emissão fluídica provocará e tanto
maior força de penetração dará ao fluido. Depende ainda das intenções
daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou Espírito. Os fluidos que
emanam de uma fonte impura são quais substâncias medicamentosas
alteradas". (Kardec, 1975, cap. XIV, item 31)

Os efeitos da cura são extremamente variados: algumas vezes é lenta e


reclama tratamento prolongado; outras vezes é rápida; as demais se colocam
na faixa desses dois extremos.

5.2. MAGNETIZADOR VERSUS MÉDIUM CURADOR

Enquanto o magnetizador usa as suas próprias energias, o médium curador é


apenas o intermediário dos Espíritos na cura das doenças.

Eis as respostas que nos foram dadas às perguntas seguintes dirigidas aos
Espíritos a esse respeito

1 – Podemos considerar as pessoas dotadas do poder magnético como


formando uma variedade de médiuns?

"Disso vocês não podem duvidar".

2 – Entretanto o médium é um intermediário entre os Espíritos e o homem; ora,


o magnetizador, tirando a força de si mesmo, não parece ser o intermediário de
nenhum poder estranho.

"É um erro; o poder magnético reside sem dúvida no homem, mas ele é
aumentado pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio. Se você
magnetiza com o fito de curar, por exemplo, e invoca um bom Espírito que se
interessa por você e pelo doente, ele aumenta sua força e sua vontade, dirige
seu fluido e lhe dá as qualidades necessárias."

3 – Entretanto há muito bons magnetizadores que não acreditam em Espíritos?

"Então vocês pensam que os Espíritos agem somente sobre aqueles que
crêem neles? Os que magnetizam para o bem são secundados por bons
Espíritos. Todo homem que tem o desejo do bem os chama sem o querer;
assim como pelo desejo do mal e pelas más intenções, ela chama os maus".
(Kardec, s.d.p., item 176)

5.3. PREPARAÇÃO DO MÉDIUM CURADOR


De acordo com o Espírito André Luiz, o missionário do auxílio magnético na
Crosta ou aqui em nossa esfera, necessita:

· Ter grande domínio de si mesmo;

· Espontâneo equilíbrio dos sentimentos;

· Acentuado amor aos semelhantes;

· Alta compreensão da vida;

· Fé vigorosa;

· Profunda confiança no Poder Divino. (Xavier, 1970, p. 321)

Deve, por outro lado, evitar as barreiras que impedem a passagem das
energias auxiliadoras, ou seja:

· A mágoa excessiva

· A paixão desvairada

· A inquietação obsedante.

5.4. O RECEBEDOR DO FLUIDO

As exigências para um trabalho de passe produtivo devem ser extensivas


àqueles que irão receber os fluidos balsamizantes. Estes devem preparar-se
interiormente para o momento sagrado na câmara de passes. Além disso,
precisam ter confiança em Deus, nos Espíritos amigos e no médium que lhe irá
aplicar o passe. Sem isso, não se estabelece uma sintonia perfeita entre
doador e recebedor.

Eis algumas recomendações do Espírito Emmanuel:

· Ajuda o trabalho de socorro sobre ti mesmo com o esforço da limpeza


interna;
· Esquece os males que te apoquentam, desculpa as ofensas das
criaturas que te não compreendem, foge ao desânimo destrutivo e
enche-te de simpatia e entendimento para com todos os que te cercam;
· Se pretendes, pois, guardar as vantagens do passe que, em substância,
é ato sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio,
o coração e o cérebro;
· Não abuses, sobretudo, daqueles que te auxiliam;
· Não tomes o lugar do verdadeiro necessitado, tão só porque os teus
caprichos e melindres pessoais estejam feridos.

6. O TRABALHO DE PASSES NO CENTRO ESPÍRITA


O que são os passes?

Movimentos com as mãos, feitos pelos médiuns passistas, nos indivíduos com
desequilíbrios psicossomáticos ou apenas desejosos de uma ação fluídica
benéfica... Os passes espíritas são uma imitação dos passes hipnomagnéticos,
com a única diferença de contarem com a assistência invocada e sabida dos
protetores espirituais.

Qual o objetivo do passe?

Propiciar ao assistido um reequilíbrio psicofísico espiritual. Para tanto o


médium passista deve entender que o trabalho na câmara de passes tem um
caráter mediúnico, ou seja, da mesma maneira que os Espíritos se utilizam dos
recursos do médium, para a comunicação escrita ou falada, eles se utilizam
das faculdades radiantes do médium para curar.

Qual o mecanismo do passe?

Baseando-nos no fenômeno hipnótico, podemos distinguir, claramente três


tipos de campos vibratórios: o do Espírito, o do médium e o do assistido...
Estabelecido o clima de confiança qual acontece entre o doente e o médico
preferido, cria-se a ligação sutil entre o necessitado e o socorrista e, por
semelhante elo de forças, ainda imponderáveis no mundo, verte o auxílio da
Esfera Superior na medida dos créditos de um e outro. (Xavier, 1977, cap. 22)

Qual o perfil do médium passista?

Para atuar no setor de passes espíritas deve o colaborador ter as seguintes


características:

1) possuir a faculdade radiante, ou seja, a capacidade de transmitir aos outros


parte de seu magnetismo pessoal;

2) o médium passista, antes de tudo, é um médium e deve estar sempre se


aperfeiçoando doutrinariamente;

3) estar em equilíbrio no campo das emoções. "Um sistema nervoso esgotado,


oprimido, é um canal que não responde pelas interrupções havidas";

4) disciplina no campo da alimentação. O excesso de alimentação, o álcool e


outras substâncias tóxicas operam distúrbios nos centros nervosos,
modificando certas funções psíquicas e anulando os melhores esforços na
transmissão de elementos regeneradores;

5) ter consciência do mecanismo do passe para fugir à mecanização do


mesmo.

7. CONCLUSÃO
Preparemos-nos técnica e moralmente para os trabalhos de cura. O
fortalecimento de nossas faculdades radiantes exige muito estudo, muito
critério e muita responsabilidade. Sem isso, estaremos apenas mecanizando os
movimentos requeridos na aplicação dos "passes espíritas".

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo.


17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.
KARDEC, A. O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores. São Paulo: Lake,
[s.d.p.]
MICHAELUS. Magnetismo Espiritual. 2.ed., Rio de Janeiro: FEB, 1967.
PAULA, J. T. Dicionário Enciclopédico Ilustrado de Espiritismo, Metapsíquica e Parapsicologia.
3. ed. São Paulo: Bels, 1976.
XAVIER, F. C. Mecanismos da Mediunidade, pelo Espírito André Luiz. 8. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 1977.
XAVIER, F. C. Missionários da Luz, pelo Espírito André Luiz. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1970.

São Paulo, outubro de 2003.

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