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EB60-ME-14.

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MANUAL DE ENSINO
TOPOGRAFIA DE CAMPANHA – VOL 1

O CHEFE DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO


EXÉRCITO, no uso das atribuições que lhe conferem o parágrafo único do art. 5°, a
letra b) do inciso VI do art. 12, e o caput do art 44, das Instruções Gerais para as
Publicações Padronizadas do Exército (EB10-IG-01.002), aprovadas pela Portaria do
Comandante do Exército n° 770, de 7 de dezembro de 2011, resolve:

Art. 1° Aprovar, para fins escolares, o Manual de E nsino Topografia de


Campanha - Vol 1(EB60-ME-14.068), 1ª edição, de 2013, que com esta baixa.

Art. 2° Estabelecer que esta Portaria entre em vigo r a contar da data de sua
publicação.
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FOLHA REGISTRO DE MODIFICAÇÕES

NÚMERO ATO DE PÁGINAS


DATA
DE ORDEM APROVAÇÃO AFETADAS
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ÍNDICE DE ASSUNTOS

Pag
CAPÍTULO I – CARTAS............................................................................................001

CAPÍTULO II - INSTRUMENTOS TOPOGRÁFICOS................................................013

CAPÍTULO III - DIREÇÃO E AZIMUTE.....................................................................019

CAPÍTULO IV - DIREÇÃO BASE..............................................................................021

CAPÍTULO V - DESIGNAÇÃO E LOCALIDADE DE PONTOS NA CARTA...............031

CAPÍTULO VI - COORDENADAS RETANGULARES...............................................034

CAPÍTULO VII - COORDENADAS POLARES..........................................................039

CAPÍTULO VIII - LINHA-CÓDIGO E TELA-CÓDIGO COORDENADAS


POLARES..................................................................................................................041

CAPÍTULO IX - IDENTIFICAÇÃO DA CARTA COM O TERRENO..........................043

CAPÍTULO X - BÚSSOLAS.......................................................................................048

CAPÍTULO XI - ORIENTAÇÃO POR COMPARAÇÃO.............................................052

CAPÍTULO XII - GPS 12 XL – GARMIN....................................................................060


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CAPÍTULO I
CARTAS

1. DEFINIÇÃO
a. Carta — é a representação, em escala, sobre um plano, dos acidentes naturais e
artificiais que se encontram na superfície do solo, bem como da configuração dessa
superfície. Embora desenhada em escala, não é absolutamente precisa porque, sendo a
superfície da terra esférica, não permite sua representação exata num plano, originando
deformações inevitáveis.
b. Procurando diminuir essas deformações, foram criados diversos tipos de projeção para a
referida representação.

2. CLASSIFICAÇÃO MILITAR DAS CARTAS


a. Classificação geral
1) Carta topográfica — reproduz os acidentes naturais e artificiais da superfície terrestre
de forma mensurável, mostrando suas posições horizontais e verticais. A posição vertical ou
relevo é normalmente determinada por curvas de nível, com as cotas referidas ao nível do
mar.
2) Carta planimétrica — representa apenas a posição horizontal do acidente reproduzido.
Distingue-se da carta topográfica pela omissão do relevo em condição de ser medido.
3) Carta fotográfica — é a reprodução de uma fotografia aérea ou mosaica, constituída
de uma série destas fotografias, que se completou com uma quadriculação arbitrária, dados
marginais, nomes, numeração de estradas, curvas de nível, elevações importantes, limites,
escala e orientação aproximadas. Normalmente se denomina fotocarta. O traçado de curvas
de nível é excepcional.
4) Carta em relevo — reproduz as diferenças de nível por meio de sombreamento,
colorido, etc. A carta em relevo plástica, é uma carta topográfica normal, que foi impressa
sobre base de matéria plástica, de maneira que o relevo, indicado pelas curvas de nível seja
efetivamente reproduzido, em escala aumentada.
5) Carta especial — é uma carta destinada a fim particular, como por exemplo, uma carta
de rede de vias de transporte.
b. Classificação pela escala
1) Escala pequena — igualou inferior a 1/500.000.
2) Escala média — maior que 1/500.000 e menor que 1/50.000.
3) Escala grande — superior a 1/50.000.
c. Classificação militar e utilização
1) Carta geral — em escala inferior a 1/1.000.000, destina-se a fins gerais de
planejamento.
2) Carta estratégica - em escala de 1/1.000.000, destina-se a emprego no planejamento
de movimentos, concentração e suprimento.
3) Carta estratégico tática — em escala de 1/250.000 ou eventualmente, na escala de
1/500.000, destina-se a emprego no planejamento pormenorizado, utilização no preparo de
gráficos para esclarecimento de ordens, produção de cartas em relevo plásticas (escala
média) e uso como carta rodoviária ou carta para as diversas fases do apoio aproximado ar-
terra. Na falta de cartas em escala maior, ainda serve como carta tática ou de controle do tiro
de artilharia de campanha.
4) Carta rodoviária — em escala igual ou inferior a 1/250.000 é utilizada nos movimentos
táticos e administrativos de tropas. Em certos casos, a mesma carta, na escala de 1/250.000,
pode ser usada como carta estratégico tática e carta rodoviária.
5) Carta tática — em escala de 1/50.000, é usada para fins táticos e administrativos. Por
vezes em lugar desta escala, pode-se empregar a de 1/25.000 ou a de 1/1 00.000. A carta
tática é comumente usada por todas as Armas e Serviços.
6) Carta de artilharia — em escala de 1/25000, é empregada na direção do tiro de
artilharia. A carta de 1/50.000 pode, em certos casos, servir para este fim.

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7) Carta fotográfica ou fotocarta — definida em a(3), preferivelmente na escala c.e
1/25000, podendo porém ser de 1/10.000, é utilizada para fins táticos e administrativos.
8) Planta urbana — em escala igual ou superior a 1/10.000, destina-se a representação
dos arruamentos urbanos, assim como a localização dos principais edifícios e de outros
acidentes que sejam de importância e possam ser representados na escala. Um tipo desta
planta ressalta as principais vias que atravessam a área urbana.
d. Cartas aeronáuticas — estas cartas, produzidas e distribuídas pela Força Aérea
Brasileira, classificam-se de acordo com a utilização que se destinam.
1) Carta de planejamento — em escala igual ou inferior a 1/5.000.000, destina-se a
determinação de rotas internacionais, organização de amplos sistemas de transporte aéreo e
controle de movimentos aéreos estratégicos.
2) Carta da navegação aérea de longo alcance — em escala de 1/1.000.000 a
1/5.000.000, é utilizada para a navegação astronômica e por instrumento.
3) Carta de navegação aérea normal — em escala de 1/25.000 a 1/1.000.000, também
denominada carta de pilotagem, é utilizada na navegação precisa à vista. Abrange áreas de
terra e água indicando meios auxiliares e perigos para a navegação.
4) Carta de aproximação — em escala de 1/250.000 a 1/50.000, ou mesma maior, é
empregada na fase aérea do apoio terra-ar e na navegação visual sobre áreas
congestionadas. Fornece dados sobre obstruções críticas e outros por menores relativos à
direção de aproximação desejada. Pode ainda, apresentar vistas panorâmicas e perspectivas
oblíquas.
5) Carta de objetivo — em escala grande, serve para designação de um objetivo aéreo
particular. Contém informações esquemáticas, que localizam exatamente os objetivos
determinados ou identificam um objetivo particular numa área geral.

3. CUIDADOS PARA COM AS CARTAS EM CAMPANHA


Devem sempre que possível, ser
colocadas em um porta-cartas e
cobertas com uma folha de papel
transparente (acetato).
Quando empregadas pelas
tropas em campanha, as cartas
devem ser dobradas em forma de
sanfona, como está ilustrado na
figura 01, e colocadas no bolso
para protegê-las do sol e da umidade. Fig 01 - Duas maneiras de se dobrar uma carta

4. ESCALA DA CARTA
É a relação existente entre as dimensões representadas na carta (d) e as dimensões
correspondentes no terreno (D). O emprego da fórmula ao lado torna-se necessário, quando
não dispomos de uma régua com a graduação correspondente a escala
da carta.
Por exemplo, se numa carta de escala igual a 1/25.000 achamos uma
distância gráfica de 2,5 cm (medida com uma régua milimetrada) entre
dois pontos, a distância real no terreno será:

D = 2,5 cm x 25.000 = 62.500 cm = 625 m

Numa carta de escala 1/25.000, significa que:


-01 m na carta corresponde a 25.000m (25 Km) no terreno;
-01 cm na carta corresponde a 25.000cm (250 m) no terreno;
-01 mm na carta corresponde a 25.000 mm (25 m) no terreno.
Uma escala será tanto maior quanto menor for o valor do denominador da fração que a
representa.

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a. Particularidades
Se os dados da escala não estiverem na margem da carta, a escala dessa carta pode
ser determinada partindo-se de uma medida no terreno, ou por meio da distância gráfica
tomada em outra carta de escala conhecida.
b. Pela distância real entre dois pontos do terreno
A escala de uma carta pode ser determinada pela comparação da distância real entre
dois pontos do terreno, com a respectiva distância gráfica na carta. Na figura 01, por exemplo,
a distância gráfica medida na carta é de 40mm e a mesma distância medida no terreno com
trena, ou outro processo razoavelmente preciso, é de 2.000 m, ter-se-á:

Fig 01 - determinação da escala da carta


conhecendo-se a distância do terreno.

c. Pela distância entre dois pontos de uma carta de escala conhecida


Para determinar a escala de uma carta com o auxílio de outra carta de escala
conhecida, escolhem-se dois pontos que estejam representados em ambas as cartas e mede-
se à distância entre eles. Desse modo, é possível deduzir a distância real pela carta de escala
conhecida e estabelecer a escala da outra pelo processo explanado na letra b. Por exemplo:
na figura 02, a escala da carta “A” é de 1/20.000 e a escala da carta “B” é desconhecida. A
distância gráfica entre o cruzamento das estradas e a casa na carta “A” é de seis centímetros
(6 cm). A distância real, entre o cruzamento de estradas e a casa, determinada pela carta “A”
é:

Fig 02 - Comparação de duas cartas representando a mesma área

Com esta distancia real, e com a distância gráfica obtida na carta “b”, encontraremos o
valor da escala desta carta:

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d. Aproximação de Escala
1) O menor valor gráfico que se pode perceber a olho nu (sem instrumento ótico) e ter
precisão na medida, é de dois décimos de milímetro (0,2 mm) . Este valor denomina-se
aproximação de escala ou erro gráfico cometido.
2) Para saber a dimensão real correspondente ao erro gráfico, deve-se considerar a
fórmula:
Exemplos:
a) Qual a menor dimensão real possível de ser representada na escala 1/25.000 ?

b) Determinar as menores escalas que permitirão, respectivamente, as representações


gráficas de: 5m, 10m e 20m.
RESPOSTA: 1/25.000, 1/50.000 e 1/100.000

5. CONSTRUÇÃO DE UMA ESCALA GRÁFICA


a. Procedimento
1) a. Seja construir uma escala gráfica de 5.000 metros a ser empregada em uma carta
cuja escala é 1/25.000. Procede-se como se segue:
a) (1) Determina-se o comprimento da escala pela fórmula geral. Nesta fórmula, o
comprimento da escala é a distância gráfica, o valor 5.000 metros é a distância real e 1/25.000
é a escala. Tem-se:
metros.
1/25.000 = d/5.000 ; 5.000/25.000 = 20cm
b) (2) A escala gráfica deve medir 20 centímetros para representar 5.000
1) b. Por meio de uma régua traça-se a linha ab com 20 centímetros de comprimento
(Fig 4-6).
2) c. Traça-se, em ângulo agudo, a linha ab’ representando cinco divisões iguais
quaisquer, da régua milimetrada. Traça-se a linha bb’ e de cada divido de ab’ traçam-se
paralelas a bb’. Estas dividem a linha ab em cinco partes iguais, representando cada uma
1.000 metros.
3) d. A divisão 1.000 metros à esquerda do “0”(zero) da escala e deve ser subdividido
em partes de 100 metros. Faz-se isso traçando a linha (a - d’), dividindo-a em 10 partes e
projetando essas divisões sobre o talão, tal como foi explanado no item c.
4) e. Numeram-se as divisões da escala como mostra a figura 4-6.

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6. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
a, Determinar os valores gráficos correspondentes a:
(1) 21,500 km na escala de 1/50.000
(2) 18.750 m na escala de 1/25.000
(3) 15,000 km na escala de 1/100.000
(4) 45,000 km na escala de 1/260.000
Respostas:
(1) 0,43m (3) 0,15m
(2) 0,75m (4) 0,18m
b. Determinar os valores naturais correspondentes a:
(1) 0,l79 m na escala de l/25.000
(2) 0,125 m na escala de 1/50.000
(3) 0,374 m na escala de 1/100.000
(4) 0,222 m na escala de 1/250.000
Respostas:
(1) 4.475 m (3) 37.400m
(2) 6.250 m (4) 55.500 m
c. Determinar a escala em que a grandeza gráfica de:
(1) 0,175 m corresponde a 17,5km
(2) 0,040 m corresponde a 1,00 km
(3) 0,335 m corresponde a 83,75 km,
(4) 0,1582 m corresponde a 7.910 m
Respostas:
(1) 1/100.000 (3) 1/250.000
(2) 1/25.000 (4) 1/50.000
d. Achou-se um fragmento de carta onde estava representado um cruzamento de estradas
e uma árvore isolada, afastados entre si de 4,7cm. A distância real entre os dois acidentes
considerados é de 1.1 75m. Qual é escala da carta?
Resposta: 1 /25.000
e. Na escala de 1/25.000. 15mm corresponde a ______________ metros.
Resposta: 375 m
f. Em uma carta de escala 1/50.000, a distância entre dois pontos A e B representada por
14cm. Noutra carta, de escala desconhecida, esta mesma distância é representada por 28cm.
Qual é a escala da carta?
Resposta: 1/25.000
g. Em trechos de cartas, cujas escalas são desconhecidas, identificam-se dois pontos
distantes entre si de 2 Nas referidas cartas as distâncias gráficas entre esses dois pontos são
respectivamente 2,75cm, 11,0cm e 5,5cm. Pede-se:
As escalas das três cartas;
A carta de maior escala.
Respostas:
1/100.000, 1/25.000 e 1/50.000
h. Num fragmento de carta a distância entre duas cidades é de 0,066 m. Um motorista
percorrendo de viatura a distância entre elas, verificou que o odômetro do veículo acusou a
distância real de 3.300m. Qual será a escala da carta a que pertence o fragmento?
Resposta: 1/50.000
i. O erro gráfico cometido na carta de escala de 1/25.000 é de _________ m.
Resposta: 5m
j. O erro gráfico cometido na carta de escala de 1/100.000 é de ________m.
Resposta: 20m
l. A distância entre dois pontos no terreno é de 600 metros. Na escala da carta esses dois
pontos estio distanciados de 12mm. Qual é a escala dessa carta?
Resposta: 1/50.000

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m. Você dispõe de uma folha de papel com 33cm x 22cm, na qual deverá desenhar um
acidente topográfico cuja extensão é de 620m, deixando uma margem de 1cm de cada uma
de suas bordas. Pede-se:
A escala adequada para representar o referido acidente de forma que o mesmo ocupe o
maior espaço possível no papel.
Resposta: 1/2.000
n. Determinar as menores escalas que permitirão, respectivamente, as representações
gráficas de: 5m, l0m e 20m.
Resposta: 1/25.000, 1/50.000 e 1/100.000.

3. CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS
a. Generalidades
Os símbolos contidos neste artigo são convenções que se destinam a representar, de
modo expressivo, os acidentes do terreno e os objetos topográficos em geral, de modo a
ressaltar
sua importância, principalmente no que se refere à aplicação militar da carta.
b. Cores e Símbolos
As cartas e esboços topográficos são geralmente confeccionados em cinco cores (preto,
azul, vermelho, verde e castanho).
1) PRETO - planimetria em geral, com exceção da hidrografia, e toda a nomenclatura;
2) AZUL - hidrografia, traçado das margens em geral, representação das nascentes,
poços, cisternas, bicas, encanamento e terrenos encharcados;
3) VERMELHO - rodovias, até 3ª classe, inclusive;
4) VERDE - bosques, macegas, mangues e culturas;
5) CASTANHO - curvas de nível e respectivas altitudes
c. Símbolos Cartográficos
RODOVIAS, CAMINHOS E ELEMENTOS RELACIONADOS.

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ESTRADAS DE FERRO E ELEMENTOS RELACIONADOS

ELEMENTOS RELACIONADOS ÀS INTERLIGAÇÕES

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EDIFÍCIOS E LUGARES POVOADOS

ELEMENTOS DE ÁREAS E SEUS LIMITES

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PONTOS DE CONTROLE

LIMITES DE FRONTEIRA

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ELEMENTOS HIDROGRÁFICOS

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SINAIS CONVENCIONAIS DIVERSOS

ELEMENTOS HIPSOGRÁFICOS

COBERTURA VEGETAL

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Obs:
1) Nas Cartas de Orientação existem algumas simbologias próprias, diferentes das
usadas nas Cartas Topográficas.
2) Só foram apresentadas as principais e mais usadas convenções. Existem muitas
outras.

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CAPITULO II
INSTRUMENTOS TOPOGRÁFICOS

1. BÚSSOLA
a. Generalidades SETA DE
ESCALAS

NAVEGAÇÃO
Bússola é um instrumento
destinado à medida de ângulos LENTE DE
AUMENTO
horizontais e à orientação da carta e LINHAS
MERIDIONAIS
orientação no terreno (Fig 01).
Fig 01 - Exemplo de uma
bússola Silva, limbo graduado em
graus (0º a 360º) - limbo móvel
A bússola é um goniômetro no SETA DE ORIENTAÇÃO

qual a origem de suas medidas é


determinada por uma agulha RÉGUA MILIMETRADA

imantada que indica, por princípio da CORDEL DE


ANTI DERRAPANTE
física terrestre, uma direção SEGURANÇA
aproximadamente constante, que é o LIMBO MÓVEL

norte magnético. Comumente uma


bússola compõe-se de uma caixa acrílica ou de metal em cujo interior existe um limbo
graduado. No fundo e no centro desta caixa existe um pino de aço, denominado quício, sobre
o qual gira a agulha imantada. A bússola é um goniômetro no qual a origem de suas medidas
é determinada por uma agulha imantada que indica, por princípio da física terrestre, uma
direção aproximadamente constante, que é o norte magnético. Comumente uma bússola
compõe-se de uma caixa acrílica ou de metal em cujo interior existe um limbo graduado. No
fundo e no centro desta caixa existe um pino de aço, denominado quício, sobre o qual gira a
agulha imantada.
b. Tipos de Bússolas
O Exército Brasileiro utiliza basicamente dois tipos de bússolas: as bússolas de limbo
móvel (Fig 02) e as bússolas de limbo fixo
JANELA COM
(Fig 03) RETÍCULO

TAMPA

LINHA LUMINOSA VIDRO MÓVEL


DE 45º
E

LINHA LUMINOSA W ANEL SERRILHADO

OCULAR LIMBO
Fig 2 - Emprego de uma bússola de limbo ANEL SUPORTE
móvel LENTE
ENTALHE DE VISADA

Fig 3 - Nomenclatura da bússola de limbo móvel


As bússolas que possuem a agulha independente do limbo, isto é, o limbo se
movimenta quando girarmos o aparelho são chamadas de limbo móvel. As que apresentam a
agulha solidária ao limbo (sofrendo este as conseqüências da imantação da agulha, fica numa
posição constante quando movimentamos a bússola), são chamadas de limbo fixo.
c. Graduação
Os limbos das bússolas podem ser graduados em graus ou em milésimos, seguidamente
da esquerda para a direita no sentido dos ponteiros do relógio, isto é, no sentido NESO ou da
direita para a esquerda no sentido NOSE, ou então graduados em quadrantes.
d. Aferição
Para que uma bússola possa ser empregada, deve satisfazer um conjunto de condições,
as quais devem ser verificadas previamente por meio de operações preliminares.
1) Centragem - verifica-se esta condição lendo as graduações indicadas pelas duas
pontas da agulha sobre as diversas partes do limbo. A diferença entre essas leituras deve ser
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constante e igual a 180º ou 3.200”’. No caso contrário, o instrumento estará mal centrado e
teremos de forçar ligeiramente o quício a fim de retomar sua posição normal.
2) Sensibilidade - comprova-se esta circunstância aproximando um objeto imantado e
afastando-o. Nota-se que a agulha sofrerá um desvio e voltará à sua posição após algumas
oscilações, da ordem de 25º.
3) Equilíbrio - uma bússola está em perfeito equilíbrio quando colocada na posição
horizontal, a agulha conserva-se nessa posição. Caso uma das pontas da agulha fique mais
baixa, não permitindo sua livre rotação sobre o quício, é necessário pôr um contrapeso,
procurando o equilíbrio da agulha.
e. Declinação da Bússola
Diz-se que uma bússola está declinada quando as leituras nelas feitas representam
lançamentos em vez de azimutes magnéticos.
1) Para declinar uma bússola escolhe-se um local de onde se veja um ponto de
lançamento “L” conhecido. Mede-se o azimute magnético para o ponto, realizando-se para
maior precisão, três leituras deste azimute. A diferença entre o lançamento “L” conhecido e a
média das leituras do azimute é a divisão de declinação do aparelho para este local.
2) Chamando-se “Dd” o valor numérico da divisão de declinação, “DM” a declinação do
lugar, “CM” a convergência de meridianos e “δ” a constante de declinação do aparelho, o valor
da divisão de declinação, em determinado lugar de declinação Leste, será:

Dd = Dm - CM + δ ou Dd = QM + δ e nos lugares de declinação Oeste:


Dd = 6.400’’’ - Dm - CM + δ ou Dd = (6.400’’’ - QM) + δ
3) Registrado o valor numérico da divisão de declinação na escala azimutal, sob o
indicador desta escala, as leituras na bússola representarão lançamentos.
2. CURVÍMETRO
a. O curvímetro é um instrumento que serve para medir distâncias na carta em linha reta,
quebrada ou curva. Há dois tipos mais comuns de curvímetros: em decimal em que o limbo é
graduado em centímetros e milímetros e o outro em que o limbo já possui, nos dois lados,
graduações referentes às escalas mais comuns. para medir distâncias com o curvímetro,
procede-se da seguinte maneira:
1) Faz-se girar a roda dentada até o ponteiro estar em coincidência com a origem da
graduação.
2) Toma-se o curvímetro na vertical (Figura 12) com o limbo voltado para o operador; no
caso de graduação referente às escalas ter o cuidado de reconhecer qual dos lados contém a
escala da carta em que se trabalha.
3) Coloca-se a roda dentada sobre o ponto inicial da medida, de modo que o curvímetro
tenha de se deslocar para frente do operador.
4) Desloca-se, assim, o curvímetro por linhas retas, quebradas ou curvas, até o ponto
final da distância a medir.
5) Lê-se no mostrador do curvímetro as graduações
marcadas. Caso seja um curvímetro decimal tem-se a medida em
centímetros e milímetros e, aplicando-se a escala da carta, obtém-
se a distância procurada. Caso seja um curvímetro em que os
limbos já estão graduados nas escalas mais comuns, lê-se
diretamente o valor procurado.
b. Caso o curvímetro não possua a escala da carta que se está
trabalhando, usa-se uma das escalas do curvímetro e multiplica-se
ou divide-se a leitura feita pela relação de proporcionalidade entre
as duas escalas.
c. Na falta de um curvímetro, pode-se medir distâncias na carta
em linha reta, quebrada ou curva com um barbante, cordão ou fio
dental, bastando para isso, ir ajustando o barbante na carta pelo
caminho que se que medir. Fig 4 - Curvímetro

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3. RÉGUA MILIMETRADA
a. A distância real entre dois pontos poderá ser determinada com auxílio de uma régua
graduada em milímetros, multiplicando-se a leitura feita na régua, entre os dois pontos na
carta, pelo denominador da escala.
b. Por exemplo, se numa carta de escala E = 1/25000 achamos uma distância gráfica de
3,2 cm entre dois pontos, a distância real será:
D = 3,2 cm x 25.000 = 80.000 cm = 800m

4. TRANSFERIDOR
O transferidor é um instrumento para medir ou marcar ângulos na carta.

5. RÉGUA DE ESCALAS
Existem réguas graduadas em diferentes escalas gráficas. a de seção triangular, por
exemplo, apresenta em seu conjunto seis diferentes escalas.
Caso a régua não possua a graduação para a escala em que se está trabalhando, utiliza-se
outra escala e multiplica-se ou divide-se a leitura feita pela relação de proporcionalidade entre
as duas escalas. A relação de proporcionalidade sempre que possível, deve ser múltipla ou
submúltipla de 10.

6. BINÓCULO
a. Generalidades
O binóculo é um instrumento ótico de observação, constituído por duas lentes
justapostas, unidas por um eixo mecânico que se articula com a luneta através de duas
pontes.
b. Características
As características óticas dos binóculos são indicadas pela expressão 6x30, que significa:
- Aumento: 6 vezes
- Diâmetro útil da objetiva: 30 mm
c. Nomenclatura do Binóculo Pioneiro D. F. Vasconcelos
1) Binóculo
- lunetas (são duas):
a) Ocular
b) Tubo porta-ocular com:
- Anel serrilhado (ou de focalização da objetiva)
- Escala de dioptrias
- Índice de leitura da CAIXA DE BRIGADA
escala de dioptrias
c) Objetiva
d) Caixa de prismas OBJETIVA
LUNETA
e) Retículos graduados
(luneta esquerda)
f) Pontes
g) Eixo mecânico com: PONTE

- Disco graduado EIXO


TUBO PORTA OCULAR
- Índice de leitura da MECÂNICO
distância inter pupilar OCULAR
2) Acessórios
a) Estojo com: - OBJETIVA
ANEL SERRILHADO
Tampa, ressaltos, bandoleira
e passadeira para transporte
b) Correia de suspensão Fig 5 - Nomenclatura
d. Retículo
O retículo é constituído por um pequeno disco de vidro, disposto próximo à ocular
esquerda e que contém gravadas as escalas.
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O retículo do binóculo Pioneiro (Fig 5) é constituído de duas escalas: uma horizontal e
outra vertical perpendiculares entre si. A escala horizontal de 100'’’ tem origem no centro e é
graduada para a direita e para a esquerda de 5 em 5 milésimos; os traços indicativos das
dezenas são maiores e trazem os valores 10, 20, 30, 40 e 50, que correspondem aos valores
reais das graduações. O primeiro intervalo de 5 milésimos é graduado de milésimo em
milésimo. A escala vertical é idêntica à horizontal quanto às graduações e numerações.

Fig 6 - Retículo

e. Emprego
1) Operações preliminares - Antes do emprego, o binóculo deve ser submetido às
seguintes operações:
a) Limpeza das lentes
As lentes só deverão ser limpas com pincéis de pelo fino, pano de linho ou camurça,
a fim de não ficarem arranhadas, nem serem prejudicadas suas camadas de revestimento
transparente, destinadas à proteção contra a reverberação da luz solar.
b) Ajustagem da distância entre as oculares
É a operação que consiste em adaptar-se convenientemente a distância entre as
oculares com a distância entre os olhos do observador (distância inter pupilar).
c) Focalização das oculares
Consiste na ajustagem das oculares ao grau de percepção ótica do observador. O
resultado da ajustagem é lido numa escala em dioptrias existente no tubo porta ocular, onde é
indicado por um índice. Esta escala vai de -5 a +10 no binóculo Pioneiro.
d) Pela sua possibilidade de ampliar a capacidade da visão dos observadores,
apresentando aumentados 6 (seis) vezes os objetivos observados, o binóculo torna-se
precioso auxiliar na observação à vista. Com ele um observador pode esmiuçar melhor a
paisagem.
f. Operação
1) Medidas dos afastamentos angulares
a) Medida de ângulos horizontais - com o binóculo pode-se realizar medidas angulares
com erro de 10% aproximadamente, medidas feitas em qualquer sentido - direita para a
esquerda ou vice-versa. Sempre que possível, a medida é feita da esquerda para a direita, por
ser mais própria, pois todos os aparelhos topográficos cogitam de medidas só nesse sentido.
A medida de ângulos horizontais com binóculo compreende três casos:
(1) Medida de ângulos menores que
50’’’
Ajusta-se o centro do retículo no
lado esquerdo do ângulo, e o seu valor é lido à
direita na graduação que coincidir com o seu
lado direito. (Fig 7).
Exemplo: Na Figura 7, o afastamento horizontal
entre as duas árvores é de 40’’’. Fig 7

16
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(2) Medida de ângulos entre 50’’’ e
100’’’
Ajusta-se a extremidade
esquerda da escala horizontal com o lado
esquerdo do ângulo e o seu valor é obtido
acrescentando-se 50’’’ à graduação
coincidente com o lado direito do ângulo.
Exemplo: Na figura 8, o
afastamento angular entre a igreja e a
árvore é de 80’’’. Fig 8
(3) Medida de ângulos maiores do que 100’’’
Neste caso, a operação é realizada por uma sucessão de medidas, assim: ajusta-
se a extremidade esquerda do ângulo e determina-se, no terreno, o ponto coincidente com a
extremidade direita da escala; em seguida, desloca-se a visada para a direita de modo que a
extremidade esquerda da escala venha a coincidir com o ponto antes determinado e,
analogamente, é repetida a operação até que o limite direito do ângulo situe-se no campo do
binóculo, quando a última porção angular
é medida por um dos processos
anteriores.
Exemplo: Na figura 9, o
afastamento angular entre a caixa d’água
e a torre é 180’’’, pois contém uma vez a
escala toda (1 x 100) = 100’’’ e a última
porção medida é de 80’’’.

Fig 9
7. TELÊMETRO LASER
a. generalidades
O telêmetro LP7E (fig 10) é destinado às unidades de infantaria com o objetivo de
fornecer rapidamente um alcance preciso, tanto de dia como de noite. O LP7E medirá o
alcance para um alvo de 150m a 9990m de distância, com uma precisão de 5 metros. O
alcance máximo depende do tamanho e forma do alvo, bem como das condições
atmosféricas. Normalmente, ele é limitado a 5-6 km no campo de batalha
O instrumento foi primeiramente destinado às seguintes missões:
- Determinar a posição do alvo
- Ajustar o tiro.

Fig 10 - Telêmetro Laser

b. Princípio de Funcionamento
Quando o gatilho é acionado, um pequeno pulso de luz invisível é transmitido ao longo
de uma trajetória muito estreita. Atingindo o alvo, uma pequena porção da luz transmitida é
refletida de volta ao longo da trajetória em direção ao instrumento, onde passa através de um
sistema ótico para um receptor. A distância do alvo é determinada através do intervalo de
tempo transcorrido no momento da transmissão do pulso até o momento da recepção do eco,
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oriundo do alvo (Fig 11) em direção ao instrumento, onde passa através de um sistema ótico
para um receptor.

Fig 11 - A distância para um alvo é para ser medida como mostrado acima

c. Especificações Técnicas
- Precisão de alcance.................................+ / - 5 m
- Distância máx / mín determinada pelo contador de distância..........................9990 m /
150 m
- Setor de distância mínima.........................150 m a 4000 m continuamente
- Precisão.....................................................10% do valor lido no seletor
- Bateria embutida.......................................NiCd recarregável 12V
- Nº de leituras antes de recarregar.............Mín 600
- Peso, excluindo a bateria..........................Aprox 2 Kg
- Temperatura de operação........................- 30º C a + 55º C
d. Segurança
Distância de risco - o alcance mínimo do telêmetro, onde é emitido energia, que não
causa danos para um olho desprotegido é chamado de distância de risco, que no LP7E é de
850 metros.

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CAPITULO III
DIREÇÃO E AZIMUTE

1. FINALIDADE
As distâncias e as direções são empregadas para locar pontos ou objetos sobre
o terreno ou sobre uma carta em relação a pontos conhecidos. A distância é medida
a passo ou estimada, conforme o grau de precisão desejado. Para finalidades militares, a
direção é expressa sempre, por um ângulo formado com uma direção base fixa, ou facilmente
determinável.

2. UNIDADE DE MEDIDA ANGULAR


a. O valor de um ângulo é expresso em graus ou milésimos (Fig 5-1). As unidades de
artilharia têm os instrumentos de direção de tiro geralmente graduados em milésimos. Outras
armas empregam o grau e seus submúltiplos.
b. Graus, minutos e segundos - dividindo-se a circunferência em 360 partes iguais, por
meio de raios, o ângulo formado por dois raios consecutivos, vale 10.
Os graus são divididos em minutos e estes em segundos, de modo que:
Círculo 360° ; 1º = 60’ ; 1’ = 60”
Os ângulos são representados numericamente do seguinte modo:
Â= 137°45’23” ; Â = ângulo
c. Milésimos - quando uma circunferência é dividida em 6.400 partes iguais, o ângulo que
compreende uma dessas partes vale 1 milésimo. O milésimo é de utilidade para a artilharia,
porque ele é um ângulo cuja tangente é aproximadamente 1/1.000. Por esta razão, a variação
de 1 milésimo na direção do tubo de um canhão, muda o ponto de impacto dos projéteis de 1
metro em 1 000 metros de distância ou de 2 metros para o alcance de 2.000 metros.
d. Relação entre grau e milésimo — os graus são transformáveis em milésimos por meio
dos seguintes fatores de conversão:
360º = 6.400” (360 graus = 6.400 milésimos); ou seja: 1º = 17,778’”

3. FÓRMULA DO MILÉSIMO
a. Medida expedita de distâncias
Utiliza-se o binóculo na medida expedita de distâncias, obtendo-se o valor angular de
uma frente conhecida, com o qual, pela aplicação da fórmula do milésimo, fornecerá o valor
da distância (distância aproximada) que separa o operador da frente referida.
Assim, a distância será dada pela fórmula:
F (m) Onde: D é a distância em km, F é a frente conhecida em metros, e n é
D(Km) =_______ o número de milésimos da frente, ou ainda:
n'''

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1000x F (m)
Que é a mesma fórmula anterior, só que a medida será fornecida em
D(m) =_______ metros.
n'''

Exemplo: um observador querendo medir a distância que o separa de um poste de 7m


de altura, visou-o com um ângulo de 10’’’. Qual a distância?

Fig 12

7m 1000x7
Solução: D (Km) =------------------ = 0,7 Km ou D (m) = --------------- = 700m
10''' 10'''

Os valores das frentes mais comuns são os seguintes:


- homem de joelho.............................................................. 1,50 m
- homem de pé.................................................................... 1,70 m
- homem a cavalo................................................................. 2,50 m
- poste de linha telegráfica (de ferro)7,00 m (de madeira) 6,00 m
- poste de rede elétrica........................................................ 7,00 a 9,00 m
- casa pequena.................................................................... 4,00 a 5,00 m
- coqueiro e palmeira...........................................................15,00 a 25,00 m
- vagão de estrada de ferro.................................................. 3,00 a 3,50 m
- carro de combate.............................................................. 2,50 a 3,00 m
- viatura de 2,5 toneladas................................................... por volta de 3 m
- viatura de 3/4 toneladas.................................................... por volta de 2 m
- viatura de 1/4 tonelada..................................................... por volta de 2 m

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CAPITULO IV
DIREÇÃO BASE

ARTIGO I

1. DIREÇÕES BASE
A direção entre dois pontos é expressa por um ângulo, do qual um dos lados é uma direção
base. Existem três direções base, a saber: as do norte verdadeiro ou geográfico, norte
magnético e norte da quadrícula representados respectivamente por NG, NM e NQ (Fig 5-2).
a. Direção do Norte Verdadeiro ou Geográfico - a direção do norte verdadeiro ou geográfico
é empregada em levantamentos, quando se deseja grande precisão e normalmente não é
empregada em campanha. Os meridianos de uma carta representam as direções do norte e
do sul verdadeiros.
b. Direção do Norte Magnético - a direção do norte magnético é indicada pela ponta N da
agulha da bússola. É comumente empregada nos trabalhos de campo, porque pode ser
determinada diretamente com a bússola comum.
c. Direção do Norte da Quadrícula - o norte da quadrícula é indicado pelas verticais das
quadrículas, geralmente feitas nas cartas militares.

Fig 5-2. Diagrama de orientação

2. DECLINAÇÃO MAGNÉTICA
a. Generalidades — os ângulos formados pelas direções do norte verdadeiro com as do
norte magnético e norte da quadrícula são chamados respectivamente declinação magnética
e convergência de meridianos. Na figura 5—2 a declinação magnética é 6º40’ oeste e a
convergência de meridianos é 2º25’ leste.
b. Declinação magnética — é o ângulo horizontal formado pelas direções porte verdadeiro
e norte magnético Nos locais onde a ponta da agulha de bússola estiver a leste do norte
verdadeiro, a declinação magnética será leste. Onde a ponta da agulha estiver a oeste do
norte verdadeiro a declinação será oeste. Nos locais onde o norte verdadeiro e o magnético
coincidirem, a declinação será zero. A declinação magnética, em qualquer localidade, está
sujeita a uma variação cujo valor é dado em tabelas, como as do Anuário do Observatório
Nacional. Por exemplo, na figura 5—2 a variação anual é de 3’. Essa variação é normalmente
dada com o respectivo sentido para evitar confusão.

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3. CONVERGÊNCIA DE MERIDIANOS
Convergência de meridianos ou simplesmente convergência, é a diferença, em direção,
entre o norte verdadeiro e o norte da quadrícula. Ela é variável para cada carta. Na realidade,
ela varia nos diferentes pontos de uma carta qualquer, mas nas cartas táticas é considerada
fixa sem risco de erro apreciável. As cartas militares apresentam, sob forma de diagrama, a
convergência média das quadrículas para as respectivas áreas representadas.

DIAGRAMAS DE ORIENTAÇÃO

1. GENERALIDADES
As cartas militares têm um diagrama de orientação impresso na margem. Tal diagrama
contém três direções indicando o norte verdadeiro, o norte magnético e o norte da quadrícula.
Os ângulos, entre essas direções, são traçados com precisão e podem ser utilizados para
trabalhos gráficos na carta. Pelos motivos dados a seguir, os diagramas de orientação devem
ser verificados, pela medida, antes de utilizados para esse fim; em certas cartas, em que a
declinação ou a convergência são muito pequenas, o diagrama tem tamanho exagerado. Nas
cartas do Serviço Geográfico do Exército, os ângulos de declinação e convergência são
referidos em graus; portanto, é de toda conveniência, ao trabalho com milésimos, fazer a
transformação do valor destes ângulos e anotar no diagrama (Fig 5-2).

2. ÂNGULO QM
O ângulo entre as direções do norte da quadrícula e do norte magnético é chamado ângulo
QM. O ângulo é Oeste, quando o norte magnético está a Oeste do norte da quadrícula; é
Leste, quando o norte magnético está a Leste do norte da quadrícula. O ângulo QM é
calculado somando a declinação magnética e á convergência (quando a direção do norte
magnético e do norte da quadrícula estão em lados opostos da direção do norte verdadeiro) e
subtraindo uma da outra quando estão do mesmo lado do norte verdadeiro. Uma vez
calculado o ângulo OM, ele deve ser escrito na carta, para uso futuro. A variação anual da
declinação magnética acarreta aumento ou diminuição do ângulo QM. Se as direções do norte
magnético e do norte da quadrícula se aproximam, o ângulo QM diminui; se eles se afastam o
ângulo QM aumenta.

3. AZIMUTE
Determinamos a posição de um ponto em relação a outro, na carta ou no terreno, por meio
de azimutes. Os azimutes são ângulos horizontais medidos no sentido do movimento dos
ponteiros do relógio, a partir do norte magnético, do norte verdadeiro ou do norte da
quadrícula.
a. Azimute magnético — azimute magnético de uma direção é o ângulo horizontal medido
no sentido do movimento dos ponteiros do relógio, partindo do norte magnético até a direção
dada. Na figura 5—3, por exemplo, o azimute magnético da direção entre a bifurcação de
estrada e a capela é 60º.
b. Azimute verdadeiro — azimute verdadeiro de uma direção é o ângulo horizontal medido
no sentido do movimento dos ponteiros do relógio, partindo do norte verdadeiro até a direção
dada. Na figura 5—3, por exemplo, este azimute é 54º.
c. Azimute da quadrícula ou lançamento — lançamento de uma direção é o ângulo
horizontal, medido no sentido do movimento dos ponteiros do relógio, partindo do norte da
quadrícula até a direção dada. Na figura 5—3 o lançamento é 51°.

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d. Relação entre o azimute magnético e o lançamento — no campo, os azimutes


magnéticos são usados por meio da bússola. Se o operador possuir um transferidor a direção
do norte magnético poderá ser traçada facilmente na carta. Caso contrário, converte-se a
leitura da bússola em lançamento, antes de marcá-la na carta. A diferença entre o lançamento
e o azimute magnético é o ângulo QM.
(1) Quando o norte magnético está a Leste do norte da quadrícula:
Lançamento = azimute + ângulo QM
(2) Quando o norte magnético está a Oeste do norte da quadrícula:
Lançamento = azimute magnético — ângulo QM
Por exemplo: na figura 5-3, o lançamento é 60º - 9° = 51º
e. Contra-azimute — contra-azimute é simplesmente o azimute da direção oposta. O
contra-azimute de uma direção é o seu azimute mais 180º. Por exemplo: se essa soma
exceder 360º, ele é igual ao azimute menos 180º. Por exemplo: se o azimute de uma direção
é 50º, o contra-azimute é 50° + 180º = 230º, se o a zimute é 310º, o contra-azimute é 310° -
180° = 130°.

4. RUMO
Os rumos são empregados para exprimir direções por meio das bússolas graduadas em
quadrantes, de 0º a 90°. O rumo é o menor ângulo ho rizontal que uma direção forma com a
direção Norte-Sul; nunca excede de 90º. A Figura 5-4 mostra como são medidos e indicados
os rumos, e as relações entre eles e os azimutes. Se os rumos são magnéticos, os azimutes
são também magnéticos. A Figura 5-5 ilustra como exprimir uma direção típica em qualquer
quadrante, tanto em azimute como em rumo.

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ARTIGO II
LANÇAMENTO E AZIMUTE

1. TRANSFERIDOR
O transferidor é um instrumento para medir ou marcar ângulos na carta. A figura 5—6
apresenta dois tipos de transferidor; o tipo semicircular é o mais comum. Ambos são
graduados em duas escalas, a fim de possibilitarem medidas de ângulos de valor até uma
circunferência. Possuem duas escalas: uma graduada de 0º a 180º e outra de 180° a 360°.

2. COMO TRAÇAR UM AZIMUTE NA CARTA


a. Lançamento — problema: Traçar a partir do ponto cotado 685, na figura 5—7, uma linha
com lançamento igual a 75º Traça-se uma linha passando pelo ponto 685 e paralela à direção
Norte-Sul da quadrícula. Coloca-se o transferidor sobre a carta, com sua base sobre a linha
traçada e seu índice sobre o ponto considerado. Marca-se o ponto P na graduação de 75º do
transferidor. Retira-se o transferidor e traça-se uma linha do ponto 685 ao ponto P.
b. Azimute magnético — para marcar o azimute magnético de uma direção, segue-se o
mesmo processo anterior, traçando-se, porém, a linha que passa pelo ponto 685,
paralelamente à direção do norte magnético e não à do norte da quadrícula. Pode-se também
converter o azimute
magnético em lançamento,
recaindo assim no problema
anterior.

ARTIGO III
ÂNGULO QM

A carta topográfica possui na sua margem inferior o Diagrama de Orientação, que possui as
03 (três) direções básicas: norte verdadeiro ou geográfico (NG), norte magnético (NM) e o
norte de quadrícula (NQ).

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Diagrama de Orientação

Relembrando:
(1) o ângulo formado entre o NQ e NM é chamado de QM;
(2) o ângulo formado entre o NQ e NG é chamado de CM;
(3) o ângulo formado entre o NM e NG é chamado de DM;
OBSERVAÇÃO:
(1) a CM por ser um ângulo formado por duas direções fixas, não varia
conforme o tempo;
(2) a DM é variável por ter como uma de suas bases o NM que vária de
acordo com o magnetismo da Terra. Nas cartas topográficas esta variação é
dada junto com o diagrama de orientação, e pode ser positiva (quando
aumenta o valor da DM) ou negativa positiva (quando diminui o valor da DM).

CALCULANDO O QM

QM = DM +/- CM

São 2 (dois) passos para se calcular o QM primeiro deve-se atualizar a DM e em seguida


analisar o Diagrama de Orientação fazendo um estudo das posições das direções básicas,
com a finalidade de saber se o QM = DM + CM ou se QM = DM - CM.
1° Passo: atualizar a DM:
Para atualizar a DM deve-se utilizar o diagrama de orientação e a fórmula:

DM ano atual = DM ano da carta +/- (ano atual – ano da carta) X valor de atualização

(+/-) dependendo do dado do diagrama de orientação; (+) se DM cresce e (–) se DM


decresce.
Ex: Carta Topográfica – CIGRA Topo Vol 2 – Pág 16
Dados: DM 1992 = 19° 31’
DM cresce 6,4’ anualmente (valor de atualização)

DM 2012 = DM 1992 + (2012-1992) X 6,4’ (como a DM cresce soma-se a atualização)


DM 2012 = 19° 31’ + 128’
DM 2012 = 19° 31’ + 2° 08’
DM 2012 = 21° 39’
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2° Passo: analise do Diagrama de Orientação fazendo o estudo das posições das
direções básicas:
1° tipo: QM = DM + CM 2° tipo: QM = DM + CM
Dado Dado
QM cresce anualmente QM cresce anualmente

QM 2012 = DM 2012 + CM QM 2012 = DM 2012 + CM

3° tipo: QM = DM + CM 4° tipo: QM = DM + CM
Dado Dado
QM decresce anualmente QM decresce anualmente

QM 2012 = DM 2012 - CM QM 2012 = DM 2012 - CM

5° tipo: QM = DM - CM 6° tipo: QM = DM - CM
Dado Dado
QM cresce anualmente QM decresce anualmente

QM 2012 = DM 2012 + CM QM 2012 = DM 2012 – CM

7° tipo: QM = DM + CM 8° tipo: QM = DM - CM
Dado Dado
QM cresce anualmente QM decresce anualmente

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QM 2012 = DM 2012 + CM QM 2012 = DM 2012 - CM

EXEMPLOS:
Qual o valor do ângulo QM em 2012?

a)
1° Passo atualizar a DM:
DM 2012 = DM 1956 + (2012-1956) X 3’
DM 2012 = 9° 5’ + 168’
DM 2012 = 9° 5’ + 2° 48’
DM 2012 = 11° 53’

2°Passo Analise do Diagrama de


Orientação
QM 2012 = DM 2012 + CM (ver o
diagrama)
QM 2012 = DM 2012 + 2° 25’
QM 2012 = 11° 53’ + 2° 25’
QM 2012 = 14° 18’

b)
1° Passo atualizar a DM:
DM 2012 = DM 1967 + (2012-1967) X 2’
DM 2012 = 10° 30’ + 90’
DM 2012 = 10° 30’ + 1° 30’
DM 2012 = 12° 00’

2°Passo Analise do Diagrama de


Orientação
QM 2012 = DM 2012 - CM (ver o
diagrama)
QM 2012 = DM 2012 - 2° 5’
QM 2012 = 12° - 2° 5’
QM 2012 = 9° 55’

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1. AZIMUTES
São ângulos horizontais medidos no sentido do movimento dos ponteiros do relógio, a partir
do NM, do NV e do NQ.

NQ
Na carta topográfica militar, a leitura da bússola de uma
B direção fornece o Azimute de Quadrícula (ou
AzQ = Lç lançamento).
Consequentemente, há necessidade de converter esse
Azimute de Quadrícula em Azimute Magnético, a fim de
que seja determinada a direção no terreno.
A
Fig 18
É necessário, portanto, que se conheça o ângulo QM, o qual poderá encontrar-se em duas
situações:
NQ NM NM NQ
Fig 19
B
B
Lç DM

AzM
DM AzM

Az M = Lç - QM Az M = Lç + QM

2. CONTRA-AZIMUTE
É o azimute da direção oposta.
C Az = Az + 180º (caso o Az seja menor que 180º)
C Az = Az - 180º (caso o Az seja maior que 180º)

Por exemplo, se o azimute é 270º, o contra-azimute é:


270º - 180º = 90º

DECLINAÇÃO DA CARTA TOPOGRÁFICA

ARTIGO IV

Declinar uma carta topográfica é atualizar o NM e locá-lo na da carta.


Existem 02 (dois) métodos: pelo transferidor e pela bússola.

Relembrando:
DM ano atual = DM ano da carta +/- (ano atual – ano da carta) X valor de atualização
QM = DM +/- CM

Para facilitar a locação do NM na carta usamos o QM, pois QM é o ângulo formado entre o
NM e NQ, que já vem na carta.

1) Pelo transferidor:
1° Atualizar o QM
se QM for E (tendo como referencial o NQ) → NM = QM.
se QM for W(tendo como referencial o NQ) → NM = 360 – QM.

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2° Centro do transferidor no encontro de quadrícula s, sendo a linha 0° - 180°
coincidente com o NQ.

3° Marcar o QM atualizado, que é o NM

2) Pela bússola:
1° Atualizar o QM
se QM for E (tendo como referencial o NQ) → NM = QM.
se QM for W(tendo como referencial o NQ) → NM = 360 – QM.

2° Lançar o QM na bússola.

3° Coincidir o centro da bússola (o quício) com o e ncontro de quadrículas,


alinhando o N do limbo móvel o NQ e a linha E – W do limbo móvel com a linha
horizontal da quadrícula.

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4° A seta de navegação indicará o NM, bem como as l aterais da bússola.

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CAPITULO V
DESIGNAÇÃO E LOCALIDADE DE PONTOS NA CARTA

ARTIGO I
GENERALIDADES

1. FINALIDADES
As operações militares são conduzidas em cartas ou documentos cartográficos e
constantemente há necessidade de designação de pontos importantes de terreno, objetivos,
posições, etc. amarrados ao documento em uso. Os procedimentos utilizados para esses fins
são:
a. Pelas coordenadas geográficas, retangulares e polares
b. Pelo uso da tela-código
c. Pelo uso da linha – código
d. Pelo uso do normógrafo de designação de pontos
e. Pela referência a um ponto bem nítido de carta
f. Pelo uso do papel calco

2. COORDENADAS GEOGRÁFICAS
a. Para compreender essas
coordenadas devemos estar
familiarizados com as noções de
latitude e de longitude sobre o globo
terrestre.
b. Seja O o centro da terra, PP` a
linha dos pólos e A um ponto qualquer
da superfície (fig. 6-1)
c. O Equador é o circulo imaginário
EE` determinado na superfície
terrestre por um plano perpendicular á
linha dos pólos e passando pelo
centro da terra. Os planos paralelos do
equador, passando no ponto A
determinara a seção BB` que é
chamada de paralelo de latitude ou
simplesmente paralelo.
d. Logo, paralelos de latitudes, ou simplesmente paralelos, são todos os círculos
determinados por planos paralelos ao plano do equador.
e. Os planos perpendiculares ao equador e que contém a linha dos pólos PP` são
chamados de meridianos de longitudes ou simplesmente meridianos. Na figura 6-1, temos
como meridianos os círculos PAP` e PC` DP`.
f. O ponto A (interseção de um paralelo com um meridiano) será definido em coordenadas
geográficas pela latitude e longitude do paralelo e do meridiano, respectivamente, que passam
por esse ponto.
g. Latitude – a latitude (α) de um paralelo é o valor em graus do arco de meridiano (CA)
compreendido entre o Equador e esse paralelo. É contado de 0º a 90º a partir do Equador
para os polos, positivamente para o pólo norte e negativamente para o sul.
h. Longitude - a longitude (λ) de um meridiano é medida pelo valor do arco (DC), do círculo
do Equador entre ele e o meridiano tomado como origem. É contada de 0º a 180º a partir do
meridiano origem, positivamente para Oeste e negativamente para Este. A longitude pode ser
também expressa em tempo, pois ela é determinada em astronomia, pelo intervalo de tempo
que medeia entre a passagem de um astro qualquer pelo meridiano de origem e pelo
meridiano do lugar considerado, em consequência do movimento da terra em torno do seu
eixo. O meridiano origem mais comumente usado é o que passa na cidade de GREENWICH,
na Inglaterra.
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Exemplo de longitude de um ponto:
λ= 40º W ou λ = 2h 40 min ( W Gr ).

3. LOCACAO DE COORDENADAS GEOGRÁFICAS NAS CARTAS


As cartas topográficas possuem na moldura uma escala de latitude e de longitude onde
estão lançadas as graduações múltiplos de 5 (cinco) minutos e as correspondentes aos
cantos das folhas. As divisões de minutos são indicadas graficamente. Em certas cartas,
normalmente de pequenas escalas, são traçadas os próprios meridianos e paralelos com seus
respectivos valores lançados, também, na moldura.
a. Determinação das coordenadas geográficas de um ponto - as cartas topográficas
(1/25.000, 1/50.000 e 1/100.000)
possuem na periferia uma escala de
latitude e longitude onde estão
lançadas as graduações múltiplas de
5 (cinco) minutos e as
correspondentes aos cantos das
folhas. As divisões de minutos são
indicadas graficamente. Em certas
cartas, normalmente de pequena
escala, são traçadas paralelos e
meridianos com seus respectivos
valores lançados também na moldura.
Para a determinação das
coordenadas geográficas, tomamos
por base a escala da moldura, que
vem com divisões em minutos, e
traçamos inicialmente os paralelos e
meridianos, intervalados de um
minuto, que enquadram o ponto
considerado. Este ficará então dentro
de um quadrado determinado pelo
cruzamento dos dois paralelos com os
dois meridianos (Fig 6-2). Dos dois
meridianos traçados, o que fica do lado de onde vem a contagem, será o MERIDIANO DE
LONGITUDE com aproximação de minutos, servindo o outro apenas para possibilitar a
interpolação necessária à
determinação do meridiano
com aproximação de
segundos. Também, dos
dois paralelos traçados, o
que fica do lado de onde
vem a contagem (lado do
Equador), será o
PARALELO DE LATITUDE
com aproximação de
minutos, servindo o outro,
como no caso anterior,
apenas para possibilitar a
interpolação necessária à
determinação do paralelo
com aproximação de
segundos.
Na determinação do meridiano com aproximação de segundos, colocamos sobre os
meridianos traçados uma régua milimétrica, de tal modo que a graduação “O” fique sobre o
meridiano dos minutos, o 6 (6cm) sobre o outro meridiano e a aresta da régua tangenciando o
32
EB60-ME-14.068
ponto (fig. 6-3). Nesta situação, as 60 divisões entre zero e seis, correspondentes aos
milímetros, ficarão entre os meridianos traçados, dividindo o espaça entre eles em 60
divisões, ou seja, no número exato de segundos de que se compõe m minuto. Agora é só
verificarmos que divisão da régua coincide com o ponto e teremos o valor em segundos para
o meridiano de longitude. Procedemos de modo semelhantes para a determinação do paralelo
exato.
b. Locação de um ponto e suas coordenadas geográficas – seja locar o ponto de
coordenadas geográficas α = 29 º 58’ 35’’ S e λ= 56º 37’ 42’’ W.
Traçamos, inicialmente, tendo por base graduações da periferia, o paralelo fornecido, com
aproximação em minutos, isto é, 29º 59’, ficando, assim, o ponto enquadrado entre dois
paralelos separados de um minuto. Traçamos agora os meridianos 56º 37’ e 56º 38’, ficando
assim o ponto também enquadrado entre dois meridianos espaçados de um minuto. Resta-
nos agora procederemos à interpolação para a determinação do paralelo com aproximação de
seg. e do meridiano também com aproximação de seg. para isso colocamos a régua
milimetrada sobre os paralelos traçados, de modo que o “0” (zero) dela coincida com o
paralelo de menor valor, e o “6” (seis), com paralelo seguinte, marcando, então, na carta, com
lápis, um ponto em coincidência com a divisão da régua referente a 35 milímetros (que
significará no nosso caso 35 seg.). Esta operação é feita em dois lugares entre os paralelos e
com tal afastamento que possamos obter dois pontos bem afastados, e pela união deles, uma
linha que será o paralelo do ponto. A régua é então ajustada para interpolação do meridiano
com aproximação de segundos, operação é semelhante à feita para a determinação do
paralelo, devendo os pontos marcados na carta para a determinação de meridiano exato
serem feito sem coincidência com a divisão da régua referente a 42 milímetros, que no nosso
caso corresponderá a 42 seg. No cruzamento do paralelo com o meridiano interpolado estará
o ponto procurado. A figura 6-4 mostra as diversas posições da régua na locação de um ponto
por suas coordenadas.

33
EB60-ME-14.068
CAPITULO VI
COORDENADAS RETANGULARES

1. GENERALIDADES
a. As coordenadas retangulares, também conhecidas por coordenadas plano retangulares
ou ainda coordenadas planas, são baseadas na quadriculação UTM, e por sua vez são
usadas no sistema de projeção Mercarto, normalmente conhecida como projeção UTM
(UNIVERSAL TRANSVERSO MERCARTO PROJECTION). Este sistema de coordenadas é
normalmente usado no Exército devido a sua
relativa simplicidade. Portanto, estudaremos
esse sistema com, mas detalhes de modo a nos
familiarizarmos não apenas com o “como” das
coordenadas, mas também com o “porque” das
mesmas.

b. A quadriculação UTM consiste de dois


grupos de linhas retas paralelas que se
interceptam em ângulos retos formando uma
rede de quadrados, todos do mesmo tamanho
comumente chamados de “quadrículas”.
Enquanto que no sistema de coordenadas
geográficas, um ponto é designado pela sua
relação angular com o Equador e o centro da
Terra, e com o meridiano origem e o centro da
Terra, no sistema de coordenadas planas o
ponto é designado pelas distâncias lineares que
o separam do Equador e do meridiano central
do fuso de projeção em que o mesmo se
encontra.

c. A quadriculação UTM é usada


mundialmente entre as latitudes 80º Sul e 84º Norte. A partir do anti-meridiano de Greenwich
(meridiano de longitude 180º), progredindo para o leste, o globo terrestre acha-se dividido em
fuso de projeção de 6º e numerados de 1 a 60, contendo, cada um, um meridiano de longitude
leste e outro oeste, que o limitam, e um meridiano central que passa pelo centro do fuso (fig.
6-5). O Brasil esta compreendido nos fusos de 18 a 25, estando no estado do Rio de Janeiro
enquadrado no fuso 23 cujo meridiano central é um meridiano de longitude 45º W de
Greenwich.
d. Usando a interseção do meridiano central com o Equador como origem, um ponto
poderia ser designado pela distância que ao mesmo fica ao Norte ou Sul do Equador, e a
Leste ou Oeste do meridiano central. Isto, entretanto, requeria o uso de Norte, Sul, Leste e
oeste para identificar o ponto, ou o uso de valores negativos. Este inconveniente foi eliminado
dando se valores numéricos à origem, o que resulta em valores positivos para todos os pontos
dentro do fuso. Assim, o valor 500.000 metros é dado ao meridiano central para evitar
números negativos na extremidade oeste do fuso. Os valores aumentam de leste para oeste.
Para os valores norte-sul no Hemisfério Norte, é dado ao Equador o valor “zero”, e os
números aumenta para o norte. Para os valores norte-sul no Hemisfério Sul, é dado ao
Equador valor de 10.000.000 metros e os números decrescem em direção ao Sul (fig 6-6).
e. Todas as linhas que formam a quadricularão UTM são regulamente espaçadas e trazem
nas extremidades suas posições relativas ao ponto origem (cruzamento do meridiano central
com o Equador). Assim, os números que aparecerem nas extremidades das linhas verticais
indicam indiretamente as distâncias que elas se encontram do meridiano central, bastando,
para se conhecer essas distâncias subtrair o valor da linha considerada de 500.000 metros, ou
o inverso, caso não seja possível, isto é, quando o valor da linha for superior ao valor do
meridiano central. Por sua vez, os números que aparecerem nas extremidades das linhas
34
EB60-ME-14.068
horizontais indicam, diretamente, no Hemisfério Norte e indiretamente no Hemisfério Sul,
basta subtrair de 10.000.000 metros o
valor da linha horizontal considerada, e
tem-se a distância que ela se encontra
do Equador.
f. Os intervalos do quadriculado são
geralmente de 1.000 metros para as
cartas de grande escala; de 1.000 ou
10.000 metros, para cartas de escalas
meia; e 100.000 metros para cartas de
pequenas escala. Exceto para os
valores que marcam a primeira linha
do quadriculado em cada direção, os 3
últimos algarismos são omitidos e 2
são impressos de tamanho grande
chamados de ALGARISMO
PRINCIPAIS; isso nas cartas com
quadriculado de 1.000 metros de
intervalos entre as linhas. Essa
numeração CRESCE para DIREITA e
para CIMA. A numeração por extenso
somente ocorre no canto inferior
esquerdo do quadriculado. Em cartas
com quadriculas com 10.000 metros
de lado, isto é, de intervalo entre as
linhas, os quartos algarismos finais dos
valores são omitidos e apenas um é
impressão em tamanho grande, o qual
é o ALGARISMO PRINCIPAL. Os algarismos principais são importantes já que são usados
para identificação das linhas e, portanto, como referência na locação de pontos.

g. Assim, a primeira linha norte-sul do quadriculado da carta da vila militar 1/50.000, vem
marcada, na sua extremidade inferior (canto inferior esquerdo do quadriculado) com o numero
654.000 E. Os algarismos principais “54”, impressos em tamanhos grandes, identificam esta
linha como referência de pontos, e indicam, ainda, que está a 154.000 metros a leste do
meridiano central do fuso (664.000-500.000). Por sua vez, a primeira linha leste-oeste está
marcada em sua extremidade esquerda com o numero 7.751.000 N. Os algarismos 51,
também impressos em tamanho grande, identificam a linha e servem como referência na
locação de pontos, indicando, ainda, que esta linha se encontra a 2.249.000 ao sul do
Equador (10.000.000 - 7.451.000). Para a designação de pontos, a leitura é feita para a
DIREITA e para CIMA.

h. As coordenadas 6156 identificam toda a quadrícula que fica à DIREITA e ACIMA do


cruzamento das linhas 61 e 56. A primeira metade representa à linha vertical, que é o valor E
(este); a segunda metade representa a linha horizontal, que é o valor N (norte). A área assim
designada tem um quilômetro quadrado e por isso chamamos a este tipo de coordenadas
planas de “coordenadas quilométricas”. Temos ainda coordenadas hectométricas, quando
designam uma área com 100m² (614567); coordenada deca métricas, quando designa uma
área com 10 m² (61455672); e coordenadas métricas, quando exigimos a precisão de um
metro quadrado (6145256728).

i. Somente para as coordenadas quilométricas não há necessidade de material para


designação de pontos, bastando, para isso, indicar a quadrícula pelos números que
identificam a linha vertical e horizontal que passam respectivamente à esquerda e abaixo do

35
EB60-ME-14.068
ponto considerado (primeiro valor de E, que é dado pela linha vertical, e a seguir o valor de N
que é dado pela linha horizontal).

j. No caso das demais coordenadas (hectométricas, deca métricas e métricas) há


necessidade de ser usar objetos especiais para a determinação das mesmas tais como cartão
de coordenadas, esquadro de locação, régua de escalas ou réguas milimétricas.

k. Ao conjunto de algarismos que expressam as coordenadas retangulares de um ponto


chamados de “matrícula”. Conforme as coordenadas sejam quilométricas, hectométricas, deca
métricas ou métricas, as matrículas podem conter, respectivamente, 4, 6, 8 ou 10 algarismos.
Assim, numa matrícula de 10 algarismos, sabemos que os cinco primeiros algarismos
(primeira metade da quadrícula) representam o valor leste-oeste, isto é, o valor de E, também
conhecido como ABCISSA, sendo os dois primeiros, os ALGARISMOS PRINCIPAIS, e os
outros três, a distância em metros entre o ponto e a linha identificada pelos algarismos
principais, e que passa à esquerda de referido ponto. A outra metade da matricula representa,
por sua vez o valor norte-sul, isto é, o valor N, também conhecido por ORDENADA, sendo os
dois primeiros algarismos deste grupo os ALGARISMOS PRINCIPAIS, que identificam a linha
horizontal que passa abaixo do ponto considerado, e os outros três, a distância entre o ponto
e a citada linha.

l. Os seguintes objetos são normalmente empregado na designação e locação de


pontos por coordenadas planas:
(1) Cartão de coordenadas (Fig 6-7).
(2) Esquadro de locação (Fig 6-8).
(3) Régua de escalas.
(4) Régua milimetrada.

m. Estudaremos, em síntese, estes objetos:


(1) Um cartão de coordenadas - é um pequeno cartão de forma triângulo retangular,
facilmente improvisável, com os catetos graduados na escala da carta com que estamos
trabalhando. Qualquer pedaço de cartão ou papel com duas bordas em ângulo reto prestar-
se-á à improvisação de um cartão de coordenadas.

(2) Esquadro de locação – tem o Formato da figura 6-8 podendo ter até quatro
escalas diferentes: duas em cada face.
(3) Régua de escala - é uma régua com graduação referente às escalas mais comuns.
Há um tipo, em forma de prisma triangular, que contem 06 (seis) escalas diferentes, duas em
cada aresta.
(4) Régua milimetrada - dispensa maiores comentários por se tratar de um pedaço de
madeira ou outro material qualquer graduado em centímetros e milímetros, muito comum
nos trabalhos burocráticos e desenho.

2. LOCAÇÃO DAS COORDENADAS RETANGULARES


a. Determinação das coordenadas retangulares de um ponto – inicialmente, determina-
se, por inspeção visual a quadrícula em que se encontra o ponto. A seguir procede-se do
seguinte modo:

36
EB60-ME-14.068
(1) Cartão de coordenadas - uma vez determinada quadrícula coloca-se o cartão de
coordenadas sobre a carta, de modo que um dos catetos fique sobre a linha horizontal inferior
da quadrícula, com a escala deste cateto crescendo da direita pra esquerda, e o outro cateto
tangenciando o ponto em questão (fig. 6-9). O valor da abscissa será dado pelos algarismos
principais que identificam à linha vertical que passa à esquerda do ponto, mais a divisão da
graduação do cateto horizontal do cartão sob a qual passa à citada linha.
A ordenada será dada pelo valor linha horizontal em que se apóia o cartão, mais a
divisão da graduação do cateto vertical, que coincide com o ponto.

(2) Esquadro de locação - o esquadro de locação possui escalas nas bordas internas
e externas e, como no caso do cartão de coordenadas, as graduações da mesma escala
formam ângulo reto entre si, sendo o vértice, origem da contagem. É colocado sobre a carta
de modo semelhante ao cartão de coordenadas, ficando uma graduação tangenciando a linha
horizontal inferior da quadrícula, e a graduação que faz ângulo reto com ela e fica na vertical,
tangenciando o ponto (fig 6-10). A leitura da abscissa e ordenada é feita como no do cartão de
coordenadas.
(3) Régua de escalas - enquanto que com o esquadro de locação e com o cartão de
coordenadas, encontramos a abscissa e ordenada numa só operação, com a régua de
escalas, esses elementos são encontrados separadamente: primeiro a abscissa, depois a
ordenada. Isso porque a régua contém apenas uma graduação linear em cada escala, e não
duas em ângulo reto, como no esquadro e no cartão. Assim, utilizando a escala da carta com
que se está, trabalhando, mede-se a distância em metros entre a linha vertical que passa à
esquerda do ponto, encontrando-se, portanto, os três algarismos finais da abscissa, sendo os
seus algarismos iniciais, os que identificam a linha. Para a ordenada, procede-se de modo
semelhante: o valor obtido entre o ponto e a linha horizontal que passa abaixo dele representa
os três algarismos finais da ordenada, sendo seus algarismos iniciais, os algarismos
principais que identificam a linha.
(4) Régua milimetrada - procede-se de modo muito semelhante ao usado para a régua
de escalas. A diferença básica esta em que, enquanto que nas medições, com a régua de
escalas, ela nos da diretamente o valor procurado, com a régua milimétrica, esse valor em
milímetros, devendo-se fazer a transformação dessa grandeza gráfica (d) para a grandeza
real (D).

b. Locação de um ponto por suas coordenadas retangulares – dividimos,


inicialmente, as coordenadas em dois grupos iguais de algarismos: a abscissa (1ª metade) e
ordenada (2ª metade). Tomando-se os dois algarismos iniciais de cada grupo, que são os
algarismos principais que identificam as linhas vertical e horizontal que limitam os lados
esquerdo e inferior da quadrícula, localiza-se então essa quadrícula. Localizada então a
quadrícula em que se encontra o ponto, procede do seguinte modo, conforme o material
disponível:
(1) Cartão de coordenadas - coloca-se o cartão sobre a quadrícula de modo que
um cateto fique apoiado na linha horizontal da quadrícula e a divisão da graduação da escala
deste cateto, que corresponde ao valor em metros representados pelos três últimos
37
EB60-ME-14.068
algarismos da abscissa, fique em coincidência com a linha vertical que forma o lado esquerdo
da quadrícula. Nesta situação esta tangenciando o outro cateto, em coincidência com a
divisão da graduação deste cateto, que indica o valor em
metros, representados pelos três últimos algarismos da
ordenada.
(2) Esquadro de locação - é colocado sobre a
carta como no caso para determinação de coordenadas a
linha vertical que forma o lado esquerdo da quadrícula deve
passar sob a graduação existente na borda horizontal, em
coincidência com a Divisão da escala que corresponde ao
valor em metros indicados pelos três últimos algarismos da
abscissa. O ponto estará tangenciando a escala vertical, em
coincidência com a divisão da escala que corresponde ao
valor em metros indicados pelos os três últimos algarismos
da ordenada (fig. 6-10).
(3) Régua de escalas - localizando a quadrícula
como nos casos anteriores e, considerando-se a vertical
que forma o lado esquerdo da quadrícula, traça-se uma
linha paralela a ela e distando dela o número de metros
correspondentes aos três últimos algarismos da abscissa,
usando-se a régua de escalas para fazer as duas marcas que, ligadas determinarão a
paralela. Esta operação é repetida em relação à linha que forma o lado inferior da
quadrícula: fazem-se marcas que distam da linha horizontal inferior da quadrícula o número
de metros correspondentes aos três últimos algarismos da ordenada. Ligadas essas marcas,
teremos uma linha horizontal paralela à linha horizontal inferior da quadrícula o ponto
procurado estará no cruzamento das duas linhas traçadas vertical e horizontal.
(4) Régua milimetrada - procede-se de modo idêntico ao usado para régua de
escalas, sendo a única diferença o fato de que se deve transformar os valores em metros que
se vai utilizar para traçar as paralelas (vertical e horizontal) aos lados esquerdo e inferior da
quadrícula, em milímetros já que a régua milimetrada não permite o emprego diretamente com
os valores reais.
NOTA - as explicações acima, tanto para a determinação das coordenadas de um ponto,
como para a locação de um ponto por suas coordenadas, referem-se às coordenadas
retangulares métricas. Quanto às coordenadas hectométricas, deca métricas, as diferenças
são tão insignificantes que por analogia chega-se facilmente a conclusão de como são
determinadas as coordenadas ou locados pontos.

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EB60-ME-14.068
CAPITULO VII
COORDENADAS POLARES

1. GENERALIDADES
a. Um sistema de coordenadas polares compreende um PONTO ORIGEM a uma
DIREÇÃO ORIGEM. Um ponto é então designado por um ângulo medido em sentido do
movimento dos ponteiros do relógio, a partir da direção origem e por uma distância em
metros, a partir do ponto de origem. O ponto origem pode ser designado citando-se
nominalmente o ponto, como por exemplo: “ponto cotado da colina do Capão Redondo”, ou
por suas coordenadas planas, Ex: “ponto de coordenadas planas 6350062250 (hospital)".
Pode-se ainda escrever o ponto e complementar essa descrição com as coordenadas planas
do mesmo (quadrícula).
b. A direção origem pode ser dada por meio de um ponto de referências (designado como
no caso do ponto o origem) que, ligado ao ponto origem, determina uma direção a partir da
qual são medidos ângulos. Esta direção origem também pode ser um dos “nortes”, sendo
freqüentemente usado o norte do quadriculado.
c. A matrícula consta das letras PL seguidas de dois números separados por um traço,
entre parênteses. Assim: PL (230-1200). O primeiro número indica o ângulo que deve ser
medido a partir da direção origem e ser GRAU, se tiver três algarismos, MILÉSIMOS, se
contiver quatro algarismos. O segundo número indica a distância a partir do ponto origem, em
METROS. Assim a matricula PL (035-1500) indica que o ponto se acha a 35º da direção de
origem a 1500 metros do ponto origem. Por sua vez, a matrícula PL (0082-2300) indica que o
ponto se encontra a 82’’’ (milésimos) da direção origem, e a uma distância de 2300 metros do
ponto origem.
d. A vantagem deste processo de locação e designação de pontos repousa na segurança
que o mesmo proporciona às operações militares, já que se podem convencionar vários
pontos e direção origem para cada dia, ou até mesmo para diferentes horários. As fig 6-11 e
6-12 mostram exemplos de emprego de coordenadas polares, calcados na carta da Vila Militar
1/50.000.

Fig 6-12 Sistema de coordenadas polares,


sendo a direção origem o norte de quadrícula

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e. Entretanto, situações se apresentam em que o militar não conhece o sistema de
coordenadas polares empregado no TO onde esta operando, mas mesmo assim ele precisa
enviar informes para a retaguarda. Neste caso ele dará como ponto origem um ponto
facilmente identificado, podendo mesmo ser o seu ponto de estação: dará o azimute da
direção do ponto que deseja mostrar, e, a seguir dará a distância a esse ponto, exato ou
aproximado, conforme possa ou não medi-la.
f. Portanto, o comandante de uma patrulha de reconhecimento situado na colina do Capão
Redondo e que quisesse enviar para a retaguarda uma mensagem, avisando ao seu
comandante de companhia que descobrira um agrupamento de viaturas inimigas poderia
amarrar a posição das viaturas dirigindo-se a um ponto facilmente identificável na carta como,
por exemplo, a bifurcação dos caminhos a noroeste da colina do Capão Redondo, e medindo
o azimute para as viaturas. A seguir estimaria a distância para as mesmas e estaria pronto
para enviar sua mensagem. Essa mensagem, na parte referente à posição das viaturas,
poderia dizer:
… da bifurcação de caminhos a noroeste da colina Capão Redondo, Azm 60º -
distância 1500 metros -Viaturas em reunião. A Fig. 6-13 ilustra exemplo.

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EB60-ME-14.068
CAPITULO VIII
LINHA-CÓDIGO E TELA-CÓDIGO

1. LINHA-CODIGO
A linha código pode ser com qualquer carta. Um ponto origem e um ponto de referência são
designados na carta. A linha que se passa por esses dois pontos é denominada linha base é
utilizada para a designação do ponto que deve ser locado. No mínimo serão asseguradas, nas
I E Com, 4 linhas-bases para cada dia. A linha base e designada por uma cor. Para se
designar um ponto, pela linha código procede-se da maneira abaixo descrita.

a. Baixa-se uma perpendicular do ponto a ser designado à linha-base ou seu


prolongamento

b. Dá-se como primeiro elemento do grupo código, o nome da cor designada para a linha-
base.

c. O segundo elemento é a posição do ponto em relação ao observador, colocado este


sobre o ponto origem, voltado para o ponto referência. Designa-se por F, o local à frente do
observador e R, local à retaguarda.

d. O terceiro elemento e a distância em hectômetros, do ponto origem ao pé da


perpendicular baixando do ponto a
ser designado à linha-base ou seu
prolongamento.

e. O quarto elemento e a posição


do ponto a ser designado em
relação à linha-base direita (D) ou
esquerda (E).

f. O quinto e último elemento é o


comprimento em hectômetros da
perpendicular baixada sobre a
linha-base ou se prolongamento.

g. Exemplo: seja um grupo


código VERMELHO (R18-E7)
significa que o ponto a ser locado
acha-se (fig 6-14):
(1) Relacionado com a linha-
base de cor vermelha.
(2) À retaguarda do observador a 18 Hm (1.800m).
(3) À esquerda do observador, a 7 Hm (700m).

2. TELA-CÓDIGO
a. A tela código é empregada com qualquer carta, quadriculada ou não, desde que tenha
margens perpendiculares, e consiste de um quadriculado com 100 quadrados iguais,
dispostos segundo 10 fileiras de 10 colunas. Pode ser construído com uma folha de papel
transparente ou semitransparente.
b. Para empregar a tela código é necessário conhecer suas dimensões e os pontos de
referência. Essas informações são encontradas nas I E Com. O vértice do ângulo inferior
esquerdo é colocado sobre o ponto de referência e tela disposta paralelamente às linhas do
quadriculado da carta ou, sobre carta sem quadriculado, paralelamente às margens.
c. Cada designação consiste de cinco elementos:
Exemplo: X (45-68) Significa.
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X - ponto de referência (na carta)
4 - Abscissa (parte inteira)
5 - Abscissa (parte decimal)
6 - Ordenada
8 – Ordenada (parte decimal)
d. A figura 6-15 dá uma idéia do emprego da tela código, de acordo com o exemplo citado.
A segurança do sistema baseia-se na variação das dimensões da tela, bem como na
utilização de pontos de referência diferentes.

OUTROS PROCESSOS DE DESIGNAÇÃO DE PONTOS

1. NORMÓGRAFOS DE DESIGNAÇÃO DE PONTOS (NDP)


a. O normógrafo de designação de pontos (NDP) é uma quadriculação de referência que
consta de um retângulo de 24 quadrados de 2,3 cm de lado e que recebem, cada um, uma
letra de A a Y, omitido o O.
b. Cada quadrado grande é subdividido em outros cem quadrados, no caso do M1, cada
um com um furo no centro. O M2 possui os furos, mas não possui os riscos das divisões dos
pequenos quadrados. Em cada quadrado com letra há uma numeração na sua linha inferior
(1, 11, 21, 31, 41, 51, 61, 71, 81, 91) e outra na vertical esquerda (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9). Um
furo na vertical 71 e na horizontal 3 correspondente a 73; outro na vertical 41 e horizontal 9
correspondente a 49. Possui ainda o normógrafo 9, dos quais 8 ficam nas bordas e um no
centro, todos os números em algarismo romanos. Na borda inferior do normógrafo estão os
furos: I no canto esquerdo; II no centro; III no canto direito. Na horizontal que passa pelo
centro temos: IV na extremidade esquerda; V no centro; VI na extremidade direita. Finalmente,
na borda superior temos: o furo VII no canto esquerdo; o VIII no centro; e o IX no canto direito.
c. Para se usar o normógrafo há necessidade de se utilizar de pontos origens: Um na carta
e outro no normógrafo. O ponto origem da carta ou é determinado por qualquer sistema de
coordenadas ou pela própria designação que tem na carta. O ponto origem no normógrafo é
dado em algarismos romanos, indicando um dos furos. É dada também uma direção de
referência na carta e outra no normógrafo. A direção de referência na carta pode ser dada por
um lançamento a partir do ponto origem, pela designação de outro ponto (ponto de referência)
que com o ponto origem determinará a direção de referência ou por uma linha do
quadriculado. A direção de referência do normógrafo é dada por algarismos romanos de modo
que alinhados com o ponto origem determinam a direção da referência do normógrafo. Ex: I---
-IV----VII ou I---V---IX, sendo I o ponto origem (o primeiro citado).

42
EB60-ME-14.068
d. Dados os pontos origem e as direções de referências, na carta e normógrafo, faz-se a
coincidência do ponto origem da carta com o ponto origem do normógrafo. A seguir superpõe-
se a direção de referência no normógrafo sobre a direção de referência na carta, e nestas
condições o normógrafo está orientado.
e. Para a designação do ponto, vê-se a letra do quadrado que está superposto ao ponto e o
numero correspondente ao furo que está mais próximo ao ponto a ser designado.
Suponhamos que a letra do quadrado seja L e o furo mais próximo, o 73. O ponto será
designado por NDP L-73. Se o ponto estiver eqüidistante de dois furos, tomará o de maior
valor.
f. Para locação de pontos pelo normógrafo, conhecido ou pontos origens e direções de
referência, bem como a matrícula, orienta-se o mesmo e procura-se, tendo por base a
matrícula, localizar, inicialmente, o quadrado de a letra a seguir o furo indicado na matrícula.
Com um lápis, então, marca-se na carta através do furo, o ponto procurado.

2. REFERÊNCIA A UM PONTO NÍTIDO


Este processo consiste em amarrar o ponto que se deseja referir a um acidente
planimétrico ou altimétrico importante, existente nas proximidades, fornecendo a direção e a
distância que os separa. A distância é obtida na carta, usando-se a escala desta; No terreno,
pela medição direta ou por estima. A direção referida aos pontos cardeais ou colaterais.
Exemplo: “Do cruzamento de caminhos a leste da Colina do Capão Redondo, 500
metros a NE - Cabana isolada”.

3. USO DO PAPEL CALCO


a. Generalidades - para enviar a retaguarda informes colhidos em combate, utiliza-se
normalmente o calco, especialmente quando esses informes referem-se à posições no
terreno, que serão apreciados através da carta. É um modo simples e prático de apresentar a
situação numa área considerada, quer tanto às tropas amigas, quer como às tropas inimigas.
As posições das armas, as áreas minadas gaseadas, obstáculos AC e outras podem ser
facilmente
calcadas num
papel transparente,
onde inscrições
podem ser
lançadas para
complementar o
informem, e
enviado para a
retaguarda por um
comandante de
patrulha, por
exemplo. Calco é
pois um papel
transparente com
informes em forma
de símbolo
militares e ou
inscrições que, é
convenientemente
disposto sobre à área ou pontos da carta onde se encontram os objetos representados pelos
símbolos militares ou a que se referem às inscrições contidas no calco (Fig 6-16).
b. Amarração - para que o destinatário possa utilizar convenientemente o calco,
colocando-o sobre a carta na posição exata, como quando foi confeccionado, é que, quando
de sua confecção, seja feita devida amarração. Isto é feito calcando-se dois cruzamentos de
linhas do quadriculado ou dois ou três pontos distintos da carta, cruzamentos de estradas,
edifícios, pontes, etc. Quando na amarração forem usados cruzamentos de linhas do
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quadriculado, estes devem ser identificados com o número das referidas linhas (abscissas e
ordenadas); quando a amarração for feita por meio de pontos distintos, estes devem ser
anotados com dados que bem os identificam.
c. Identificação - além da amarração, já estudado, o calco deve conter informações que
bem o identifiquem, tais como:
- Designação (posição do 1º pelotão)
- Carta e Escala (Vila Militar 1/50.000)
- Data e hora (041430JUN79)
- Emitente (quem emitiu)
- Assinatura (do emitente)
d. Informações - as informações são lançadas no calco usando-se, de preferência
símbolos militares, complementados, quando for o caso, por inscrições.
e. Utilização - o destinatário coloca o calco sobre um exemplar da carta pela qual foi feito,
de modo que os pontos de amarração no calco coincidam com seus correspondentes na
carta. Uma vez na posição correta, os símbolos e outras indicações ficarão em coincidência
com os pontos da carta a que eles se referem, os quais serão vistos graças à transparência
do papel do calco.

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CAPÍTULO IX
IDENTIFICAÇÃO DA CARTA COM O TERRENO

ARTIGO I
ORIENTAÇÃO DA CARTA

1. GENERALIDADES
Saber como se orientar em campanha e como usar com propriedade uma carta topográfica
significa ser capaz de sair de situações difíceis, em que a direção certa é fator preponderante
no sucesso da missão. Antes de utilizar uma carta, ela deve ser colocada em posição tal que
as direções na carta coincidem com as direções no terreno. Há dois meios de fazer isso; um
deles sem o auxílio da bússola e o outro com esse auxílio ou com o de algum outro meio que
sirva para determinar o norte. Essa operação de ajustar a posição da carta ao terreno, chama-
se orientação da carta.
2. PROCESSOS EXPEDITOS PARA DETERMINAR O NORTE VERDADEIRO
a. Pela declinação da bússola — para achar a declinação com uma bússola, toma-se o
azimute magnético do sol, de um planeta ou de uma estrela brilhante, no nascente e no
poente do mesmo dia ou no poente num dia e no nascente no dia seguinte. Somam-se esses
dois azimutes e toma-se a metade da diferença entre essa soma e 360º. Se a soma é menor
do que 360º, a declinação é para leste. Se a soma é superior a 360º, a declinação é para
oeste. Na figura 8-1, por exemplo:
Azimute magnético do sol no nascente.......................................................................... 110º
Azimute magnético do sol no poente.............................................................................. 270º
SOMA.............................................................................................................................. 380°
Diferença entre essa soma (380º e 360º)..........................................................................20º
Toma-se a metade dessa diferença que é..........................................................................10º
A declinação magnética é 10 e é oeste, porque a soma dos azimutes é maior do que 360.
As leituras da bússola devem
ser feitas quando o corpo
celeste estiver exatamente
acima do horizonte, ou com
inclinação zero. Se isso não
puder ser feito, as leituras na
nascente e no poente devem
ser feitas sob a mesma
inclinação. A inclinação pode
ser determinada por um
clinômetro. Quando é utilizada
uma estrela, procura-se uma
que nasça aproximadamente a
leste do ponto de observação.
Como a declinação sofre
variações devem ser feitas
observações de 16 em 16 km.
b. Processo da sombra e
do fio de prumo — do estudo
do movimento do sol, verifica-
se que todo objeto situado no
hemisfério norte, acima do
trópico de Câncer, terá sua
sombra voltada para o norte;
que os situados no hemisfério
sul, abaixo do trópico do
Capricórnio, terão sua sombra
voltada para o sul, e que os
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situados entre os dois trópicos, isto é, aqueles cujas latitudes estiverem compreendidas entre
O e 23, terão sua sombra dirigida, ora para o norte, ora para o sul, conforme a época do ano.
Conhecida esta particularidade podemos, pela sombra de uma vara, deter minar a direção do
norte geográfico. Coloca-se, como mostra a figura 8-2, a vara inclinada na direção aproximada
da linha norte-sul. Na sua extremidade suspende-se por meio de um cordel, um peso quase
tocando o solo. Crava-se, debaixo do peso, uma estaca a no terreno. Cerca de uma hora
antes do meio-dia crava-se uma estaca b na sombra da ponta da vara. Com uma ponteira de
madeira, presa a um cordel de comprimento ab e fixo em a, traça-se um arco de círculo bcd
no terreno. Cerca de uma hora após o meio-dia a sombra da ponta da vara cruzará o arco em
d, onde se crava outra estaca. Liga-se b a d e determina-se e, meio de bd, ou determina-se f,
meio do arco bcd. O norte verdadeiro estará na direção fea, se nesta época do ano a sombra
estiver voltada para o sul ou na aef, no caso contrário.
c. Pelo uso do Sol — o sol ao nascer, define quase sempre, aproximadamente, a direção
Este e, ao se por, a direção Oeste. Conhecidas
estas direções, basta que para elas se dirija o
nosso lado direito para o nascente ou o nosso
lado esquerdo para o poente, teremos o Norte à
nossa frente. Ainda com o Sol e com auxílio de
um relógio, devidamente certo, pode-se
determinar a direção Norte. Basta que,
conservando-se a graduação 12 horas para o
Sol, se identifique, no terreno, a direção da
linha que divide ao meio (bissetriz) o ângulo
formado pela direção do Sol e a do ponteiro das
horas, contado no sentido do movimento dos
ponteiros. Essa bissetriz define a direção Norte-
Sul. Antes de doze horas ela dá a direção Sul e
depois dessa hora a direção Norte (Fig 8-3).
3. ORIENTAÇÃO PELAS ESTRELAS
a. Pelo Cruzeiro do Sul - Ao sul do Equador
pode-se empregar o Cruzeiro do Sul para a
orientação à noite. A direção do S é obtida
prolongando-se de quatro vezes e meia o braço
maior da cruz, a partir do seu pé. Baixando-se, do
ponto imaginário encontrado, uma perpendicular à
linha do horizonte, ter-se-á direção aproximada do
S (Fig 8-4).
Fig 8-4. Determinação do Sul pelo Cruzeiro do
Sul.

b. Pela Estrela Polar - Ao norte do Equador, o


processo mais comumente usado é o da Estrela

Polar, que indica a direção do N verdadeiro. Para


identificar a a Estrela Polar deve-se tomar como
referência a constelação da Ursa Maior. Esta
constelação gira em tomo da Estrela Polar e as
duas estrelas terminais do seu trapézio servem de
"ponteiros", indicando sempre a direção daquela
estrela. Assim, prolongando-se a linha dos
"ponteiros" e tomando-se, sobre ela, um
cumprimento igual a cinco vezes a distância entre
estas duas estrelas citadas, encontrar-se-á a
Estrela Polar (Fig 8-5). Uma outra constelação, a
Cassiopéia, pode servir para auxiliar a localização
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da Estrela Polar. Esta constelação fica do lado oposto à Ursa Maior em relação à Estrela Polar
e a uma distância aproximadamente igual. A linha reta que une a estrela do vértice do primeiro
V do W, à estrela do meio da cauda da Ursa Maior passa pela Estrela Polar, que fica
aproximadamente à meia distância entre aqueles pontos extremos (Fig 8-5).
Fig 8-5. Determinação da Estrela Polar pela Ursa Maior.

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CAPÍTULO X
BÚSSOLAS

1. DETERMINAÇÃO DE UM AZIMUTE
A leitura de um azimute com a bússola depende do tipo deste aparelho: se de limbo móvel,
se de limbo fixo. E, mais do sentido de sua graduação: NESO ou NOSE. Assim:
a. Com a bússola de limbo fixo: Graduação NESO - o azimute é igual à divisão do limbo
apontada pelo índice da caixa. Graduação NOSE o azimute é igual a 360º ou 6.400'’’ menos a
graduação indicada pelo índice da caixa - medida inversa.
b. Com a bússola de limbo móvel: Graduação NESO - o azimute é igual a 360º ou 6.400'’’
menos a graduação indicada pela ponta “N” da agulha imantada - medida inversa. Graduação
NOSE - o azimute é igual à graduação indicada pela ponta “N” da agulha imantada - medida
direta. Do exposto, conclui-se que nas bússolas de limbo fixo a leitura é indicada pelo índice
da caixa do aparelho e nas de limbo móvel, pela ponta “N” da agulha imantada.
c. Entretanto uma regra prática resolve todos os problemas criados pelos diversos tipos de
aparelhos, evitando possíveis dúvidas, qualquer que seja a bússola e sua graduação. Giramo-
la para a direita, se a graduação aumenta ela nos dá o azimute diretamente, no caso
contrário, o valor do azimute será igual a 360º ou 6.400'’’ menos a graduação lida.

2. EMPREGO DAS BÚSSOLAS DE LIMBO FIXO


a. Determinação do azimute de um ponto - se
segura a bússola conforme a figura 26; utilizando-se o
entalhe e o retículo, faz-se a visada sobre o objetivo;
deixa-se o limbo parar (utilizar o retém do limbo) e sem
desfazer a visada faz-se a leitura do azimute através
da lente (fig 26). A leitura dos azimutes deve ser feita
sob a maior linha luminosa do vidro móvel. Para tanto,
essa linha deve, previamente, ser colocada em
alinhamento com o retículo da tampa (para conferir,
fechar a tampa e ver se a linha está exatamente sobre
o retículo).

Fig 26 - Modo de segurar a bússola

b. Determinação da direção correspondente a um azimute - Para se estabelecer a direção


correspondente a um azimute conhecido, segura-se a bússola na altura do peito e gira-se o
corpo até obter sob a linha luminosa (previamente preparada, apontada para o retículo) o
azimute aproximado; em seguida faz-se a visada, como já visto nas figuras 26, 27 e 28, até ler
com exatidão o azimute desejado. Escolhe-se então, nessa direção, um ponto de referência
que materialize no terreno a direção obtida.

Fig 27 - Fazendo a visada Fig 28 - Visada e leitura simultânea

c. Preparação da bússola de limbo fixo para uso noturno - Antes de ser empregada à noite,
a bússola deve ser preparada, colocando-se a linha luminosa maior na direção do retículo,
conforme já foi descrito e a seguir expondo-a aberta a uma forte luminosidade, durante pelo
menos um minuto. Deve-se usar o facho de uma lanterna ou uma lâmpada incidindo
diretamente sobre o vidro da caixa (debaixo de um poncho). Essa providência excitará o

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material fosforescente das marcações da bússola, intensificando-lhe a luminosidade.
Geralmente as bússolas têm as seguintes marcas luminosas: duas linhas de tamanhos
diferentes sobre o vidro móvel, e, sobre o limbo, as letras correspondentes aos pontos
cardeais E, S, W e uma seta indicadora do Norte. Devemos lembrar que cada clique do anel
serrilhado corresponde a 3 graus.
OBSERVAÇÃO - Verifica-se que em algumas bússolas de limbo fixo de diversas origens
de fabricação, os cliques não correspondem exatamente a 3 graus. É conveniente, portanto,
que, antes de se usar uma bússola à noite, ela seja testada, contando-se o número de cliques
do anel serrilhado. Se este for diferente de 120 cliques, a bússola não deve ser usada.
d. Utilização da bússola a noite - Uso do anel serrilhado - A noite, quando houver restrição
de luzes, os azimutes serão registrados, tomados como base a referência luminosa e a agulha
imantada, as quais devem permanecer superpostas durante as visadas.
Antes de iniciar um percurso, onde haverá mudanças de direção sem auxílio de luzes, o
azimute inicial será registrado ainda com luz, fazendo-se a superposição da referência
luminosa e a agulha imantada. Para as variações subseqüentes será usado o anel serrilhado,
variando-se a posição da referência luminosa. A cada clique corresponde a uma variação
angular de 3 graus. Quando se gira o anel serrilhado para a esquerda, a nova coincidência da
referência luminosa e agulha imantada será obtida com a variação da visada para a direita. O
número de cliques será igual a 1/3 da variação angular em graus.
Exemplos:
a) Azimute inicial........... 240 graus
Novo azimute............. 30 graus
Variação................... 210 graus
Cliques...................... 70 para a direita ou 50 para a esquerda
b) Azimute inicial de 10 graus - mudanças
DE PARA CLIQUES
10 100 E 30
100 310 D 50
310 40 E 30
40 280 E 40
70 0 D 23 (aproximação)

3. OBTENÇÃO DE AZIMUTES
Para obter melhor precisão e facilitar a utilização da bússola, é importante que sejam
seguidos os seguintes passos:
No terreno
a. Colocar a bússola na palma da mão, mantê-la na altura do peito e na horizontal, para
não impedir o livre movimento da agulha imantada; (Fig 29)
b. Apontar a seta de navegação para a direção do objetivo a ser atingido; (Fig 29)
c. Girar o limbo até que a seta de orientação coincida com a agulha imantada; (Fig 30)
d. Após esta operação, verificar o azimute que esta registrado na bússola. (a graduação
da bússola, geralmente, é numerada de 20 em 20 graus e dividida de 2 em 2 graus). (Fig 31)

Figura 29 figura 30

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figura 31

4. OBTENÇÃO DE DIREÇÕES
Com o auxilio da bússola é possível saber a direção para um determinado ponto, porém é
necessário saber o azimute para este ponto.
Para obtenção da direção, basta seguir os seguintes passos:
1) Registrar o azimute na bússola; (Fig 32)
2) Colocar a bússola na palma da mão, mantê-la na altura do peito e na horizontal, para não
impedir o livre movimento da agulha imantada; (Fig 33)
3) Girar o corpo até que a seta de orientação da bússola coincida com a agulha. (Fig 34)
4) Verificar a direção a ser seguida, através da indicação da seta de navegação da bússola.
(Fig 34)

Fig 32 Fig 33

Fig 34

5. PRECAUÇÕES NO EMPREGO E CONSERVAÇÃO DA BÚSSOLA


a. Além da variação causada pela declinação magnética, uma bússola é afetada pela
presença do ferro, magnetos, fios condutores de eletricidade e aparelhos elétricos.
b. Certas áreas geográficas possuem depósitos de minério (tal como o de ferro) que podem
tornar imprecisa uma bússola situada próximo deles. Conseqüentemente, todas as massas
visíveis de ferro ou campos elétricos devem ser evitados quando se emprega a bússola. São
as seguintes às distâncias mínimas de segurança:
1) Linhas de força de alta tensão................60 metros.
2) Canhão de campanha..............................20 metros.
3) Viatura ou carro de combate...................20 metros.
4) Linhas telegráficas..................................20 metros.
5) Arame farpado........................................10 metros.
6) Arma automática.....................................03 metros.
7) Capacete..................................................01 metro.

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c. Outras precauções devem ser tomadas, tais como:
- Não friccionar a tampa de vidro da bússola com lenço, flanela, etc., isto porque a agulha
cola-se à tampa.
- Visar sempre pontos bem definidos e notáveis no terreno, nas visadas mais longas e,
sobretudo, deixar parar bem a agulha apoiando, sempre que possível, a bússola.
- Executar uma visada inversa, sempre que pretender uma operação com resultados
mais apurados.
- Prender a agulha após o término do trabalho (dependendo do tipo usado)
- Não conservar a bússola em ambiente úmido.
- Evitar que a bússola sofra choques violentos.
- Limpar de vez em quando as partes externas da bússola.
- Nunca desmontar o aparelho, o que só pode ser feito por pessoa especializada.

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CAPÍTULO XI
ORIENTAÇÃO POR COMPARAÇÃO

1. INTRODUÇÃO
Na verdade, talvez não existam técnicas de orientação, mas sim uma técnica única, que
consiste no emprego equilibrado por parte do combatente, das diversas habilidades que deve
possuir, quer na utilização da bússola e da carta, na avaliação de distâncias ou até mesmo no
seu condicionamento físico.
Para melhor facilidade na explanação, procurou-se tratar cada assunto separadamente,
sendo alguns apresentados até como técnicas específicas.
Na verdade, é pelo emprego simultâneo e ponderado de todos esses tópicos que se
consegue bons resultados em Orientação.

2. OBTENÇÃO DE AZIMUTES POR INTERMÉDIO DA CARTA E DA BÚSSOLA


Independente de estar no terreno ou não, você pode obter azimutes com auxilio de uma
carta, tendo esta que estar declinada. Para tanto, deverá seguir os seguintes passos:
a. Orientar a carta, ou seja, coincidir a linha NM da carta com o NM da bússola, ou
compará-la com o terreno; (Fig 35)
b. Localizar na carta o ponto estação e o objetivo a ser atingido;
c. Traçar uma linha ligando o ponto estação ao objetivo. (Fig 36)
d. Afixar a bússola com a sua lateral sobre a linha que une os dois pontos, ou paralela a
esta linha, mantendo a seta de navegação voltada para o objetivo a ser atingido; (Fig 37)
e. Girar o limbo (sem movimentar a bússola da carta) até que as linhas meridionais do
mesmo fiquem paralelas à linha NM da carta; (Fig 38)
f. Após esta operação, verificar o azimute que está registrado na bússola.

Fig 35 Fig 36

Fig 37 Fig 38

3. UTILIZAÇÃO DA CARTA
Após termos apresentado os materiais básicos para a orientação - a carta e a bússola -
começaremos a verificar, já com intuito de orientação, algumas habilidades ou técnicas que
devem ser aprimoradas para um bom desempenho:

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a. Leitura da carta com auxílio do polegar
Esta é maneira mais usada para leitura da carta. Neste tipo, o polegar é colocado
exatamente na posição onde se encontra o combatente e movido sobre o a carta à medida
que o mesmo se desloca, de modo que a todo momento indique na carta a posição onde o
combatente está. Assim, de instante a instante, o militar poderá conferir, rapidamente, os
pontos por onde passa com a sua carta. Esta é também uma maneira prática de segurar a
carta, que deve estar dobrada de modo a aparecer somente na área onde se está
trabalhando. Deve-se procurar ler a carta sem interromper a progressão.
Antes de iniciar a pernada, deve-se escolher os “check-points” (pontos ao longo da rota
os quais decidiu-se conferir com a carta). À
medida que são atingidos, o combatente desloca
o seu polegar para esses pontos, na carta, de
modo que seu dedo estará sempre no último
“check-point” atingido. O militar experiente deve
saber que quanto mais próximo o objetivo mais
“check-points” serão necessários. Os últimos
cem metros de uma pernada são caracterizados
por uma leitura intensa da carta, normalmente,
com o auxílio do polegar (Fig 01).
Pernada é a distância percorrida entre dois
pontos do terreno, previamente escolhidos.
Fig 40 - uso do polegar

b. Leitura rudimentar da carta


Muitas vezes, quando o terreno é conveniente, não é necessário a utilização de muitos
“check-points” (isto geralmente acontece no início de uma pernada), deste modo, ganha-se
tempo fazendo uma leitura rudimentar da carta. Nesta leitura, só são conferidos os acidentes
do terreno facilmente identificados, de tempos em tempos, a fim de assegurar a correção da
direção geral.
Evidentemente não se deve abandonar, totalmente, a leitura da carta, porque muitos
acidentes do terreno são bastante semelhantes e são pequenos detalhes que os diferenciam.
O perigo do erro paralelo está sempre presente se o militar não conferir adequadamente seus
“check-points”. Erro paralelo acontece quando o terreno por onde se pretende seguir
apresenta uma ou mais regiões de características extremamente parecidas e pode fazer com
que o militar siga pela região que não era a pretendida. (Fig 39)
DUAS REGIÕES DE CARACTERÍSTICAS
PARECIDAS E NA DIREÇÃO GERAL
DE PROGRESSÃO QUE PODEM CONFUNDIR OBJETIVO
O ORIENTADOR

DIRE ÇÃO DE P RO G R E S S ÃO E RRADA


DIRE ÇÃO DE P RO G R E S S ÃO CE RTA

Fig 39 - Erro paralelo

4. A UTILIZAÇÃO DA BÚSSOLA
A utilização da bússola é também de grande utilidade na orientação. É com a bússola que
se confirma a direção geral, a localização do objetivo e, algumas vezes, até a própria
localização.
A bússola é usada em diversas ocasiões dependendo da precisão que cada uma necessita,
nas diferentes situações. Para a utilização da bússola nós temos as seguintes técnicas:
a. Utilização da Bússola com Precisão

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Esta é a maneira mais cuidadosa de se utilizar a bússola. Só deve ser utilizada nos
momentos adequados, pois toma muito tempo, entretanto, há sempre que utilizá-la.
Durante a última parte de uma pernada, quando se ataca o objetivo ou quando a
orientação parece difícil, mesmo os mais experientes gastam parte do seu tempo tirando
azimutes precisos, seguindo-os exatamente, tal a segurança que este processo dá à leitura da
carta. A combinação adequada da leitura da carta, da contagem de passos e da precisão na
bússola, levam à precisão na orientação.
Quando as imediações do objetivo são pobres de detalhes, a utilização dos azimutes,
cuidadosamente tirados e seguidos é obrigatória. Devido ao inconveniente do tempo gasto
com esta técnica, ela é colocada em segundo plano, devendo sempre, procurar na carta,
subsídios suficientes para a localização do objetivo. Porém, quando a carta não oferece esses
subsídios, então, só a bússola com precisão pode levar à localização do alvo.
b. Utilização Rudimentar da Bússola
Esta é a maneira mais comum de se utilizar a bússola, pois não se perde tempo com ela.
Se a direção seguida conduz a um acidente facilmente identificado, então a leitura com
precisão da bússola pode ser desprezada. Nestes casos garante-se a rota verificando com a
bússola apenas os acidentes marcantes, não sendo necessário, para isso, azimutes precisos.
Muitas vezes um acidente cuja identificação é desejada, é tão característico que apenas a
carta é necessária para a sua localização.
Quando se ataca o objetivo é a bússola que confirma a leitura da carta; porém, durante a
pernada, é a leitura da carta que garante a utilização da bússola.
Assim, a leitura rudimentar da bússola é a maneira de deslocar-se rapidamente durante
a parte mais difícil de uma pernada sem se perder tempo com azimutes desnecessários.
Se a orientação for simples, basta olhar a carta e obter da bússola a direção geral.
Entretanto, a utilização da bússola em nenhum momento é abandonada totalmente. Um
azimute, mesmo aproximado oferece a necessária segurança para se prosseguir com
confiança.

5. A ESCOLHA DA ROTA
Atingimos aqui um dos aspectos mais bonitos da orientação. É, ao ter decidido por uma boa
rota, que o militar encontra satisfação de ter comprovada a adequabilidade de sua decisão.
Planejar qual deve ser a rota não é só uma questão de escolher o melhor caminho a seguir,
mas também de decidir que técnicas de orientação são mais adequadas para o tipo de terreno
que se vai percorrer. É no momento de decidir a rota que se garante a navegação pelo
itinerário mais econômico em tempo e com menor desgaste físico.
Basicamente, a escolha de uma rota está equacionada na seguinte frase: “se a linha reta é
o menor caminho entre dois pontos, porque não segui-la?".
Em orientação, nem sempre a linha reta é o melhor caminho, sendo sempre necessário
planejar a rota antes de iniciá-la. É preciso observar na carta a área do objetivo e considerar o
seguinte:
a. De que direção é mais fácil atacar o objetivo?
b. Como se pode “estender” o objetivo? - (aqui cabe uma explicação do que seja
“estender”: no início de uma pernada, quando se planeja a rota não se tem como objetivo
inicial ir diretamente ao objetivo e sim chegar com segurança, às suas cercanias. Para tanto,
planeja-se a rota de modo a alcançar algum acidente do terreno, na área do objetivo,
perfeitamente identificado. Deste acidente então numa segunda etapa, procura-se atingir o
objetivo).
c. É necessário um Ponto de Ataque? (Ponto de Ataque é um ponto nítido e inconfundível
(casa, árvore, cruzamentos de estradas, etc) existente na carta e no terreno e bem próximo do
objetivo.)
Após ter respondido a estas perguntas e delineado, na carta, a rota julgada mais
adequada, deve-se ponderar:
1)se a rota escolhida pode ser percorrida com segurança;
2) se não há uma outra rota alternativa que melhor se adapte à missão.

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É evidente que nada de definitivo pode ser apresentado como regra geral para a escolha
da rota, já que tudo depende da própria missão e das considerações que fizer. Os tópicos
acima apresentados são apenas observações que deverão ser ponderadas e que ajudam na
decisão.
É interessante observar que, além dos tópicos apresentados, há ainda algumas
considerações:
a) O caminho longo e fácil, versus o caminho curto, porém difícil (Fig 41).

Fig 41 - Escolha da rota

Este é o dilema mais comum com o qual o militar se depara numa missão. O que
gastará mais tempo? Seguir a trilha que desborda o bosque ou atravessá-lo em linha reta? A
resposta dependerá da dificuldade que o terreno em linha reta oferece, o ritmo que se poderá
manter nesse terreno e da segurança oferecida.
Suponhamos, por exemplo, que um militar deva decidir entre duas rotas para atingir
seu próximo alvo. Uma, em linha reta, através de uma floresta de progressão relativamente
fácil, e a outra através de uma trilha que desborda essa floresta.
Ora, a única maneira dele decidir com segurança qual a rota a tomar, é comparando o
que só poderá ser feito, após estabelecer previamente, suas velocidades nesses terrenos.
Assim, por exemplo, se ele percorre 400 m em 2 minutos numa trilha e gasta 6 minutos para
percorrer os mesmos 400 m numa floresta de fácil progressão, mesmo que a distância a
percorrer pela trilha seja 3 vezes maior que a distância através da floresta, a trilha ainda será
a rota mais adequada.
É fácil constatar a importância do estabelecimento prévio desses dados para uma
escolha acertada, não esquecendo-se, também de comparar a segurança que o caminho
oferece à rapidez desejada na missão.
b) A subida e descida de uma colina versus o seu contorno.
Não há exercício físico que consuma mais energia, tão rapidamente, quanto subir
elevações. Atletas podem correr até horas em esteiras rolantes, porém quando os fisiologistas
desejam cansá-los rapidamente, é suficiente colocar a esteira numa inclinação de 15º. Em
quinze minutos, os atletas podem chegar à estafa.
Conseqüentemente, o militar deve pensar duas vezes ao decidir por uma rota que
atravesse curvas de nível improdutivas (chamam-se curvas de nível improdutivas aquelas que
são subidas e descidas numa mesma pernada).
John Disley em seu livro “Orienteering”, partindo da premissa que para distâncias
maiores de 1.000 metros, cada 5m de subida equivalem a 100m no plano, estabeleceu a
seguinte regra prática:
Um contorno é válido quando a sua extensão for menor que a soma da distância entre
dois pontos mais 100 metros para cada 5 metros de subida. (Fig 42)

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Pto 2

Pto 1 A ALTURA VERSUS A DISTÂNCIA


Escala: 1:20.000 Equidistância: 5m

APLICANDO A REGRA PRÁTICA ENCONTRAMOS

1) Rota sobre a elevação:


Distância em linha reta: 1100m
100m para cada 5m de subida: 800m (6 curvos de
nível) Total:1900m.

2) Rota de contorno: 2200m


A rota ideal será a primeira
Fig 42 - Contorno X Subida

c) Uso de linhas de referência


O militar pode reduzir o número de paradas para leitura da carta ou da bússola se
utilizar as linhas de referência. Linhas de referência são acidentes do terreno, artificiais ou
naturais, que numa pernada, são paralelos ou acompanham a direção geral da rota.
Obviamente, uma trilha é a melhor linha de referência possível; contudo numa pernada em
que estas não são encontradas, vales, rios e até mesmo montanhas ao longo da rota podem
ser utilizadas como tal.
Acidentes artificiais como cercas e linhas de transmissão de energia podem também
constituir-se em excelentes linhas de referência, caso estejam plotados na carta.
Uma rota que utilize linhas de referência pode ser rápida e relaxante para o militar,
uma vez que tendo a certeza da sua direção pode imprimir maior velocidade ao deslocamento
sem preocupar-se com a carta ou com a bússola.
d) Linhas de segurança
Outro uso para os acidentes notáveis é o de Linhas de Segurança. Frequentemente o
problema da orientação não depende somente da direção correta, mas também até onde
seguir esta direção. Militares experientes costumam utilizar acidentes do terreno que cruzam a
rota como Linhas de Segurança.
É muito mais proveitoso andar rapidamente através de um campo aberto sem muito
cuidado com a carta e bússola,
se o militar já sabe que existe
adiante uma cerca cruzando
perpendicularmente a sua
direção, que pode ser utilizada
como Linha de Segurança. Ao
atingir a cerca, então, poderá
continuar sua orientação pela
carta, empregando a técnica de
utilização de uma referência
linear próxima ao objetivo (Fig
43).
Fig 43 - Linhas de segurança

É possível percorrer-se muitas pernadas de um percurso utilizando-se linhas de


segurança sucessivas. Quando isto acontece, há maior rendimento e uma corrida mais
tranqüila pela certeza da correção da rota.
e) Azimute de Segurança
Muitas vezes o objetivo está localizado num acidente cuja dimensão predominante é o
comprimento, tal como rios, lagos, trilhas, etc. Neste caso, não é suficiente atingir-se este

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acidente, mas também ter certeza de onde está ao longo dele, a fim de se evitar perda de
tempo com erros desnecessários.
Se o objetivo está situado na confluência de dois rios não basta dirigir-se diretamente
para a citada confluência, pois dificilmente chegaremos nela (um erro de 4º no azimute numa
distância de 1000 m, implica num erro de Segurança de aproximadamente 100 m)

Fig 44 - Azimute de Segurança.

Ora, caso esse erro seja cometido (e isto é normal) alcançar-se-á o rio, mas não a
confluência. Sobrevém, então, a dúvida.
Para que lado estará o objetivo? A fim de se evitar erros desse tipo, utiliza-se o azimute
de segurança, que nada mais é que um azimute com um erro proposital para um dos lados ao
invés de ser tirado diretamente para o objetivo. Assim ao chegar-se ao rio saber-se-á, com
segurança, para que lado está o objetivo (Fig 44).

6. AVALIAÇÃO DE DISTÂNCIAS
Muitos erros são cometidos em orientação devido a estimativas erradas de distâncias.
Depois de algum tempo torna-se fácil seguir a direção correta; o que se torna difícil é saber,
com certeza, até onde ir naquela direção. o mesmo problema se apresenta quando se
escolhe como “check-points” certos acidentes como trilhas, casas, pequenos córregos,
picadas, etc., que podem ser facilmente confundidos devido ao grande número deles num
percurso. A única maneira de se confirmar, exatamente, se é este ou aquele o acidente
procurado é através da estimativa da distância. há dois tipos de avaliação de distância em
orientação:
a. Na carta
A medida de distância na carta é fácil e de muita precisão, bastando para tal, usar-se a
sua escala. O meio mais fácil é utilizar a escala gráfica que a própria bússola contém (caso a
bússola não a possua, deve-se colar uma). Assim, a medida de distância na carta não
representa nenhum obstáculo, desde que a distância a medir seja em linha reta. O problema
maior é avaliar distâncias de uma rota curva. Para tal, só a prática e a ajuda da escala gráfica
podem permitir uma boa avaliação.
b. No Terreno
A contagem de passos é ainda o melhor método para a medida de distâncias no terreno.
Para a contagem de passos, o mais adequado é o passo duplo e para tanto o militar deve ter
o seu aferido. Esta aferição deve ser feita para diversos tipos de terreno e para as diversas
velocidades que são utilizadas (correndo ou andando).
Assim, se um militar dá aproximadamente 35 passos duplos para percorrer 100 m em
terreno limpo e plano, numa subida dará cerca de 42. Daí a aferição de passo ser individual e
para os diversos ritmos imprimidos.
Alguns militares, contudo, dizem que é perfeitamente desnecessária a contagem de
passos se a carta for boa e o terreno bastante acidentado, porém, é um conceito errado, pois
frequentemente encontram-se partes de um percurso onde a carta não coincide exatamente
com o terreno. Afinal, uma trilha, conforme o uso, não leva muitos meses para ser feita.

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Ao longo de uma pernada há diversas maneiras de se medir as distâncias. O meio mais
correto, porém, é medir-se a distância entre os acidentes do terreno que foram escolhidos
para referência. A cada ponto atingido, nova contagem deve ser feita.
Se a rota foi improvisada, não tendo sido decidido antes quais os pontos a serem
verificados, torna-se desnecessária a mensuração das distâncias.

7. TÉCNICAS PROPRIAMENTE DITAS


Após termos apresentado a utilização da carta e da bússola, a avaliação de distâncias e
alguns tópicos a observar na escolha da rota, podemos passar ao estudo das técnicas de
orientação que nada mais são do que a combinação adequada de todas essas habilidades.
a. Orientação Rudimentar ou Estimada
Consiste em correr ou andar a uma velocidade máxima, utilizando a direção geral da
progressão, deixando que o terreno determine o caminho a seguir, aproveitando, sempre, as
vias que oferecem maior facilidade à progressão. Tal técnica é muito utilizada quando o
terreno apresenta acidentes bastante característicos, inconfundíveis, ou quando numa
pernada, busca-se uma linha de segurança.
A Orientação Rudimentar caracteriza-se por:
1) Permitir um rápido deslocamento, com o mínimo de paradas;
2) Não necessitar de leituras freqüentes da bússola, que é utilizada apenas para dar a
direção geral.
Para utilizar a Orientação Rudimentar deve-se considerar que:
1)Só os acidentes mais importantes são observados, desprezando-se os detalhes do
terreno (procurar pontos de referências nítidos);
2) a bússola é lida durante o deslocamento. Para tanto, é necessário mantê-la por alguns
segundos à frente do corpo na posição correta (agulha estabilizada);
3) o método mais indicado de leitura da carta é o polegar;
4)o caminho exato é determinado pelo terreno através das suas vias de acesso mais
fáceis, mantendo-se, porém a direção da progressão;
5)os acidentes do terreno pelos quais se passou são memorizados bem como a sua
seqüência, pois isto será de grande utilidade caso algum erro seja cometido;
6)quando há uma Linha de Segurança bem definida, corre-se o mais rápido possível até
ela, preocupando-se apenas com a direção geral;
7)quando algum acidente do terreno não coincide com o da carta, utiliza-se
imediatamente a Orientação Precisa.
Ao aproximar-se das imediações do Ponto de Ataque, esta técnica deve ser abandonada
em proveito da orientação precisa, a fim de evitar perda de tempo com a sua localização.
b. Orientação Precisa
Consiste em deslocar-se,
cautelosamente, seguindo um rumo dado
pela bússola após uma leitura criteriosa.
Esse rumo deve ser verificado,
frequentemente através de uma contagem
de passos e uma leitura precisa da carta,
observando e verificando todos os detalhes
do terreno minuciosamente. Esta técnica
não permite erros maiores que 10m em
cada 100m percorridos. Uma utilização
típica desta técnica é quando se vai do
Ponto de Ataque para o objetivo (alvo). Fig 45 – Leitura precisa da carta

Entretanto, pode-se executar a técnica da leitura precisa da carta na região do objetivo,


sem a necessidade do militar ir até o ponto de ataque. Quando for necessário usar o ponto de
ataque, o militar poderá realizar a interseção à ré (azimute à ré) através de pontos nítidos no
terreno e na carta (Fig 45).

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Quando o terreno não oferece acidentes que possam ser utilizados como Linhas de
Referência ou de Segurança, a técnica da Orientação Precisa também é empregada.

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CAPÍTULO XII
GPS 12 XL – GARMIN

Introdução
O GPS 12 XL é uma poderosa ferramenta de navegação que pode guiá-lo em qualquer
lugar do mundo. Para compreender melhor sua operação e capacidade, pode ser de grande
auxílio rever os termos e conceitos básicos explicados, de forma resumida, a seguir.
Dados de Almanaque
São as informações sobre a constelação de satélites (incluindo-se sua localização e
situação operacional), que são transmitidas para o seu receptor, por cada um dos satélites
GPS. Os dados do Almanaque devem ser obtidos antes que a navegação GPS possa ter
início.
Rumo (Bearing –BRG)
Direção indicada pela bússola, desde a posição atual até um destino qualquer.
Rumo Percorrido (Course Made Good –CMG)
A direção angular desde o ponto inicial do caminho percorrido (active from – ativo a partir
de) até a posição atual.
Desvio Lateral (Cross Track Error – XTK)
Distância linear entre o rumo desejado e a sua posição, medida lateralmente.
Rumo Desejado (Desired Track – DTK)
Direção angular entre os waypoints de partida (from) e de chegada (to).
GPS Diferencial (DGPS)
Extensão do sistema GPS que usa radiofaróis situados em terra para transmitir correções
de posição aos receptores GPS.
Hora Estimada de Chegada (Estimated Time of Arrival –ETA)
Hora prevista para a chegada ao ponto de destino.
Tempo de Viagem Estimado (Estimated Time Enroute –ETE)
Tempo que falta para chegar ao destino, na velocidade atual.
Coordenadas Planas (Grid)
Sistema de coordenadas que projeta a terra sobre uma superfície plana, usando zonas
quadradas para medições de posição. Os formatos UTM.UPS e Maidenhead são sistemas de
coordenadas planas (grid systems).
Velocidade em relação ao solo (Ground Speed – SPD)
Velocidade de deslocamento em relação a uma posição fixa no terreno.
Latitude
Medição de posição, no sentido norte/sul, perpendicular ao eixo polar da Terra.
Longitude
Medição de posição, no sentido leste/oeste, em relação ao Primeiro Meridiano, um círculo
imaginário que passa sobre os pólos Norte e Sul.
Navegação
Processo de viajar de um lugar a outro e saber onde se está em relação ao rumo desejado.
Posição
Uma localização, única e exata, baseada em um sistema de coordenadas geográficas.
Trilha (Track – TRK)
Direção de movimento relativa a uma posição fixa no terreno.
Universal Transversa de Mercator (UTM)
Um sistema de coordenadas planas que projeta seções do globo em superfícies planas,
para que se possa medir posições em zonas determinadas.
Velocidade de Percurso (Velocity Made Good – VMG)
A velocidade segundo a qual você progride em direção ao ponto de destino.
Ponto de Destino (Waypoint)
Local específico armazenado na memória do receptor.

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CAPÍTULO XIII
GPS MAP 76 – GARMIN

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REFERÊNCIAS

- C 21-26 - Leitura de Cartas e Fotografias Aéreas;


- C 21-30 - Abreviaturas, Símbolos e Convenções Cartográficas;
- C 21-74 - Instrução Individual para o Combate;
- Manual do usuário do GPS 12 XL – GARMIN; e
- Manual do usuário do GPS MAP 76 – GARMIN.

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Conteúdo Extraído dos Seguintes Manuais

Capítulo I – Cartas
- C 21-26 - Leitura de Cartas e Fotografias Aéreas

Capítulo II - Instrumentos Topográficos


- C 21-26 - Leitura de Cartas e Fotografias Aéreas

Capítulo III - Direção e Azimute


- C 21-30 - Abreviaturas, Símbolos e Convenções Cartográficas

Capítulo IV - Direção Base


- C 21-30 - Abreviaturas, Símbolos e Convenções Cartográficas

Capítulo V - Designação e Localidade de Pontos na Carta


- C 21-30 - Abreviaturas, Símbolos e Convenções Cartográficas

Capítulo VI - Coordenadas Retangulares


- C 21-30 - Abreviaturas, Símbolos e Convenções Cartográficas

Capítulo VII - Coordenadas Polares


- C 21-30 - Abreviaturas, Símbolos e Convenções Cartográficas

Capítulo VIII - Linha-Código e Tela-Código Coordenadas Polares


- C 21-74 - Instrução Individual para o Combate

Capítulo IX - Identificação da Carta Com o Terreno


- C 21-74 - Instrução Individual para o Combate

Capítulo X – Bússolas
- C 21-74 - Instrução Individual para o Combate

Capítulo XI - Orientação por Comparação


- C 21-74 - Instrução Individual para o Combate

Capítulo XII - Gps 12 Xl – Garmin


- Manual do usuário do GPS 12 XL – GARMIN; e
- Manual do usuário do GPS MAP 76 – GARMIN

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