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Nosso mundo adulto e suas raízes

na infância - 1959
-Resenha –
-Adriana Barros -
“SE OLHAMOS PARA O NOSSO MUNDO ADULTO DO PONTO DE
VISTA DE SUAS RAÍZES NA INFÂNCIA, OBTEMOS UM INSIGHT
PELO MODO SOBRE O QUAL NOSSA MENTE, NOSSOS HÁBITOS
E NOSSAS CONCEPÇÕES FORAM CONSTRUÍDOS DESDE AS
FANTASIAS E EMOÇÕES INFANTIS MAIS ARCAICAS ATÉ AS MAIS
COMPLEXAS E SOFISTICADAS MANIFESTAÇÕES ADULTAS.
HÁ MAIS UMA CONCLUSÃO A SER TIRADA: AQUILO QUE JÁ EXISTIU
NO INCONSCIENTE NUNCA PERDE COMPLETAMENTE SUA
INFLUÊNCIA SOBRE A PERSONALIDADE.”

M.Klein
Do ponto de vista psicanalítico, o comportamento social de pessoas deve ser investigado da infância à maturidade,
pois um grupo consiste de indivíduos em relação uns com os outros.A compreensão da personalidade é a base para a
compreensão da vida social.

Antes das descobertas de Freud, os sinais de dificuldades dos bebês (estado de raiva, falta de interesse em seu ambiente,
incapacidade de suportar frustração e expressões fugazes de tristeza) eram explicados apenas em termos de fatores
físicos. E não eram levadas a sério, porque a infância era considerada um período de felicidade.

As descobertas de Freud nos leva a compreender a complexidade das emoções da criança e revela que esta passa
por sérios conflitos; o que nos leva a uma melhor compreensão da mente infantil e suas conexões com os processos
mentais adultos.

A técnica do brincar, desenvolvida por Melanie Klein, conduziu-a a novas conclusões sobre estágios muito iniciais da
infância e camadas mais profundas do inconsciente. Essa “compreensão retrospectiva” está baseada na “situação
transferencial” de Freud. Ou seja: o fato de que o indivíduo revive suas emoções mais arcaicas em relação ao
psicanalista evidenciando que essas relações encerram aspectos muito infantis – dependência excessiva e necessidade
de ser amado – acompanhados de uma desconfiança bastante irracional.
A partir de sua meticulosa atenção dada à técnica do brincar, Melanie Klein compreendeu mais profundamente COMO as
emoções mais arcaicas e inconscientes Influenciam a vida mental tanto da criança quanto do posterior adulto.

A seguir, algumas conclusões de Melanie Klein sobre a vida emocional do bebê:

-Desprovido da capacidade de apreensão intelectual, o bebê sente todo o desconforto – do processo do nascimento e seu
ajustamento pós-natal – como Infligido a ele por FORÇAS HOSTIS.
-Caso lhe seja oferecido conforto prontamente – calor, modo amoroso de segurá-lo, e a gratificação da alimentação – isso dá
origem a emoções mais felizes.
O CONFORTO é sentido como vindo de FORÇAS BOAS e torna possível a primeira relação de amor do bebê com uma pessoa
(ou um objeto): a mãe.

-Hipótese de Klein de que o bebê tem um “conhecimento inconsciente” inato da existência da mãe; conhecimento que é a
base de sua relação com ela.

Além do alimento, o bebê espera da mãe amor e compreensão, que são expressos por esta pelo seu modo de lidar com ele
e que o levam a um sentimento inconsciente de unicidade, baseado na íntima relação do inconsciente da mãe e do bebê.Ao
Mesmo tempo, a frutstração e a dor são vivenciadas como PERSEGUIÇÃO e também entram nos seus sentimentos para com
A sua mãe que, nos primeiros meses de vida representa para ele o MUNDO EXTERNO.

-A sensação de que tanto o que é bom como o que é ruim vêm da mãe, levam o babê a uma DUPLA ATITUDE em relação a ela.
- CAPACIDADE DE AMAR E SENTIMENTOS DE PERSEGUIÇÃO têm raízes profundas nos processos mentais mais arcaicos do
bebê.
- Os IMPULSOS DESTRUTIVOS e seus correlatos despertam a ANSIEDADE PERSECUTÓRIA no bebê.Emoções que operam mais
tarde na vida: impulsos destrutivos dirigidos a qualquer pessoa estão fadados a originar hostilidade e retaliação por parte
dos outros.
A agressividade inata é aplacada e diminuída pelo amor e pela compreensão que a criança pequena recebe.

-Os impulsos agressivos são parte da vida mental do bebê.

-Considerar o desenvolvimento das crianças e o comportamento dos adultos como RESULTADO DA INTERAÇÃO de influencias
Externas e internas.Observamos, a partir daqui, a luta entre AMOR E ÓDIO.

-Alguns bebês vivenciam intenso ressentimento frente a qualquer frustração e a expressam pela INCAPACIDADE DE ACEITAR
GRATIFICAÇÃO quando esta se segue à privação.Klein sugere que tais crianças têm uma AGRESSIVIDADE INATA e uma
VORACIDADE mais fortes do que os bebês cujas explosões ocaionais de raiva logo cessam.
-Se um bebê mostra que é capaz de aceitar alimento e amor, significa que ele pode superar o ressentimento em relação à
frustração e recuperar seus sentimentos de amor.
DEFININDO SELF E EGO:

Ego – em Freud – a parte organizada do self, constantemente influenciada por impulsos instintivos, mantendo-os
sob controle pela repressão.O ego dirige todas as atividades, estabelece e mantém a relação com o mundo exerno –
a realidade.

Self – termo utilizado para abranger toda a personalidade, o que inclui o ego e a vida pulsional – o Id.

Klein foi levada a supor que o ego existe e opera desde o nascimento e tem a tarefa de defender-se contra a ansiedade
suscitada pela luta interna e influências externas.

O ego inicia uma série de processos: introjeção, projeção, cisão, por exemplo.

A introjeção e a projeção são da maior importância tanto nas perturbações mentais graves quanto na vida mental
normal.

Klein reconheceu o funcionamento da introjeção e projeção desde o início da vida pós-natal como algumas das primeiras
atividades do ego.A partir deste ângulo, INTROJEÇÃO significa que o mundo externo é levado para dentro do self, vindo a
fazer parte do seu mundo interior.

A projeção ocorre silmultaneamente e implica que há uma capacidade na criança de atribuir a outras pessoas a sua volta
sentimentos diversos – predominantemente amor e ódio.

Amor e ódio dirigidos à mãe estão ligados à capacidade do bebê de projetar todas as suas emoções sobre ela e conver-
tendo-a em objeto bom ou perigoso (mau).

Projeção e introjeção não são processos apenas infantis.Mas fazem parte da FANTASIA destes e ajudam a moldar sua
Impressão do ambiente.Através da introjeção, a imagem transformada do mundo externo influencia o que ocorre em
sua mente.
A interação introjeção/projeção transforma-se no decorrer da maturação sem nunca perder a sua importância na relação
do homem com o mundo à sua volta.

Processos de Introjeção/Projeção têm que ser considerados como “FANTASIAS INCONSCIENTES”.

FANTASIAS INCONSCIENTES Atividade da mente que ocorre em níveis inconscientes profundos e que acompanha
todo impulso vivenciado pelo bebê.

RELAÇÕES DE OBJETO Têm inicio com o nascimento.

A mãe, em seus bons aspectos - alimentando, amando e ajudando a criança – é o primeiro objeto bom que o bebê torna
Parte de seu mundo interno.A possibilidade de o bom objeto tornar-se parte relevante do self depende de não serem
Demasiado intensos a ansiedade persecutória e o ressentimento consequente.O amor da mãe contribui para o sucesso
deste processo.

Se a MÃE é ASSIMILADA como um OBJETO BOM, um ELEMENTO DE FORÇA É AGREGADO AO EGO.Como resultado, seu
Mundo interno contém objetos e sentimentos bons e o bebê sente que esses objetos respondem ao seu amor; personalidade
Estável e a possibilidade de estender compreensão e sentimentos amistosos a outras pessoas.
A relação dos pais e uma atmosfera feliz desempenham papel fundamental nesse processo.

A rivalidade com o pai (durante o conflito Edipiano) é uma demonstração de que ódio e agressividade mantém-se em
atividade.

Para Klein, o complexo de Édipo entre menina e menino difere da seguinte forma: enquanto o menino em seu
desenvolvimento genital retorna ao seu objeto original (a mãe) e busca objetos femininos com conseguentes ciúmes em
relação ao pai e aos homens em geral, a menina deve afastar-se da mãe e encontrar o objeto de seus desejos no pai e,
mais tarde, em outros homens.
Mas...
O menino sente-se, também, atraído pelo pai e identifica-se com ele: presença de um elemento homossexual
no desenvolvimento normal da criança.
VOLTANDO À PROJEÇÃO...

Através da projeção de si mesmo ou de parte dos próprios impulsos para dentro de outra pessoa, ocorre uma i
identificação baseada na atribuição de algumas das próprias qualidades. A projeção tem várias repercussões:
somos inclinados a atribuir a outras pessoas algumas das nossas próprias emoções e pensamentos.É óbvio que
que a natureza amistosa ou hostil desta projeção dependerá de quão equilibrados ou perseguidos estejamos.
Ao atribuirmos parte de nossos sentimenos ao outro, compreendemos seus sentimentos, suas necessidades, nos
“colocamos em seu lugar”

Se a projeção é predominantemente hostil, ficam prejudicadas a empatia verdadeira e a capacidade de compreen-


der os outros.

O caráter da projeção é de grande importância nas nossas relações com outras pessoas.

Se o INTERJOGO entre projeção e introjeção for equilibrado (se não for dominado por hostilidade ou dependência
excessiva) o mundo interno se torna enriquecido e melhoram as relações com o mundo externo.
CISÃO tendência do ego infantil para separar/cindir impulsos e objetos; mais uma das atividades
primordiais do ego.Tendência para “cindir” resulta em parte do fato de faltar coesão ao ego arcaico.
A “ansiedade persecutória” reforça a necessidade de manter o objeto amado SEPARADO do objeto perigoso:
CISÃO ENTRE AMOR E ÓDIO, pois a “autopreservação” do bebezinho depende de sua confiança em uma
mãe boa. Separando (cindindo esses dois aspectos, ele agarra-se ao bom, preserva sua crença em um objeto
bom e sua capacidade para amá-lo) condição essencial para manter-se vivo.

(Estabelecer “confiança e amor” em relação à mãe...)

O processo de cisão modifica-se ao longo do desenvolvimento; mas nunca é abandonado...

Para Klein, os impulsos destrutivos onipotentes, a ansiedade persecutória e a cisão predominam nos primeiros
três ou quatro meses de vida.Ela descreve essa COMBINAÇÃO DE MECANISMOS E ANSIEDADES como sendo
a “POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE” – que em casos extremos torna-se a base da paranóia e da doença
Esquizofrênica.

Importância dos correlatos dos sentimentos destrutivos nesse estágio inicial.Klein destaca a VORACIDADE e a
INVEJA.
VORACIDADE e INVEJA como fatores muito perturbadores.Inicialmente na relação com a mãe.E mais tarde,
com outros membros da família e através de toda a vida.

A VORACIDADE – que varia de bebê para bebê – vem junto com a necessidade urgente (angustiante) de
“esvaziar” o seio da mãe e explorar todas as fontes de satisfação SEM CONSIDERAÇÃO POR NINGUÉM.
O bebê voraz pode usufruir tudo o que recebe.Mas assim que a gratificação termina ele se torna insatisfeito e
É impelido a explorar primeiro a mãe e depois todos da família que possam dar-lhe atenção, alimento ou
qualquer outra gratificação.

Voracidade é incrementada pela ansiedade: de ser privado, roubado e de não ser suficientemente bom para ser
amado.

“O BEBÊ QUE É TÃO VORAZ POR AMOR E ATENÇÃO É TAMBÉM INSEGURO


SOBRE SUA PRÓPRIA CAPACIDADE DE AMAR.”
Essa situação permanece inalterada em seus aspectos fundamentais na voracidade da criança maior e do adulto.
INVEJA: Sempre que a criança está faminta ou se sente negligenciada, sua frustração leva à fantasia de que o
leite e o amor são DELIBERADAMENTE RECUSADOS A ELA ou retirados pela mãe em benefício da própria
mãe.
Tais suspeitas constituem a base da inveja.É inerente ao sentimento de inveja o DESEJO DA POSSE e uma forte
necessidade de ESTRAGAR O PRAZER QUE AS OUTRAS PESSOAS TÊM COM O OBJETO COBIÇADO –
necessidade que tende a estragar o próprio objeto.
Se a inveja é intensa, aquilo que é bom não pode ser assimilado, não pode se tornar parte da vida interior e não
pode dar origem à GRATIDÃO.

Em contraste...a capacidade de desfrutar plenamente o que foi recebido e a experiência de gratidão em relação
à pessoa que dá influenciam intensamente tanto o caráter quanto as relações com outras pessoas.

“AO LONGO DA VIDA, ESSA CAPACIDADE DE RRUIÇÃO E DE GRATIDÃO TORNA POSSÍVEL UMA
DIVERSIDADE DE INTERESSES E PRAZERES.”

No desenvolvimento normal, com a integração crescente do ego, os processos de cisão diminuem e a maior
Capacidade para entender a realidade externa e para conciliar os impulsos contraditórios do bebê leva a uma
síntese maior dos aspectos bons e maus do objeto

ISSO SIGNIFICA QUE PODEM SER AMADAS APESAR DE SUAS FALTAS E QUE O MUNDO NÃO É VISTO
APENAS EM TERMOS DE PRETO E BRANCO.
O SUPEREGO – a parte do ego que critica e constrola os impulsos perigosos e que Freud situou no 5° ano
de vida – opera, de acordo com Klein, muito mais cedo.

Hipótese Kleiniana:
no 5° ou 6° mês de vida, o bebê começa a temer pelo estrago que seus impulsos destrutivos e sua
voracidade podem causar, ou podem ter causado, aos seus objetos amados. (ele ainda não pode distinguir entre seus
desejos e impulsos e os efeitos reais deles).
O bebê vivencia sentimentos de culpa e a necessidade de preservar esses objetos e de REPARÁ-L0S pelo dano
feito.A ANSIEDADE agora vivenciada é de natureza predominantemente DEPRESSIVA.
Klein cunhou o termo “POSIÇÃO DEPRESSIVA”.

Ao observarmos bebês, podemos observar que, sem causas aparentes, eles parecem deprimidos.Nesse estágio eles
tentam agradar as pessoas ao redor de todas as maneiras: sorrisos, gestos diverdidos, tentativas de alimentar a
Mãe.Ao mesmo tempo, nesse período, se manifestam inibições em relação à alimentação e pesadelos.Esses
Sintomas atingem o ápice na época do desmame.

Na relação com pais e irmãos há uma necessidade excessiva de agradar e ser prestativo, e isso expressa amor e
Também “necessidade de reparar”.
Para Freud, o processo de ELABORAÇÃO é uma parte essencial do procedimento psicanalítico.

ELABORAÇÃO SIGINIFICA CAPACITAR O PACIENTE A VIVENCIAR REITERADAMENTE


SUAS EMOÇÕES, ANSIEDADES E SITUAÇÕES PASSADAS,
TANTO NA RELAÇÃO COM O ANALISTA QUANTO COM DIFERENTES
PESSOAS E SITUAÇÕES NA VIDA PRESENTE E PASSADA DO PACIENTE.

Um trabalho de elaboração ocorre em alguma medida no desenvolvimento individual normal.Aumento da adaptação à


realidade externa e o bebê adquire uma imagem menos fantasiosa do mundo ao seu redor.Ele elabora gradualmente
seus medos arcaicos e chega a uma aceitação de seus impulsos e emoções conflitantes.

Neste estágio a ansiedade depressiva predomina e a ansiedade persecutória diminui.Para Klein, fobias e
idiossincrasias observáveis em crianças pequenas são indicações, assim como modos de elaboração, da posição
depressiva.

Se os sentimentos de culpa que surgem na cça não são excessivos, a necessidade de fazer reparação e outros
processos trazem alívio.Ainda assim, as ansiedades depressivas e persecutórias nunca são totalmente superadas.
Elas podem reaparecer temporariamente sob pressão interna ou externa.Se a pressão é muito grande, o
desenvolvimento de uma personalidade forte e equilibrada pode ficar impedido.
Influência dos processos descritos anteriormente nas relações sociais:

Introjeção contiinua por toda a vida: sempre que admiramos e amamos alguém – ou odiamos e desejamos –
assimilamos algo dessa pessoa em nós mesmos, e nossas atitudes mais profundas são modeladas por tais
experiências.

As experiências externas são de importância suprema através de toda a vida.No entanto, depende das formas pelas
quais as influências externas são INTERPRETADAS e ASSIMILADAS pela criança, o que depende da INTENSIDADE
com que operam os impulsos destrutivos e as ansiedades persecutórias e depressivas.

Ao lidarmos com nossas crianças é essencial manter um equilíbrio entre o excesso e a falta de disciplina.

Outro ânculo para se considerar a indulgência dos pais: embora a cça possa tirar vantagem dessa atitude dos pais, ela
Também vive uma sensação de culpa por explorá-los e sente necessidade de alguma restrição que lhe dê segurança.
Isso a tornaria capaz de sentir RESPEITO por seus pais; essencial para uma boa relação com eles e para desenvolver
respeito por outras pessoas.
Lembrar: pais que sofrem muito sob a livre expressão sem limites da cça estão fadados a sentir algum ressentimento
que entrará em sua atitude em relação à criança.
A criança pequena que reage intensamente contra qualquer frustração está sempre pronta a ressentir-se de
qualquer falta ou insuficiência em seu ambiente e a menosprezar as boas coisas recebidas.Consequentemente
ela projetará suas queixas sobre as pessoas à sua volta de forma intensa.Este é um efeito prejudicial da projeção
Hostil.
A projeção do ressentimeto evoca nas outras pessoas um sentimento de hostilidade.

Quando a ansiedade persecutória é menos intensa e a projeção atribui a outros bons sentimentos, tornando-se
a base da EMPATIA, a resposta do mundo externo é diferente.

Influência das primeiras atitudes ao longo de toda a vida: a relação com as figuras arcaicas sempre reaparece e
problemas não resolvidos na infância são revividos, ainda que de maneira modificada.Isso explicaria a atitude em
relação a um subordinado ou um supervisor.

“QUANDO UMA PESSOA ESTÁ TOTALMENTE SOB O DOMÍNIO DE SITUAÇÕES E


RELAÇÕES ARCAICAS, SEU JULGAMENTO SOBRE PESSOAS E EVENTOS
ESTÁ DESTINADO A SER PERTURBADO.”
A capacidade para o amor e a devoção, primeiramente em relação à mãe, desenvolve-se de muitas formas
em devoção a várias causas sentidas como boas e valiosas.Isso significa que o prazer que o bebê
foi capaz de vivenciar no passado, por sentir-se amado e amoroso, transfere-se mais tarde na vida nas suas
Relações com pessoas, no seu trabalho e em em tudo em que o indivíduo sente que vale a pena lutar.

Isso também significa um enriquecimento da personalidade e a capacidade de usufruir de seu trabalho e abre
uma variedade de fontes de satisfação.

Nesse empenho por aprofundar nossos objetivos, o desejo arcaico de reparar é acrescido à capacidade de amar.

O fato irrevogável de que não estamos jamais livres de culpa tem aspectos valiosos, pois implica o desejo nunca
Satisfeito de reparar e criar de qualquer forma que nos seja possível.

Todas as formas de serviço social são beneficiadas por esse anseio,

Em casos extremos, sentimentos de culpa levam pessoas a sacrificar-se por uma causa ou por seus companheiros,
Podendo levar ao fanatismos.

Algumas pessoas arriscam a própria vida para salvar outras.Neste caso, o que pode estar operando é a capacidade
de amar, a generosidade e uma identificação com o companheiro ameaçado.
Aspecto particular da identificação bem sucedida que chega à idade adulta: Quando a inveja e a rivalidade
não muito grandes, torna-se possível desfrutar dos prazeres de outros.
Na infância, a inveja e a rivalidade do complexo de Édipo são contrabalançados pela capacidade de usufruir
Vicariamente da felicidade dos pais.Na vida adulta, os pais podem compartilhar os prazeres da infância e
Evitar interferir neles, porque são capazes de identificar-se com seus filhos.Eles tornam-se capazes de
Acompanhar sem inveja o crescimento de seus filhos.

Essa atitude torna-se importante qdo as pessoas ficam mais velhas.Se não desapareceu a gratidão por satisfações
Passadas, as pessoas idosas podem usufruir do que quer que esteja ainda ao seu alcance.Tal atitude dá origem
à serenidade e permite que elas identifiquem-se com os jovens.

“EM CADA ESTÁGIO, A CAPACIDADE DE IDENTIFICAR-SE PROPICIA A FELICIDADE DE SER CAPAZ

DE ADMIRAR O CARÁTER OU AS CONQUISTAS DOS OUTROS.SE NÓS NÃO PODEMOS NOS

PERMITIR APRECIAR AS CONQUISTAS E QUALIDADES DE OUTRAS PESSOAS – E ISSO SIGNIFICA

QUE NÃO SOMOS CAPAZES DE SUPORTAR A IDÉIA DE QUE NUNCA PODEREMOS IGUALÁ-LAS

OU SUPERÁ-LAS – FICAMOS PRIVADOS DE FONTES DE GRANDE FELICIDADE E

ENRIQUECIMENTO.”
Capacidade de admirar as conquistas de outra pessoa é um dos fatores que tornam possível um trabalho de equipe
bem sucedido.Isso se a inveja não for muito grande...

“Se nós não podemos nos permitir apreciar as conquistas e qualidades

de outras pessoas – e isso significa que não somos capazes de suportar

a idéia de que nunca poderemos igualá-las ou superá-las – ficamos

Privados de fontes de grande felicidade e enriquecimento.”

Quanto à identificação...Klein verificou em seu trabalho que desde a mais tenra infância a mãe e logo outras
pessoas no ambiente da criança são Incorporadas ao self – eis a a base de uma diversidade de identificações
favoráveis e desfavoráveis.
Fim...
Acredito que o fim possa ser o recomeço
de novas possibilidades...

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