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Resumo:
Palavras-chave:
Abstract:
Keywords:
Introdução
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Bacharelando em Direito pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB e Estudante em Psicanálise pela
Imaginar Educação e Treinamento.
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Tortura do pensar! Triste lamento! Quem nos dera calar a tua voz!
Poema Angústia – Florbela Espanca.
Para Klein a busca pelo objeto inicial de desejo encontra-se na transição da fase
esquizoparanóide para a posição depressiva, implicando na mudança de uma percepção
sensorial e simplória do mundo em volta, para uma construção mais complexa do mundo e
dos objetos, desse modo à constituição do indivíduo passava em ele reconhecer a coexistência
ambivalente de sentimentos, resultando então em uma fantasia inconsciente do objeto externo
e interno em eternos conflitos entre si, ou seja, o amor começa com o ideal de bom e ruim
oriundo do seio materno que alimenta e que também faz falta. Em fase adulta, com as
percepções de mundo readequadas à nova realidade, o sujeito passa então a perceber o amor
não materno dentro dessa mesma lógica de desejo a ser suprido e da ausência causadora de
angústia profunda, logo essa ausência é insaciável.
A relação com o objeto de desejo na infância revela, para Klein, a sinopse de como
será a relação amorosa do adulto com o amor e a angústia, que é a transferência desse objeto
de desejo, para outra pessoa. Para Klein, 1983:
Tanto a capacidade de amar como o sentido de perseguição têm raízes profundas nos
processos mentais mais primitivos da criancinha. Primeiramente eles se dirigem para
a mãe. Os impulsos destrutivos e seus concomitantes — tais como o ressentimento
por frustração, o ódio que ela desperta, a incapacidade para se reconciliar, e a inveja
do objeto todo poderoso, a mãe, de quem dependem sua vida e seu bem-estar —
essas várias emoções despertam ansiedade persecutória na criancinha. Mwtatis
mutandis, tais emoções estão ainda operantes na vida ulterior. Os impulsos
destrutivos, por conseguinte, em relação a qualquer pessoa estão sempre fadados a
dar origem ao sentimento de que essa pessoa também se tornará hostil e retaliadora.
A agressividade inata inegavelmente aumentará pelas circunstâncias externas
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Já para Winnicott o equilíbrio entre o Falso Self e o Verdadeiro Self, passava pela fase
da dependência absoluta (do seio familiar), para a relativa e só então se chegava no que ele
entendia como independência e daí, partia para fazer a transição do objeto inicial de desejo
(que causa ao indivíduo uma pulsão destrutiva do objeto de desejo) a fim de se construir
internamente um espaço potencial que o encoraje para viver a transição para a vida adulta (de
maneira emancipatória a esse objeto inicial de desejo) e daí construir a capacidade de ser
sozinho e se desenvolver enquanto ente subjetivo capaz de criar as habilidades de sonhar e de
imaginar, ou seja, é criando a habilidade de ser pleno sozinho que a pessoa cria a capacidade
de amar outro objeto de desejo, que não o inicial, só assim é que o indivíduo consegue amar
de fato. Para Winnicott, 1999:
Que nós o interpretemos! Interpretar o desejo é restituir isto a que o sujeito não pode
aceder sozinho, ou seja o afeto que designa, ao nível desse desejo que e o seu -eu
falo do desejo precise que intervém em tal ou tal incidente da vida do sujeito, do
desejo masoquista, do desejo-suicida, eventual mente do desejo oblativo. Trata-se de
que isto, que se produz sob esta forma fechada para o sujeito, ao retomar seu lugar,
seu sentido relativamente ao discurso mascarado que esta implicado nesse desejo,
retome seu sentido relativamente ao ser, confronte o sujeito relativamente ao ser,
retome seu sentido verdadeiro, aquele que e, por exemplo, definido pelo que eu
chamarei os afetos posicionais relativamente ao ser. E isto que chamamos amor,
ódio ou ignorância essencialmente, e muitos outros termos ainda que precisaremos
examinar e catalogar. Na medida em que o que se chama afeto não e esse algo de
pura e simplesmente opaco e fechado que seria uma espécie de para além do
discurso, uma espécie de conjunto, de no vivido de que não saberíamos de que céu
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ele nos cai, mas na medida em que 0 afeto e muito precisamente e sempre algo que
se conota numa certa posição do sujeito relativamente ao ser. Quero dizer
relativamente ao ser na medida em que 0 que se prop5e a ele na sua dimensão
fundamental e simbólico, ou então que, pelo contrario, no interior desse simbólico,
ele representa uma erupção do real, esta vez muito perturbadora. (LACAN, 2016.
P.157)
Essa constante incompletude ele denominava de “objeto a”, uma vez que, para Lacan
só há consciente a partir da linguagem, esse estudo semiótico parte do pressuposto de que
toda palavra é ensinada por alguém a outro alguém, sendo a assim a introjeção de
pensamentos do indivíduo é fruto da linguagem simbólica imposta por outrem, assim como os
desejos, o amor e a angústia, ou seja, a pessoa é ensinada como amar e esse “objeto a” é o
objeto de desejo nunca correspondente. Logo o amor nunca de fato é conquistado é, portanto,
uma eterna angústia por esperar que esse “objeto a” seja correspondido de alguma maneira.
Para Lacan, 1973:
Não creio, de maneira alguma, que seja dessa maneira que podemos formulá-lo.
Essa referência personalista, não a creio psicologicamente fundamentada, a não ser
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Distinguir o amar alhures, na sematologia lacaniana, pode passar pelo amar em algures
e nenhures primeiro, para só então equilibrar esse indivíduo dotado de construções extrínsecas
do seu próprio eu. Tudo isso gera angústia, mas somente com a tripartição mental equilibrada
é que o ser humano pode tomar ciência de si e de outrem, enquanto objetos de transferências
mútuas do amor. O amor e a angústia andam de braços dados! Para Lacan, 1995:
É alhures, no país dos sonhos, no Jardim das Hespérides, lá onde, como todos
sabem, a mãe leva sempre a criança nas costas. De fato, a noção de um amor tão
estritamente complementar, e como que destinado por si mesmo a encontrar sua
reciprocidade, constitui uma evasão tão pouco compatível com uma teorização
correta que os autores acabam por confessar que esta é uma posição ideal, senão
ideativa. (LACAN, 1995. P. 64)
uma questão de poder pagar o preço simbólico, ou factível para ter para si, ainda que
momentaneamente, aquilo que se deseja. Pra Lacan, 1973:
Dado desgaste dos quadros institucionais que impunha a observância das obrigações
assumidas e na virtual ausência de critérios incontestados, universalmente
reconhecidos (ou impostos), suspeitamos e alimentamos a expectativa de que uma
componente de violência venha misturar-se às relações humanas mais íntimas, que
se presumia serem governadas prioritariamente pelo amor e a admiração mútuos —
ao mesmo tempo que o grau outrora tolerado de compromisso acarretado por todas
as formas de coexistência negociada tende a ser cada vez mais frequentemente
experimentado nos termos de uma violência excessiva e insuportável exercida sobre
os direitos de autoafirmação de cada um. Uma das consequências da transição da
sociedade do produtor/soldado para uma sociedade de consumidores recoletores de
sensações foi o esgotamento gradual dos vasos capilares do sistema panóptico de
manutenção da ordem. Os casamentos, as famílias, as relações de parentesco, os
locais de trabalho perderam boa parte do seu papel de postos fronteiriços avançados
da fábrica da ordem societalmente gerida. A coerção aí aplicada quotidiana e
rotineiramente perdeu a sua função como veículo da «lei e da ordem», e pode ser
hoje contestada como violência gratuita e crueldade imperdoável. As hierarquias
outrora incontestadas podem voltar a ser postas em causa, os critérios organizadores
das relações renegociados, os antigos direitos de impor e exigir disciplina
clamorosamente denunciados e violentamente repelidos — o que leva a que se crie a
impressão de conjunto de que os montantes totais de violência aumentam ao mesmo
tempo que o exercício de um poder hierarquicamente superior outrora reconhecido
ou nem sequer percebido tende a ser considerado como violência ilegítima. A
ambivalência manifesta da «manutenção da ordem» e da «violência» é uma vez mais
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posta a nu pelos novos conflitos em torno do seu sentido (BAUMAN, 2007. P. 162,
163)
A partir de então é que o ato de amar fica marcado na a criança, na maneira como ela
lida com o seu objeto de desejo primitivo e de como ela é inserida, primeiramente no contexto
familiar e logo então em sociedade, construindo assim o fato de posteriores relações. O que
anteriormente era feito, sobremaneira, de forma paulatina e perene, hoje se percebe uma
flexibilização excessiva, promovida pelos valores do capitalismo, que tem tornado, até os
sentimentos mais puros, como o amor, disformes e líquidos, contudo, não impossíveis.
O fato é que, ou se ensina as crianças como amar e lidar com angústia, ou quando estas
crescerem, não serão felizes em seus relacionamentos e nem consigo mesmas. Na pós-
modernidade precisa-se de um pouco mais de esforço para garantir que essas relações sejam
saudáveis, uma vez que a lógica de consumo é introjetada na criança desde a sua primeira
infância, levando-os a desejar inserir-se, precocemente, em uma sociedade capitalista
planejada para criar consumidores e não produtores de relações.
Considerações Finais
Referências
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berto Medeiros. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2004.
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Miguel Serras Pereira. Relógio D’Água. 2007.
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Jorge Zahar Ed., 1995 (Campo Freudiano no Brasil).
Lacan, Jacques. O Seminário, livro 6: O desejo e sua interpretação. Texto estabelecido por
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Lacan, Jacques. "Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise". In: Lacan, J. Escritos.
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Marcos Bagno – Recife: Centro de Estudos Freudianos do Recife, 2003.
Lacan, Jacques, 1901-1981 o seminário, livro 5: as formações do inconsciente (1957-1958) /
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Lacan, Jacques, 1901 -1981. O Seminário, livro 10: a angústia/Jacques Lacan; texto
estabelecido por Jacques-Alain Miller; versão final Angelina Harari e preparação de texto
André Telles; tradução Vera Ribeiro. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
Winnicott, Donald Woods. TUDO COMEÇA EM CASA. Tradução PAULO SANDLER. São
Paulo: Martins Fontes. 1999