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O grupo Familiar - Cap 7 - resumo

Mód 21
Ana Cláudia Salim Scatena

O grupo Familiar: Normalidade e Patologia da Função Materna


O grupo familiar exerce uma profunda e decisiva importância na estruturação do
psiquismo da criança. É exercido pela função da mãe, do pai, irmãos, inter-
relacionamentos, bem como das demais pessoas que interagem com a criança,
como babás, avós etc.
Um importante fator é a transgeracionalidade, ou seja, cada um dos genitores
mantém a internalização de suas respectivas famílias. O grupo familiar é
influenciado pelos traumas, neuroses, e angústias das gerações precedentes,
envolvendo pelo menos três gerações.
O grupo familiar não é estático, destacando três aspectos essenciais:
1) as características pessoais do pai e da mãe, bem como a relação entre eles . É
necessário sendo que é essencialmente relevante a imagem e a valoração que cada
um deles tem em relação ao outro, pelo fato de que essa imagem é que, em grande
parte, constituirá as representações internas que o filho terá de cada um dos pais e,
por conseguinte, de si mesmo.
2) Este fenômeno está diretamente conectado com o aspecto das identificações,
matéria-prima da formação do primacial sentimento de identidade e da autoestima.
3) A designação e a definição de papéis , (como, por exemplo, o de “bode
expiatório”; “orgulho da mamãe”; “doente da família”, etc.) a serem cumpridos dentro
da família e fora dela

Função Materna
A mãe suficientemente boa de Winnicott.

1. Ser provedora das necessidades básicas.


2. Exercer a função de para-excitação dos estímulos que o ego incipiente da
criança não consegue processar pela sua natural imaturidade
neurofisiológica.
3. Possibilitar uma simbiose adequada, “emprestando” seu corpo ao bebê
temporariamente (segurar no colo, embalar, cuidar da sua higiene.)
4. Compreender e decodificar a linguagem arcaica do bebê.
5. Presença continuada da mãe que entende e atende as necessidades básicas
do bebê.
6. Condição de saber estar ausente. Promovendo uma progressiva e necessária
“desilusão das lições”.
7. Frustrar adequadamente.
8. Capacidade de continência ou rêverie, função-alpha.
9. Estar disponível para acolher o “conteúdo” das necessidades e angústias da
criança.
10. Capacidade de empatia, ou seja, ser capaz de intuir o que está passando
com o filho.
11. Sobreviver aos ataques destrutivos e as demandas vorazes sem um revide
retaliador, ou sem sucumbir à depressão.
12. Permitir que a criança exerça seu direito de devanear.
13. Importância do discurso materno, que dá significados, de toda ordem , ainda
desconhecidos pela criança, e que por isso são os fundantes dos valores e
das auto representações da criança.
14. Emprestar suas funções do ego.
15. Ser como espelho para a criança.
16. Reconhecimento não só das angústias mas também das capacidades de seu
filho.
17. Favorecer a formação de representações valorizadas e admiradas.
18. Funciona como um modelo de identificação.A visão que a mãe tem dos
potenciais de seu filho, tornam-se parte importante das representações que
este terá de si próprio.
19. Facilitar uma lenta e gradual dessimbiotização, abrindo caminho para a
entrada em cena de um pai.

Função do pai

1. Segurança e estabilidade que dá ou não dá a mãe.


2. Transgeracionalidade: é útil saber como foi o 'vínculo dele com o seu pai, e
até que ponto ele o está repetindo com seu filho; qual é a representação
interna que ele tem da esposa e que influirá bastante naquela que o filho terá
da mãe, e também qual o “lugar” que o pai ocupa no desejo e na
representação que a esposa tem dele.
3. Sua presença física e afetiva é fundamental no processo de separação-
individualização.É o pai que no papel de terceiro irá propiciar a necessária
passagem de Narciso a Édipo.
4. Colocação de limites, aceitação das diferenças, passagem do princípio do
“prazer-desprazer” para o da “realidade”.

Papel dos irmãos


Os irmãos funcionam como objetos de um duplo investimento: o primeiro é o que diz
respeito às conhecidas reações ambivalentes de amor e amizade, mescladas com
sentimentos de inveja, ciúme, rivalidade, etc. O segundo investimento consiste em
um defensivo deslocamento de pulsões libidinosas ou agressivas, que
primariamente sejam dirigidas aos pais.

Patogenia da função Materna

Simbiose: necessidade vital de seu filho que o induza a funcionar como seu
complemento sexual ou narcísico.
Corpo: Em casos narcísicos-simbiótico ocorre uma confusão dos corpos.
Prover e frustrar: As frustrações podem ser adequadas e estruturantes ou
inadequadas e desestruturantes . A última consiste em
severidade excessiva, indulgência excessiva e incoerência das atitudes dos
educadores , ou uma indiferença pela criança.
Conter: Diferenciar continente de recipiente. O grave prejuízo para a criança da
mãe-recipiente, consiste na mesma ser representada como muito frágil e
desvalorizada, aumento no filho sentimentos culposos, de onipotência, de
agravamento da dissociação da figura feminina. Entretanto, o conceito de
continência é ativo, acolhedor e transformador, levando a devolutiva para o filho.
Os distúrbios da função de continência materna são: 1) mãe-enigmática, 2) mãe-
recipiente, 3) mãe-indiferente; 4) mãe-ansiosa e; 5) mãe-abismo.
Espelho:A criança se vê refletida e reconhecida no olhar da mãe. Ela tanto pode
refletir o que seu filho é ou o que ela própria é ou imagina ser. Há também a 6) mãe-
distorcionadora que funciona como um espelho-opaco.
Discurso:3 aspectos decorrentes do discurso da mãe em relação ao filho são
singularmente importantes: significações (atribuir um significa que reflete seu próprio
mundo interno), Ideal do ego (doutrinará como seu filho deve ser), duplo vínculo.
ZIMERMAN, D. E. O grupo familiar: normalidade e patologia da função materna. In:_
______.
Fundamentos Psicanalíticos : Teoria, técnica e clínica. Porto Alegre: Artmed, 1999.
p
103-110.

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